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Carnaval na Avenida da Liberdade
Alberto Carlos Lima, Arquivo Municipal de LisboaCarnaval na Avenida da Liberdade

Dez curiosidades históricas sobre o Carnaval

Todos os anos Portugal celebra o Carnaval. Mas o que sabe realmente sobre o assunto?

Renata Lima Lobo
Rute Barbedo
Escrito por
Renata Lima Lobo
e
Rute Barbedo
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Calha sempre a uma terça-feira, é um feriado (facultativo) móvel e é também a desculpa perfeita para usar aquela roupa há muito escondida no armário ou aquele fetiche estranho guardado no fundo da gaveta. Há muitas teorias sobre as origens do Entrudo, das linhas pagãs às religiosas. Certo é que o Carnaval continua a celebrar-se um pouco por toda a parte e a combinar as mais variadas expressões culturais, exibindo-se através de rituais pagãos que celebram o novo ciclo agrícola ou de biquínis reduzidos em pleno Inverno. É também verdade que a festa foi mudando ao longo dos tempos, mas que nunca perdeu a vontade que dela faz parte: quebrar totalmente a rotina. Fique a saber mais um pouco desta festa onde, de católicos a ateus, supostamente ninguém leva a mal.

Recomendado: Já sabe o que vai fazer aos miúdos no Carnaval?

O Xé-Xé
©AML/Beatriz Chaves Bobone

O Xé-Xé

O Xé-Xé era a personagem principal do Carnaval alfacinha e o seu adereço mais emblemático um chapéu de dois bicos com frases obscenas. Segundo o Arquivo Municipal de Lisboa era uma caricatura da Lisboa miguelista caída em desgraça. E muitas coisas caíram em desgraça desde então, por isso... volta Xé-Xé.

As Cegadas
Joshua Benoliel, Arquivo Municipal de Lisboa

As Cegadas

As Cegadas de Loures, Mafra ou Sesimbra são das tradições mais antigas (centenárias) ainda vivas nas proximidades de Lisboa (na capital, já se perderam de vez). Situação desordenada e provocatória, tal como pede a época, o costume envolve grupos de homens que sobem ao palco para interpretar textos em verso ao estilo das antigas canções de escárnio e maldizer. Normalmente acompanhados por guitarras portuguesas, os cegantes são, assim, os protagonistas desta forma de crítica social à antiga.

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A Dança dos Cus

Provavelmente, já ouviu falar dos Caretos de Podence ou até do Entrudo de Lazarim. Mas conhece a Dança dos Cus? A tradição remonta ao século XIX (há quem defenda que surgiu antes), quando os actores de um grupo de teatro decidiram trazer do palco para o exterior uma valsa sui generis. Ao terceiro compasso, os pares, divididos por duas filas, chocam precisamente essa parte do corpo em que está a pensar e a gargalhada acontece em plena rua. A tradição continua, ano após ano, em Cabanas de Viriato, distrito de Viseu. Na Grande Lisboa, o mesmo movimento acontece em dias de Carnaval, embora a dança seja outra e o nome Dança dos Cus nunca tenha vindo à baila. Ora vá até à Cova da Moura espreitar.

Tambores, batuques e cachupa
Rute Barbedo

Tambores, batuques e cachupa

O Carnaval é uma das festas mais fortes de Cabo Verde e, por isso, há também grandes expressões do acontecimento por cá. Há mais de 30 anos que a Associação de Solidariedade Social do Alto da Cova da Moura organiza um cortejo e baile de Carnaval neste bairro da Amadora, com ligação íntima à história da imigração cabo-verdiana. Aqui, não faltam tambores, batuques, festa, pose para o retrato e, claro, a bela cachupa. Ao longo do dia, desfila-se pelo sobe e desce das ruas com vista para as muitas colinas da Amadora, com o percurso a terminar na sede da associação, onde a dança continua. 

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Os Caretos de Podence
Fotografia: Rosino

Os Caretos de Podence

Já que aqui falámos sobre os Caretos de Podence, vamos então aprofundar. Considerados Património Imaterial da Humanidade desde 2019, eles são a alma do Entrudo Chocalheiro, no município de Macedo de Cavaleiros, Trás-os-Montes, e trazem todo o espírito pagão do Carnaval ao de cima. A dança dos Caretos está intimamente ligada à organização da vida em torno do ciclo agrário e é, por isso, a grande celebração do fim do Inverno e do início produtivo da Primavera. Os chocalhos, as cores vivas, os sustos e os movimentos exuberantes servem mesmo para afugentar o silêncio e a monotonia dos dias frios.

Os Mascarados de Lazarim

Outra grande tradição carnavalesca do país são os Mascarados de Lazarim, no concelho de Lamego. Aqui, o entrudo divide-se em dois momentos, numa espécie de guerra entre homens e mulheres. No quinto domingo antes do Domingo Gordo, os "amigos" percorrem a povoação mascarados e, durante a semana, abundam as carnes sobre as mesas (preparando a abstinência da Quaresma). Já o domingo a seguir reserva-se às "amigas" e ainda vêm o Domingo dos Compadres e o Domingo das Comadres. Os domingos enchem-se, então, de demonstrações de autoridade de cada um dos lados. Mas tudo em solene brincadeira, porque a festa acaba equilibrada e sem violências físicas, asseguram os habitantes. Na terça-feira de Carnaval, manequins ardem numa fogueira pública e lê-se em voz alta o testamento carnavalesco, em que a herança em jogo é um burro. 

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Desde 1252
©Rijksmuseum/Cornelis Galle

Desde 1252

Uma das primeiras referências ao Entrudo (nome que significa “entrada” e que na modernidade foi substituído por Carnaval) no país remonta a 1252. A prova é um registo assinado pelo rei D. Afonso III que se referia às celebrações do calendário religioso.

Pré-Páscoa
DR

Pré-Páscoa

Calha sempre a uma terça-feira e é um feriado móvel. Sabe porquê? A terça-feira de Carnaval antecede sempre a Páscoa em precisamente 47 dias, segundo estipula a Igreja Católica. É o chamado período de Quaresma, altura em que se pede jejum e oração reforçada aos mais devotos. Se for esse o seu caso, dê tudo na terça-feira de Carnaval, porque terá um longo caminho pela frente.

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Mais ou menos feriado
Rute Barbedo

Mais ou menos feriado

É feriado ponto e vírgula: é facultativo, estando dependente de contratos colectivos de trabalho ou da boa vontade do empregador. Habitualmente o Governo Português dá tolerância de ponto à função pública nesse dia, com duas excepções (que nos recordemos): durante a pandemia, em 2021, sob o Governo de António Costa; no mandato de Passos Coelho, em 2012; e no quase reinado de Cavaco Silva, em 1993. Em anos de crescimento económico, a paragem deu azo a muitos protestos, com funcionários a apresentarem-se mascarados nas repartições. Anos mais tarde, na sua biografia política, o ex-líder do PSD fez uma espécie de mea culpa, admitindo um “erro político”. 

Prazeres da carne
Rute Barbedo

Prazeres da carne

De onde vem a palavra Carnaval? Se lhe parece que tem alguma coisa a ver com carne, está muito certo. O italiano carnevale dá a pista mais clara: carnelevare quer dizer "retirar a carne", uma referência ao jejum que se segue à famosa terça-feira de folia. Mas há quem advogue que a origem está antes na expressão carnis levamen, ou seja, o "prazer da carne", marcando-se o momento profano que antecede as restrições da Quaresma.

Quanto à expressão Entrudo, marca uma entrada num novo tempo. Do latim introitus, que significa “entrada”, “acesso” ou “abertura”, entra-se, então, para a triste Quaresma, lá está.

Mais coisas que se calhar não sabe

  • Atracções

Responda rápido, por favor: qual é a pata direita do cavalo de D. José? Se precisa de ir ao Terreiro do Paço confirmar é porque preciso mesmo da nossa ajuda. Aqui na Time Out gostamos de sugerir pratos e restaurantes, mas não somos os melhores do mundo a alimentar as dúvidas. Aliás, se dependesse de nós andava toda a gente com a curiosidade saciada. Há, no entanto, aquelas questões que nos assombram quando vamos no trânsito, aquele ponto de interrogação que paira sobre nós à saída do duche. Se anda com uma pulga atrás da orelha com alguma questão sobre a cidade, talvez a consiga catar por aqui. Ora vejamos curiosidades sobre Lisboa. 

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