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Estufa Fria
Manuel MansoEstufa Fria

Bem-vindo à selva! Os projectos verdes que estão a mudar a cidade

Jardins, hortas, florestas, lojas e viveiros. Os projectos que estão a tornar Lisboa mais verde, dentro e fora de portas.

Mauro Gonçalves
Escrito por
Mauro Gonçalves
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Lisboa têm um futuro verde pela frente, pelo menos no que depender destes projectos. É certo que já contamos com belos jardins e parques – pretexto mais do que suficientes para partir à descoberta sem se afastar muito de casa –, mas falamos de uma revolução que passa por espalhar ainda mais clorofila pela cidade. Através de programação cultural, propostas ecológicas, iniciativas de intervenção social e até ideias de negócio, eles querem promover o gosto pela botânica em meio urbano. Fomos conhecer estudiosos, cuidadores, activistas, criativos e empreendedores, unidos por um objectivo comum: criar laços entre pessoas e plantas.

CÁ FORA

A abrir jardins desde 2017
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A abrir jardins desde 2017

À 13.ª edição, o festival angariou os seus públicos – são cidadãos informados, outros curiosos, mas ainda uma pequena franja desperta para a valorização e a vivência dos espaços verdes na cidade. “Existe uma tendência verde que aproxima as pessoas das plantas de interior e isso cria logo um equívoco naquilo que é a relação com a botânica. O festival procura, de uma forma simpática, mostrar que estamos enganados em algumas coisas e que estamos a substituir a natureza verdadeira pela natureza de plástico. Isso está a normalizar-se e traduz-se na maneira como vemos as árvores na cidade. São bibelôs.”

Mais de uma centena de espaços depois, o festival regressa e estende-se pela primeira vez ao longo de todos os fins-de-semana de Maio. Tomás Tojo materializou o conceito. Se à primeira vista o programa dá aos lisboetas a chance de entrar em lugares que nunca pisaram antes, ao final do dia é a educação ambiental que move o projecto. “O festival é a tradução de outros projectos que tinham a ver com jardinagem de guerrilha. Faço jardinagem desde os 10 anos e o desenvolvimento social sempre foi uma vertente que me interessou muito. Quando estive em São Paulo, pude trabalhar com ocupação do espaço público. Vim para Lisboa e trouxe essa paixão pelas plantas e pela forma como conseguem juntar à sua volta quem não tem mais nada em comum. No fundo, é a biofilia”, conta.

À 13.ª edição, o festival angariou os seus públicos – são cidadãos informados, outros curiosos, mas ainda uma pequena franja desperta para a valorização e a vivência dos espaços verdes na cidade. “Existe uma tendência verde que aproxima as pessoas das plantas de interior e isso cria logo um equívoco naquilo que é a relação com a botânica. O festival procura, de uma forma simpática, mostrar que estamos enganados em algumas coisas e que estamos a substituir a natureza verdadeira pela natureza de plástico. Isso está a normalizar-se e traduz-se na maneira como vemos as árvores na cidade. São bibelôs.”

Consultor e designer de jardins em nome próprio, a acção de Tomás não se cinge ao calendário do festival. No início do ano, a Associação Jardins Abertos arrancou com o projecto Bairro Verde na Rua de São Paulo, onde, durante um ano, organizará mercados, trocas de plantas, oficinas, conversas e almoços comunitários. Uma programação que acompanha a requalificação desta rua, que terá passeios alargados e novas árvores plantadas.

Mas Maio está já aí à porta e com ele o festival, este ano focado em expandir os cinco sentidos. Entre os locais que se estreiam no roteiro estão o Jardim do Dragão do Centro Cinetífico e Cultural de Macau, o Jardim do Atelier do Grilo ou o Parque Hortícola Terras de Minas, na Tapada da Ajuda. Em Monsanto, haverá visitas ao Espaço Biodiversidade ao nascer do sol. Conte ainda com poesia somática na Estufa Fria, oficinas de pintura nos Jardins do Palácio Fronteira e uma troca de plantas. No final do Junho, muda o cenário. Os Jardins Abertos acontecem, pela primeira vez, no Porto.

Verde à vista
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Verde à vista

A Rua de São Paulo não é caso único. Menos carros, menos pedra, mais sombra, menos calor. De uma forma hiper-resumida, este será o novo Martim Moniz, praça que há anos aguarda uma requalificação à altura das alterações climáticas e da vida social exigida pelos lisboetas. Espera-se que, em 2026, possamos deitar-nos à sombra de sobreiros, oliveiras, amendoeiras, carvalhos ou amieiros, mas também contemplar folhas exóticas de bananeiras e magnólias. Além das árvores de diferentes portes e da área relvada, a praça terá uma cafetaria, um parque infantil e um anfiteatro virado para o castelo.

Vladimir Djurovic é o nome no centro do novo jardim da Gulbenkian, cuja abertura está programada para Setembro. Dos dois hectares de terreno que alargam o espaço da fundação para sul, uma boa parte será dedicada à floresta, pensada pelo paisagista libanês, com múltiplas inspirações. À japonesa (nacionalidade de Kengo Kuma, que desenhou o novo CAM), garante-se a intimidade entre o jardim, o museu e a rua. E à Ribeiro Telles, que definiu com António Viana Barreto a visão original de percurso dos jardins da Gulbenkian, espera-se a continuidade de um bosque pontuado por clareiras.

Chegou a proclamar-se o nascimento de uma nova feira popular nesta zona da cidade, mas, afinal, Carnide (mais ou menos entre o Centro Comercial Colombo e a Pontinha) vai ter um parque verde, coisa em que muitos já não acreditavam, visto a obra ter estado parada durante dois anos. Em Fevereiro, no entanto, retomaram-se os trabalhos e tudo aponta para que, no final de 2024, aqueles 20 hectares não alberguem muito mais do que plantas. Nos últimos anos, mesmo sem obras, o espaço ganhou perto de 3.000 das cerca de 5.400 árvores prometidas.

Não é novo. Aliás, é bastante velho, de 1742, e mostra evidentes sinais de degradação. É por isso que a requalificação da Tapada das Necessidades, decidida em Março depois de um longo silêncio, vai mudar a vida de Lisboa. Em causa estão 10 hectares de jardins, património botânico de interesse público, uma das maiores colecções de cactos do mundo, lagos, uma estufa do século XIX ou o antigo atelier da rainha Dona Amélia. Nos próximos três anos, sob um investimento de 19 milhões de euros, a Tapada será reabilitada. 

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Rute Barbedo
Jornalista
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Ouvir a floresta
© Charlotte Eckebus

Ouvir a floresta

As florestas estão no centro do trabalho de Evgenia Emets. Artista multidisciplinar, formada pela Central Saint Martins, trocou Londres por Portugal em 2017, um ano especialmente devastador para o património florestal nacional. Os violentos incêndios de Outubro não a deixaram indiferente. “Trabalhei com as comunidades na Serra da Lousã durante os seis meses que se seguiram ao incêndio. Acabei por fazer um documentário, que depois apresentei por todo o país. Num território que está a perder a sua floresta, quis inspirar a comunidade a protegê--la”, afirma.

“Perdemos a referência do que é uma floresta. Temos Monsanto, que é importante para muitas pessoas. Temos o Gerês, um exemplo fantástico. Mas depois o que temos mais? As monoculturas estão a crescer e as florestas a diminuir. E, estruturalmente, Portugal tem muitos terrenos privados, onde as pessoas estão a tomar as suas próprias decisões sobre o que querem plantar e como queres gerir a terra. Por isso é que este é o foco do projecto: tocar as pessoas através de projectos artísticos.”

Depois de Monsanto, Evgenia passou também pela Estufa Fria. Os percursos, pensados para imergir por entre o verde, mas também para ficar a conhecer melhor o património natural da cidade, estão desenhados e prontos a implementar com recurso a códigos QR, basta haver vontade por parte da Câmara Municipal de Lisboa. Entre o final deste ano e o início do próximo, chega um livro com base no trabalho desenvolvido nestes dois espaços e construído para responder à pergunta: porque é que precisamos de proteger as florestas?

Urbem: a floresta Miyawaki trocada por miúdos
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Urbem: a floresta Miyawaki trocada por miúdos

Comecemos pelo conceito, uma invenção japonesa dos anos 1970 – cunhada pelo botânico Akira Miyawaki –, assente na criação de pequenas florestas urbanas, de grande densidade e povoadas por diferentes espécies nativas, com vista à consolidação de ecossistemas dinâmicos em apenas três anos. Por cá, a primeira floresta deste género surgiu na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e há agora quem queira replicá-lo noutros pontos da cidade.

O método Miyawaki está a ser posto em prática no Parque Urbano do Casal Vistoso pelas mãos da Urbem, uma ONG investida em reconectar pessoas e natureza através da criação pequenas florestas dentro da cidade. São 2500 quadrados, onde as oliveiras, a alfazema e um charco são apenas os primeiros passos rumo à reflorestação. Aos sábados de manhã, um grupo de voluntários junta-se ali. O programa pode ir dos concertos e formações, a tarefas braçais como a eliminação de ervas infestantes.

A Urbem não quer ficar por aqui. A Câmara Municipal de Lisboa concedeu-lhe mais 3000 metros quadrados, dentro do mesmo parque. Terreno fértil para mais uma floresta rápida em solo lisboeta.

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Uma horta em cada casa
© Francisco Romão Pereira

Uma horta em cada casa

Há mais de dez anos que as hortas se tornaram parte da vida de André Maciel. Uma missão que resolveu abraçar depois da morte da mãe. “A doença da minha mãe fez-me perceber a falta de acesso que há a alimentos biológicos e orgânicos”, começa por explicar. Viver numa cidade como Lisboa pode ser uma limitação ao cultivo de alimentos em ambiente doméstico, mas este designer quis provar que não é impeditivo. Aliando a área de formação a uma paixão recém-adquirida, dedicou-se a desenvolver soluções para levar a horta para dentro de casa.

O projecto deu os primeiros passos em Setúbal, mas em 2019 mudou-se para Lisboa. A pandemia chegou poucos meses depois e o boom das pequenas culturas caseiras catapultou as Hortas Lx para o sucesso. “As pessoas começaram a pedir dicas, fazíamos directos no Instagram. Um ano depois, tornou-se um negócio. Há três anos que vivo só disto.”

O “disto” tem muito que se lhe diga. Além de soluções para hortas dentro de casa – que podem ir de pequenas culturas de ervas aromáticas na bancada da cozinha aos canteiros instalados em varandas, terraços ou quintais –, e de hortas para empresas, mantidas através de um esforço colectivo, André e a sua equipa também chegam às escolas, onde o cultivo de alimentos serve de ferramenta para aprender português, inglês ou matemática.

UpFarming: uma ONG pela literacia alimentar
© Gregz

UpFarming: uma ONG pela literacia alimentar

Em 2021, a Time Out falava de uma startup portuguesa pioneira, na altura a instalar as primeiras torres rotativas de agricultura vertical da Europa. Dois anos e meio depois, a UpFarming cresceu e ganhou outras ambições. O universo das hortas urbanas participativas está só agora a ganhar expressão, esta ONG quer elevar a fasquia com o foco em projectos de acção social. “A agricultura vertical em Portugal está a dar os primeiros passos e o factor tecnológico é muito importante aqui. O que quisemos fazer foi colocar algo pioneiro ao serviço das comunidades”, resume o co-fundador Tiago Sá Gomes.

A Escola D. Luís da Cunha é um dos projectos em curso. Desafiados a cuidar da própria horta, os alunos ganham novos hábitos alimentares, mais saudáveis, ao colherem muitos dos produtos para consumo na cantina. O excedente é canalizado para o Banco Alimentar Contra a Fome ou vendido às famílias a custos simbólicos. As receitas são investidas em novas culturas. “Neste momento, trabalho quatro ferramentas: horta vertical, horta horizontal, agrofloresta e compostagem. As crianças olham para as nossas hortas verticais com entusiasmo porque as vêem como um gadget e nós tentamos contrapor isso pondo as mãos na terra.”

Em Alvalade, o projecto comunitário, e o único a ocupar o espaço público, também já dá os seus frutos. No Parque Hortícola Aquilino Ribeiro Machado, a horta da UpFarming mobiliza moradores do Bairro das Murtas e do Bairro de São João de Brito e Pote d’Água. “Está a ser um laboratório de boas práticas de agricultura urbana comunitária e participativa. Estamos a conseguir gerar rendimento para as mulheres do bairro, mas também alterar hábitos de consumo”, continua Tiago. No caso, os produtos hortícolas são vendidos no Centro Paroquial do Campo Grande, sempre no primeiro domingo do mês e distribuídos pelos moradores do Bairro das Murtas na forma de cabazes alimentares.

Os melhoramentos tecnológicos não ficam de lado. As novas torres, de origem americana, são mais fáceis de instalar, menos invasivas para o território e vão permitir impactar um maior número de pessoas. Até porque há novos projectos para pôr em marcha. Entre eles, a criação de uma horta vertical no Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa, que permitirá trabalhar na recuperação de doentes e proporcionar-lhes formação certificada (como já acontece com os reclusos da Prisão de Torres Novas).

Outra das ideias no papel é a criação de uma plataforma de fomento de projectos nesta área. Chama-se Lisboa Comestível. “Projectos não faltam, o que falta é um ponto de encontro. Será online e quer criar dinâmicas entre o produtor, o consumidor, pessoas que oferecem o seu espaço, pessoas que distrubuem com as suas cargo bikes. Queremos tornar a cidade mais comestível, mais participada, mais comunitária, e isso vai além de um único projecto.”

LÁ DENTRO

Cuidados Intensivos
© Francisco Romão Pereira

Cuidados Intensivos

Por vezes, levá-las para casa, regá-las e pô-las ao sol não é o suficiente. É preciso haver quem cuide das plantas quando um leigo deixa de dar conta do recado. Chamem-lhes hospitais, enfermarias ou unidades de reabilitação, a missão é mantê-las vivas.

Bonsais de Campolide

Se há seres sensíveis dentro do reino da botânica são estes. De tal maneira que, ainda no final dos anos 90, lhes dedicaram um hospital – que também é hotel, porque também não convém ficarem sozinhos durante muito tempo e os donos tendem a ser zelosos do seu harém. Sandra Caldas é a especialista de serviço. Está aqui há 25 anos e, por estes dias, é quem se encarrega de transplantar os bonsais – a tarefa exige conhecimento e perícia, só pode ser feita na Primavera e representa a terceira função deste espaço (depois de hospital e hotel).

A mudança de vaso tem o seu preceito – as raízes são lavadas e depois novamente colocadas no substracto para que se possam expandir no novo vaso. Um processo que deve repetir-se de dois em dois anos, no caso das árvores mais jovens. A aramação é outros dos processos que por aqui se faz – com recurso a arames, os galhos são moldados. Afinal, tudo num bonsai é sobre estética.

Há exemplares à venda – pinheiros ou sobreiros mais robustos podem facilmente atingir os quatro dígitos –, hóspedes (o alojamento começa nos 75 cêntimos por dia) e pacientes, vítimas de afogamento (o eterno problema da rega excessiva) ou de pragas diversas. O tratamento pode implicar o uso de fitofármacos ou vitaminas para fortalecer a saúde destas árvores de inspiração japonesa.

No Centro de Jardinagem Bonsais de Campolide, coabitam cerca de 30 espécies, quase todas de exterior. São oliveiras, macieiras, romãzeiras, várias subespécies de pinheiros, sobreiros e um imponente ulmeiro (para a escala) com 60 anos de idade. Aos residentes, juntam-se hóspedes a gozar de boa saúde – a época alta é entre Julho e Setembro e, só em Agosto do ano passado, o hotel deu guarida a quase 400 árvores. Na enfermaria, são cerca de 25 os que recebem o merecido tratamento. As melhoras.

Rua de Campolide, 270A. 21 382 7450. Seg-Sáb 10.00-19.00

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Estupha

Já era mais ou menos de esperar que neste santuário dedicado às plantas, ali para os lados de Alcabideche, a enfermaria se escrevesse com ph – enphermaria. Nem só da venda e da manutenção de plantas ao domicílio é feito este viveiro. Aqui, tal como num hospital para gente de carne e osso, faz-se de tudo para restabelecer a saúde de espécimes botânicos. Um serviço também ele dividido em unidades. Na primeira, entendida como medicina botânica geral, avalia-se o estado das plantas que aqui vêm parar e levam-se a cabo tratamentos ligeiros, como mudanças de vaso ou substracto, rega, poda, remoção de folhas velhas, adubação adequada ou libertação de raízes.

A segunda unidade está reservada aos casos que inspiram maiores cuidados. Plantas debilitadas dão entrada aqui, onde a luz, a temperatura e a humidade são ideais e favorecem convalescenças mais demoradas. Remédios e vitaminas também são aplicados nesta ala especial. Chegamos, por fim, à terceira ala, que está longe de ser a menos importante. Afinal, é aqui que tudo começa. Na maternidade, as sementeiras dão origem aos pequenos rebentos.

Mas a Estupha quer evitar que as plantas dêem entrada na pequena ala hospitalar. Para isso, está a trabalhar em perfis ajustados a cada espécie – através de um código QR, qualquer cliente poderá aceder aos cuidados a ter com a sua planta, com uma caixa de comentários aberta para que outros utilizadores possam partilhar as suas experiências. Um dos principais objectivos é evitar a rega excessiva, a principal causa de morte entre as plantas domésticas. Em marcha estão também já os preparativos para lançar aquele que dizem ser “o primeiro seguro de plantas do país”. Logo a seguir, virá um programa de adopção responsável de plantas sem dono.

Rua das Missões, 12. 92 628 8244. Seg-Sex 14.00-18.00, Sáb-Dom 10.00-13.00

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Sintam-se em casa

Rega, exposição solar, o tamanho do vaso ou mesmo a compatibilidade com os animais de estimação – cuidar de uma planta dentro de quatro paredes pode ser um desafio. Aos menos experimentados, recomendamos que comecem por um espécime pouco exigente e fácil de manter, até porque ninguém quer plantas negligenciadas. Temos uma lista para lhe facilitar a vida.

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Monstera deliciosa

Mais conhecida como costela-de-adão, pela forma recortada da folha quando cresce, esta planta do Sul do México requer pouca atenção e cresce rápido – música para os ouvidos dos cuidadores menos presentes e dedicados. Limpe o pó das folhas, regue quando a terra estiver seca no topo e mantenha-a exposta a uma luz indirecta brilhante.

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Pilea peperomioides

É sobretudo conhecida como chinese money plant (possivelmente pelas folhas redondas, a fazerem lembrar moedas). Evite a luz solar directa e fertilize mensalmente nas estações quentes. A planta prefere um solo bem drenado, por isso esteja atento – folhas caídas são sinal de falta de água.

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Calatheas

Crescem em áreas de pouca luz e são famosas pela textura das folhas, ora onduladas, ora listradas ou com padrão zebra. Regue uma a duas vezes por semana no Verão e limpe as folhas – estas mexem-se consoante o movimento do sol para captarem mais luz.

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Phlebodium

Tal como a anterior, o feto azul também tem efeitos ao nível da purificação do ar. O solo deve permanecer húmido, mas não demasiado para a raiz não apodrecer. Uma rega por semana (e fertilizante uma vez por mês) é suficiente.

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Chamaedorea elegans

É considerada uma planta purificadora do ar, tal como o phlebodium, ambas testadas pela NASA na capacidade de filtrarem toxinas normalmente encontradas nos espaços que habitamos, como resinas ou tintas. É uma palmeira de sala (como também é conhecida), que cumpre na perfeição a função ornamental de uma planta de interior. Aguarde até que a superfície do solo tenha secado para regar novamente – se quiser adicionar um pouco fertilizante líquido, faça-o uma vez a cada dois meses.

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Ficus lyrata

É semelhante a uma árvore, por isso, quanto maior é mais bonita fica. Lida bem com situações menos favoráveis e ainda filtra toxinas do ar. O aparecimento de manchas avermelhadas nas folhas pode ser sinal de pouca luz ou excesso de água.

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Zamioculcas zamiifolia

Esta planta originária da África Oriental e tolera a seca ocasional e não quer muita luz. Resumindo, é uma resistente. Regue-a uma vez a cada dez dias na Primavera e no Verão, e a cada duas semanas no Inverno, para não correr o risco de afogar as raízes.

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Vamos às compras

Quer aumentar o agregado familiar e contar com a ajuda de quem mais percebe do assunto? Há lojas que conhecem o reino botânico como a palma da mão e podem sugerir-lhe quais os espécimes que melhor se vão adaptar lá em casa.

D.R.

Planta Livre

O nome Planta Livre há muito que corre de boca em boca. Existe desde 2006 e hoje ocupa uma área com cerca de 40 hectares ali para os lados de Sintra, com viveiros e venda directa de plantas ao público. Mais recentemente, a Planta Livre veio para o meio da cidade. Dentro do 8 Marvila, abriu uma loja, uma espécie de paraíso para todos os botanófilos. As plantas para interiores são um dos fortes da casa, mas aqui encontra de tudo. Espécimes de grande porte para ar livre, acessórios e ferramentas de jardinagem, vasos de cerâmica e artigos de decoração e estacionário – sempre inspirados na botânica. Há ainda jogos para os mais pequenos e uma pequena colecção de vestuário com ilustrações da artista Kruella d’Enfer. Mas a Planta Livre for Home esconde um segredo: um espaço à parte de tudo o resto, onde tem oito tipos de solo e substracto para venda a granel.

Praça David Leandro da Silva, 8. 91 336 3281. Qua-Dom 12.00-20.00

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Duarte Drago

Limbo

O espaço não é grande, mas é suficiente para albergar um incrível mundo pintado de verde na Madragoa. A Limbo é um projecto dos irmãos Tiago e Soraia Silva e de uma amiga, Joana Fernandes, e é por lá que pode encontrar cerca de 200 espécies de plantas já preparadas em vasos de barro fabril e outras cerâmicas de autor. Quando fecha o estaminé, a equipa desloca-se a viveiros para escolher as plantas que vão para a Limbo, uma por uma. É todo um harém de clorofila à espera de ganhar uma nova casa.

Rua do Machadinho, 48. 21 390 1549. Qua-Sáb 11.00-19.00

Gabriell Vieira

Plantome

As plantas e o arvoredo rasteiro, bem ao estilo nórdico, denunciam esta loja nas Laranjeiras. A Plantome tem plantas para todas as casas e jardins e complementa as vendas com peças de decoração, projectos de arquitectura paisagista e de plant styling. Na subcave, há espaço para mais uma data de plantas e é aqui que André e Nuno, pai e filho, criam ambientes que os clientes podem replicar em casa. É nessa área que expõem peças decorativas, quase todas de marcas e artesãos portugueses. Para ajudar à festa, há ainda livros técnicos de botânica. A Plantome também tem loja online, com direito a entregas em casa.

Rua Roberto Duarte Silva, 2A. 21 134 8657. Seg-Sex 10.00-20.00, Sáb 10.00-18.00

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Gabriell Vieira

Plantae

Mais do que uma loja, a Plantae é um atelier botânico que vende e ensina os clientes, que dá assistência às plantas e ainda faz nascer novos espécimes. A zona mais ampla do espaço, logo à entrada, tem muita luz e é onde está a maior parte das plantas e vasos em exposição. Há uma maternidade e uma oficina criativa à disposição dos clientes com terra, vasos e materiais, quer seja para gerar novos rebentos ou para replantar espécies. É uma questão de ficar de olho na agenda de workshops, que podem ir dos cuidados básicos a ter com algumas espécies à pintura de vasos de cerâmica.

Rua Correia de Teles, 63. 21 387 0779. Ter-Sáb 10.00-13.00, 14.00-19.00

José Ferrão/Viplant

Viplant

Por aqui consegue encontrar mais de uma centena de variedades de plantas, o difícil é mesmo escolher e perceber qual se adapta melhor ao espaço para qual a pretende. A Viplant tem um centro de jardinagem em Oeiras, onde o público pode comprar e alugar plantas, vasos, floreiras e artigos de jardinagem. Aqui há plantas de interior e de exterior, para agradar a todos, desde arbustos, herbáceas de flor, fruteiras, trepadeiras ou bolbos.

Avenida Bombeiros Voluntários de Oeiras. 21 440 6590. Seg-Sáb 09.00-19.00

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Natureza viva, natureza morta

Nem só de estudiosos, activistas e empreendedores é feita esta comunidade. Em torno da botânica, gravitam também a arte e a criatividade.

© Francisco Romão Pereira

Comtempo

Arquitecta de formação e dada a explorar montanhas e planícies, Mariana Monteiro quis levar a natureza para dentro de casa, mas não pela via mais óbvia. Cuidar de uma planta pode não estar ao alcance de muito boa gente. Partindo deste pressuposto, encontrou nos espécimes preservados, e nas composições verticais, o elemento que faltava aos refúgios citadinos. Os primeiros painéis nasceram há dois anos, num atelier improvisado dentro de casa. Hoje, a Comtempo é um negócio com porta para a rua, no Bairro das Estadas, em Alvalade. São peças decorativas. Os musgos, ingrediente principal, estão liofilizados – mantêm o viço com recurso a conservantes naturais, mas dispensam regas, podas e outros cuidados. A escala varia quase tanto como as tonalidades de verde usadas por Mariana – pode ir das pequenas molduras de secretária a paredes inteiras, projectadas à medida.

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Aurora Atelier x Sofia Alves

Este jardim é feito de uma matéria diferente. Da criatividade de duas adeptas da botânica nasceu uma colecção de peças decorativas, onde as cores vivas e os desenhos de folhas, flores e caules saltam à vista. De um lado está Sofia Alves, artista visual que não esconde a principal fonte de inspiração – as plantas. Do outro está Mafalda Boavida, uma fotógrafa que, há precisamente um ano, se rendeu aos encantos do tufting, acabando por criar o Aurora Atelier. Disponíveis em diferentes tamanhos, algumas das peças podem ser encontradas na loja Plantae, em Campo de Ourique.

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Paulo Albuquerque

As telas de Paulo Albuquerque estão impregnadas de verde. E se as primeiras pendiam para uma estética expressionista, foi o realismo pictórico a assumir destaque no final do ano passado, na exposição individual “Lugar”, no Lx Lapa. Em comum têm a ideia do espaço verde como local de conforto, seja uma representação de um dos muitos espécimes que habita a Estufa Fria em Lisboa, seja na figura de um dos jardineiros que cuida do Jardim Majorelle, em Marraquexe. O pintor quer agora explorar outros imaginários, nomeadamente paisagens urbanas, sem contudo se dissociar da botânica. No dia 6 de Abril vai estar no Braço de Prata, em mais uma edição do Mercado P’la Arte.

Mais natureza em Lisboa (e arredores)

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