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Björk

Dez álbuns obrigatórios com 20 anos

1997 foi um grande ano para a música. Viajámos no tempo e encontrámos dez álbuns obrigatórios com 20 anos de idade

Escrito por
Rui Monteiro
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Conjugação astral ou coincidência, certo é que 1997 foi um grande ano para a música, pois não só nasceram álbuns por quem o tempo não passou (que, essa sim, é a prova de qualidade), como ainda por cima muitas das afirmações e pistas musicais lançadas nessa altura foram adaptadas pela corrente dominante pop. É obra, para 10 álbuns indispensáveis.

Dez álbuns obrigatórios com 20 anos

Radiohead: OK Computer

Bem se pode dizer que a partir daqui os Radiohead nunca mais foram os mesmos e que a sua música evoluiu por caminhos pouco previsíveis em 1997, e, em alguns casos, até por carreiros por desbravar, com efeitos controversos ainda em discussão. Seja como for, OK Computer e o seu belíssimo conjunto de canções, de certo modo, desenvolvimento e aperfeiçoamento da angústia paranóica do registo anterior, The Bends, é um marco – e se ouvirem com atenção, um dos mais imitados nestas duas décadas.

Björk: Homogenic  

Outro percurso estético que a partir deste ano também seguiu a senda da exploração de paisagens desconhecidas, ou pelo menos obscuras, foi Björk. Porém, por muito, e bastante tem sido, que a sua música continue no caminho do fascínio pelo desconhecido, e pela experimentação provavelmente capaz de influenciar o futuro, Homogenic é uma obra de arte, um monumento da música pop e da inteligência da artista em compreender o movimento da arte contemporânea que faz esta música sobreviver incólume e actual – e motivo de muita pilhagem.

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Aphex Twin: Come To Daddy

Até aqui, Richard D. James (ou Aphex Twin) era um músico trilhando as estradas da electrónica, mas percorrendo caminhos mais tortuosos, o mais longe possível da tecno que dominava a música electrónica pop. Aqui, em Come To Daddy, tornou-se um pioneiro e atirou-se de cabeça e com particular êxito a influências e inspirações recolhidas algures entre o heavy metal e a música experimental, que, depois, passou por uma peneira de distorção, estática e puro ruído até fazer do tema uma espécie de nirvana racional-experimentalista expandido pelo resto do disco em Flim, Bucephalus Bouncing Ball, IZ-US.   

Erykah Badu: Baduizm

Erykah Badu criou, com este álbum, uma espécie de novo paradigma para a música soul. É verdade que a nu-soul já tinha em D’Angelo, e Brown Sugar, e em Urban Hang Suite, de Maxwell, os seus desbravadores de caminho (e ambos fizeram ainda melhor nos anos seguintes). Contudo, Baduizm, quer pela insinuante voz da cantora e a sumptuosidade descarnada dos arranjos, quer pelas suas letras a um tempo poéticas e, a outro, politicamente carregadas pela consciência que vem da experiência da segregação; ou, ainda, pelo tom melódico e harmónico e rítmico que apontava para um futuro estético fundado e desenvolvido a partir da tradição musical negra norte-americana, Baduizm, dizia, foi imediatamente seguido por uma legião.

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Master P: Ghetto D

Há vezes em que um disco chega. Master P fez mais álbuns, mas o que conta, aquele que se recorda como exemplo de um músico que infectou de lirismo o hip-hop, é, sem dúvida, Ghetto D. Um conjunto de músicas, quando o blink e a misoginia começavam a dominar, nascidas da vida nas ruas, dos sonhos, quase todos quiméricos, mas principalmente das frustrações e da necessidade de reacção, expondo, com raro sentido poético e nenhuma bravata, uma cultura socialmente dividida.

Portishead: Portishead

Há quem se refira à música dos Portishead como trip hop. É uma definição aceitável, mas redutora. Pois, embora a música da banda de Geoff Barrow, Beth Gibbons e Adrian Utley, tenha, no essencial, a mesma origem que a dos Massive Attack ou Tricky, o seu caminho e a sua temática aspiram a aventura e a experimentalismo de maneira mais cerebral, sem, no entanto, abandonar o lirismo musical carregado de melodrama exposto como uma sequência cinematográfica. Todos os seus discos servem o mesmo exemplo. Agora, que Portishead tem o seu quê, algo que o distingue dos outros, lá isso tem.

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The Notorious B.I.G.: Life After Death

Editado não mais do que uma semanas após o assassinato do músico, vítima, como poucos meses antes fora também Tupac Shakur, da guerra Leste e Oeste que dominou o gangsta rap pelo menos até à sua institualização, Christopher Wallace criou um conjunto impressionante de canções, que, contrariando os piores e mais comerciais caminhos do género, surgem desprovidas de sumptuosidade, despojadas de todo o supérfluo e abrindo um caminho alternativo à decadência do hip-hop.

+ Notorious B.I.G: 20 anos depois, 10 canções obrigatórias

Wu-Tang Clan: Wu-Tang Forever

Muito diferente, mas por ventura tão importante como o anterior, Wu-Tang Forever é uma afirmação de vontade artística, pois após o êxito de Enter The Wu-Tang: 36 Chambers, quatro anos antes, a banda recusou o caminho da repetição e da comercialização para produzir um disco experimentalista e curioso, recolhendo sons e influências de variadas e muitas vezes pouco óbvias fontes, apesar da predominância funk.

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Moodymann: Silentintroduction

Moodyman, o nome artístico de Kenny Dixon Jr., foi sempre uma espécie de dínamo da comunidade da música de dança na década de 1990, constantemente procurando novos sons e novas maneiras de os juntar para pôr os pés e os corpos dos outros a mexer. E Silentintroduction consegue ser uma feliz síntese da sua música anterior e, ao mesmo tempo, um passo adiante; passo que ainda hoje percute no fundo de tanta house vulgar.

Carl Craig: More Songs About Food and Revolutionary Art

Apesar da sua importância e do corte com a convencionalidade que a música tecno provocou, agitando e infectando muitas outras formas de música, a sua relação com o disco nunca foi pacífica e raramente proveitosa para um género aparentemente talhado para ser fruído ao vivo. Ora, como todas as regras têm a sua excepção, Carl Craig, pioneiro e ainda hoje um dos nomes maiores da tecno, conseguiu o feito de criar o álbum perfeito para todos os aprendizes de feiticeiro poderem pescar ensinamentos, e os historiadores verificarem a razão da influência duradoura da tecno.

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