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Velhos são os trapos: conheça as melhores actividades para idosos em Lisboa

Lisboa não é para meninos e a prova disso é o número de actividades para idosos em Lisboa

Escrito por
Clara Silva
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Aulas de graffiti para os mais velhos, uma plataforma que arranja trabalho para desempregados com mais de 55 anos, uma universidade com 110 disciplinas ou avozinhas que viram designers ou que lhe fazem
 o jantar para o resto da semana. A propósito do Dia Internacional do Idoso, celebrado a 1 de Outubro, reunimos projectos, espaços e casos que ajudam a rejuvenescer a cidade. Como o bartender mais antigo do Cais do Sodré, com 89 anos, uma mulher de armas de 76 anos ou uma filha que, após a reforma do pai, criou um projecto para promover uma vida activa na terceira idade. Já não era sem tempo. São as melhores actividades para idosos em Lisboa.

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Actividades para idosos em Lisboa

  • Coisas para fazer
  • Areeiro/Alameda

Aprender a escrever o tag, “o nome
 de rua”, a pintar com spray e até a fazer stencils em paredes. O Lata 65, projecto que desde 2012 transforma idosos em street artists, começou com um pequeno grupo do Centro Social e Paroquial de Alcântara, em Lisboa, e já chegou a Espanha, ao Brasil e aos Estados Unidos. A ideia foi de Lara Seixo Rodrigues, de 40 anos, depois de se aperceber que grande parte
 dos espectadores dos festivais de 
arte urbana que produzia pelo país tinham mais de 65 anos. “Aquilo que mais me despertava a atenção era as perguntas que nos faziam”, conta. “Perguntavam-nos coisas muito interessantes, sobre as histórias [das peças], o material que usávamos, se os artistas viviam disto, as autorizações que precisavam...”

Uma das experiências mais marcantes ao longo destes
 sete anos foi trabalhar com um grupo de idosos de Aberdeen, na Escócia. “Todos eles continuam 
a pintar na rua e até estão a dar 
aulas numa escola para miúdos.” Por cá, o próximo workshop, sempre pro bono, vai acontecer
 em Novembro, com idosos da Amadora. “Normalmente são as Câmaras e Juntas de Freguesia que nos chamam.” Há aulas teóricas que explicam a história do graffiti e outras práticas, na parede, “o ponto alto” do workshop com a ajuda de um artista local “escolhido a dedo”, continua Lara. Na altura de pegar na lata de spray, muitos “esquecem-se das bengalas” e divertem-se. Aliás, é essa “transformação da autoestima, num período tão curto, um dos impactos maiores do Lata 65.”

  • Coisas para fazer
  • Aulas e workshops
  • Lisboa

Italiano, Iniciação ao Bridge, Fotografia, Pintura a Óleo, Psicologia Positiva, Aeronáutica, História das Religiões, Sevilhanas ou Poesia Criativa. Há disciplinas para todos os gostos na Universidade Internacional Para a Terceira Idade (UITI), uma das várias universidades seniores de Lisboa, e por sinal a mais antiga, a funcionar desde os anos 70 e oficialmente instituída em 1986. O ano lectivo começa a 7 de Outubro
 e por esta altura a movimentação 
na secretaria é grande, para 
renovar as matrículas ou para escolher o horário e as disciplinas (sete por aluno, de um leque de 
110) .

“Aqui aprende-se muito”,
 diz Isabel Cordeiro, de 47 anos,
uma das funcionárias da UITI. A ideia da universidade – que tem 
um toque de entrada e outro de saída para as aulas – é continuar 
a exercitar os alunos depois da reforma. “Para não murcharem, como uma flor”, continua Isabel, que carinhosamente trata os alunos por “miúdos”. Os 70 professores 
da escola são voluntários e os alunos vêm de toda a parte – “até 
de Coimbra, uma vez por semana”. Em 2017, a UITI foi forçada pela Câmara de Lisboa a abandonar o espaço que ocupava há mais de 40 anos na Rua das Flores, no Chiado.

Provisoriamente está a funcionar num outro espaço em Arroios, menos central, o que os fez “perder vários alunos e professores”. A 
luta contra a mudança forçada envolveu, ao longo destes dois 
anos, 800 alunos da universidade
 e foi notícia em vários jornais. Em Janeiro de 2020, a UITI espera voltar ao edifício original no Chiado, bairro onde ainda mantém um outro espaço, na Rua da Emenda, com aulas de informática e um atelier de trabalhos criativos.

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Susana António acredita que a idade 
é um superpoder. Aliás, foi isso que 
a fez juntar em 2004 várias avós 
do lar da Mitra num workshop da experimenta design. Em 2013, com Ângelo Campota, começava no Centro de Dia de São Paulo, perto do Cais do Sodré, o projecto de empoderamento sénior A Avó Veio Trabalhar, a desafiar avós com trabalhos criativos que vão muito além dos clássicos bordados e que já as levaram à Design Week holandesa. O projecto reúne 67 avós de várias idades, entre os 50 e os 93 anos, num espaço recém-inaugurado de 300 m2 perto da Rua Morais Soares. A ideia, explica Susana, é “transmitir a alegria do envelhecimento”, “ver o copo meio cheio”. As avós, de várias partes da cidade, encontram-se ali para conviver e criar peças originais. A próxima colecção, por exemplo, com almofadas coloridas, foi inspirada pelo formato de comprimidos. “Há sempre uma dose de loucura, [as avós] são desafiadas a sair da sua zona de conforto”, continua Susana.

“Pode ser difícil no início, mas depois acaba por ser uma espécie de droga. Hoje estamos num festival de música, amanhã num shooting para o Airbnb, no outro dia estamos a fazer um workshop para um japonês, no outro uma performance para um museu [como aconteceu no MUDE].” A nova morada das avós vai permitir-lhes receber mais visitas, organizar mais workshops, ter espaço para criar parcerias com outros artistas e até, num futuro próximo, desenvolver outras artes, como a “marcenaria ou a cerâmica”. No espaço antigo, de 50 m2 no Poço dos Negros, chegaram a receber a visita de Marcelo Rebelo de Sousa.

“Quando eu oiço pessoas mais novas a dizer que quando forem velhas querem ser assim, é aí que o nosso trabalho está feito”, remata Susana. “Quando a idade passa a ser uma coisa desejada, quando não há medo de envelhecer.”

  • Coisas para fazer
  • Bairro Alto

Elena Durán, de 36 anos, ficou preocupada quando o pai, director de uma escola primária, 
se reformou aos 60 anos. “Depois de ter uma 
vida tão activa, eu e o meu irmão ficámos muito preocupados com o que ia acontecer”, recorda. Natural da Andaluzia mas a trabalhar em Lisboa numa multinacional há vários anos, começou a pensar num projecto virado para esta faixa etária que é, na verdade, “a maior parte da população”. Despediu-se e em Outubro do ano passado lançou o 55+, uma plataforma online (55mais.pt) que ajuda pessoas com mais de 55 anos a manterem-se activas em Lisboa com actividades que dominam e que podem ser úteis aos outros.

Cozinhar um jantar ou comida para a semana inteira, por exemplo, uma das actividades mais solicitadas, fazer petsitting ou pequenas reparações em casa, trabalhos de jardinagem ou tomar conta de idosos ou crianças. “Neste momento temos mais de 1400 pessoas inscritas, dos 55 aos 83 anos”, conta Elena. “Algumas porque estão desempregadas, outras porque estão reformadas ou em pré-
reforma mas que querem continuar activas.” 
Por enquanto, os serviços limitam-se ao centro 
de Lisboa, mas no site já há pessoas registadas em várias partes do país, até nas ilhas. O projecto está à espera de receber mais fundos para se poder expandir.

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  • Lisboa

“Mulher de armas” é o melhor rótulo
 para Ilda Almeida, de 76 anos, ao 
balcão da Casa Diana, loja de artigos 
de caça e de pesca em Arroios. Foi ela a primeira mulher em Portugal à frente da espingardaria fundada pelo seu padrinho de casamento, João Corte-Real Trigoso, e é ali que hoje ainda a podemos encontrar. Quando aqui entrou, “num mundo de homens”, dizia em Abril à Time Out, foi como funcionária.

Ao longo dos anos foi aprendendo tudo o que conseguiu sobre o assunto. Caçava rolas nas férias, visitou fábricas, leu manuais sobre o tema, aprendeu a legislação e depois da morte do fundador da Casa Diana, há 40 anos, assumiu as rédeas do estabelecimento. Ou melhor, as armas. Alguns clientes ainda acham pouco credível uma mulher à frente de um negócio deste género. “Entrou um senhor, perguntei se podia ajudar e disse-me que só queria falar com o meu marido”, contava nessa altura, referindo-se a um episódio que tinha acontecido pouco tempo antes. O marido de Ilda, recentemente reformado, faz-lhe companhia na loja, mas ela é mesmo a melhor pessoa para dar aconselhamento nisto das armas que, segundo ela, “não são um perigo”. “A cabeça do ser humano é que é.”

  • Coisas para fazer
  • Lisboa

Um lar para pessoas LGBT tem sido uma das lutas de António Serzedelo, 74 anos, presidente da Opus Diversidades (antiga Opus Gay). Foi isso que defendeu em Junho no seu discurso na última Marcha do Orgulho LGBT em Lisboa, tal como uma “Secretaria de Estado para os Idosos”, afirma. “Havendo tantas secretarias de Estado, não há uma dos idosos, que lhes dê informações sistemáticas sobre o que se passa na terceira idade. Já apresentei essa proposta 
a algumas entidades governamentais que se marimbaram até hoje”, continua.

António 
é vogal da Junta de Freguesia de Arroios,
“ o bairro mais cool”, brinca, referindo-se à eleição dos editores internacionais da Time Out, revelada este mês. É aqui que fica um dos seus sítios preferidos da cidade, a biblioteca 
de São Lázaro, onde o fotografamos. “Daqui a uns anos vai haver um boom do turismo idoso 
e Portugal podia especializar-se nisso.” Ideias não lhe faltam e tem batalhado por elas. Em 2017, e depois de muitas reivindicações, viu concretizar-se um sonho antigo quando foi inaugurada uma estátua no jardim do Príncipe Real em homenagem às vítimas de homofobia.

O seu currículo é longo, de activista a radialista, professor de História e até vendedor ambulante de pequenos electrodomésticos em escritórios. Hoje em dia, continua sempre em movimento. Aliás, a partir deste sábado começa um programa na online Rádio Movimento, “Para Lá do Arco-Íris”, onde irá abordar “assuntos LGBTI”. Também faz ginástica e está a tirar um mestrado em Ciência das Religiões.

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  • Noite
  • Cais do Sodré

O Viking, um dos bares mais concorridos da Rua Cor de Rosa, é conhecido pelo seu staff mais oldschool, uma opção do actual proprietário. O bar que em tempos se chamou Filadélfia e em 1989 mudou de nome para atrair os “marinheiros nórdicos”, conta o dono, António Costa, de 66 anos, conseguiu acompanhar a evolução
 da rua que foi conhecida pela prostituição. “As meninas do antigamente acabaram por sair naturalmente, pelo seu próprio pé”, recorda. Os empregados, o “staff sénior”, mantiveram-se até aos dias de hoje por opção e adaptaram-se a uma clientela “com outros interesses”, à procura de “beber copos e ouvir certo tipo de música”.

O empregado mais antigo do bar, Manuel Pereira, tem 89 anos e chegou a ser sócio. Antes de chegar ao antigo Filadélfia trabalhou no Mayer Bar, no Parque Mayer, onde Amália Rodrigues era cliente. Hoje em dia, pede para continuar 
a estar atrás do balcão do Viking, como nos últimos 61 anos. Sem horário, claro, até porque o bar agora fecha às seis da manhã. Aqui, 
ele “sente-se útil”, sublinha António. “Para
 a minha forma de estar na vida isso é muito importante”. Alguns dos empregados da casa, como Dina, Amélia ou o antigo porteiro (e agora relações públicas) Loureiro, também estão perto da idade da reforma e provavelmente vão continuar. Outros, “sangue mais novo”, como lhes chama, foram contratados mais recentemente, porque também é importante “alguma juventude”.

Coisas para fazer em Lisboa

  • Atracções
  • Parques e jardins

Em Lisboa há parques para todos os gostos e nós escolhemos os melhores para brincar com os miúdos, ler um livro ou fazer um piquenique, independentemente da altura do ano. Afinal todos os dias são bons para uma pausa num destes parques e jardins de Lisboa. Do jardim da Estrela ao pulmão verde de Lisboa – falamos do Monsanto, pois claro –, espaços verdes não faltam na cidade. Com parques infantis, espaços para praticar desporto e correr ou simplesmente para se deixar estar. 

  • Coisas para fazer
  • preço 1 de 4

Alguns transportes públicos servem também para lavar as vistas, desde que não viaje em hora de ponta, porque nesse caso só tem vista para o sovaco do passageiro do lado. E há muita vida (e espaço) para além do eléctrico 28. Nem sempre pensamos nos transportes públicos para passeios, mas a verdade é que tanto os autocarros como os eléctricos, comboios e até os barcos são uma óptima forma de conhecer Lisboa — não é por acaso que andam sempre cheios de turistas.

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Gaste calorias sem gastar dinheiro nestes ginásios ao ar livre em Lisboa
  • Coisas para fazer
  • Eventos desportivos

Não gosta de se fechar no ginásio? Não há orçamento para personal trainers? Equipamentos de fitness municipais, paredões, espaços verdes... Compense os excessos (calóricos e financeiros) nestes ginásios ao ar livre em Lisboa. Afinal, gasta calorias, gasta o equipamento de manutenção que provavelmente ajudou a pagar enquanto cidadão de Lisboa e não gasta um tostão. Não é ginástica de reformado, mas de bem informado – depois de ler este artigo de uma ponta à outra, claro.

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