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Ágata Xavier

Coisas para fazer em Arcos de Valdevez

Mergulhar numa lagoa, visitar quem faz compotas e enchidos ou andar a cavalo, há muitas razões para descobrir o Minho

Escrito por
Ágata Xavier
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Muitas vezes esquecido no Verão, o Minho é das regiões mais completas do país: tem serras, boa gastronomia, atracções históricas, vegetação, cascatas, ribeiros e, pasme-se, também tem praia.

Vá à descoberta do Vale encantado, uma pequena localidade em Arcos de Valdevez, que fica perto do Soajo e de Sistelo, que pertencem à rede de Aldeias de Portugal. É lá que estão os doces da Dona Emília ou o turismo de natureza Quinta do Figo Verde. Por perto, encontra lagoas, praias fluviais e uma espécie de Stonehenge da época moderna: os espigueiros do Soajo, um conjunto de 24 estruturas em granito que serviam para armazenar, secar e proteger os cereais. 

Recomendado: Quinta do Figo Verde: amor, tendas e uma caravana

Em busca do Vale encantado

  • Atracções
Se o Alentejo tem o Cromeleque dos Almendres, o Minho tem os espigueiros. Estas estruturas em pedra granítica, mas que também podem ser em madeira (encontra algumas em Sistelo, uma aldeia próxima), serviam para guardar e secar os cereais, evitando os ataques dos ratos. Um dos conjuntos mais conhecidos fica no Soajo, aldeia histórica de Portugal que fica em plena Serra da Peneda, e o mais antigo data de 1782. Os espigueiros não são completamente fechados, têm fissuras laterais para que o ar circule, e no topo são pontuados por uma cruz. Uma curiosidade: eram do Soajo os cães que todos os anos se ofereciam aos reis – mais concretamente cinco cães sabujos da Serra do Soajo. Essa dádiva levou a que, durante os séculos da monarquia, o Soajo estivesse isento de pagar impostos.
  • Coisas para fazer
“Dizem que ali, onde há uma nascente, apareceu um dia a Nossa Senhora. A verdade é que o mato não cresce ali”, diz Emília a rir. A dona da Quinta do Cruzeiro, perto de Vale, dedica-se a fazer compotas e enchidos na antiga casa de família. Também faz algum vinho verde branco, com auxílio de amigos e familiares que a ajudam a apanhar as uvas da casta Arinto em Setembro. As compotas usam fruta criada na quinta, como laranjas, limões, framboesas, marmelos, tomate ou bananas – já as outras vêm de quintas de amigos, como os mirtilos ou o ananás. A Quinta do Cruzeiro é visitável e são organizadas tours para conhecer o lagar e o fumeiro (onde se faz alheira, presunto, chouriço, lombo fumado, paio, barriga de porco fumada, chouriço de sangue e presunto de peru), sempre com uma prova final de tudo aquilo que se produz. A propriedade tem vários pontos de água e um riacho que, no Inverno, cria uma queda de água. Quem a ajuda a dar conta do recado – limpar o mato e fazer a apanha da fruta – são voluntários, sobretudo estrangeiros que querem aprender sobre agricultura e que ficam, geralmente, entre 15 dias e dois meses. “Este ano já cá tive uma italiana e uma miúda polaca, e há-de chegar um rapaz da Índia”, conta. “Há alguns que tentam voltar uma vez por ano, mas já são mais amizade que outra coisa. Ainda no outro dia me ligaram a dizer que tinha de ir à Roménia para ser madrinha de um bebé”, sorri. “Por causa destes contactos já estive na Escócia, França e Inglaterra, em casa de voluntári
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  • Coisas para fazer
Fica numa das cinco entradas do Parque Natural da Peneda-Gerês. Pelo caminho, por vezes mesmo no meio do caminho, há bandos de cavalos selvagens, sobretudo garranos, uma raça minhota que em Espanha chamam de galiciano, que não cresce mais do que 1,53m. São castanhos, com as patas e a crina preta. Também vai encontrar vacas da raça cachena a passear na estrada – são um animal de pequeno porte, castanho claro e com os chifres alongados e revirados para cima. A certas alturas do dia, sobretudo nas horas de maior calor, é comum vê-las a mosquear, ou seja, a escolher uma sombra e  enxotar as moscas com a cauda. No centro hípico fomos recebidos por um dos sócios, Hugo Torres (que soprava 24 velas nesse dia), que trabalhou como jockey em França e foi responsável pela revitalização de animais traumatizados, e pelo seu primo João. São eles que preparam as éguas que vão dar uma volta pelo parque: Cova (“Que tem a mania que é um garanhão”, diz Hugo) e Estermina (a quem João chama carinhosamente de “o tractor”). O percurso é acidentado e pode ser feito em uma, duas ou três horas – três, sete e 11 quilómetros, respectivamente. Para os mais aventureiros, já se organizam trilhos de um dia ou de dois (que se traduzem em cinco horas em cima do cavalo). Seguem os caminhos que foram criados em 1999, altura em que o centro abriu. Além dos percursos, também apostam na hipoterapia, ou seja, no desenvolvimento psicológico, físico e social de pacientes através do contacto com cavalos. O centro tem a
Onde ir a banhos
Ágata Xavier

Onde ir a banhos

O melhor da vida é grátis e quase sempre de difícil acesso. Felizmente existem umas escadas que permitem alcançar as águas transparentes do Poço Negro com relativa facilidade. O desafio maior surge depois: encontrar uma pedra onde estender a toalha.  Outra hipótese é fazer a Ecovia do Vez, que liga o Sistelo a Jolda (São Paio), num total de 32,7 km, e aproveitar para, de vez em quando, dar uns mergulhos no rio Lima. Em qualquer dos meios de transporte que escolher, a pé ou de bicicleta, tenha em atenção que o gado anda à solta por estas paragens.

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Figo Verde
  • Hotéis

Podendo, era clonar o Ben e a Ana. Bricolagem, jardinagem, canalização, electricidade, energia solar, permacultura, astronomia ou culinária – são poucos os assuntos que não dominam. Quando não sabem, lêem, perguntam ou pesquisam na internet. Foi nesta última que Ben deu com um terreno no Vale, perto de Arcos de Valdevez, numa altura em que vivia aborrecido na Holanda e procurava um novo sítio para morar. Um amigo sugeriu-lhe Portugal, por ter cá o pai a morar há vinte anos. Ben pegou no carro e pôs-se a caminho. Entrou pelo Norte, vindo de Espanha, e não desceu muito (na verdade, desceu pouco desde então, pois nunca foi ao Algarve, por exemplo, mas está a fazer por isso). Estava em Novembro de 2011 quando comprou o terreno, e em Janeiro de 2012 montou literalmente a tenda na área onde fica actualmente a Quinta do Figo Verde. O irmão veio ajudá-lo durante um ano e, juntos, começaram a limpar o mato e a dar forma ao que é hoje um turismo rural sustentável.

Em Março receberam os primeiros hóspedes e, desde então, a quinta tem crescido: ganhou quatro “tendas-sino” com capacidade para três pessoas, uma caravana com cozinha e wc independente, uma área de refeição, uma cozinha aberta, um forno onde se coze  a pizza night (um rodízio de pizzas semanal), casas de banho secas (ao invés de água a descarga é feita com serradura ou terra – e não, não cheiram mal), duches aquecidos por painéis solares e uma horta invejável que não pára de crescer. É nela que o casal planta curgetes, pimentos, cenoura (“A rama engana, por vezes puxo e sai uma cenoura pequenina e gordinha”, ri Ana), alfaces, acelgas, mostarda, ervas aromáticas, fruta e  flores comestíveis – “Que são mais fáceis de tratar do que as alfaces e ficam muito bem em saladas”, explica Ben. Por perto, anda sempre a Malhada, uma cadela de sete anos que o casal adoptou em Janeiro, enquanto que na entrada da propriedade fica o galinheiro com quatro poedeiras.

Outras escapadinhas para o Verão

Seis escapadinhas no interior de Portugal para o Verão de 2018
  • Hotéis

Aproveite que está toda a gente a caminho da praia para fazer o percurso no sentido contrário: viajar para o interior. Passeios pelas serras, trilhos para seguir (ou por descobrir), doses individuais servidas para saciar uma família de quatro pessoas e até praias fluviais para quem não consegue viver sem água, há de tudo na faixa do território nacional que mais se encosta a Espanha.  Sugerimos seis escapadinhas que passam por Viseu, Travancinha, Portalegre, Vouzela, Sabugueiro e Elvas, entre turismos rurais, hotéis de charme, pousadas seculares ou casas no meio do nada.  

  • Restaurantes

Lisboa importou restaurantes de todo o país, sobretudo (mas não só) do Alentejo e de Trás-os-Montes. Nada se compara, contudo, à experiência de ir comer à terra de origem. O caminho pode ser demorado, mas estas escapadinhas gastronómicas valem muito a pena. Passámos o país a garfo fino para lhe dizer quais são as 15 mesas que justificam cada quilómetro.

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  • Coisas para fazer

Diz-se escapadinha de uma viagem de curta duração, normalmente assente nos alicerces de uma ponte de feriado ou construída sobre uns dias subtraídos às férias grandes – mas  não negamos que também podem ser as férias uma grande escapadinha. O que interessa aqui é que passámos em revista o último ano e escolhemos as melhores novidades de hotéis, turismos rurais e guesthouses de norte a sul do país, ilhas incluídas. Deixamos-lhe assim uma sugestão de 19 novos turismos que valem a viagem. Já escolheu a sua escapadinha de Lisboa? Agora faça o favor de ir dar uma volta e diga que vai daqui. 

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