Cacilhas
©Duarte Drago

Um roteiro por Cacilhas

Esqueça Marvila, esqueça o Príncipe Real ou o Bairro Alto e tome nota: Cacilhas é a zona a ter em conta.

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Já houve planos para lhe trazer uma Manhattan, mas o projecto de Manuel Graça Dias e Egas José Vieira havia de cair por terra. Anos mais tarde, encaixou numa designação doce ao ouvido, “Lisbon South Bay”, sem nunca se render, e foi seguindo à sua própria pulsação como um poema bastardo de uma Lisboa que sempre a olhou com indiferença. O fado não lhe chegou, a ponte roubou-lhe as gentes, e a Lisnave deixou-lhe o postal saudosista de um passado que poucos pensavam ser possível recuperar. Ainda assim, a ex-freguesia a sul do Tejo está de pé e vibra muito para além da banda sonora de cacilheiros e gaivotas. Tudo a dez minutos do centro, e sempre com a vantagem de o passe metropolitano já lá chegar. Este é o roteiro por Cacilhas obrigatório a fazer.

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Um roteiro por Cacilhas

  • Grande Lisboa

O restaurante que serve de varanda para o Tejo abriu pela mão de Mikas, um dos nomes que pôs a Bica no mapa, numa altura em que ninguém acreditava possível. Hoje, quase a completar três décadas, o Atira-te ao Rio é uma instituição que continua a levar bocas ao cais do Ginjal, seja pelo marisco ou pela carne. E pela vista, claro está.

  • Grande Lisboa

Nem tudo no Boteco 47 é para comer sem faca e garfo, mas há forma melhor de provar o camarão frito, o prego de novilho ou as sardinhas, que não envolva um valente linguado aos dedos no fim? Acreditamos que não. E, para além dos petiscos acima, a casa no 47 da Cândido dos Reis também chega ao tataki de atum e ao picadinho de espadarte. É passar e ver qual a sugestão do dia.

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  • Hambúrgueres
  • Grande Lisboa

Desengane-se se achava que só os atletas chegavam ao estatuto de velha glória – é que o Estaminé 1955 foi um dos galardoados do prémio Melhor Restaurante de 2018 pelos leitores da Time Out e, bom, isso eleva-o a outro patamar. A razão é simples: os hambúrgueres, essa combinação mágica de carne e pão que tanto conforto nos tem dado. E sim, também há opções vegetarianas que fazem valer a viagem.

  • Pizza
  • Grande Lisboa

Como somos a favor da inclusão, partimos do princípio de que nem todas as máfias são más. A Máfia das Pizzas foi, por isso, um bom argumento nesta senda, mais não seja porque é muito difícil resistir a tudo o que inclua pizza no nome. Aqui as opções variam entre as brancas ou com molho de tomate, que vão da rústica (10,40€) à prosciutto crudo (11,50€), a que se acrescenta a salada do chef (7,50€).

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  • Grande Lisboa

Na Meating Steakhouse o tema é, como denuncia o nome, a carne. Maior, menor, de frango, da vazia, de picanha, do lombo, enfim, há cortes para todos os gostos. Mas se acha que não chega, não desespere, porque a estes juntam-se ainda o chuletón de 1 kg para duas pessoas (59€) ou o signature steak & lobster, uma combinação com 300 gramas de cauda de lagosta e outras 300 de bife do lombo (59€).

  • Grande Lisboa

O Restaurante Farol é outro dos ex-líbris da Cacilhas ribeirinha. Mariscada é o assunto principal, e não há muito que enganar: da lagosta ao camarão de Moçambique, e da sapateira às amêijoas à Bulhão Pato (15,40€), passando pelos vários mistos de marisco (a partir de 35€), tudo é bom e tudo é vendido ao quilo.

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  • Grande Lisboa

Se lhe chegarem umas petingas de escabeche (5,50€), um arroz de tamboril para dois (39,50€) ou uma dourada grelhada (15,50€) já está a marcar pontos. Estas são algumas das opções na carta do Ponto Final – logo ali pertinho do elevador da Boca do Vento, ao fundo do Cais do Ginjal. Quer mais vantagens? Está, também, em cima do rio. E se a coragem for muita, quase consegue molhar os pés. Quase.

  • Arte
  • Centros de artes
  • Grande Lisboa

Abriu em Julho de 2016 e veio acrescentar livros à Rua Cândido dos Reis, essa tudo-em-um cacilhense. O nome é bonito para entoar antes das 02.00, hora pela qual fecha esta Meia Volta de Úrano – Casa das Artes, que é bar, livraria, galeria de arte, tem um palco para miniconcertos e jam sessions e jogos de tabuleiros. É um fartote. Imaginemos se fosse uma volta completa

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  • Noite
  • Cafés/bares
  • Grande Lisboa

Para esta nem precisa de binóculos, é que no Ginjal Terrasse está literalmente em cima do rio. Imagine este plano: entra, senta-se e, além da vista sobre a Lisboa ribeirinha que vai ter, de copo na mão, ainda consegue apanhar aquele pôr-do-sol perfeito. Para que não falte ânimo, a carta tem ainda opções para ir petiscando. Portanto, como não?

  • Atracções
  • Grande Lisboa

Ancorada em Cacilhas, a fragata D. Fernando II e Glória é uma embarcação à vela do século XIX que serviu a Marinha Portuguesa. Foi o último grande navio a ser construído no estaleiro real de Damão, estado da Índia.

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  • Espaço gastronómico
  • Grande Lisboa

A Rua Cândido dos Reis já era uma das principais artérias de Cacilhas mas este novo inquilino traz-lhe ainda mais vida. O Mercado de Cacilhas chegou em Novembro de 2019 ao número 144 e nele cabem sete restaurantes de geografias gastronómicas como Japão, Grécia, Itália ou Brasil, um bar e dois escape rooms – o primeiro inspirado no filme A Ressaca, o segundo no clássico Indiana Jones. São, ao todo, 400 metros quadrados de pratos e entretenimento.

Já que vai atravessar a ponte...

Há quem diga que é a margem certa, o sítio onde são feitos os sonhos. Cacilhas faz parte desse lote a Sul de Lisboa e é o sítio onde existem bons restaurantes de cozinha tradicional, pizzas em forno de lenha, petiscos para picar depois do trabalho ou as malgas de arroz com peixe cru da moda. E até bolas de Berlim com recheios criativos. Melhor, está praticamente tudo concentrado numa grande avenida, a Rua Cândido dos Reis, mesmo à saída do cais dos barcos (uma viagem Cais do Sodré-Cacilhas custa 1,20€). Além de novos restaurantes e dos clássicos que já se impuseram como reis do peixe fresco e de mariscadas, Cacilhas é uma zona do futuro: está envolvida no projecto Comunidade Carbono Zero.

  • Coisas para fazer

Há areais e marés para todos os gostos, destinos clássicos e paragens menos óbvias na Costa da Caparica. São 15 quilómetros de costa e muitas praias por onde escolher, sendo que a pré-época de veraneio é a altura perfeita para fintar as longas filas que costumam marcar a temporada estival. Mesmo que esse duro compasso de espera faça parte do programa, não desista de partir à descoberta da outra margem. Rume à Costa da Caparica e abanque no areal certo para si. Mas, atenção, não se esqueça do protector solar.

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Do outro lado do rio há mesas com cozinhas do mundo para descobrir, da cantina italiana com pratos típicos de Piemonte e as pizzas em forno de lenha aos japoneses com peças de sushi sem confusão e carnes maturadas. Sem nunca esquecer a nossa boa comida tradicional portuguesa, da tipicamente alentejana à do Minho. Não se deixe intimidar pelas filas e os relatos de trânsito da ponte 25 de Abril, até porque enquanto não há táxis aquáticos tem cacilheiros com percursos rápidos no Tejo para chegar a Cacilhas – daí a Almada é um tirinho. Explore a outra margem e marque mesa nestes restaurantes em Almada.

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