Televisão, Séries, Crónica dos Bons Malandros
©DR | Crónica dos Bons Malandros
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A nova ‘Crónica dos Bons Malandros’

A série da RTP é incapaz de recriar o lugar e a época em que se passa a acção, a Lisboa dos anos 80.

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★★☆☆☆

Quando Crónica dos Bons Malandros, de Mário Zambujal, foi publicado, em 1980, Portugal era um país muito diferente do que é hoje, e Lisboa uma outra cidade, com muito pouco a ver com a dos nossos dias. Os malandros cómicos e falhados da quadrilha de Renato, “O Pacífico”, foram concebidos por Zambujal como emanando dessa Lisboa de então, desenhados no limite da caricatura, uns “pintas” do Bairro Alto e do Cais do Sodré armados “em gangsters de Chicago”, como cantava Rui Veloso no filme que, em 1984, Fernando Lopes rodou, e que captou bem essa dimensão de banda desenhada da história e dos seus heróis.

A nova versão de Crónica dos Bons Malandros (RTP1, Qua 21.00), rodada no Portugal e na Lisboa de 2020, e também passada nos anos 80, falha em apresentar esse sentido da época, recriar essa suja, agitada e genuína cidade pós-25 de Abril, essencial para a veracidade e o bom funcionamento da história; e falta às personagens o rasgo castiço, a tipicidade um tudo nada exagerada da “Lísbia” (como se diz em “alfacinhês”) que os defina e distinga uns dos outros e que, de novo, Fernando Lopes compreendeu e realçou no filme. Estes novos malandros são tão desenxabidos e incaracterísticos como a cidade contemporânea, a tentar fingir que é a de há 40 anos, por onde circulam.

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