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Música, Pop, Cobra, Britney Spears
©DRBritney Spears

Nostalgia de Novembro: as músicas que dominavam o airplay há umas décadas

As músicas que estavam a passar insistentemente na rádio neste mês, há 10, 20, 30 e 40 anos.

Escrito por
João Pedro Oliveira
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Novembro quer dizer que tarda nada é Natal. É aquele mês de quase fim, que ainda não é princípio de nada, meio Outono, Inverno que já se insinua – como é que isto passou tão depressa outra vez?! –, tempo de algum recolhimento e, claro, de uma certa nostalgia. Recuamos aos Novembros de outros tempos para relembrar pedaços da banda sonora que se intrometia nos nossos dias, recuperando canções que, gostássemos ou não, dominavam a paisagem sonora.

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Há 40 anos: Novembro de 1981

Antigua & Barbuda formam um país independente. França realiza ensaio nuclear no dia 7, Inglaterra realiza ensaio no dia 12, União Soviética realiza ensaio nuclear no dia 22. Washington (que tinha realizado um último ensaio nuclear no mês anterior) falha acordo com Moscovo para reduzir o arsenal nuclear. “Physical”, de Olivia Newton-John, chega a nº 1 da Billboard e aí permanece por dez semanas.

Os Imagination são um maravilhoso exemplar daquela sensualidade xaroposa que fez escola na música dos anos 80, que convidava a dançar com movimentos lânguidos, olhos semicerrados e a fazer boquinha de beijo. O trio teve uma vida curta (despontou em 81 e escafedeu-se em 83), mas conseguiu implantar-se no imaginário pop com duas músicas: “Just An Illusion”, o seu maior êxito internacional, e este “Body Talk”, que domina o top de singles português entre Novembro e Dezembro de 1981.

Houve outras canções da banda a rodar na rádio, mas mais não eram que variações destas duas. É o caso de “In and Out of Love”, um desdobramento de “Body Talk”: ambas se arrastam no mesmo andamento (precisamente 84 batidas por minuto) e no mesmo tom meloso menor; e também de “Flashback”, canção apoiada numa linha de baixo que parece a antecipação de “Just An Illusion”, o êxito que haverá de chegar ao top nacional lá para Julho de 1982. Mas isso é nostalgia para outro dia.

Há 30 anos: Novembro de 1991

Boris Yeltsin ilegaliza o Partido Comunista. José Saramago lança Evangelho Segundo Jesus Cristo. Magic Johnson anuncia que é seropositivo e abandona o basquetebol. Michael Jackson lança Dangerous e os U2 lançam Achtung Baby. Apaga-se o último incêndio em poços de petróleo do Kuwait, sete meses depois do final da primeira guerra do Golfo.

Foi uma espécie de pandemia. Há 30 anos, o mundo foi varrido por uma das baladas mais contagiosas de que há memória. Com “(Everything I Do) I Do It for You”, Bryan Adams alcançou o top em 19 países: nos Estados Unidos aguentou-se 17 semanas sem sair de cima, no Reino Unido foram 16 (um recorde ainda hoje) e em Portugal foram 12. Já falámos disso amplamente na Nostalgia de Agosto e na de Outubro, é certo, só que em Novembro o azeite ainda dura, por isso eis-nos aqui de novo.

No dia 2, o canadiano resiste na liderança em oito países, e Waking Up the Neighbours, o álbum, é ainda o mais vendido em dez (Portugal incluído em ambos os casos). Depois de ter sido temporariamente debelada pelas “Taras e Manias” de Marco Paulo, a canção-vírus de 1991 volta a ser a mais batida ao longo do mês de Novembro. Até que surge outro contágio.

Na edição de 9 de Novembro, a revista Music & Media destaca já o fenómeno Juan Luís Guerra, notando que a sua música alastra por todo o continente, e que mesmo países não-latinos como Bélgica, Alemanha e Holanda, com maior dificuldade em descortinar os subentendidos e trocadilhos piscícolas de “Burbujas de Amor”, estão rendidos ao ritmo da bachata dominicana. Em Portugal, a canção vai chegar ao número 1 da tabela de singles a 30 de Novembro. Na semana seguinte, porém, perde a liderança novamente para a balada de Adams, que continuará a fazer vítimas 1992 adentro. Ainda assim, Bachata Rosa, o álbum de Juan Luís Guerra, consegue ser o quinto mais vendido do ano de 1991.

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Há 20 anos: Novembro de 2001

Morre George Harrison. Os Taliban são expulsos de Cabul. Estreia Harry Potter e a Pedra Filosofal, o primeiro filme da saga de J. K. Rowling. O Concorde volta a voar, 15 meses após o acidente de Paris que matou 109 passageiros e quatro pessoas no solo. O voo American Airlines 587 despenha-se em Nova Iorque, matando 260 pessoas a bordo e outras cinco no solo. A Microsoft lança a primeira Xbox.

O grande destaque do mês é este “Hero”, de Enrique Iglesias, que trepa aos tops de todo o mundo e vende mais de oito milhões de cópias. Em Portugal, é o single número 1 durante duas semanas de Novembro, mas vai perdurar no airplay nacional durante muito mais tempo que isso: faz a primeira aparição no top 20 a 3 de Novembro e só de lá sai em Julho do ano seguinte.

O videoclipe é um tratado de cinematografia. Senão vejamos. Temos o herói, um bom rapaz que a vida empurrou para uma vida de crime, que pode até ter ar de choninhas mas é um valente, e que agora planeia fugir com a sua amada rumo ao pôr-do-sol e começar de novo no lado de lá do horizonte. Só que a vida é tramada, os maus que ele enganou conseguem caçá-lo e tudo acaba em tragédia, à chuva, entre lágrimas e t-shirts convenientemente molhadas. O rapaz, está bom de ver, é o próprio Iglesias; a rapariga é a candidamente sensual e distraidamente voluptuosa Jennifer Love Hewitt; e o mau da fita é Mickey Rourke, bera como as cobras. O vídeo, que à data destas linhas conta 425 728 698 visualizações, é realizado por Joseph Kahn e tem o grande mérito de demonstrar que boa parte dos filmes de Hollywood não precisava de ter mais do que quatro minutos e picos.

O outro destaque deste Novembro vai para Britney Spears, que também entrou no top à Lagardère, com este “I'm A Slave 4 U”. É o primeiro single de Britney, álbum que representa um misto de grito do Ipiranga com um soltar-da-franga. Spears tem agora 20 anitos, está cansada de ser boazinha e, simbolicamente, quer passar do registo fofinho girl next door para o registo sex symbol predador. Essa parece, pelo menos, ser a intenção escarrapachada tanto no videoclipe, como no próprio texto (“I know I may come off quiet / May come off shy / But I feel like talking, feel like dancing / When I see this guy”). Em Portugal, a canção chega a número 2 neste Novembro e vai manter-se dentro do top 20 até Março do ano seguinte.

Há 10 anos: Novembro de 2011

O primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi demite-se. Ronaldo marca o centésimo golo pelo Real Madrid. Portugal vence a Bósnia por 6-2 e carimba o apuramento para o Mundial de 2012 (Ronaldo marca mais dois). É aprovado o Orçamento do Estado para 2012. Greve geral contra as medidas de austeridade. A Unesco anuncia que o Fado é Património Imaterial da Humanidade.

Adele volta a ser um dos destaques do mês. Temos falado dela todos os meses desde Abril, com especial ênfase na Nostalgia de Agosto, quando a britânica conseguiu o feito de ter dois singles no top 10. Pois bem, em Novembro ela tem três. Além de “Someone Like You” (ainda n.º 3 do top) e de “Rolling in the Deep” (n.º 5), encontramos agora este “Set Fire To The Rain” (n.º 6), o terceiro single retirado de 21, o seu segundo álbum de estúdio. A versão ao vivo, incluída no DVD Live at the Royal Albert Hall, ajudou a popularizar a canção, que acabará por render a Adele o Grammy para Melhor Interpretação pop feminina. Em Portugal, o DVD é platina (nesta altura ainda reservada a vendas superiores a 15 mil cópias) e o álbum 21 é dupla platina.

De resto, e sem grande história, o primeiro lugar do top de singles deste Novembro vai alternando entre “Without You”, de David Guetta & Usher, “Paradise”, dos Coldplay, e este “Moves Like Jagger”, dos Maroon 5 com Christina Aguilera, que tem o dom de nos demonstrar que, de facto, ninguém se mexe como Mick Jagger.

Música para os seus ouvidos

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Ah, as manhãs. Esse pedaço de discórdia da humanidade, ora pendendo para os que de nós acordam em euforia ora pendendo para os que odeiam tudo no começo do novo dia. Mas não se inquiete porque, ao contrário dos nossos antepassados, temos muitas e boas soluções musicais para superar a pior das manhãs.

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Por mais anos que passem, os concertos no banho continuarão a ser fenómenos. Isto porque, se pensar bem, há poucas coisas mais hilariantes do que aquele mini concerto à porta fechada que todas as manhãs – ou tardes ou noites, somos inclusivos nos horários – acontece sem pudores.

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