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Música nova para uma década nova: 11 apostas para 2020

Não param de surgir e se revelar novos músicos e bandas em Portugal. Estes 11 merecem ouvidos atentos em 2020

Luís Filipe Rodrigues
Escrito por
Ana Patrícia Silva
e
Luís Filipe Rodrigues
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A música portuguesa vai bem, obrigado. Da pop de Cláudia Pascoal e Marta Carvalho à badwave da Conferência Inferno, dos sambinhas de tristes de Carol ao fado bicha dos... Fado Bicha, e do hip-hop de Bug e Nenny ao trap de Lon3r Johny e Chico da Tina, passando pelo electro-banjo-punk dos Lonzdale’s Fantasy ou o garage-rock dos Gator, The Alligator, há música nova a brotar dos quatro cantos do país. Nem todos vão receber a mesma atenção ao longo dos próximos meses, e muito menos agradar ao(s) mesmo(s) público(s), mas todos merecem ouvidos atentos. E vão mostrar o que valem, seja ao vivo, na internet ou em disco, em 2020.

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Música nova para uma década nova: 11 apostas para 2020

Bug

Ele escreve poemas para que eles o curem, mas um dia percebeu que os devia partilhar com o mundo. Integrado na vertente mais granítica, cinzenta e conscienciosa do hip-hop portuense, Bernardo Valinhas é uma das novas apostas da editora Paga-lhe o Quarto, de Keso. No EP Tripolar, com produções de Duarte Dias, Kap e do próprio, Bug revela-se intimista e introspectivo. Usando as rimas e batidas como terapia, muniu-se do poder curativo da poesia.

Carol

Nasceu com o samba, no samba se criou, e do danado do samba nunca se separou. Carollyne Barreira veio ao mundo há 22 anos no Nordeste brasileiro, mas vive em Portugal. Em casa sempre teve instrumentos de percussão e de cordas para brincar, participava no grupo de samba do pai e cantava na igreja. Começou este projecto há três anos, depois de uma desilusão amorosa, e hoje usa a voz e o violão para fazer “sambinhas tristes que impulsionam uma visão fraccionada sobre este nosso estado frágil enquanto ser humano”.

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Chico da Tina

Chico da Tina (Francisco da Concertina) é um rapper e skater de Viana do Castelo que faz uma sarrabulhada de trap, electrónica, concertina e as gírias regionais do Alto Minho. Com uma escrita crítica e caricatural, com sentido cómico e bairrista, desconstrói os lugares comuns do discurso de ostentação e auto-superação do rap. O seu cancioneiro é vívido em detalhes, entre contos anais, lampreias ilegais, marisco galego, mamilos, minetes e outros manjares.

Cláudia Pascoal

Em 2018, a canção “O Jardim”, com Isaura, foi o último lugar mais injusto de sempre na Eurovisão. Não terá sido fácil sobreviver a esse resultado, mas Cláudia Pascoal não é pessoa para desistir. Antes já passara por programas como The Voice e Ídolos e a vida ensinou-lhe a resistir e a continuar a tentar. Em Março deste ano chega o álbum de estreia produzido por Tiago Bettencourt e com colaborações como Samuel Úria, que assina e com ela canta o single “Viver”. A soprar miminhos ao ouvido, embalada por uma brisa brasileira, a expressividade natural de Cláudia Pascoal mostra que encontrou finalmente o seu lugar.

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Conferência Inferno

Embrenhados em nevoeiro, entre o Porto, Vila Real e Aveiro, Raul Mendiratta e Francisco Lima formam o duo Conferência Inferno. Moldam uma electrónica dançável de uma matriz marcial com delírios de ritmos kraut, punk com ferrugem e atmosfera darkwave. É o som do submundo, retratos de cidades urbano--depressivas e gentrificadas, com uma lírica tingida de tons nocturnos e surrealistas. Na decadência e no cinzentismo nortenho encontram a beleza e uma inesperada vontade de dançar. Depois de lançarem o EP Bazar Esotérico, para este ano vão preparar mais música e mais concertos.

Fado Bicha

O duo de Lila Fadista (voz) e João Caçador (guitarra) está longe de ser desconhecido. Já se escreveu sobre os seus fados com temática LGBT+ em meios de comunicação estrangeiros, já tocaram em festivais e até fizeram recentemente uma breve digressão pelo Brasil. Isto tudo apesar de, até há pouco, a sua pegada musical se resumir aos concertos e a uns quantos vídeos no Youtube. Em Dezembro editaram “Lila Fadista”, o primeiro single do futuro álbum de estreia, Ocupação, que vai ser produzido por Moullinex e editado em meados de 2020.

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Gator, The Alligator

O rock não morreu e continua a ser tocado bem alto e sujo em Barcelos. Na última década, a terra do galináceo fez mais pelo rock nacional do que qualquer outro ponto do país. A nova geração não dá sinais de abrandar e os Gator, The Alligator são uma das mais entusiasmantes bandas a manter a chama acesa. São quatro amigos que se conhecem desde os tempos de escola, submetidos aos feitiços do fuzz e do garage rock psicadélico, carregados com ansiedade juvenil, irreverência punk e riffs estrondosos. Em Fevereiro arrancam com uma digressão europeia e em Março deve chegar um novo álbum.

Lonzdale's Fantasy

É ao vivo que o electro-banjo-punk dos Lonzdale's Fantasy tem espaço para espernear. São constituídos por Nils Meisel (banjo, electrónica) e Kenneth Stitt (voz, performance) e atravessam o hip-hop e o pugilismo punk com surrealismo lírico. A partir de uma rudimentar base rítmica, Kenneth Stitt dispara vocalizações combativas e danças frenéticas em performances que carregam perigo e provocação. É um som hostil, de visceralidade libertadora, um espaço catártico onde os Lonzdale's Fantasy podem respirar, ruminar e refugiar-se da podridão do mundo.

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Lon3r Johny

João Freixo, perdão, Lon3r Johny é um nome cada vez mais importante do trap nacional. Largou os primeiros EPs no Soundcloud e começou a dar que falar há mais de dois anos, mas desde que assinou pela Think Music de Profjam, em 2018, aumentou o alcance (estético e mediático) e tornou-se um caso muito sério de popularidade, com milhões de visualizações no Youtube e um culto cada vez mais maior – bastou um mês para o mais recente single,“GT3”, ultrapassar o milhão de visualizações. Estamos à espera do álbum de estreia.

Marta Carvalho

Raras vezes se ouve uma voz com tanta confiança e segurança num single de estreia. Com “Deslizes”, tema que escreveu e co-produziu com Suaveyouknow e wndrlst, Marta Carvalho mostrou-se sintonizada com o r&b contemporâneo, polido pela pop e cantado em português. A cantora e compositora do Porto aprendeu a tocar clarinete e guitarra, tocou em orquestras, foi finalista do The Voice em 2016, mudou-se para Lisboa e integrou os Great Dane Studios como compositora e letrista. Em 2020 completa 21 anos, é uma das compositoras convidadas no Festival da Canção e vai apresentar o segundo single e a primeira digressão.

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Nenny

É um dos mais recentes fenómenos do hip-hop nacional, apesar de ter apenas meia dúzia de canções em seu nome. Fez mossa logo com o primeiro single,“Sushi”, editado há nove meses e já com mais de 11 milhões de visualizações no Youtube, e tem vindo a ganhar mediatismo com cada nova canção. Marlene Tavares cresceu em Vialonga, no concelho de Vila Franca de Xira, terra dos rappers Phoenix RDC e Wet Bed Gang, que ela assume como influências, mas mudou-se nova para Paris e hoje vive no Luxemburgo. Não se sabe quando vai finalmente lançar o primeiro disco, mas podemos contar com canções novas dela para a próximo ano.

Ano novo, vida

  • Música

Ano novo, vida nova. Pelo menos é o que se diz. Janeiro é altura de balanços, de mudanças e promessas de melhoramento pessoal que não tardam muito a ser quebradas. Talvez por isso, ou por causa do frio que se costuma sentir, os concertos não abundam – a agenda ainda vai encher-se um pouco mais, de semana para semana, mas não muito. O que não quer dizer que não haja quem se esforce para nos fazer sair de casa. E é gente boa, de Angel Olsen aos Keane. E claro, Madonna, que vai dar uma série de concertos no Coliseu dos Recreios.

  • Hotéis

O ano até pode ter sido duro, mas eis-nos aqui, na recta final dos 365 dias e noites de 2019. Balanços, só mesmo no fim e para já pensemos em como sobreviver com graça à próxima semana. Despachado o Natal, está na altura de alinhar os chacras antes do regresso à vida, de entregar o corpo e a mente a um merecido descanso e de pôr em prática as resoluções com que se vai comprometer nas 12 passas engolidas à pressa à meia-noite. Repita connosco: deste ano não passa.

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  • Coisas para fazer

Uma lista para ler de fio a pavio e manter perto de si ao longo dos próximos 12 meses. Afinal, cumprir as resoluções de ano novo em Lisboa é fácil, mas é bom que tenha uma espécie de check list de onde vai riscando o que for cumprindo. Comer melhor, praticar mais exercício, mudar de visual, passar mais tempo com os amigos, adoptar um animal e, se quer realmente fazer a diferença, tornar-se mais amigo do ambiente – são alguns dos elementos desta lista e que constam habitualmente nas de toda a gente. Seja forte.

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