
‘Lisey’s Story’ é um solene e presunçoso emaranhado narrativo
Stephen King fez questão de adaptar e controlar de alto a baixo a produção de ‘Lisey’s Story’, a mais recente série tirada dos seus livros. Mas fez mal.
★★☆☆☆
Na lista dos 25 escritores mais levados ao cinema e à televisão da Slate, Stephen King ocupa o 18.º lugar, após Júlio Verne e empatado com Georges Simenon. E ao ritmo a que os seus livros são vertidos em imagens, depressa vai descolar de Simenon e ultrapassar Verne. King escreveu Lisey’s Story em 2006 e, por ser o seu livro preferido, não queria que ninguém senão ele o adaptasse, e nunca ao cinema, por achar que a história não podia ser contada num filme, mesmo com duas ou três horas. A série Lisey’s Story (Apple TV +), realizada por Pablo Larraín e feita com meios de uma muito confortável produção de cinema, foi controlada pelo escritor de alto a baixo, e Stephen King também assinou o argumento, aproveitando para “melhorar o livro”, como explicou.
Muitos dos seus leitores irão discordar. Julianne Moore é a Lisey do título, a viúva de Scott Landon (Clive Owen), um escritor celebérrimo cujos inéditos são cobiçados por um fã psicopata (Dale DeHaan). A história divide-se entre melodrama realista e terror psicológico-sobrenatural, e King e Larraín tornaram-na num solene, presunçoso e interminável emaranhado narrativo, de que se safam só alguns actores. Antídoto (e antípoda): The Outsider (HBO), tirado (e este muito bem) de outro livro de Stephen King.

Mais que ver
As melhores séries da Apple TV+
A Apple TV+ é um serviço de streaming jovem (nasceu no final de 2019) e de catálogo limitado, mas ao contrário do que possa parecer isso não é uma desvantagem. Em época de abundância, os espectadores encontram aqui um porto seguro, que tenta ter uma oferta mais apostada na qualidade do que na quantidade. O foco são as produções originais, que a pouco e pouco vão tornando o serviço incontornável para quem gosta de boa televisão. Há de tudo, das séries de grande orçamento (destaque para The Morning Show) às sitcoms surpreendentes (olá, Ted Lasso), da ficção científica (ponto extra por Fundação, adaptação dos livros Isaac Asimov) às séries documentais de fôlego (1971: The Year That Music Changed Everything é uma pérola para melómanos). Feitas as contas, há 20 séries da Apple TV+ que tem de ver. Ei-las.
As 30 melhores séries na Netflix
Entre conteúdos originais de grande qualidade e outros que foram aproveitados (ou mesmo ressuscitados), a Netflix está, continuamente, a trazer-nos apostas dignas de binge watching. Títulos como Gambito de Dama, Ozark, Stranger Things ou The Crown mostram bem aquilo em que a plataforma trabalha, e outros como Breaking Bad e Arrested Development são óptimos exemplos de como levar audiência ao seu moinho (o streaming) por meios comprovados. A apontar-lhe alguma coisa, será a oscilação de conteúdos: estamos sempre na vertigem de ver a nossa série favorita desaparecer do catálogo. Por isso, não perca tempo: prepare-se para uma maratona e siga estas sugestões das melhores séries para ver na Netflix.
As melhores séries para ver na Filmin
O serviço de streaming e video on demand espanhol chegou a Portugal em 2016, quase uma década após ter nascido, munido de cinema independente e grandes clássicos da sétima arte. Mas aqui falamos de séries, num catálogo que resgata produções britânicas incontornáveis como The Office, Blackadder ou The Young Ones e que mais recentemente inclui produções originais Filmin, como é o caso da série Autodefesa. E Portugal não foge à lista, com Mundo Catita e Aleixo Psi a chegarem à lista da plataforma de nuestros hermanos. E são muitos os tesouros que os verdadeiros cinéfilos aqui podem encontrar.