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Kitchen Skills
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As mulheres chefs que tem de conhecer em Lisboa

A cozinha não é só para homens. Estas chefs ocupam a primeira linha do que melhor é feito nos restaurantes de Lisboa.

Sebastião Almeida
Escrito por
Sebastião Almeida
e
Inês Garcia
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Sempre se disse que era um mundo de homens, mas a realidade está longe de o constatar. As cozinhas dos restaurantes estão repletas de mulheres – sem elas, muito do trabalho não seria possível. Em casa, as memórias de infância remetem-nos, muitas vezes, para os cozinhados das nossas mães, das nossas avós ou tias, e há quem ande uma vida inteira atrás dos sabores que nos transportam para esses tempos que são sinónimos de amor. As cozinhas são lugares em que, de facto, magia acontece. A transformação e conjugação de alimentos é um dos grandes avanços da humanidade. E a evolução da gastronomia sempre se fez com mulheres, ainda que os homens tenham tentado ocupar a dianteira sem pudor. Estas chefs estão na primeira linha do que melhor é feito nas cozinhas da nossa cidade. E vale a pena conhecê-las.

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As chefs que tem de conhecer em Lisboa

Ana Leão
Gabriell Viera

Ana Leão

Colher Torta

Se uma Bimby ajuda muito boa gente lá em casa, não define a vida de um cozinheiro e ai de quem se meta com Ana Leão, Leoa para os amigos, e vá para as suas redes sociais dizer que babkas ou brownies se fazem bem no robot de cozinha. Esta fera da cozinha já é conhecida pelas gentes da área no Porto e está agora de passagem em Lisboa, tendo-se juntado ao colectivo de novos chefs criativos New Kids on the Block. Começou por estudar Ciências, mas cedo percebeu que isso não era coisa para ela – queria era enveredar pelas artes culinárias. Estudou na Escola de Hotelaria do Estoril e estagiou nas cozinhas do elBulli, Dos Palillos e do Alkimia. Fartou-se do fine dining e partiu de armas e bagagens para a Austrália, comprou uma carrinha e andou de quinta em quinta a correr o país. Aprendeu a escolher o bom produto, a valorizá-lo e a usá-lo não só na sua época, mas também a escolher uma identidade para a sua cozinha, de viagens. Pelo caminho ia voltando a Portugal, fazendo pequenos eventos. Começou o projecto Colher Torta no Parque da Cidade do Porto no Verão de 2020, um pop-up com muitos pratos para partilhar, e em Outubro juntou-se aos jantares Friendly Fire que Pedro Abril dinamizou no Chapitô, em Lisboa. Pela capital ficou, tendo tomado de assalto a cozinha do Velho Eurico e fazendo agora, em conjunto com José Paulo Rocha, um take-away e delivery em que todas as semanas muda o menu.

Lara Espírito Santo

Restaurante Sem

Quando a pandemia chegou, Lara e o namorado George Mcleod, viram-se obrigados a deixar o Reino Unido. O Silo, restaurante londrino sustentável onde trabalhavam encerrou, e decidiram instalar-se na Comporta. O casal arregaçou as mangas e, de uma parceria com o internacionalmente conhecido restaurante Sal, surgiu o Pêgo Pop Up, um bar de praia em que a sustentabilidade foi a palavra de ordem. O Verão já lá vai e para breve está prevista a abertura do Sem, um novo restaurante e bar de vinhos em Lisboa que abraça, como não poderia deixar de ser, a questão da sustentabilidade. Uma lufada de ar-fresco na cidade, portanto. 

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Leonor Godinho
©Melissa Vieira

Leonor Godinho

Musa da Bica

Há uns anos podia conhecê-la por Bibs, o nome de blogger de Leonor Godinho. Mestre em psicologia clínica, só se começou a interessar por cozinha depois de viver em Itália. Quando voltou a casa criou um blogue, o tal Bibs, que chegou até a ser patrocinado por um canal de culinária.  Por essa altura inscreveu-se na versão portuguesa do concurso MasterChef e um terceiro lugar levou-a a um estágio no Feitoria de João Rodrigues. Esteve três meses no restaurante agora estrelado, passou para o Mensagem, o restaurante do hotel, voltou para o Feitoria e regressou ao Mensagem como braço direito do chef principal. Trabalhou com mais homens do que mulheres antes de chegar à Musa da Bica, onde agora é comandante e convida tantas mulheres para cozinhar quanto consegue – mas acredita na individualidade e acha que não devemos olhar a géneros, reconhecendo porém que nesta nova geração, onde quase todos são amigos e valorizam e partilham o trabalho uns dos outros, há mais homens.

Marcella Ghirelli
©Manuel Manso

Marcella Ghirelli

Comida Independente

Designer gráfica de formação, tem no currículo passagens por vários restaurantes no Brasil, como o extinto Vito de André Mifano, uma experiência de gastronomia japonesa e dois meses de estágio no D.O.M de Alex Atala, em São Paulo, com duas estrelas Michelin. Foi trilhando o caminho, que começou com um curso em Florença, e acabou por vir parar a Portugal, onde passou pela Peixaria da Esquina e logo a seguir o Pesca, de Diogo Noronha. Quando Rita Santos, da mercearia Comida Independente, a convidou para ficar como cozinheira responsável, não hesitou. Já era o sítio onde passava parte das suas folgas, portanto tudo fez sentido. A grande especialidade é o pastrami, uma sanduíche que foram fazendo pela calada e chamaram ‘nananã’.

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Manuela Brandão
Manuel Manso

Manuela Brandão

Pap’Açorda

É transmontana e há mais de 35 anos que comanda a cozinha de um dos restaurantes mais icónicos da cidade. Primeiro no Bairro Alto, e agora no Time Out Market, Manuela Brandão fez do Pap’Açorda um lugar de ilustres. Por lá passaram personalidades como Sean Connery e depressa se tornou poiso da classe política. A comida, essa, é sempre excepcional – revisitando a gastronomia clássica portuguesa com mestria. De Trás-os-Montes, região de onde é oriunda, mantém "a humildade e o paladar", dizia ao Expresso, numa entrevista em 2018.

Marlene Vieira
DR

Marlene Vieira

Zunzum Gastrobar

Lançou-se no Zunzum em plena pandemia – o seu novo grande projecto no Terminal de Cruzeiros em Santa Apolónia. O Verão de 2020, apesar da conjuntura, foi positivo e mostrou-lhe que a sua cozinha tem futuro. Em suspenso ficou O Panorâmico, em Porto Salvo, e a banca no Time Out Market, onde é a única mulher chef representada. A cozinha é de base tradicional, criativa e actual, recorrendo à herança dos nossos sabores. Passou por Nova Iorque, regressou, mas manteve sempre a humildade. Aos fins-de-semana, há entregas ao domicílio de iguarias como cozido à portuguesa, filetes de polvo ou arroz de pato. A abertura do espaço de fine dining, uma porta ao lado do Zunzum, foi prorrogado devido aos tempos extraordinários que atravessamos.

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Justa Nobre
©Duarte Drago

Justa Nobre

O Nobre

Abriu o primeiro restaurante, o Constituinte, na Rua de São Bento, há mais de 30 anos, mas isso já lá vai. Justa Nobre é uma das grandes referências da cozinha portuguesa e uma das que há mais tempo por aqui anda. O Nobre, no Campo Pequeno, tornou-se depressa um lugar incontornável para os amantes de boa comida tradicional. Receitas tradicionais, reinventadas sem perder os traços originais é, talvez, o segredo. A raiz transmontana está lá e na sua comida se encontra a certeza de sabores autênticos.

Entregas e take away em Lisboa

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