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IndieLisboa 2018: filmes para todos os dias

Feitas as contas, são 245 filmes distribuídos por 11 dias. Ver todos é uma quimera. Perante este facto da vida, em espírito de serviço público, viajámos pelo programa do IndieLisboa 2018 e aqui deixamos as pistas que encontrámos.

Escrito por
Eurico de Barros
e
Rui Monteiro
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De 26 de Abril a 6 de Maio, a cidade enche-se de cinema independente. Para não se perder entre a programação do IndieLisboa 2018, damos-lhe o melhor de cada dia. 11 dias, 15 fimes. 

IndieLisboa 2018: filmes para todos os dias

Quinta-feira, 26 de Abril

Mutafukaz

Shôjirô Nishimi

Deste encontro do realizador japonês Shôjirô Nishimi com o romancista gráfico Guillaume Renard (ou 777Run) nasceu Mutafukaz (maneira breve de dizer “motherfuckers”), divertida animação inspirada por Eles Vivem, de John Carpenter, cruzamento entre o filme de gangsters e a ficção científica numa ode à multiculturalidade em Los Angeles. RM

Cinema Ideal, Qui 22.30; Sáb 22.30.

Adieu Philippine

Jacques Rozier

O francês Jacques Rozier é um Herói Independente do Indie 2018, a par com a argentina Lucrecia Martel. Rozier é um dos nomes menos conhecidos da Nova Vaga francesa, em parte pelo facto de alguns dos seus filmes terem uma história atribulada em termos de distribuição, mesmo em França. Em Portugal, nunca se estreou nenhum. Nem mesmo este Adieu Philippine, a sua iniciação nas longas-metragens, rodado em 1962, com o apoio entusiástico de Jean-Luc Godard, grande admirador seu. A história acompanha um jovem soldado, Michel, na sua última semana de férias no Verão, antes de partir em comissão de serviço para a Argélia. EB

Cinemateca, Qui 15.30, Sex 21.30.

+ IndieLisboa 2018 a vez de Jacques Rozier

Sexta-feira, 27 de Abril

Teenage Superstars

Grant McPhee

Grant McPhee é um cineasta que conhece bem e observa de maneira tão lúcida como acutilante a cena musical pop. E se no documentário anterior o realizador focou a atenção nas produtoras independentes de Edimburgo, nos anos de 1970 e 1980, agora, em Teenage Superstars, desvia-se no tempo e vira-se para Glasgow no início da última década do século XX, época em que surgem bandas como The Vaselines, Teenage Fanclub, The Jesus and Mary Chain e Primal Scream.

Cinema São Jorge, Sex 23.30; Sáb, 5 Maio, 21.30.

+ Os sons do IndieMusic

Victory Day

Sergei Loznitsa

As peculiaridades do trabalho de Sergei Loznitsa fazem dele um dos mais estimulantes cineastas actuais. Prova? Este documentário sobre as comemorações da tomada de Berlim pelas tropas soviéticas, em 1945, promovida por emigrantes russos na capital alemã, que o cineasta filma como uma parábola sobre a ascensão do nacionalismo na Rússia. RM

Cinema Ideal, Sex 18.30; Dom, 6 de Maio, 22.00.

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Sábado, 28 de Abril

Zama

Lucrecia Martel

Este ano, o Indie tem um Herói Independente, o francês Jacques Rozier, e uma Heroína, a realizadora argentina Lucrecia Martel, da qual veremos as curtas-metragens e as quatro longas que rodou até agora: O Pântano (2001), A Rapariga Santa (2004), A Mulher Sem Cabeça (2008) e Zama, a mais recente, uma co-produção em que Portugal também participa e que tem direcção de fotografia de Rui Poças. Lucrecia Martel não filmava há dez anos, depois de ver frustrado o seu projecto de adaptar ao cinema uma banda desenhada de ficção científica pós-apocalíptica muito popular na Argentina, El Eternauta, criada nos anos 50 por Francisco Solano López (argumento) e Héctor Germán Oesterheld (desenhos), e posteriormente retomada por outros autores, entre os quais Alberto Breccia. Este Zama irá surpreender os admiradores da realizadora, já que é o primeiro filme que ela faz que não é ambientado em Salta, a sua cidade natal. Baseia-se num livro escrito por Antonio Di Benedetto em 1956 e é uma obra de época, passada no século XVIII. O protagonista é Diego de Zama (Daniel Giménez Cacho), um funcionário da coroa espanhola que foi colocado no Paraguai e aguarda transferência para um sítio melhor. Solitário à força, espera notícias da mulher, mas teve, entretanto, um filho de uma índia. EB

Culturgest, Sáb 21.30.

+ IndieLisboa 2018 ou a voragem do cinema: Lucretia Martel

Domingo, 29 de Abril

The Image you Missed

Donal Foreman

Arthur McCaig (1948-2008) foi um documentarista irlandês-americano de ideias políticas radicais que dedicou a vida a filmar o conflito na Irlanda do Norte com um fervor engajado, tendo deixado um vasto e historicamente precioso acervo de imagens sobre este tema. O seu filho, o também realizador e crítico de cinema Donal Foreman, confronta-se com esta herança do pai e analisa-a em The Image You Missed, um ensaio sob a forma de documentário que conta uma história dupla. A da Irlanda do Norte em convulsão violenta ao longo de várias décadas do século XX, e a de um filho à procura de entender o seu pai e o trabalho e a causa a que ele dedicou uma vida. Ao mesmo tempo, The Image You Missed aborda também duas visões e experiências diversas do nacionalismo irlandês e da luta política neste país, a da geração de McCaig e a da de Foreman, em circunstâncias históricas e sociais muito diferentes. E ao reflectir sobre as imagens filmadas e deixadas para a posteridade pelo pai – muitas das quais não chegaram a ser exibidas publicamente e ficaram inéditas –, Donald Foreman acaba por chegar à conclusão que, apesar de compreender e de respeitar as ideias políticas do pai, não as partilha. Curiosamente, Foreman dedica The Image You Missed à mãe, Maeve, “com infinita gratidão”. EB 

Culturgest, Dom 17.15; Cinema Ideal, Ter 18.30.

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Segunda-feira, 30 de Abril

Mariphasa

Sandro Aguilar

A primeira longa-metragem do português Sandro Aguilar, A Zona, esteve em competição há dez anos no Indie, e algumas das suas curtas também já passaram por aqui. O cineasta regressa agora ao festival com Mariphasa, uma fita com uma atmosfera a rondar o fantástico e a FC de forma muito subtil, tal como já acontecia em A Zona. Paulo (António Júlio Duarte) trabalha como segurança num complexo industrial desactivado. Vive com Luísa (Isabel Abreu), com a qual teve uma filha, que morreu. O casal tem um vizinho (Albano Jerónimo) que vai trazer o mal-estar às suas vidas. EB 

Culturgest, Seg 21.30; Cinema São Jorge, Sáb, 5 de Maio, 16.15.

Lupo

Pedro Lino

Nascido em Itália em 1888, Rino Lupo andou a filmar por toda a Europa, tendo-se instalado em Portugal em 1921, onde rodou alguns dos filmes (ainda mudos) mais importantes da nossa cinematografia, como Mulheres da Beira (1921), ou Os Lobos (1923). Deixou Portugal de vez em 1931 e terá morrido misteriosamente em 1934, em parte incerta. Em Lupo, Pedro Lino propõe-se contar a história de Rino Lupo e desvendar o mistério da sua morte. EB

Cinemateca, Seg 19.00.

Terça-feira, 1 de Maio

An Elephant Sitting Still

Hu Ba

O realizador e escritor chinês Hu Bo suicidou-se com 29 anos, pouco tempo depois de ter concluído An Elephant Sitting Still, o seu primeiro filme, estreado e premiado no Festival de Berlim de 2017. Ambientado na cidade de Manzhouli, no norte da China, dura quatro horas e passa-se ao longo de um só dia, seguindo um punhado de pessoas. Entre elas encontram-se Bu, um rapaz em fuga após ter empurrado um rufia por uma escada abaixo na escola; ou ainda o Sr. Wang, um reformado cheio de vida mas que o filho quer convencer a instalar-se num lar para idosos. Todas as personagens deste filme, um retrato amplo e pessimista do estado anímico colectivo da China nos nossos dias, vão acabar por se cruzar a certa altura. EB 

Culturgest Seg 15.00.

O Processo

Maria Augusta Ramos

Depois da prisão de Lula da Silva, e aconteça o que acontecer no Brasil, onde está sempre a acontecer alguma coisa e nada é certo, este documentário em forma de filme de tribunal, dirigido por Maria Augusta Ramos, centrado na destituição da presidente Dilma Rousseff, ajuda a compreender a girândola de acontecimentos políticos e judiciais dos últimos anos. RM

Cinema São Jorge, Ter 18.30; Culturgest, Dom, 6 Maio, 19.00.

+ Silvestre, o lugar dos ousados no IndieLisboa 2018

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Quarta-feira, 2 de Maio

La Mujer sin Cabeza

Lucretia Martel

O trauma está sempre presente no trabalho de Luciana Martel. Neste filme, talvez o mais radical da sua ousada filmografia, feito em 2008, ele é fundamental para compreender a súbita amnésia de Vero, uma mulher burguesa que atropela “qualquer coisa”, não pára para verificar e perde a memória, dedicando-se a cineasta a representar a acção através do olhar confuso da protagonista. RM

Cinema São Jorge, Qua, 2 de Maio, 21.45.

Quinta-feira, 3 de Maio

Grass

Hong Sang-Soo

Aqui, pela mão do produtivo realizador sul-coreano Hong Sang-Soo, encontra-se uma comédia de enganos, na qual, à mesa de um café, em Seul, casais fazem-se e refazem-se ao ritmo do olhar da protagonista (a inevitável Kim Min-hee). A qual, sentada a um canto, observa os acontecimentos nesta farsa sobre os caminhos do amor. RM

Cinema São Jorge, Qui, 3 de Maio, 21.45; Sáb, 5 de Maio, 23.30.

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Sexta-feira, 4 de Maio

Premières Solitudes

Claire Simon

A realizadora de Consultórios de Deus e Gare du Nord tem-se dedicado ultimamente ao documentário. Este é o seu trabalho mais recente no formato, apresentado este ano no Festival de Berlim, na secção paralela Panorama. Claire Simon centra-se em seis adolescentes de uma escola de um subúrbio de Paris, que lhe falam abertamente sobre as suas vidas, anseios e temores. EB

Culturgest, Sex, 4 de Maio, 10.30; Cinema São Jorge, Sáb 5 de Maio.

Sábado, 5 de Maio

Hitler’s Hollywood

Rudiger Suchsland

Sucedendo a From Caligari to Hitler, este novo documentário do alemão Rudiger Suchland debruça-se sobre o cinema feito na Alemanha entre 1933 e 1945, durante a vigência de Adolf Hitler no poder. Hitler’s Hollywood é uma detalhada e fascinante viagem pelo star system e pelos filmes, de propaganda ou de escapismo, da era nacional-socialista. EB

Cinemateca, Sáb, 5 de Maio, 15.30.

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