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Clássicos de cinema para totós – Terror. Lição 3: 2001-2020

Tenha medo, muito medo. Estes são os melhores filmes de terror do arranque dos anos 2000.

Escrito por
Rui Monteiro
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Com a entrada do século o que era explícito tornou-se ainda mais explícito. Mais sangue, mais tripas ao léu, mais tortura psicológica e sobretudo física. Por outro lado assistiu-se, também, a algum regresso ao classicismo gótico, uma boa dose de contaminação de géneros, e muita imaginação – o que vai mantendo este o cinema de terror vivo e assustador. Midsommar: O Ritual, de 2019, é um bom exemplo dessa vitalidade e um dos melhores filmes de terror dos últimos anos.

+ Perdeu as primeiras lições? Aqui tem os clássicos de cinema de terror da primeira metade do século XX e os que marcaram as décadas entre 1950 e 2000.

Recomendado: Clássicos de cinema para totós

Clássicos de cinema para totós – Terror. Lição 3: 2001-2020

Os Outros (2001)

O filme escrito e dirigido por Alejandro Amenábar é um, senão o melhor exemplo de exploração das virtudes do subgénero gótico surgidos este século. Nele voltamos à mansão assombrada onde uma mãe extremosa (Nicole Kidman) se recolhe na escuridão com os seus filhos (Alakina Mann, James Bentley), ambos sofrendo de doença rara que os torna demasiado sensíveis à luz e, por isso, obrigados a viver naquela clausura. E nele, também, muitas vezes, o sugerido é mais importante que o visível, incluindo o segredo escondido pela mãe. É o sobrenatural e as suas manifestações que dominam a película, que leva o seu tempo a chegar ao seu sítio para, mal chegada, dar uma reviravolta ao argumento verdadeiramente inesperada.

The Ring – O Aviso (2002)

Com uma certa crise de inspiração instalada em casa, os estúdios de Hollywood, como muitas outras vezes no passado, começaram a olhar à volta até encontrarem no cinema asiático um eventual novo filão. Daí esta versão aditivada, e consideravelmente diferente, de Ringu, de Hideo Nakata, dirigida por Gore Verbinski, com Naomi Watts, Martin Henderson e Brian Cox, que parte de um princípio simples: um cidadão inocente vê uma determinada gravação e uma semana depois morre. A direcção de Verbinski não poupa na exploração de imagens cada vez mais chocantes e cruéis, que, acrescentadas às sucessivas camadas de tensão, criam um clima de cortar à faca enquanto a heroína tenta salvar a vida.

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O Renascer dos Mortos (2004)

Como muito sabem os aficionados de The Walking Dead os zombis não só estão para durar como o cinema e a televisão que tratam das suas aventuras não lhes dão descanso. Pelo que não admira que em 2004, Zack Snyder, com argumento de George A. Romero, se atirasse a nova versão do clássico. O que admira é como o realizador enfrentou a sombra de um passado tão honroso e trouxe o tema para a actualidade, equilibrando cenas de violência ao mesmo tempo nojentas e arrepiantes com deliciosos pormenores sobre as personagens interpretadas por Sarah Polley, Ving Rhames e Mekhi Phifer.

The Host – A Criatura (2006)

É com certeza um bocado exagerado, quer dizer, é mesmo muito exagero, mas a verdade é que depois de dirigir The Host – A Criatura o realizador Joon Ho Bong foi comparado a Steven Spielberg, eventualmente pela forma pungente como é mostrado o desespero da família Park quanto tenta resgatar um dos seus das garras de um monstro vindo do nada, ou pela mera evocação de Tubarão. O filme faz parte da corrente revisionista que encontra inspiração no cinema de terror do passado para, adaptando-se às novas circunstâncias, abordar temas de sempre, como sempre resolvidos com determinação e coragem – que estas coisas precisam de um fundo moral.

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O Labirinto do Fauno (2006)  

Guillermo del Toro já realizara o seu punhado de filmes de terror quando, precisamente com esta película (que valeu três Óscares), resolveu meter um pauzinho na engrenagem envolvendo a sua história de horror num sub-enredo de conto de fadas. Situada em Espanha, durante o franquismo, encontramos Ofélia (Ivana Baquero) vivendo com o seu novo, fascista e muito abusivo padrasto. Para se refugiar do medo, a rapariga cria suas fantasias, que se revelam tanto ou mais assustadoras do que a realidade, conhecendo e convivendo com gigantes, monstros sem rosto guardando mesas repletas de comida e, como se nada mais faltasse, um fauno que lhe oferece imortalidade. O preço é que é um problema.

Deixa-me Entrar (2008)

Mostrando que Hollywood já não é exemplo para ninguém (enfim, é uma maneira de dizer), o realizador sueco Tomas Alfredson criou uma estranha história de amor entre um rapaz de 12 anos e um vampiro com séculos de existência que parece … uma rapariga de 12 anos, embora provavelmente não o seja. Kåre Hedebrant e Lina Leandersson são exemplares nos papéis de Oskar e Eli, e a realização demonstra grande mestria no desenvolvimento do entrecho, explorando a ambiguidade com grande sensibilidade e usando de pouca ou nenhuma subtileza quando é preciso que o sangue corra.

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Uma Rapariga Regressa de Noite Sozinha a Casa (2014)

Um dos filmes mais curiosos e estimulantes deste século passa-se no Irão, é falado em persa, custou uma ninharia, e nada disso interessa perante a habilidade de Ana Lily Amirpour na criação desta variação sobre o tema do vampirismo que se tornou um êxito internacional quase instantaneamente. Êxito que começou no Festival de Sundance e que não afastou espectadores, apesar da cineasta filmar com elegante pachorra e de a história demorar o seu tempo a ser construída e compreendida (enfim, tanto quanto possível). Mais do que a violência, é a paciência da jovem vampira (Sheila Vand) na perseguição e, digamos, preparação da sua presa que está no centro da acção desta obra que vive nas sombras da cidade como uma metáfora sobre a diferença e a resistência à opressão.

Vai Seguir-te (2015)

Começando pelo princípio: há um demónio seguindo cada um de nós, que, quando nos apanhar, vai dar-nos tratos de polé e uma morte horrenda. A não ser… A não ser que se tenha sexo com alguém, assim passando a maldição ao parceiro de cama. Está-se mesmo a ver que David Robert Mitchell procede no seu filme (com a colaboração de Maika Monro, Keir Gilchrist e Olivia Luccardi) a uma ardilosa combinação de paranóia com o medo de apanhar uma doença sexualmente transmissível. O inesperado é conseguir com um argumento tão básico, para nem dizer simplista, tornar o enredo numa trepidante e assustadora aventura através do pior que a humanidade cria.

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Foge (2017)

O cinema de terror apresenta-se no seu melhor quando o medo emana da condição humana propriamente dita. É isso que faz do filme de Jordan Peele (vencedor do Óscar para Melhor Argumento Original) uma das obras essenciais da memória cinematográfica recente. Protagonizado pelo actor britânico Daniel Kaluuya, no papel de Chris, um fotógrafo que acompanha a namorada branca em visita à família num fim-de-semana que dá para o torto, o terror, nesta película, nasce da forma como a narrativa funciona como um espelho para o persistente racismo da sociedade. Na construção da obra, Peele subverte as expectativas, claramente traçando um novo nicho do género pela utilização de partes iguais de horror, comédia e comentário social.

Midsommar: O Ritual (2019)

Depois do soturno, invernoso e sobrenatural Hereditário, Ari Aster assina aqui um filme de terror pagão passado no pino do Verão e todo à luz do dia. Um grupo de estudantes universitários americanos vai para a Suécia, assistir, numa comunidade rural, às celebrações do Solstício de Verão, mas aquilo que parecia ser umas férias idílicas transforma-se num pesadelo que brota do passado remoto e tradicional. Em Midsommar: O Ritual, o horror é lenta e pacientemente construído por Aster, num gradual mas seguro crescendo de inquietação e desconforto, sem sustos falsos nem sobressaltos gratuitos. Com a excelente Florence Pugh e Jack Reynor.

Tenha medo, muito medo

  • Filmes
  • Terror

A história do cinema de terror já vai longa. Desde o início do século XX que inúmeros realizadores expandem e redefinem os limites do género. Esta amplitude referencial e estética está bem patente na nossa lista dos 100 melhores filmes de terror de sempre. Já a oferta de filmes de terror na Netflix é muito limitada, mas encontram-se lá clássicos absolutos como A Semente do Diabo (1968, na foto), de Roman Polanski, ou Shining (1980), de Stanley Kubrick. E uns quantos filmes mais recentes, com destaque para Um Lugar Silencioso (2018), de John John Krasinski.

Os dez melhores filmes de vampiros
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Existem alusões ao vampirismo há milhares de anos, da Mesopotâmia e da Índia à Grécia antiga, passando pelo Sudeste asiático, o continente africano, as Américas e, claro, o Leste europeu. Estes vampiros folclóricos eram, porém, criaturas diferentes dos vampiros em que pensamos hoje, inspirados por textos literários como O Vampiro (1819) de John Polidori, Carmilla (1872) de Sheridan Le Fanu, ou o Drácula (1897) de Bram Stoker. Foram estes autores que, directa ou indirectamente, influenciaram os melhores filmes de vampiros que ao longo das décadas assombraram o grande ecrã.

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Os dez filmes da série ‘Halloween’ revisitados
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Quando em 1978 rodou Halloween – O Regresso do Mal e revolucionou o cinema de terror, John Carpenter decerto não pensaria que, 40 anos depois, estaria a produzir e a compor a banda sonora do 11º filme da série, a continuação directa do original. E que Michael Myers, o assassino sobrenatural que é o fio condutor dos Halloween, se tornaria numa das grandes figuras monstruosas do género. Nenhum dos filmes que se seguiram a Halloween – O Regresso do Mal conseguiram estar à sua altura, mas houve alguns melhores que outros, como se pode constatar nesta revisitação de todos esses títulos.

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Foram sobretudo os homens que, historicamente, se sentaram na cadeira de realizador de filmes de terror (e não só). Mas, ao longo das últimas décadas, esse desequilíbrio começou a esbater-se, o género perdeu a conotação caricata, continuou a ganhar fãs, a qualidade das produções subiu, e hoje são várias as obras assinadas no feminino que nos fazem saltar do assento. Por isso, e porque um bom filme de terror não serve apenas para engatar descaradamente, deixamos-lhe uma lista de filmes de terror realizados por mulheres. Porque a qualidade não tem género.

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