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Quais foram os melhores concertos do Evil Live? Korn e mais cinco

O metal regressou ao Restelo – e muito bem. Com 56.500 pessoas em três dias, a primeira edição open air do festival deixou muitos concertos na memória. Escolhemos seis que iam mandando o estádio abaixo (que bem precisa de obras).

Hugo Torres
Escrito por
Hugo Torres
Director-adjunto, Time Out Portugal
Municipal Waste
Prime Artists/Divulgação | Municipal Waste
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Entrámos no Estádio do Restelo na sexta-feira, 27 de Junho, com um propósito – aliás, dois. Primeiro, voltar a respirar os ares de um festival de metal a céu aberto em Lisboa. Segundo, fazer uma selecção dos seis melhores concertos do Evil Live 2025, de um total de 17 em três dias. O rácio parecia favorável, mas a verdade é que não foi fácil e cedo percebemos que teríamos de deixar de fora a banda mais estimulante do cartaz: Opeth. O que poderia bem ser mostra do nosso amuo por os suecos não terem tocado um único tema de Blackwater Park. Não é o caso. Com o sol a pino, uma setlist reduzida e perante uma plateia na esmagadora maioria a salivar por Korn, não era o momento para a filigrana do seu metal progressivo (palmas para “Master’s Apprentices”, no entanto). Mikael Åkerfeld aventou a hipótese de um concerto em nome próprio num espaço fechado (e deixou-nos a remoer naquela noite de 2006 em Gaia, no antigo Hard Club). Cá os esperamos para mais.

Há outras ausências notáveis: os históricos do thrash Death Angel (morníssimo), os rockeiros e bem-dispostos Eagles of Death Metal (que desempenharam o papel de limpa-palato muitíssimo melhor do que os congéneres do ano passado, os Wolfmother), os portugueses Gaerea (fenómeno nacional que no final anunciaram umas merecidas datas no Hard Club e no LAV, para Dezembro) e Bizarra Locomotiva (que a nossa jovem companhia de sete anos garantia ter sido o segundo melhor concerto do dia, mesmo a querer estragar-nos as contas), e por fim Falling In Reverse (que causaram furor no estádio, com grande adesão do público, mas, como não conseguimos decidir se Ronnie Radke prefere ser músico ou live streamer, optámos por deixá-los de fora).

Portanto, tudo ponderado, e com o auxílio de 14 mil pessoas na sexta-feira inaugural, 20.500 no sábado e 22 mil no domingo (esgotado), cumprimos o propósito. Eis os melhores concertos do festival, para nós (claro) e por ordem.

1. Korn

Definitiva e incontestavelmente o melhor concerto. Mal soou “Blind”, o estádio explodiu. Não sendo uma presença assídua em Portugal, as poucas vezes que os fãs os vêem são de pura euforia. Ainda por cima, a actuação no Evil Live aconteceu num daqueles raros momentos de extraordinária oportunidade: não só a banda está em grande forma, como a segunda vida que o TikTok vem dando ao nu metal junto da Gen Z reuniu no Restelo gente de todas as idades, desde aqueles que os acompanham desde início, nos anos 1990, até aos mais tenrinhos. Suaram todos. O entusiasmo foi geral e palpável. Os momentos de “Twist”, “A.D.I.D.A.S.”, “Falling Away From Me” e “Freak on a Leash” vão ficar guardados.

Korn
Prime Artists/DivulgaçãoKorn

2. Municipal Waste

Ao contrário dos cabeças-de-cartaz, e até da segunda linha de nomes, as restantes bandas não tinham atenção garantida das milhares de pessoas que foram ao Restelo. Tinham de fazer pela vida. E nenhuma fez tanto quanto Municipal Waste, na sexta-feira (curiosamente, dia de greve no lixo em Lisboa). O vocalista Tony Foresta agarrou o público desde o início e nunca esmoreceu. Independentemente do calor tórrido que se fazia sentir às seis da tarde, o circle pit não parou, houve wall of death a pedido e no final não sobrava outra coisa que não a felicidade. O clássico “Born to Party” foi a síntese perfeita do concerto, que no entanto se centrou nos discos mais recentes, ​​Electrified Brain e Slime and Punishment.

Municipal Waste
Prime Artists/DivulgaçãoMunicipal Waste

3. Slipknot

Sem um elemento (Shawn “Clown” Crahan tem estado ausente devido a uma “emergência familiar”) e no final da tour europeia, os Slipknot não entregaram a reforçada dose de caos que deles esperaríamos (e que já vimos acontecer). Nem o público parecia tão sedento como no dia anterior, com Korn (os Slipknot ainda em 2023 estiveram no Evil Live, versão MEO Arena). Mas, para a banda de Iowa, um nível abaixo do habitual continua a ser muito acima da concorrência. No dia em que assinalavam os 26 anos de Slipknot, abundaram os temas do disco de estreia, que andam a celebrar ao vivo: “(sic)”, “Wait and Bleed”, “Spit It Out”, “Surfacing” e, a fechar, “Scissors”, tema que serviu para apresentar condignamente o baterista Eloy Casagrande à “família” portuguesa. Com uma estreia em solo nacional, “Gematria (The Killing Name)”, e pontos altos em “People=Shit”, “Psychosocial” e “The Heretic Anthem”, foi um belo, excelente, convívio. A porta está aberta, venham sempre.

4. Jinjer

Os ucranianos andam a bater os principais festivais europeus do género e percebe-se bem porquê. Com um som flutuante entre subgéneros do metal mas perfeitamente consolidado, e liderados pela voz hipnótica de Tatiana Shmayluk, os Jinjer aplicaram uma descarga de energia comparável àquela que se seguiu ao apagão de Abril e que fritou electrodomésticos por todo o país. Felizmente não houve danos – a não ser, talvez, para a carteira, uma vez que mal terminou o concerto foi anunciada uma data em nome próprio, no LAV, para Fevereiro de 2026; somos capazes de apostar que a banda “vendeu” aqui muitos bilhetes. Tal como no festival, vão estar a apresentar o mais recente álbum, o duro e espesso Duél.

Jinjer
Prime Artists/DivulgaçãoJinjer

5. Judas Priest

É mais do que provável que empurrar Judas Priest para o quinto lugar da lista viole uma lei sagrada da música, mas respirámos fundo e foi mesmo o que fizemos. A histórica banda de Birmingham (que abriu caminho para o concerto ao som dos conterrâneos Black Sabbath) não mobilizou tanta gente quanto seria de esperar num momento como o da celebração dos 35 anos do seminal “Painkiller”, e demorou a encontrar a alegria em palco (excepção feita ao baterista Scott Travis), apesar do digno e infalível alinhamento. Arriscamos a dizer que essa alegria só se alcançou em pleno a partir de “Giants in the Sky”, tema do recente Invincible Shield, em que, paradoxalmente, prestam homenagem a vários músicos já desaparecidos, de Dio a Lemmy, de Cornell a Eddie Van Halen. Ou seja, já perto do fim. Seja como for, Rob Halford continua a ter voz e projecção para, aos 73 anos, levantar o estádio com “Breaking the Law”, “Night Crawler”, Painkiller”, “Hell Bent for Leather” e “Living After Midnight”, o que só por si é impressionante, invejável e merecedor de uma prolongada vénia. Continua a ser um deus.

Judas Priest
Prime Artists/DivulgaçãoJudas Priest

6. Till Lindemann

O vocalista de Rammstein é uma década mais novo do que Halford (tem 62 anos), mas a idade também já lhe pesa. Lindemann, no entanto, tem a solução para o camuflar e continuar a ser uma figura inesquecível por onde quer que passe: fireworks. Aliás, uma espécie de fireworks. Tudo à sua volta é vigoroso, colorido, chocante, da banda à indumentária bondage, do passeio pelo meio do público ao lançamento de bolos e de peixe fresco para a plateia. Este espectáculo era já a antecâmara do concerto para maiores de 18 anos, “brutal e erótico”, agendado para Novembro na MEO Arena. O alinhamento dividiu-se entre Zunge, disco que o alemão assina com o nome completo, e os temas feitos com Peter Tägtgren (Pain) no projecto Lindemann. Se foi assim num festival, a performance numa sala fechada promete levar os níveis de provocação para a estratosfera.

Till Lindemann
Prime Artists/DivulgaçãoTill Lindemann

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