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Música, Portuguesa, Salvador Sobral
© Inês FélixSalvador Sobral actua na Casa da Música no dia 22 de Outubro

Três vezes Salvador Sobral: guia para a residência no Maria Matos

O cantor vai apresentar três espectáculos distintos em três semanas consecutivas. Cada um duas vezes. Vamos ajudá-lo a fazer as contas.

Hugo Torres
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Hugo Torres
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Sem festivais nem os habituais ajuntamentos estivais, Agosto prometia ser um mês pouco dado a concertos e a cartazes ambiciosos. Mas eis que reabre o Teatro Maria Matos, em Lisboa, e com ele vem uma das mais desinquietas estrelas nacionais, Salvador Sobral, para uma residência nada habitual. O músico vai subir ao palco em seis noites distribuídas ao longo do mês (sempre às segundas e terças-feiras, a partir de dia 10), primeiro, para apresentar a homenagem a Jacques Brel com que começou o ano; depois, para se diluir em Alma Nuestra, a banda que partilha com Victor Zamora; e, finalmente, em nome próprio, para tocar com novas roupagens as canções do último disco, Paris, Lisboa, e revelar ao vivo as do próximo, que só deverá ser editado em 2021. Vamos por partes.

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Três vezes Salvador

  • Teatro
  • Campo Grande/Entrecampos/Alvalade

Salvador Sobral ouviu-o aqui e ali, uma e outra vez. Um comentário entre o incontestável e o adivinhatório: a teatralidade e a intensidade que o músico português empregava nas suas interpretações muito se devia a Jacques Brel, referência maior da chanson française. Salvador anuía: sim, sim. Mas pouco ou nada sabia sobre o autor de “La Valse à Mille Temps”. Não lhe conhecia a obra. Decidiu-se a investigar para encontrar as semelhanças, e a mulher, a actriz belga Jenna Thiam, deu um contributo decisivo para a pesquisa. Salvador ficou perplexo com Brel. Entusiasmou-se de tal forma com o reportório que montou um espectáculo com ele, estreando-o no início deste ano em três salas esgotadas – no CCB, na Casa da Música e no Teatro Aveirense. “Ces gens-là”, “Ne Me Quitte Pas”, “Au Suivant”, “Jef” ou “Les Bourgeois” fazem parte do alinhamento, com novos arranjos e um ensemble à altura: Samuel Lercher (piano e moog), Nelson Cascais (contrabaixo e baixo eléctrico), Ana Cláudia Serrão (violoncelo), André Santos (guitarra e cordofones madeirenses), Diogo Duque (trompete, fliscorne e flauta transversal), Inês Vaz (acordeão) e Joel Silva (bateria).

Teatro Maria Matos. 10 e 11 de Agosto (Seg e Ter) 21.00. 14-16€.

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  • Campo Grande/Entrecampos/Alvalade

Antes desta série de concertos em Lisboa, Salvador actua em Sevilha, San Sebastián, Barcelona e Port Adriano com Alma Nuestra. A banda que o cantor criou com o pianista e amigo Victor Zamora, numa declarada prova de amor ao cancioneiro latino-americano, viu o seu disco de estreia, homónimo, ser editado pela Warner Music Spain em Junho (em Portugal saiu em Outubro do ano passado, com o selo da Força de Produção, casa dirigida por Sandra Faria e em franco crescimento, representante de Salvador e responsável pela gestão privada do Maria Matos). O périplo pelo país vizinho serve para dar a conhecer temas como “Si Me Pudieras Querer”, “Alma Mia” ou “La Gloria Eres Tu”, e o mesmo propósito terão estas duas noites no Maria Matos. Nelson Cascais (contrabaixo) e André Sousa Machado (bateria) completam o quarteto que gravou estas canções e que as apresenta ao vivo, injectando jazz nos sons cubanos e partindo daí para outras latitudes do continente americano, mais a sul, até chegar à Argentina. Vale a viagem (até Alvalade).

Teatro Maria Matos. 17 e 18 de Agosto (Seg e Ter) 21.00. 14-16€.

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  • Campo Grande/Entrecampos/Alvalade

“Amar pelos Dois” está aqui, escusam de procurar mais. É nos concertos em nome próprio que Salvador inclui o tema escrito pela irmã, Luísa Sobral, com o qual venceu a Eurovisão em 2017. É indubitavelmente o seu maior sucesso (ainda há um par de semanas regressou a um dos tops da Billboard, nos EUA), mas o leque de canções está a expandir-se – e o confinamento deu um empurrão nesse processo. Salvador aproveitou-o para avançar na composição do novo álbum, em distanciada parceria com Leo Aldrey, e vai antecipar ao vivo alguns dos temas que dele farão parte. O disco só será gravado no início do próximo ano, o que significa que depois deverá demorar mais uns meses até ser editado. Esta será, portanto, uma experiência quase esotérica: do Maria Matos vai ouvir-se o futuro. Embora o passado também, visto que Paris, Lisboa, de 2019, continuará a ser o prato principal. No entanto, “Presságio”, “Ela Disse-me Assim” ou “Anda Estragar-me os Planos” soarão um pouco diferente do habitual, uma vez que, com a saída de Júlio Resende, o quarteto que subia a palco sob o nome Salvador Sobral passou a quinteto, com André Rosinha (contrabaixo), André Santos (guitarra), Bruno Pedroso (bateria) e Max Agnas (piano).

Teatro Maria Matos. 24 e 25 de Agosto (Seg e Ter) 21.00. 14-16€.

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