Não queremos ser picuinhas, mas antes de apresentarmos a Pousada de Lisboa é preciso esclarecer uma coisa: aquilo a que geralmente associamos ao conceito de pousada, não é nada do que vai encontrar aqui. Esta Pousada com P grande instalou-se num edifício pombalino do Terreiro do Paço, onde funcionou em tempos o Ministério da Administração Interna – uma escolha que não teria nada de muito extraordinário, não fosse o facto de este prédio em particular estar sob a alçada do Arco da Rua Augusta, condição que lhe valeu o título de Monumento Nacional. Lá dentro, um hotel luxuoso, arejado e cosmopolita que não se envergonha de assumir a cultura portuguesa como parte do seu ADN: nos espaços dedicados à arte – entre corredores e salões convivem estátuas da monarquia com tapeçarias de Nadir Afonso e esculturas de Santo António –; na preservação da traça original do edifício, com tectos altos e chão em tábua corrida; e na cozinha, onde o chef Tiago Bonito promete (e cumpre) honrar a tradição à mesa com reinterpretações arrojadas dos clássicos da gastronomia. Não é um hotel museu, mas pouco falta. Para apontar alguma falha à Pousada, teríamos de chamar o Marquês à pedra por não se ter lembrado de fazer um jardim nas traseiras. Para quem vem a Lisboa à procura de sol, há um pequeno terraço com espreguiçadeiras no terraço, com acesso à piscina interior, ao ginásio e ao spa.