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Os filmes sobre escritores que merecem a atenção dos leitores

Nem só de músicos ou políticos vivem os pedaços biográficos no cinema. Conheça os escritores que também dão bons filmes

Escrito por
Eurico de Barros
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A sétima arte habituou-nos a debruçar o olhar sobre tudo o que seja retrato biográfico. Nas histórias, mais ou menos fantasiadas, há dead on impressions como Jamie Foxx em Ray ou Natalie Portman em Jackie, mas também decisões de descolagem à figura como Michael Fassbender o fez em Steve Jobs ou Jessie Heisenberg em A Rede Social. Contudo, as películas baseadas em vidas ou obras também nos levaram ao território dos escritos, retratando livros ou autores, numa panóplia de trabalhos que não se fica por Hollywood. Razões não faltam para que nos sentemos no sofá – ou na sala – e nos deixemos levar até bons filmes sobre escritores. Tem aqui uma dezena de sugestões.  

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Os filmes sobre escritores que merecem a atenção dos leitores

“Camões”, de Leitão de Barros (1946)

António Vilar interpreta o poeta nacional nesta fita característica dos tempos do Estado Novo, e da “Política do Espírito”, em que foi rodada. Escrito pelo realizador e pelo poeta e camoniano Afonso Lopes Vieira, Camões contempla uma visão bastante factual e naturalmente heróica da vida do autor de Os Lusíadas. Contando também no elenco com nomes como Vasco Santana, Eunice Muñoz, João Villaret, Igrejas Caeiro, Carmen Dolores ou Leonor Maia, o filme concorreu no primeiro Festival de Cannes, em 1946.

“As Irmãs Brontë”, de André Téchiné (1979)

Isabelle Adjani, Marie-France Pisier e Isabelle Huppert são, respectivamente, Emily, Charlotte e Anne Brontë neste filme de Téchiné, que se centra na vida das irmãs Brontë e do seu irmão Branwell (Pascal Greggory), no remoto presbitério de Yorkshire onde viviam com o pai, na sua dedicação à escrita e nos seus primeiros sucessos literários. Esta produção francesa foi rodada em Inglaterra, na região onde a família viveu, contando apenas com um actor britânico, Patrick Magee, entre os principais protagonistas.

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“Vidas em Fúria”, de Stephen Frears (1987)

Gary Oldman interpreta a figura do dramaturgo inglês Joe Orton, notabilizado pelas suas comédias negras, e que morreu assassinado pelo seu amante, Kenneth Halliwell (Afred Molina), em 1967, aos 34 anos. Escrito por Alan Bennett, Vidas em Fúria detalha a relação entre Orton e Halliwell, mais velho, mais reservado e com mais meios de subsistência do que ele, e a forma como o estilo de vida arriscado e o sucesso daquele acabou por afectar a relação entre ambos.

“Conversa Acabada”, de João Botelho (1981)

A primeira longa-metragem de João Botelho é dedicada à amizade entre Fernando Pessoa (Fernando Cabral Martins) e Mário de Sá-Carneiro (André Gomes). O filme, na lista de filmes portugueses obrigatórios da Time Out, recusa adoptar uma narrativa convencional e é composto por leituras e excertos de textos e das cartas trocadas entre os dois escritores, estilizadamente ilustrados pelo realizador. Também com Jorge Silva Melo, Juliet Berto e Manoel de Oliveira numa pequena participação.

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“A Senhora Parker e o Círculo do Vício”, de Alan Rudolph (1994)

A escritora americana Dorothy Parker (Jennifer Jason Leigh) recorda os dias dourados em que fez parte da Távola Redonda do Hotel Algonquin, em Nova Iorque, que entre os finais da década de 10 e da de 20, juntou alguns dos mais brilhantes escritores, actores e críticos da sua geração, muitos deles colaboradores da revista The New Yorker. Alan Rudolph recria minuciosamente a época e recorda as personalidades, as relações, os conflitos e o talento dos membros dessa mítica tertúlia.

“O Dia do Desespero”, de Manoel de Oliveira (1992)

Manoel de Oliveira recria, neste filme austero e sombrio, os últimos tempos da vida do autor de A Queda de um Anjo, A Brasileira de Prazins e Amor de Perdição, que, afligido pela cegueira cometeu suicídio na sua casa de São Miguel de Ceide, em 1890, onde O Dia do Desespero foi inteiramente rodado. O director de fotografia, Mário Barroso, interpreta Camilo e Teresa Madruga é Ana Plácido, a sua mulher.

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“Hamsun”, de Jan Troell (1996)

Max von Sydow personifica o escritor norueguês Knut Hamsun, Prémio Nobel da Literatura em 1920 e autor de obras clássicas como A Fome ou Pan, que durante a II Guerra Mundial apoiou a Alemanha nazi. Após o conflito, Hamsun foi acusado de traição, preso e julgado, acabando por ser condenado a pagar uma volumosa multa. Este filme do sueco Jan Troell reflecte sobre as escolhas políticas dos escritores e dos intelectuais, e as respectivas consequências.

“Sylvia”, de Christine Jeffs (2003)

O problema dos filmes sobre escritores é como mostrá-los em processo de criação; quais os mecanismos, as influências, como se processa o trabalho literário e como o tornar cinematograficamente apelativo. Foi por isso que a realizadora de Sylvia – sobre a poeta americana Sylvia Plath (Gwyneth Paltrow) – escolheu abordar a história de amor entre esta, o também poeta Ted Hughes (Daniel Craig), e a forma como a vida do casal estimulou ou condicionou a criatividade da autora de Ariel.

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“Capote”, de Bennett Miller (2005)

Esta fita sobre Truman Capote demora-se nos anos em que o escritor pesquisou e elaborou o seu célebre livro de não-ficção A Sangue-Frio, sobre o assassínio de uma família inteira no interior dos EUA, em 1959, mostrando a forma como Capote ficou profundamente afectado pela experiência. De tal forma, que nunca mais conseguiu acabar um livro. Philip Seymour Hoffman ganhou o Óscar de Melhor Actor pela sua interpretação que nunca cai na afectação ou no camp.

“Sagan”, de Diane Kurys (2008)

Da Paris dos anos 50 à Saint-Tropez da década de 80, com passagem por Nova Iorque, eis a biografia de Françoise Sagan, a primeira escritora francesa a ter estatuto de estrela pop – graças ao seu agitado e público estilo de vida – e que se tornou célebre com 18 anos pelo seu best-seller Bom Dia, Tristeza. Sylvie Testud personifica-a neste filme com três horas, que era originalmente uma mini-série de televisão e que acabou exibido no cinema.

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