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O Som das Coisas Leves Quando Caem
Ilustração de Sérgio CondeçoO Som das Coisas Leves Quando Caem, de Catarina Ferreira de Almeida

Dez livros infanto-juvenis que nos chamaram a atenção em 2022

Lemos muito no último ano. Feitas as contas, estes foram os livros infanto-juvenis que nos marcaram. São todos de autores portugueses.

Raquel Dias da Silva
Escrito por
Raquel Dias da Silva
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Estão catalogados como sendo para os mais novos, mas são bons em qualquer idade. Editados em 2022, todos assinados por portugueses, estes são os livros infanto-juvenis que mais nos marcaram ao longo do ano. Com páginas cheias de ilustrações e histórias de encher o olho e os sentidos, alguns são também autênticas obras de arte, dignas de coleccionador. O Som das Coisas Leves Quando Caem, de Catarina Ferreira de Almeida e Sérgio Condeço; Avó, onde é que estavas no 25 de Abril?, de Ana Markl; e O Duelo, de Inês Viegas Oliveira, ficam bem em qualquer estante. Mas não são os únicos. Ora, confirme lá.

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Best of 2022: os melhores livros infanto-juvenis

Para aprender a dizer adeus

Como é que se diz adeus? Como é que se parte sem deixar o que importa para trás? Depois de mais de dez anos a viver na Ilha Terceira, nos Açores, Catarina Ferreira de Almeida, tradutora premiada e autora de várias obras e peças de teatro em parceria com Joel Neto, decidiu voltar à capital portuguesa, onde nasceu e cresceu. Mas a sua chegada demorou mais do que as duas horas de viagem, e inspirou a sua estreia na literatura infantil. Editado pela Nuvem de Letras e ilustrado por Sérgio Condeço, O Som das Coisas Leves Quando Caem conta a história de uma menina e de uma cadela, a Jasmim, que estão prestes a sair da ilha onde vivem.

De Catarina Ferreira de Almeida e Sérgio Condeço. Nuvem de Letras. 64 pp. 14,95€

Para combater o racismo

Era uma vez uma menina orgulhosa do seu afro. A história começa mais ao menos assim, até ao brutal instante em que alguém diz a Marielle que, para o dia da fotografia na escola, é melhor ela “arranjar” o cabelo. De repente, somos confrontados, por um lado, com a ditadura dos padrões de beleza, imposta sobretudo às mulheres desde muito cedo; e, por outro, com uma verdade muito mais terrível, mas pouco surpreendente: a de que a discriminação racial ainda persiste, insidiosa e incessante. É essa a realidade que Nuna denuncia no seu primeiro livro infantil. Editado pela Nuvem de Letras e ilustrado por Lala Berekai, Aventureira Marielle e o Dia da Fotografia é uma chamada de atenção para os pais, responsáveis por educar a próxima geração de adultos, e uma carta de amor às crianças, em particular às racializadas, para que cresçam a usar a sua voz e a ouvir a dos outros.

De Nuna e Lala Berekai. Nuvem de Letras. 48 pp. 14,35€

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Para defender a liberdade

25 de Abril de 1974. Era já de madrugada quando o Movimento das Forças Armadas tomou de assalto os estúdios do Rádio Clube Português para dar notícias ao país inteiro. Com o capitão Salgueiro Maia no comando, a revolução estava finalmente em marcha. A certa altura, uma vendedora de flores começou a distribuir cravos vermelhos, que os soldados enfiaram nos canos das espingardas e os civis puseram ao peito. Sem uma única baixa, a ditadura terminou ao som de canções como “Grândola, Vila Morena”, de Zeca Afonso. Como tantas outras avós, a do Manu também estava lá. Quando tudo começou, ainda dormia. O resto é história, para ler no novo livro infantil de Ana Markl, Avó, onde é que estavas no 25 de Abril?. Com o seu humor habitual, a conhecida radialista – que tem sido tudo o que um país livre permite – revisita os factos e o imaginário colectivo para revelar aos mais novos o que aconteceu, afinal, nessa já longínqua Primavera.

De Ana Markl. Lilliput. 48 pp. 14,95€

Para promover a protecção da vida marinha

Ilustrada pelo picaroto Filipe Gomes, a história de Isabel Mateus não só reaviva a memória baleeira, homenageando a antiga tradição açoriana, como promove “um presente com futuro”: o da preservação e observação responsável de baleias, em especial da Balaenoptera musculus, o grande animal de todos os oceanos. Editado pela Néveda Ent., um projecto editorial da MiratecArts, O menino que queria ver a baleia-azul passar nos Açores é um convite à descoberta do arquipélago e à protecção da vida marinha em todas as idades.

De Isabel Mateus e Filipe Gomes. Néveda. 52 pp. 12,50€

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Para redescobrir o planeta

No seu segundo álbum ilustrado, a premiada Eduarda Lima convida-nos a olhar lá para fora e a repensar o papel da natureza no futuro das nossas cidades. Em Que Planeta É Este?, a história começa com um apagão. Sem nada para fazer, a narradora, uma filha mais nova, recorda-se de um presente da avó, que vinha com uma sugestão: “para quando um dia ficarem sem internet”. Trata-se de um Guia ilustrado para as maravilhas da natureza, através do qual é possível viajar por muitos lugares desconhecidos, desde o Glaciar Mendenhall até ao Desfiladeiro de Antílope. No final, sobressai uma mensagem activista, que nos espicaça a construir um amanhã mais verde.

De Eduarda Lima. Orfeu Mini. 40 pp. 15€

Para virar as costas à guerra

A curiosidade pelo mundo que nos rodeia levou-a a estudar Física, mas as perguntas continuaram a surgir de tal maneira que, a meio de um mestrado em Matemática, Inês Viegas Oliveira decidiu procurar respostas noutro lado – surpresa: numa pós-gradução em Ilustração. Entretanto, a oportunidade de dar vida ao seu primeiro álbum ilustrado surgiu em 2020, o mesmo ano em que foi a única portuguesa selecionada para a Feira do Livro Infantil de Bolonha. Editado pela Planeta Tangerina, O Duelo convida-nos a reflectir sobre conflitos, mas sobretudo sobre fazer as pazes. Quando tudo começa, o protagonista escreve uma carta ao seu adversário, o senhor Rostov, com quem combinou andar aos disparos – mas só depois de, costas com costas, darem pelo menos cem passos. À medida que se vão afastando, os sentimentos de raiva vão desaparecendo e o mundo torna-se cada vez mais cheio de perdão e afecto.

De Inês Viegas Oliveira. Planeta Tangerina. 64 pp. 13,90€

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Para reflectir sobre o que é ser humano

Num mundo em que uns atravessam oceanos confortavelmente instalados em aviões e outros lutam contra marés em barcos clandestinos, não poderia ser mais pertinente reflectir sobre o que nos distancia e, acima de tudo, o que nos liga uns aos outros. Afinal, o que é ser de fora? O que é ser daqui? É o que um aventureiro misterioso, levado nas bossas de um camelo, acabará por descobrir ao longo da Rota da Seda, por entre o medo e a coragem, a dúvida e a certeza, a casa e o caminho. Com texto de Inês Pupo e ilustrações de Ricardo Machado, Mais de Cem Mil Dias é um longo poema (e disco) sobre migração, que nos convida a pensar com cuidado no que é ser humano e viver no mesmo planeta azul.

De Inês Pupo e Ricardo Machado. Constróisons. 48 pp. 12,90€ (constroisons@constroisons.com)

Para descobrir o que fazer quando se for grande

“O que queres ser quando fores grande?”, perguntam lá do alto, de supetão. Nem sempre é fácil responder à pergunta preferida dos crescidos. E, mesmo que a resposta se encontre na ponta da língua, o que queremos ser agora pode sempre mudar amanhã. O importante é gostarmos muito do que fazemos. Claro que saber o que nos entusiasma e nos faz feliz é meio caminho andado para descobrir desde cedo a profissão dos nossos sonhos. Para facilitar o desafio, a editora Lilliput lançou uma nova colecção sobre os diferentes profissionais do meio artístico e cultural. Com ilustrações de Catarina Correia Marques, O que se faz no teatro?, de Duarte Silva, e O que se faz no museu?, de Mariana Ramos, convidam-nos a aproveitar não uma, mas duas visitas guiadas. No final, depois de se aprender tantas coisas novas, ainda há tempo para jogar ao “Quem é Quem”.

De Duarte Silva e Mariana Ramos. Lilliput. 48 pp. 13,95€/cada um

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Para pôr o corpo a mexer

Tal como a exposição homónima que esteve patente no entrepiso do LU.CA, Dança Atividário está cheio de piruetas, pliés e moonwalks. Editado pela Pato Lógico, com texto de Inês Fonseca e ilustrações de André Letria, fala-nos, por um lado, sobre uma arte tão antiga como a humanidade; e desafia-nos, por outro, a levantar os pés do chão. Em formato de abecedário, explora a temática da dança através de referências artísticas, histórias, científicas ou filosóficas, mas também sugerindo actividades práticas, que promovem relações intergeracionais através da experiência da leitura e da brincadeira. Movimentar o corpo como se fosse um avião, praticar exercícios de aquecimento, desenhar o cartaz de um espectáculo imaginário ou criar uma playlist para dançar são algumas das propostas.

De Inês Fonseca e André Letria. Pato Lógico. 72 pp. 14,90€

Para estimular a auto-confiança

O que é ser extraordinário? Superar os nossos medos, estar lá para quem mais precisa, aprender que é ok pedir ajuda. Tudo coisas tão simples mas que, em determinadas circunstâncias, podem fazer a diferença – na nossa vida e na de quem nos rodeia. Mafalda Mota acredita verdadeiramente nisto, no poder de vivermos em paz com as nossas falhas e virtudes, darmos o nosso melhor e inspirar os outros a fazer o mesmo. O seu projecto de ilustração e storytelling, Heróis Sem Capa, nasceu dessa vontade de mostrar ao mundo, em especial ao futuro do mundo, as crianças, que o nosso valor vem de dentro. No seu mais recente livro, A Magia em Mim, somos apresentados a Maxy, uma menina com uma grande vontade de criar, a precisar de um abraço amigo para superar as suas inseguranças.

De Mafalda Mota. Cultura. 32 pp. 12€

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