A pouco mais de uma hora de Lisboa, Melides oferece-nos o que de melhor podemos ter na Costa Alentejana: boa praia e bom petisco. Mas não tenha medo, há mais para descobrir nesta aldeia, mesmo que o sol não queira aparecer. 130 kms. É apenas isso que separa Lisboa desta aldeia de areais extensos. Apetece-lhe fugir da cidade? Dizemos-lhe as melhores coisas que pode fazer em Melides. Siga o nosso roteiro.
Uma vez em Melides, deixamos-lhe uma dica: vá até Vale Figueira, pergunte pela padaria da Tia Jesuína e descubra o autêntico pão alentejano, vendido só às terças, quintas, sextas e sábados.
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Há muito, muito tempo, era o leitor uma criança, que brincava nos areais da Costa da Caparica, e já uns quantos forasteiros estendiam toalhas nestas areias. A companhia eram uns quantos pescadores, que aqui vinham de cana às costas à procura de bom peixe. O que mudou? Há um bar, há toldos, há nadadores-salvadores e mais pessoas.
É uma bonita praia, quase sempre vazia, com uma encosta que parece feita numa impressora 3D. É dos poucos segredos desta zona (obrigadinho!, dirão os frequentadores) onde só vai quem conhece mesmo. Atravesse o aldeamento de casas até ao fundo (à direita do parque de campismo, de quem olha para o mar), deixe o carro e percorra o caminho improvisado pelos habitués, com umas escadas em direcção à praia.
Mais uns quilómetros, mais um segredo. Fica entre as Praias da Aberta Nova e de Melides e o acesso é feito por uma estrada de terra batida, que se apanha logo à saída de Melides. É só seguir as indicações para o cemitério e andar até encontrar o paraíso. Curiosidade: Christian Louboutin tem uma casa ali ao lado.
Para quem está na zona e gosta de uma praia com todo o tipo de facilidades, não vale a pena inventar: é parar o carro no estacionamento da Praia de Melides (bónus um), passar na biblioteca infanto-juvenil (bónus dois), ler os jornais do dia (bónus três), beber uma cerveja no bar da praia (bónus quatro) e rematar o dia no Flor de Sal by Melides (cinco).
Tem matraquilhos, tem setas, tem artigos de pesca para venda e tem um pato assado com fama nas redondezas – só fazem por encomenda. Tudo em perfeita harmonia, entre a esplanada, a zona de café e a sala de restaurante. É uma caverna à beira da estrada, mas é do melhor que há na zona para quem procura comida de tacho.
É outro restaurante instalado na EN261, sempre cheio de carros à porta – indicativo de uma casa de sucesso. Siga-lhes o exemplo e entre para provar a carne especial à moda da casa com amêijoas e camarão, as migas com carne, as cataplanas de peixe e marisco, ensopado de enguias… é ir à confiança. Ao fim-de-semana têm caracóis.
Chegamos à terceira hipótese de boa refeição na EN261 – sai bem servido de qualquer um dos sítios. O pato assado no forno é a receita-estrela, mas há outras razões para cá vir. Falamos do ensopado de enguias, da açorda alentejana, do peixe frito, do bacalhau assado, de qualquer comidinha alentejana típica do litoral, feita por mãos sábias.
Apesar de estar em cima da Praia de Melides, é o menino chique da zona, tanto para petiscar, como para jantar mais à séria. É aquele sítio onde as amêijoas trazem um toque de autor, onde se come tempura de choco com maionese de coentros, um risoto aqui, um peixe ali, tudo com bons produtos locais e uma atenção especial dada à carta de vinhos.
Os anos passam, o turismo aumenta, mas o bar da Praia da Aberta Nova mantém-se inalterado. Serve tostas em pão alentejano, daquelas em fatias finas (a evitar um bolo alimentar difícil de digerir), salada de polvo e de ovas, queijos, torradas e caracóis. Junte-se a isto umas imperiais fresquinhas e está o dia de praia feito.
Aquele eterno hábito português de sair da praia e procurar uma esplanada para abancar a comer amêijoas, caracóis e saladas frias – se possível acompanhadas de torradas carregadas de manteiga – pode ser posto em prática na esplanada d’O Fadista, no centro de Melides. Não há grandes mordomias, só o essencial.
Não precisa de ser um birdwatcher experiente para desfrutar desta casinha de madeira instalada na Lagoa de Melides, abrigada do calor e do vento. Mesmo ao lado tem um painel informativo com as espécies que deve procurar, como o pilrito-das-praias, a poupa ou o cartaxo-comum. Antes de chegar à praia há uma seta a indicar Observatório de Aves, é segui-la.
Tem sido uma recomendação Time Out das últimas edições dedicadas ao litoral alentejano, porque os 500 hectares da herdade merecem mesmo ser conhecidos. Seja por quem lá vai para se abastecer de produtos biológicos, pelos passeios a cavalo ou para conhecer os animais da quinta.
Não precisa de dominar as rédeas para se montar nos cavalos da empresa Passeios a Cavalo e sair, a passo, recomenda-se, rumo à serra ou à praia. As duas opções estão disponíveis e só varia o preço (45€ por 1h45 na serra e 55€ por 1h45 na praia).
Ainda a tentar desenhar o roteiro da descida da costa? Ponha um pin em Sines e descubra a Costa Alentejana. Pela comida ou pelas praias, o que importa é ir. Pode até nem ser o local mais procurado da Costa Alentejana, mas não fica atrás do resto dos ícones. Perca-se pelas praias, mas principalmente pelos restaurantes de Sines para uma verdadeira epopeia gastronómica.
A zona mais a sul da Costa Alentejana foi abençoada por areais paradisíacos. Mas há muito mais do que praias de águas cristalinas, areias soltas e formações rochosas imponentes na Zambujeira do Mar: há restaurantes para petiscar ou para comer até fartar, com peixe fresco e marisco ou uma boa carne, há um festival que todos os anos atrai milhares de pessoas e há coisas para fazer entre mergulhos e garfadas.
Duas horas. Não demorará muito mais a chegar a Vila Nova de Milfontes e uma coisa conseguimos garantir: demorará menos ainda a esquecer-se que há vida em Lisboa. Praias, restaurantes, lojas. Não se fala do melhor da Costa Alentejana sem mencionar Vila Nova de Milfontes, seja pela praia e pelo rio, como pela gastronomia – e que bem que se come aqui.
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