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Nicole Kidman
©Andrew Macpherson/Corbis

Os melhores papéis de Nicole Kidman: o talento para além da beleza

É tão bonita que é preciso olhar para lá da beleza para verificar o talento. E ela sabe. Por isso toma riscos a que poucas estrelas de Hollywood se atrevem. E por isso é recompensada, como agora nos Globos de Ouro. Eis os melhores papéis de Nicole Kidman

Escrito por
Rui Monteiro
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Com 80 títulos em carteira, entre cinema e televisão, 175 nomeações e 83 vitórias em praticamente tudo o que é prémio de representação, Nicole Kidman está entre a nata dos actores de Hollywood. E é das que mais ousa papéis arriscados, por vezes pondo em causa o seu estatuto estelar, mas sempre insistindo no seu talento.

Recomendado: Big Little Lies e Três Cartazes à Beira da Estrada são os grandes vencedores dos Globos de Ouro mais negros de sempre.

Os melhores papéis de Nicole Kidman: o talento para além da beleza

Regresso a Banguecoque (1989)

O êxito da série Big Little Lies projectou de novo para a ribalta o nome de Nicole Kidman. Não é a primeira vez que uma série de televisão o faz. Aliás foi numa série de TV, Vietnam, que se começou a dar por ela, e foi com outra, Regresso a Banguecoque, que recebeu o prémio australiano Logie pela sua interpretação, o primeiro de tantos. Nos três episódios deste seu primeiro êxito, a actriz, nascida no Havai de pais australianos, é Kat Stanton, um rapariga australiana em busca do pai que, no caminho para a Tailândia, é convencida por um fotógrafo que a encantou a transportar parte da sua bagagem. Está bem de ver: o fotógrafo era um aldrabarão, a mala estava cheia de heroína, e Kat é condenada por tráfico de droga.

Disposta a Tudo (1995)

Há quem veja neste papel que Gus Van Sant entregou a Nicole Kidman o melhor da sua carreira. Há um pouco de exagero na afirmação, mas, de facto, a actriz interpreta esta ambiciosa apresentadora de canal de televisão de província como uma espécie de psicopata feliz a caminho do assassínio. Num dos seus poucos papéis de comédia, embora uma comédia bastante negra, Kidman (com Matt Dillon e Joaquin Phoenix à ilharga) faz da sua desembaraçada e pouco escrupulosa personagem uma manipuladora de elevado gabarito e uma sedutora capaz de levar um inocente ao homicídio. Esforço premiado com o seu primeiro Globo de Ouro.

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De Olhos Bem Fechados (1999)

O último filme de Stanley Kubrick foi, em simultâneo, uma honra para o casal que então formava com Tom Cruise e uma carga de trabalhos (naturalmente mais bem conseguidos por ela do que por ele) para interpretar um filme que é mais ou menos como um tratado de semiótica amorosa-sexual. Entre o labiríntico argumento, o papel, menor, mas fundamental de Kidman, fez a actriz entregar-se a uma representação da sexualidade feminina tão chocante e ocasionalmente desleal como realista e romântica.

As Horas (2001)

Foi com o filme de Stephen Daldry baseado no romance de Michael Cunningham que, no papel da escritora inglesa Virginia Woolf, Nicole Kidman recolheu o seu primeiro, e por enquanto único Óscar de Melhor Actriz. Não foram precisos mais de 20 minutos em cena. A concorrência directa de Meryl Streep e de Julianne Moore e um nariz postiço que lhe ilude a beleza não a impediram de criar uma personagem exemplarmente neurótica e deprimida, carregando mais tristeza na expressão do que as pedras que encheram os bolsos da escritora antes de se atirar ao rio.

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Os Outros (2001)

No mesmo ano, pela mão de Alejandro Amenábar, Kidman interpretou outro projecto geralmente arriscado para um actor: o filme de terror. E, apesar de saber, ou se calhar por isso mesmo, que pisava terreno minado e conhecido por encurtar, ou pelo menos limitar, muitas carreiras, a sua Grace, mãe de duas crianças esperando o regresso do marido da II Guerra Mundial numa mansão assombrada, é um modelo de assunção de uma personagem. Fria, rígida, distante, a actriz faz a personagem evoluir como um vórtice entre o medo, a resistência e a coragem dos aparentemente frágeis.

+ Clássicos de cinema para totós: especial Terror

Dogville (2003)

Com a excepção de Charlotte Gainsbourg, que parece resistir a tudo, dificilmente uma actriz (ou um actor, para o caso tanto faz) sai incólume de um filme dirigido por Lars Von Trier. É certo que só fez um, mas nesse, digamos que o condão do realizador dinamarquês em fazer a vida negra (e isto não tem nada a ver com assédio sexual) às suas actrizes apenas a fortaleceu, sendo uma das maiores provas do seu talento a forma brilhantemente airosa como se sai de uma película em que Von Trier esticou os limites da narrativa cinematográfica. É, mais uma vez, um papel dorido, emocional, relato melodramático da vida de uma mulher perseguida, perdida e acolhida em mundo onde não existe sentido de moral e onde a violência é uma maneira de estar.

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Birth – O Mistério (2004)

O filme de Jonathan Glazer foi um bocado maltratado na altura da estreia, mas mesmo os que não encontram grande mérito nesta película dada à psicologia e ao sobrenatural, admiram a representação de Nicole Kidman, ao ponto de alguns a considerarem, com razão, entre as melhores da sua carreira. No papel de uma mulher de 30 e poucos anos, à beira do casamento anos após a morte do seu primeiro marido, Kidman desenvolve a sua personagem como quem vai retirando camadas à sua personalidade e ao seu carácter até chegar às profundezas do seu âmago, isto é, aos sentimentos de uma mulher que vê em rapaz conhecido em circunstância aparentemente inocente a encarnação do seu antigo marido.

Fur – Um Retrato Imaginário de Diane Arbus (2006)

Representando a famosa fotógrafa norte-americana Diane Arbus, neste retrato muito ficcionado dirigido por Steven Shainberg, Kidman, com a muito valorosa contribuição de Robert Downey Jr. na contracena, de certo modo salva o filme. Ancorado numa ideia ambiciosamente ousada, Shainberg parece perder o seu fio condutor logo no início desta ficção biográfica e a película desenvolve-se de maneira desordenada e confusa, embora, ainda assim, curiosa e um bocadinho estimulante. São os actores quem põem ordem na coisa, com as suas interpretações à beira do abismo dando alguma coerência a uma obra perdida nas suas intenções.

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The Paperboy – Um Rapaz do Sul (2012)

Em filme recheado de pessoas assim a dar para o repelente, Nicole Kidman representa uma mulher como eles, capaz de usar o corpo como moeda de troca para chegar aonde quer. Contraditoriamente não hesitando, se necessário, em humilhar-se perante o vicioso e cruel homem que ama e cumpre pena de prisão por assassínio. E o que ela quer, nesta película de Lee Daniels, com Matthew McConaughey e John Cusack, é simplesmente uma vida própria, que sabe impossível e representa como tal.

O Outro Lado do Coração (2010)

Apesar de participar em muitos filmes luminosos e bem dispostos e positivos (e nesse grande pastelão que é Austrália), é, mais uma vez, com uma obra a dar para o negro que Nicole Kidman se destaca. Aqui, nesta película realizada por John Cameron Mitchell, com argumento de David Lindsay-Abaire baseado na sua própria peça, Rabbit Hole, a actriz é magnífica na representação de uma mãe, procurando sobreviver à dor do atropelamento e morte do filho, que encontra um estranho consolo na relação que estabelece com o adolescente que conduzia a viatura (Aaron Eckhart).

Outras lendas de Hollywood

  • Cinemas

Uma dezena de filmes com Tom Hanks, que, em conjunto, ilustram as qualidades deste actor com enorme apelo popular, à-vontade na comédia como no o drama e que se tem passeado por muitos géneros e por obras de dimensões muito díspares.

  • Filmes

Faça lá as contas: 80 papéis, 19 nomeações aos Óscares, 3 vitórias. Se isto não merece um prémio de carreira, então não sabemos o que merece. A 74ª edição dos Globos de Ouro distinguiu Meryl Streep, de 67 anos, com o prémio Cecil B. DeMille. Enquanto o discurso da actriz norte-americana se tornou viral, nós fomos à procura dos seus 10 melhores filmes.   

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  • Filmes

De A Minha Bela Lavandaria a Lincoln, passando por O Último dos Moicanos ou O Meu Pé Esquerdo, eis 10 das maiores interpretações do único actor da história a vencer três Óscares de Melhor Actor.

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