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Música, Clássica, Metropolitan Opera House, Concerto, Pianista, Josef Hofmann
©NARAMetropolitan Opera de Nova Iorque, durante um concerto do pianista Josef Hofmann, 1937

Música clássica online: os concertos não param e são para ver na sua sala

Com teatros de ópera e salas fechadas, multiplica-se a oferta de concertos e récitas de música clássica online.

Escrito por
José Carlos Fernandes
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A crise da covid-19 forçou ao encerramento de teatros de ópera e salas de concertos e à suspensão da actividade de coros e orquestras, mas, para que os apreciadores de música clássica não passem privações, muitas instituições musicais tornaram livre o acesso a parte (ou à totalidade) do seu arquivo de filmagens de concertos e récitas de ópera, somando-se às que sempre disponibilizaram gratuitamente todos os seus conteúdos e aos intérpretes individuais e formações de câmara que colocam regularmente vídeos seus nas redes sociais.

É claro que nada substitui a experiência de assistir a um concerto ao vivo, mas o sofá da sua sala também tem vários pontos positivos: 1) Não terá de dar-se ao trabalho de se vestir a rigor, ou até de alugar roupa apropriada, no caso dos concertos e récitas com regras de vestuário apertadas; 2) Não correrá o risco de que alguém na fila de trás passe o concerto a tossir e a desembrulhar rebuçados (sempre nos trechos em pianissimo); 3) Os meios de captação de som e imagem ao vivo evoluíram tanto nas últimas décadas que permitem restituir um concerto ou uma récita de ópera no ecrã com extraordinária fidelidade e dinamismo, proporcionando uma experiência mais envolvente do que a obtida nos lugares mais baratos da sala (e até muitos detalhes que não são acessíveis aos lugares que custam o equivalente a um salário mínimo português); 4) Pode juntar a sua voz à das valquírias de Wagner na célebre incitação “Hojotoho! Hojotoho! Heiaha! Heiaha!” sem suscitar um coro de “chiu!” indignados à sua volta.

Recomendado: "Giro, giro era fazer concertos na banheira"

Música clássica ao vivo na sua sala

Filarmónica de Berlim
©Facebook/Berliner Philharmoniker

Filarmónica de Berlim

A Filarmónica de Berlim (Berliner Philharmoniker), porventura a mais famosa orquestra do mundo, já tem 138 anos de idade e tem reputação de ser conservadora (a admissão da primeira mulher na orquestra ocorreu só em 1982!), mas foi uma das primeiras a adaptar-se às novas realidades da Internet, criando em 2008 o Digital Concert Hall, que transmite anualmente, em directo e em alta definição, cerca de 40 concertos a partir da sua casa-mãe, a Berlin Philharmonie. O acesso às transmissões ao vivo do Digital Concert Hall e ao seu vasto arquivo, que inclui registos do tempo em que a orquestra era dirigida por Herbert von Karajan, é pago, mas tendo a orquestra suspendido a sua actividade, o Digital Concert Hall é agora de acesso livre.

Orquestra Sinfónica de Londres
©DR

Orquestra Sinfónica de Londres

A London Symphony Orchestra (LSO) foi fundada em 1904, disputa o primeiro lugar da notoriedade entre as orquestras com a Filarmónica de Berlim e tem um repertório mais vasto do que esta, que inclui colaborações com músicos rock, reinterpretações de música pop e bandas sonoras de filmes. O canal do YouTube LSO on Stage dá acesso gratuito a um vasto acervo de concertos.

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Royal Concertgebouw Orchestra

Royal Concertgebouw Orchestra

A Royal Concertgebouw Orchestra (Koninklijk Concertgebouworkest) tem sede em Amesterdão, iniciou actividade em 1888 e faz parte das I Divisão das orquestras mundiais. Os seus live streams são gratuitos e acessíveis em todo o mundo.

Sociedade Bach da Holanda
©Facebook/Nederlandse Bach Vereniging

Sociedade Bach da Holanda

A Sociedade Bach da Holanda (Nederlandse Bach Vereniging) celebra no próximo ano um século de história, sendo o mais antigo ensemble de música barroca do mundo. Embora o seu repertório cubra a música dos séculos XVII e XVIII, o seu foco está, como nome indica, em Johann Sebastian Bach. No âmbito das comemorações do seu centenário, a Sociedade Bach da Holanda lançou o ambicioso projecto de, entre 2019 e 2021, gravar todas as obras de Bach que chegaram aos nossos dias (que são largas centenas e cobrem quase todos os géneros musicais), em interpretações historicamente informadas e com intérpretes de primeira linha. Este formidável work in progress, complementado por entrevistas e informação de enquadramento das obras e da sua interpretação e outro material pedagógico, está disponível gratuitamente no seu website, na rubrica All of Bach.

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Metropolitan Opera de Nova Iorque
©Metropolitan Opera de Nova Iorque

Metropolitan Opera de Nova Iorque

A Metropolitan Opera de Nova Iorque foi a primeira casa de ópera a apostar fortemente na transmissão directa das suas récitas, em alta definição (HD), para salas em todo o mundo: teatros, salas de concerto, cinemas, centros culturais, auditórios universitários. A primeira transmissão Metropolitan Opera Live in HD foi em 2006 e a primeira temporada abrangeu sete salas na Grã-Bretanha, duas no Japão e uma na Noruega. A segunda já contou com uma centena de salas, a de 2013/14 com 2000 salas em 66 países e a iniciativa continuou em crescendo até à pandemia de covid-19. Em Portugal, a temporada de 12 óperas Live in HD tem sido exibida no Grande Auditório da Fundação Gulbenkian Portugal, e os bilhetes para a temporada esgotam mal são postos à venda.

Após ter anunciado a suspensão das actividades, a Met Opera lançou os Nightly Met Opera Streams, que repõe, em acesso livre, algumas das mais aclamadas produções da Metropolitan Opera Live in HD, ao ritmo de uma ópera por noite.

Operavision
©DR

Operavision

O projecto Operavision, apoiado pelo programa Europa Criativa, da União Europeia, permite assistir na íntegra e gratuitamente a récitas de ópera registadas recentemente nalguns dos mais prestigiados teatros e festivais europeus, como La Monnaie (Bruxelas), o Festival d’Aix-en-Provence, a Opéra Comique (Paris), a Komische Oper (Berlim), o Teatro di San Carlo (de Nápoles), o Teatro La Fenice (Veneza), o Teatro Regio (Turim), o Teatro Real (Madrid), a Ópera Real Sueca (Estocolmo), a Royal Opera House (Londres), ou a Opera North (Leeds). Basta escolher no arquivo.

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Ópera Estatal de Viena
©Axel Zeininger/Facebook/Wiener Staatsoper

Ópera Estatal de Viena

A Ópera Estatal de Viena (Wiener Staatsoper) proporciona acesso aos seus arquivos em regime video on demand, mas com o a crise do covid-19 passou também a transmitir diariamente uma ópera de acesso livre: basta consultar o calendário.

Teatro Regio de Turim
©DR

Teatro Regio de Turim

Para os portugueses sem inclinação para a ópera, Turim apenas passou a fazer parte do mapa mental quando Cristiano Ronaldo foi contratado pela Juventus, mas os melómanos sabem que a cidade possui, um dos mais antigos teatros de ópera do mundo, que iniciou actividade em 1740. Com a pandemia de covid-19 em curso, o Teatro Regio permite ouvir o ensaio final de muitas das óperas das últimas temporadas, na iniciativa Opera on the Sofa.

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Budapest Festival Orchestra
©Kevin Yatarola/Facebook/Budapesti Fesztiválzenekar

Budapest Festival Orchestra

A Budapesti Fesztiválzenekar, a mais prestigiada orquestra húngara, fundada em 1983 pelo maestro Iván Fischer, que continua a dirigi-la, propõe as Quarantine Soirées.

Wigmore Hall
©Peter Dazeley/Facebook/Wigmore Hall

Wigmore Hall

A sala londrina foi construída pelo fabricante de pianos alemão Bechstein, foi estreada em 1901 (então com o nome Bechstein Hall) e é hoje uma das mais prestigiadas salas de concerto do mundo no que diz respeito à música de câmara, música para piano solo ou recitais de canto e piano. No seu canal do YouTube estão disponíveis numerosos concertos ao vivo (dos 550 que a sala recebe anualmente), bem como entrevistas e apresentações que providenciam contexto para as obras.

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Valentina Lisitsa
©Gilbert François

Valentina Lisitsa

Não há falta de canais no YouTube com excelentes pianistas, uns famosos e outros obscuros, mas vale a pena destacar o de Valentina Lisitsa, que hoje é uma das vedetas da I Divisão do piano mundial e grava para a Decca, por a sua carreira estar intimamente ligada ao YouTube. Lisitsa (n. Kiev, 1973) revelou desde cedo excepcionais qualidades como pianista, mas após uma mudança para os EUA e vários avanços e recuos, esteve à beira de abandonar uma carreira periclitante como pianista e aceitar um emprego seguro como tradutora na CIA. Lisitsa acabou por angariar tão grande número de entusiastas no YouTube que a Decca acabou por reparar nela e oferecer-lhe um contrato de exclusividade, o que não a impede de continuar a colocar no YouTube uma copiosa quantidade de videoclips. Se o YouTube se tem revelado eficaz a veicular e amplificar proezas como a deglutição de cápsulas de detergente, também tem o canal de Valentina Lisitsa.

Fique em casa

  • Filmes

Não param de se estrear novas e boas séries. Com a chegada da Netflix, HBO, Amazon Prime e outras tantas ao radar nacional, a vida ficou bastante mais complicada. No bom sentido, claro. Tente evitar as maratonas nocturnas – ou não –, tenha atenção aos spoilers que aqui vai ver e siga as nossas sugestões das melhores séries do momento. 

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Era quase impossível encontrar melhor timing para lhe darmos conteúdo deste. Sim, deste que requer pouco mais do que agarrar no comando, sentar-se ou deitar-se, ajeitar as almofadas, escolher o conteúdo e carregar. Fácil ao nível do exercício físico, talvez não tanto ao do psicológico. É que são 22 filmes originais Netflix, o que quer dizer que há muita coisa à qual deitar o olho e, depois de começar, dificilmente vai querer voltar atrás. 

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