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Museu de Lisboa - Palácio Pimenta
©José Avelar/ Museu de LisboaMaqueta de Lisboa anterior ao terramoto de 1755

Museu de Lisboa - Palácio Pimenta reabre com nova exposição de longa duração

Após obras de renovação do edifício, o Palácio Pimenta volta a abrir portas com uma nova exposição.

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
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Uma cidade pré-histórica, romana, muçulmana e cristã, dos ofícios ou quinhentista. Lisboa está despida de segredos nesta “Viagem ao interior da cidade”. O piso térreo do Museu de Lisboa - Palácio Pimenta reabre a 9 de Junho com uma nova a exposição permanente, que continua a revelar a evolução da cidade, desde a pré-história, mas com novidades.

A reabertura é marcada pela inclusão de 200 novas peças na exposição, que se juntam às cerca de 300 da antiga exposição, numa viagem que começa há mais de cem mil anos na cidade de Lisboa, altura em que chegaram os primeiros habitantes a esta região, cuja ocupação remonta ao Paleolítico. Organizada cronologicamente, a exposição conduz os visitantes até à cidade do reinado de D. João V, passando pela cidade romana, muçulmana, medieval cristã e quinhentista, desvendando as diversas etapas do desenvolvimento urbano e da ocupação do território.

Um dos grandes destaques é o regresso da emblemática Maqueta de Lisboa antes do Terramoto de 1755 (Sala 11), peça executada em 1945 e depois em 1959, uma representação fidedigna composta por dez mil miniaturas de edifícios que se estendem por mais de dez metros de comprimento e quatro de largura. Em complemento da maqueta, poderá interagir com conteúdos multimédia que apresentam modelos 3D de 22 edifícios civis e religiosos, ruas e praças da Lisboa barroca, assim como três percursos que dão a conhecer o centro urbano antes de ser destruído nas vésperas deste grande terramoto. Mas vamos por salas.

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Sala 1: Pré-História e Proto-História
©José Avelar/ Museu de Lisboa

Sala 1: Pré-História e Proto-História

É aqui que arranca esta viagem no tempo, com a ajuda de um conjunto de artefactos do Paleolítico, trabalhados em sílex, uma rocha sedimentar muito utilizada pelas comunidades de então, ali entre 300 e 100 mil anos a.C. Nessa altura, as pessoas já se faziam munir de colheres, foices ou artefactos para caçar ou potes. Aqui destaca-se precismente um pote da Idade do Bronze, “um dos melhores exemplares conhecidos desta época na região de Lisboa”, garante o museu.

Salas 2, 3, 4 e 5: Cidade Romana
©José Avelar/ Museu de Lisboa

Salas 2, 3, 4 e 5: Cidade Romana

A ocupação romana de Lisboa alonga-se por mais salas, talvez reflexo de uma importante e alongada presença, desde a chegada do primeiro contingente militar romano ao Rio Tejo em 138 a.C, até 469 d.C., quando a então Felicitas Iulia Olisipo foi entregue aos Suevos. O tipo de informação que, já agora, também pode recolher em Lisboa Romana, o maior repositório online de informações do tempo em que Lisboa era Olisipo. Nestas quatro salas, estão em exposição peças de cerâmica negra do século II, os testemunhos mais antigos da presença romana na cidade, encontradas no Beco do Forno do Castelo ou um um capitel coríntio, do século II d.C., encontrado na Casa dos Bicos.

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Sala 6: Cidade Muçulmana
©José Avelar/ Museu de Lisboa

Sala 6: Cidade Muçulmana

Durante muitos séculos, de 711 a 1147, Lisboa foi terra de povos muçulmanos. E há muitos vestígios que nos contam histórias dessa presença até à chegada de D. Afonso Henriques. É o caso de uma estela funerária romana que foi reaproveitada para uma inscrição muçulmana que nesta divisão está acompanhada por peças de cerâmica que tanto eram produzidas localmente como eram importadas. Testemunhos da actividade comercial com outras regiões do Mar Mediterrâneo, juntamente com uma taça dos séculos XI/XII, encontrada na Rua das Pedras Negras e produzida no sul da Península Ibérica. Aqui também pode conhecer uma curiosa peça que comprova a coexistência entre cristãos e muçulmanos durante este período: uma cancela encontrada na Rua dos Bacalhoeiros, que pertencia a uma igreja moçárabe, a designação dos cristãos que viveram sob domínio islâmico durante a Idade Média.

Sala 7: Cidade Medieval Cristã
©José Avelar/ Museu de Lisboa

Sala 7: Cidade Medieval Cristã

Em 1147, chega D. Afonso Henriques com as suas tropas e a cidade inicia uma nova era. Até à dinastia de Avis, em finais do século XIV, são criadas as paróquias, cada uma com igreja, sino, adro e cemitério próprio, transformando a cidade “num verdadeiro estaleiro de obras”, conta o museu. A população aumentou, assim como a sua dimensão militar, e nesta sala, uma das pinturas presentes conta, por exemplo, o episódio da construção da nova muralha fernandina, que continuou a antiga Cerca Velha. Também pode ver aqui duas maquetas do Convento do Carmo e também do Palácio dos Estaus, onde mais tarde foi erguido o Teatro Nacional D. Maria II.

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Sala 8: Cidade Quinhentista
©José Avelar/ Museu de Lisboa

Sala 8: Cidade Quinhentista

Chegados à Lisboa de D. Manuel I, a expansão marítima é a estrela. Conheça um selo alfandegário do século XV, um conjunto de medidas do reinado de D. Sebastião, moedas desde D. Afonso V até ao “Desejado” ou exemplares de azulejos que ilustram a evolução desta arte. À cidade começaram a chegar peças vindas de todo o mundo, como um cofre da Índia ou peças em majólica (faiança do Renascimento), vindas de Itália.

Salas 9 e 10: Cidade do Mundo
©José Avelar/ Museu de Lisboa

Salas 9 e 10: Cidade do Mundo

No anos 60 do século passado, a escavação arqueológica da zona onde outrora se ergueu o Hospital Real de Todos os Santos (Praça da Figueira/ Rossio) revelou um conjunto de peças que moram nestas duas salas do Palácio Pimenta. Este hospital de referência terminado por D. Manuel I não resistiu ao terramoto de 1755 e aos dias de hoje chegaram alguns elementos arquitetónicos e diversas cerâmicas como tachos, púcaros, taças, saleiros, jarros, pratos, malgas, bilhas, alguidares e até cachimbos. Esta Cidade do Mundo inclui ainda três painéis de azulejo do século XVIII restaurados para esta nova exposição e que que retratam a vida quotidiana no Terreiro do Paço, no Rossio/ Hospital Real de Todos-os-Santos e no Mercado da Ribeira Velha, que funcionava junto à Casa dos Bicos.

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Sala 12: Registos de azulejos
©José Avelar/ Museu de Lisboa

Sala 12: Registos de azulejos

Já falámos da sala 11, por isso saltamos agora para a 12. A seguir ao Museu Nacional do Azulejo, o Museu de Lisboa possui a segunda maior colecção de azulejos do país e Lisboa é a cidade portuguesa com mais registos de azulejos. E sabia que em muitos deles vemos representações de santos protectores de catástrofes naturais? É o caso de São Marçal, protector contra incêndios, presente em alguns dos azulejos desta sala. Assim como as devoções populares, da qual é figura de proa o Santo António, e religiosas, com representações de Cristo ou da Nossa Senhora da Penha de França.

Sala 13: Cozinha
©José Avelar/ Museu de Lisboa

Sala 13: Cozinha

Como este museu vive num palácio, claro que há uma cozinha. E é na cozinha original do Palácio Pimenta que encontra um painel de azulejos do século XVIII com uma mulher a amanhar peixe, “numa representação que valoriza a figura feminina em contexto doméstico e possivelmente de escravatura”. Um exemplar único neste tipo de representação.

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Sala 14: Capela
©Museu de Lisboa

Sala 14: Capela

A capela do palácio abre pela primeira vez ao público, após obras de restauro não só da estrutura, mas também das seis pinturas que aqui se encontram. É o caso de uma Pietà com Maria Madalena e São João Evangelista, datada do século XVIII e localizada junto ao altar, da autoria de André Gonçalves.

Salas 15, 16, 17, 18 e 19: Cidade dos ofícios. Produção cerâmica
©José Avelar/ Museu de Lisboa

Salas 15, 16, 17, 18 e 19: Cidade dos ofícios. Produção cerâmica

Os ofícios estão em grande destaque na recta final da nova exposição que destaca a importância da cerâmica na cidade, entre os séculos XVI e XX. Ao longo de pequenos núcleos vai conhecer a evolução desta actividade de grande importância para a cidade. Desde peças de louça de barro vermelho, do século XVI, oriundas da Mouraria que então era um importante centro oleiro (daí toponímia como a Rua das Olarias), até às peças datadas do século XVIII, altura em que nasceram fábricas como a Real Fábrica de Louça, ao Rato, ou dos séculos XIX e XX, onde se destaca a cerâmica decorativa de Jorge Barradas ou João Abel Manta.

  • Coisas para fazer

Não sabe o que fazer em Lisboa? De passeios pelo Parque Florestal de Monsanto até ver as vistas de outro ângulo, temos uma grande variedade de sugestões para aproveitar tudo quanto é à borla na cidade. São dezenas de coisas grátis para fazer em Lisboa: afinal não queremos que deixe de aproveitar o melhor que a cidade tem apenas por ter a carteira mais vazia. Há muito para fazer à borla em Lisboa. Não acredita? Então espreite a lista que se segue. Não se vai arrepender. Já lhe dissemos que é grátis?

  • Museus

Edifícios relativamente novos, com linhas que são uma perdição para a fotografia, e clássicos da cidade que patrocinam autênticas viagens no tempo. Destacam-se ainda os inúmeros e regulares workshops e eventos que promovem para adultos e crianças, bem como as cafetarias e brunches que também são pequenas obras de arte. Deixamo-lo com uma visita guiada aos melhores museus em Lisboa, dando razões para redescobrir endereços obrigatórios e ideias para explorar colecções surpreendentes e que, por vezes, passam despercebidas. A lista de melhores museus em Lisboa não pára de crescer e nós estamos cá para actualizá-la.

 

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