Porto da Ribeirinha
Fotografia: Rui Soares
Fotografia: Rui Soares

24 horas na Horta

24 horas na Horta dão para muito mais do que admirar o Faial ao longe. Estas são as melhores coisas que pode fazer na ilha do bar mais conhecido dos Açores.

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É a cidade que prova que os Açores não estão nos confins do planeta, mas precisamente no meio. Onde está a virtude. Para aqui convergem aventureiros de todo o mundo e até os golfinhos, animais de reconhecido intelecto, parecem adorar as águas aqui à volta.

O melhor da Horta

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O mais icónico bar dos Açores, a embaixada não oficial de todos os países do mundo, o equivalente terrestre ao bar da nave Enterprise, o sítio onde inevitavelmente toda a gente se vai encontrar. Mais do que uma instituição faialense, é um cartão de visita de todas as ilhas. Preferido de marinheiros, frequentado por todos, é famoso pelo seu gin que, dadas as modas actuais, é um gin tónico normal – o que, dadas as modas actuais, é uma novidade refrescante. Coma uma sopa de baleia se tiver um pouco de fome (não contém baleia), coma um bife se tiver muita fome e beba um gin, faça o que fizer. No final, pague a conta e peça para ver o Neptuno, a mítica fotografia do rei dos Oceanos que nem toda a gente consegue deslindar.

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Lembramos que foi Raul Brandão, no já citado As Ilhas Desconhecidas, quem classificou o Faial como a Ilha Azul. A culpa era das hortênsias, que já no Verão de 1924 marcavam a paisagem da ilha. Se quer ver as hortênsias tem de ir a uma das metades do Jardim do Botânico do Faial – a metade mais pequena, das plantas trazidas pelo Homem. Isto porque a Hydrangea macrophylla não é uma espécie nativa da ilha mas sim uma visitante que criou cá raízes. É na outra metade do jardim, dedicada às plantas autóctones, que se demora Pedro Casimiro, director do jardim e a única pessoa capaz de contar uma história fascinante sobre a mais banal das ervas daninhas. É ele quem supervisiona as 75 espécies endémicas ali plantadas e o Banco de Sementes dos Açores, uma espécie de “cópia de segurança” da botânica do arquipélago. “As flores das ilhas são todas muito singelas, nem toda a gente repara nelas mas eu acho-as muito bonitas”, conta. Este pequeno mas fascinante jardim fica a 2,5 km da Horta, na freguesia de Flamengos.

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A Baía da Horta e o Faial no centro do Mundo

Desde finais do século XIX que companhias inglesas (primeiro), alemãs (depois) e americanas (depois ainda) fizeram da Horta base avançada para a distribuição dos cabos telegráficos submarinos que então começavam a espalhar comunicações por todo o mundo, em particular entre a Europa e a América. Depois vieram os Clippers, os míticos Boeing  da Pan-Am – também chamados Palácios dos Ares – que, devido à escassez de autonomia, passaram a amarar em frente à ilha, a meio das suas viagens transatlânticas. E depois ainda veio a guerra.  

Os cabografistas germânicos acabaram evacuados, tal como tinham sido presos na Primeira Guerra Mundial, e pouco tempo depois a telegrafia convencional perdeu importância, levando ao fecho da estação. Mas as marcas desse cosmopolitismo continuam inscritas um pouco por toda a cidade e pela generalidade da ilha. E, entretanto, vieram os veleiros, aumentando a fama internacional do café Peter e resultando na actual marina. Num deles, no final dos anos , vinha Jacques Brel. Foi um médico local que lhe descobriu o cancro que o matou.

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No Aquário do Porto Pim pode ver espécies marinhas que nadam nas mesmas águas em que você esteve a chapinhar. Muitos dos seus vizinhos de banhos estão ali para ser vendidos – a empresa Flying Sharks captura e adapta peixes ao meio artificial para depois exportar – ou a recuperar por mazelas causadas por redes de pesca ou outros perigos da vida aquática.

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Pode parecer uma crueldade inacreditável para nós, que já fomos mais do que uma vez ao Zoomarine, fizemos meia dúzia de visitas de estudo ao Aquário Vasco da Gama e já pressionámos os nossos narizes contra os vidros do Oceanário, mas em tempos os açorianos tiveram de caçar baleias para sobreviver. Desde 1987 que a crueldade acabou mas sobram sítios como a Antiga Fábrica da Baleia para contar a história dos que arriscavam a vida para apanhar estes bichos imensos. Esqueçam o romantismo de Moby Dick, o que vai encontrar aqui é uma visão hiper-pragmática da vida depois da morte da baleia: o desmanche, a recolha do óleo ou o ensacar da farinha. A fábrica trata de outros assuntos ligados ao Oceano e é dinamizada pelo Observatório do Mar dos Açores.

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John Bass Dabney foi um cônsul norte-americano que veio para o Faial no início do século XIX. A família foi ficando na ilha e criou raízes – outros Dabney, pai, filho e neto, teriam o mesmo cargo ao longo de um século numa bonita demonstração de amor à ilha e, já agora, nepotismo. Em 1854, Charles Dabney comprou uma belíssima casa de praia no Porto Pim, e é uma parte desse edifício que agora se pode visitar. A Casa dos Dabney permite-nos espreitar como era vida na ilha durante o século XIX através da história desta influente família. 

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Quão boa pode realmente ser uma sandes de carne assada, perguntam os mais cépticos. Muito boa, respondemos nós, que sim, estávamos cépticos em relação à famosa receita do Café Porto Pim: um pão estaladiço bem guarnecido com uma carne deliciosa, cheia de molho, acompanhada de alface e tomate. Vem para a mesa escoltada por um rolo de papel de cozinha que será muito útil dado o carácter pingão desta sanduíche. Perguntámos se era a melhor sandes de carne assada do Faial e a resposta foi breve: “Do Faial? É a melhor do mundo”. Com as mãos ensopadas de molho, concordamos.

Mais para descobrir nos Açores

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Não temos nada contra os ponteiros do relógio, mas sugerimos uma volta no sentido oposto ao andamento mecânico dessas máquinas de dar horas. Começamos na Horta, partimos em direcção a Norte e damos a volta por cima. É assim que acabam todas as boas histórias, a dar a volta por cima.
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Todas as ilhas são, na verdade, montanhas no meio do Oceano. Mas esta parece representar esse facto da forma mais dramática possível – “estão a ver? É assim que se faz uma ilha.” Para além das lições de geologia, o Pico ensina-nos muita coisa sobre vinhos e baleias.
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