
Se 'White Lines' fosse cocaína, era 95% pó de talco
'White Lines', da Netflix, é um enorme cliché, composto por uma miríade de clichés mais pequenos. Nuno Lopes merecia melhor
★☆☆☆☆
Uma rapariga inglesa deixa a sua Manchester natal para ir resolver o mistério do assassínio do irmão, cujo cadáver foi encontrado 20 anos depois do seu desaparecimento. Esta é a premissa da série hispano-inglesa White Lines (Netflix).
E se eu disser que o irmão da dita rapariga era DJ e se tinha instalado em Ibiza nos anos 90, o que nos vem logo à cabeça é música techno, raves a todo o pé de passada, sexo em várias declinações, drogas, traficantes das ditas vindos do Leste e muito tatuados, hippies velhos convertidos ao espiritualismo New Age, ou ricaços espanhóis donos de discotecas, metidos em negócios escuros e associados a chungas ingleses. É de tudo isto, e ainda mais algumas coisas, que é feita White Lines, o que a torna num enorme cliché, composto por uma miríade de clichés mais pequenos. É como uma construção da Lego em que cada peça é um lugar comum, uma personagem-tipo, uma situação feita, um estereótipo narrativo, um diálogo já ouvido mil vezes, um bordão, uma inverosimilhança chapada. E custa vermos Nuno Lopes metido nesta série, grande candidata a pior da quarentena, no papel ingratamente limitado de um director de segurança de discotecas engatatão e pau para toda a obra criminosa. Se White Lines fosse cocaína, era 95% pó de talco.
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