Nem só de clássicos obrigatórios da HBO se faz a Max. Também não faltam novidades. Eis as séries que tem de ver.
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Em 1979, Jeremy Thorpe, o popular líder do Partido Liberal, tornou-se no primeiro deputado inglês a ser julgado por homicídio. Político nato e de convicções progressistas, casado duas vezes e com um filho da primeira mulher, morta num acidente de viação, Thorpe era um homossexual secreto e promíscuo que gostava de brincar com o fogo, e foi acusado de encomendar o assassínio do seu antigo amante Norman Scott. Este era um rapaz mental e emocionalmente instável, de vida errática, que ao longo dos anos, e de forma intermitente, o importunou, dizendo alto e bom som, onde estivesse e a quem o ouvisse, que tinha tido uma relação com Thorpe. Que foi absolvido, mas viu a sua carreira política arruinada.
Em A Very English Scandal (HBO), Stephen Frears filma, inspiradamente, o caso Thorpe como uma farsa de costumes que se desdobra numa tragédia da intimidade com reverberações sociais e políticas, ferindo fundo o establishment britânico e anunciando uma era de maior tolerância. Ben Whishaw é muito bom como Scott, mas quem leva a taça é Hugh Grant, formidável num Thorpe divertido, dinâmico e cativante, mas também matreiro, manipulador e impiedoso, produto e símbolo do establishment e, no final, vítima dele. A Very English Scandal é televisão de patamar superior.
