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O primeiro Hello, Kristof abriu portas em 2016, na Rua do Poço dos Negros. Ricardo Galésio havia-se inspirado no estilo minimalista característico dos nórdicos para criar um sítio de pequenos-almoços e café, que eram acompanhados por uma selecção de revistas estrangeiras. Ricardo apelidava-o de “Coffee and Magazines”. Mas, desde então, muito mudou. Em 2020, Charlie e Malaylack Teixeira compraram o Hello, Kristof e, no ano passado, abriram mais dois espaços – em São Vicente e São Bento. Este último, de portas abertas desde Novembro, conta com uma carta que vai do brunch ao poké e inclui uma zona de torrefacção de café.
Vindo de França, o casal chegou a Lisboa em 2021. E nem Charlie nem Malaylack tinham alguma vez trabalhado na área da restauração. Ele tinha uma empresa de construção civil, ela estava no campo da engenharia espacial. No entanto, queriam mudar de ares, uma vida mais calma e, acima de tudo, regressar às origens. “A minha família é portuguesa e já estava a ficar cansado da rotina em França… Fez sentido regressar ao país dos meus pais”, começa por contar Charlie, que é luso-francês.

Reaberto o primeiro espaço, nesse mesmo ano, veio mais tarde a vontade de levar o brunch e o café de especialidade a outros locais da cidade. Primeiro, a São Vicente, em Março de 2024. “Quando encontrámos a loja no Campo de Santa Clara, inicialmente, era para ser uma cozinha – para fazer a preparação da comida e dos bolos, porque tudo é caseiro”, explica. “Mas depois encontrei um arquitecto que me disse que podíamos combinar a cozinha com um espaço para quem quisesse comer no café. Falei com a minha mulher, achámos boa ideia e abrimos o segundo café.”
Depois, a São Bento, em Novembro. A alguns minutos a pé da casa-mãe e não muito longe de outros cafés do género (como o The Folks), é no número 15 que fica este terceiro espaço. Totalmente renovado por Charlie, o Hello, Kristof é grande e segue a mesma linha estética à qual nos acostumou nas outras moradas. O estilo é minimalista, predominando as cores claras, as madeiras e o mármore das mesas, que contrastam com os arcos em pedra da arquitectura original. O espaço está dividido em dois: de um lado, após passarmos as mesas, temos o balcão, com a pastelaria em exposição; do outro, mais mesas para sentar, um grande balcão em forma de L e a zona de torrefacção de café.

Quanto às variedades de café, estas vêm da Guatemala, das Honduras, de El Salvador, do Ruanda e da Etiópia. Para beber no local, as opções vão dos mais simples espressos (1,70€), cappuccinos (3,50€) e lattes (4,20€) às chávenas de café preparadas em máquinas especializadas, como a V60 (6€), a Aeropress (5€) ou a Chemex (9€ para duas pessoas). Para levar para casa, estas variedades, em grão, estão disponíveis em sacos de 150 ou 250 gramas. “Assim, podemos controlar a qualidade desde o início até ao momento em que chega à chávena”, justifica Charlie quanto ao desejo de torrar o próprio café, que requer um processo longo.
“Para escolher o café, fazemos uma sessão privada com a equipa, porque, para nós, faz mais sentido que seja a equipa a escolher o café que quer servir aos clientes. É mais fácil se a equipa gostar do que vai servir para poder falar sobre ele. E, para o cliente, torna-se uma experiência muito diferente. Quando o cliente pede um V60, a equipa pode explicar que o café é de determinada forma – tem chocolate, caramelo ou fruta, é mais ácido ou mais frutado”, exemplifica.
É “o melhor café de Lisboa”, dizem os clientes, segundo Charlie. Ainda assim, o proprietário não confirma tratar-se do melhor café da cidade, mas acredita que os elogios e o regresso de muitos dos clientes hão-de querer dizer alguma coisa. “O cliente percebe o tempo que gastamos com isto. Temos também um sistema de água filtrada, que é igual nas três lojas, para termos a mesma qualidade de café. Nas três, temos os mesmos grãos, fazemos o mesmo treino para os baristas e temos a mesma qualidade de água.”

Contudo, não é só de café de especialidade que vive o Hello, Kristof. Aliás, a carta é extensa o suficiente para que um pequeno-almoço ou brunch se torne numa pequena viagem pela gastronomia asiática. Isto porque Malaylack, que toma conta da cozinha e da criação dos pratos, nasceu em Toulouse, mas tem raízes no Laos. “Ela faz bastantes coisas diferentes, porque é curiosa. Gosta de combinar um alimento com outro para ver o que é que dá. Gosta muito de experimentar”, diz.
No que toca aos pratos de inspiração asiática, falamos da sando, uma sanduíche típica japonesa, que leva porco panado, couve roxa, molho bulldog e maionese de alcaparra com salada e tomate (10,90€); e da vietnamita banh mi, torrada com paté de porco, sriracha, pickles de pepino e cenoura, porco marinado assado e coentros, acompanhada de salada e tomate (12,90€). Para esta última, foram necessários alguns anos para que Malaylack conseguisse recriar os sabores da banh mi que comia em criança, como recorda assim que nos traz o prato à mesa. E também há poké (12,90€), que leva arroz de sushi, gema marinada em soja, legumes, salmão tataki, maionese agridoce e sésamo preto.

Se preferir outra coisa, a torrada pode ser pedida com abacate, burrata, molho de whiskey, pickles de cebola roxa, piri-piri e cebolinho (11,50€), ou com salmão e mousse de alcaparra (12,90€). As waffles tanto levam ovos benedict com molho béarnaise e bacon (11,90€) ou salmão fumado (12,20€), como frango empanado, molho de whiskey, couve roxa, creme de gouda e bacon (13,90€). Também há salada caesar (13,90€) e muita pastelaria, como banana bread, rabanada, croissant ou pain au chocolat. Todos os ingredientes tentam ser locais ou nacionais e tudo é feito em casa, à excepção do pão, que é fornecido pela doBeco.
O menu completa-se com duas opções de brunch – doce (17,50€) ou salgado (21€) –, que incluem bebida quente ou fria, sumo de laranja natural, croissant ou pain au chocolat e, depois, dependendo daquele que escolha, uma torrada de manteiga e doce e iogurte grego com caramelo, granola e fruta, ou um prato salgado, salada e fruta. Nos outros espaços, a oferta é praticamente a mesma, mudam só alguns dos ingredientes usados, já que a ideia nunca foi ter três Hello, Kristof iguais.

Com a chegada do próximo Outono, contam-se algumas mudanças na carta – a salada vai sair para a sopa entrar, por exemplo – e outras novidades na agenda, como eventos relacionados com café de especialidade, para que as pessoas possam provar e conhecer melhor os tipos de café à venda.
O que se mantém sempre é a selecção de revistas estrangeiras à venda no balcão, uma das heranças do primeiro Hello, Kristof. Entre os títulos expostos, encontramos Mother Tongue, B, Record ou Monocle. “Bastantes clientes gostam de descansar. Então, com uma revista, um café e um bolo, conseguem criar a sua bolha.”
Rua de São Bento, 15 (São Bento). Seg-Dom 08.45-15.45
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