
Lojas tradicionais: um cheirinho pelas melhores lojas de chá e café em Lisboa
Nestas lojas há mais do que chá e café. Há biscoitos, chocolates e outras bombas calóricas que valem a pena.
Quando terminar de ler as nossas sugestões é provável que a balança acuse uns quilos extra. Passamos a explicar: é que as misturas de chá e café não seriam as mesmas sem a companhia de bolachas, rebuçados, amêndoas, frutas caramelizadas, doces regionais e outros deliciosos demónios para a linha. Esqueça as preocupações, porque estas casas merecem mesmo uma visita. Grão a grão, ervinha a ervinha, gulodice a gulodice. Siga o nosso roteiro de casas de chá e café à antiga que estão vivas a provar que a tradição ainda é o que era. E ainda bem.
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As melhores lojas de chá e café em Lisboa
Casa Macário
Nos parapeitos das janelas desta casa centenária da Rua Augusta ainda se podem ler as palavras “chá” e “café”, gravadas em placas de bronze. Lá dentro, em cima dos armários, estão sinais luminosos que anunciam “biscoitos” e “chocolates”. Faltam apenas as palavras “vinhos” e “guloseimas” para completar o leque de produtos que aqui se vendem. Conhecidos pelos chás e cafés, tiveram durante vários anos uma torrefacção própria, altura em que recebiam o café em verde, vindo do mundo inteiro, mas continuam a comercializar os lotes da casa, a par de uma aposta em vinhos do Porto, dos séculos XIX e XX, de rebuçados, chocolates e outros doces.
Casa Pereira da Conceição
A loja enche o olho mal se passa da porta, graças à incrível madeira de casquinha dos móveis, estilo Luís XVI. Depois enche as narinas com o aroma a café acabado de moer: o lote da casa é aposta certa, uma mistura de S. Tomé, Angola, Timor e Colômbia, moído na hora. Inicialmente, o fundador importava loiça da China, depois de Alcobaça e só mais tarde outras peças portuguesas, como as da Vista Alegre. Hoje vende a porcelana portuguesa pintada à mão, porcelanas da China e do Japão, chocolates, chás e cafés. E é imperdível.
A Mariazinha
A par do nome (marca registada em 1933), é tudo apetitoso nesta casa de cafés, chás e, espante-se, farinhas de Alvalade. A fachada azul turquesa, os placards informativos com a idade da loja ainda pendurados e as caixas que se enchem de boas amêndoas na Páscoa. No interior, há réclames decorativos: “Só o bom CAFÉ nos dá prazer e alegria”, “Só o bom CHÁ nos conforta e delicia”, “Só nos delicia o que … bem nos sabe” ou “Alimente o seu bébé com farinha Duas Pombas”. Vale a penar entrar e perder-se a olhar para as guloseimas, frutos secos ou o famoso lote Extra de café da casa, 60% arábica, 40% robusta.
A Carioca
Máquinas de moagem, cafés, chás, bolachas, rebuçados e até cafeteiras manuais. Os cafés são torrados numa torrefacção própria nos Anjos (Negrita Cafés), os chás vêm da Índia, Japão, China e Açores (Gorreana), mas aqui também já piscam o olho à modernidade: há lotes da casa vendidos em cápsulas para as máquinas Nespresso – e são bem bons.
Cafélia
As bolachas da Paupério, dentro de caixas de tampa transparente para venda a peso; os vários rebuçados, dos Penhas aos Caramelos; os recipientes com frutos secos, muitos e variados; os cafés, como o lote Marquês de Pombal, o Bar ou o Cafélia, a cevada e a chicória. Dizer que não há espaço para mais uma agulha é mentira, porque na época de Páscoa e do Natal a loja enche-se de amêndoas de todas as cores e sabores. Posto isto, só podemos desejar longa vida à Cafélia.
Casa de Cafés Solposto
A casa remonta a 1949 e as suas montras deixam-se atafulhar por todas aquelas coisas que engordam, o que só pode ser positivo. Por aqui os chás e cafés cruzam-se com os doces regionais e não há como ignorar o soberbo nome de família ao leme do espaço — Solposto — acrescendo o facto de terem feito as delícias ao longo dos anos de um outro clã conhecido, o Lobo Antunes.
Pérola do Rossio
O letreiro luminoso é um dos sobreviventes de um Rossio em néons que o tempo já não traz de volta, assim como as máquinas de moagem de café, para onde entram os grãos torrados do Lote Pérola do Rossio e do Ultramarino, este último feito apenas com cafés vindos de ex-colónias portuguesas. Há chás vendidos a quilo, de misturas pré-feitas ou de sabores escolhidos pelos clientes, há chocolates portugueses e suíços e muitos biscoitos.
Pérola do Chaimite
A idade avançada não impediu a Pérola do Chaimite de continuar a apostar na divulgação e venda de produtos à moda dos tempos de hoje. Tem um delicioso site – e por delicioso entenda-se uma montra das dezenas de produtos gulosos que vende – e continua a trazer ao centro da cidade uma série de marcas, como os famosos bolos da Casa Gregório, em Sintra, o vinho de Carcavelos, os caramelos El Casario ou os rebuçados Diamante. Isto sem entrar na extensa lista de cafés de São Tomé e Príncipe, Colômbia ou Nicarágua e dos chás e tisanas que lhe deram fama ao longo dos anos e, pela popularidade do sítio, continuam a dar.
Café A Brasileira
A Brasileira tornou-se um sítio de passagem e ponto de encontro, com a estátua de Lagoa Henriques a provocar selfies de turistas ao colo de Fernando Pessoa. Mas ainda por ali paira alguma da mística do lugar, palco de tertúlias intelectuais da geração de Orpheu, a justificar uma reconciliação. Isto para não falar de ser obrigatório carimbar no passaporte de todos os lisboetas com um café ao balcão, vindo do lote da casa. Lote esse que pode levar consigo, já que A Brasileira continua a apostar na venda embalagens de café. Um clássico.
Casa da Selva
Já se chamou Pérola da Selva, na Travessa das Águas Boas, a primeira morada. O nome mudou desde que inaugurou na Estrada de Benfica, em 1967, e há 20 anos que o homem do leme é Manuel Silva. É precisamente a simpática família Silva que encontra a vender cafés, vindos das torrefações alfacinhas Negrita e Flor da Selva, chás, chocolates, bolachas, mel, bombons e um número sem fim de doces. Tudo uma perdição.
Para aconchegar os dias mais frios
Como fazer café de especialidade em casa
Se é apreciador de cafeína, mas não se contenta com o café de máquina das grandes marcas no mercado, há uma alternativa simples que pode alegrar-lhe os dias nestes tempos de pandemia. Existem, na cidade, várias lojas de café de especialidade e torrefactoras que tratam os grãos de café com a devida responsabilidade e delicadeza. Depois de lhe dizermos como dar os primeiros passos na arte do pão, desta vez fomos falar com especialistas e baristas que partilharam connosco a arte de bem-tirar um café, as suas técnicas e diferentes receitas. Há métodos tradicionais para fazer café em casa, como a cafeteira italiana ou o French Press, ou outros mais complexos como o Aeropress e Sifão, que precisam de equipamentos especializado. Aventure-se e teste as suas qualidades de barista no conforto do lar.
Os melhores sítios para beber chocolate quente em Lisboa
Cremoso, mais líquido mas intenso, com ou sem chantilly por cima, quente e bem docinho. Se o que lhe aquece realmente a alma (e as mãos) é o chocolate numa versão líquida, esta é a altura certa para correr as capelinhas todas em busca de uma chávena de chocolate a fumegar e colocar a gulodice em dia. Aqui damos-lhe uma lista de sítios para beber chocolate quente em Lisboa com um grau de cacau mais ou menos elevado, com rum e até com licor de laranja. Mais ou menos doces, estas canecas são um tiro certeiro para curar todos os males.