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©Inês Félix

Lojas históricas em Lisboa: velhas e boas

De cafés a drogarias, batemos à porta de alguns dos maiores clássicos da cidade. As lojas históricas de Lisboa são histórias de resistência.

Escrito por
Editores da Time Out Lisboa
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Que as paredes contam histórias suspeita-se ainda antes de existir o fado. Mas também há que ouvi-las das bocas dos ourives, pasteleiros, funcionários de cafés, lojas de ferragens, tecidos, cerâmica e outros quejandos. Na volta aos espaços centenários que marcam a identidade lisboeta, passa-se ainda por marinheiros, reis, bandidos, poetas e revolucionários. E dos relatos chegam receitas milenares, artes rigorosas e até cheiros vindos do outro lado do planeta. Corremos a cidade e atravessámos séculos, para fazer um roteiro de 48 grandes lojas que continuam a servir bem e à antiga, porque o que é clássico é bom. A viagem começa em 1741 com a Fábrica Sant’Anna e termina no espaço histórico do Armazém das Malhas, aberto desde 1962.

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Lojas históricas em Lisboa: velhas e boas

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  • Arte, artesanato e passatempos
  • Alcântara

Tem montra no Largo Barão de Quintela desde 1916, mas o centro nevrálgico deste maduro negócio mora na Ajuda. Aí, a cada passo que damos, numa das mais antigas fábricas de azulejos e faianças artesanais da Europa, encontramos uma história aos quadrados que está longe de ser banda desenhada. Inaugurada em 1741 na Rua de Sant’Anna à Lapa, mudou-se para a Junqueira quando a Avenida Infante Santo rasgou a fábrica ao meio. Nos anos de 1930 instalou-se na Ajuda, onde ainda funciona hoje, também como loja (além da do Barão de Quintela, com entrada pela Rua do Alecrim, e de onde estiveram quase para ser despejados, em 2015). Aqui tudo se cria através do uso de técnicas ancestrais e processos artesanais, da modelação à cozedura. Tanto pode encomendar um azulejo com padrões do século XVI, painéis de azulejos e faiança, encomendar um restauro ou mesmo frequentar um workshop de azulejos. Estará a aprender com os melhores.

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  • Santa Maria Maior

A mesa onde Fernando Pessoa escreveu muitos dos seus poemas continua reservada para o poeta, mas todas as outras estão disponíveis para se provarem pratos típicos portugueses. Neste café-restaurante servem-se pastéis de bacalhau, peixinhos da horta, amêijoas à Bulhão Pato, arroz de pato, bacalhau à lagareiro ou o bife à Martinho. Volta e meia, regressam os programas de tertúlia e há programação especial, com ênfase nas artes e literatura.

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Leitaria Académica (1787)
DR

3. Leitaria Académica (1787)

Foi aqui, no Largo do Carmo, que se gritou "Vitória!" e que Portugal fez a curva para uma nova era. Se não se lembram, é vir e sentir o cheiro ainda fulguroso a cravos, a emanar desde o 25 de Abril de 1974. Já nesse dia, a Leitaria Académica servia bicas e meias de leite, quase 200 anos depois de ter começado a verter leite fresco directamente para os recipientes do povo. Mesmo em frente ao Convento do Carmo, hoje, a esplanada é um refúgio à sombra de jacarandás, super concorrida e animada — costuma contar com a música ao vivo de bandas que já se tornaram clássicos da rua lisboeta, como os Guents dy Rincon.

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Rute Barbedo
Jornalista
  • 5/5 estrelas
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  • Decoração
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Esta oficina é tão velhinha, tão velhinha que o nome sobreviveu a quase todos os acordos ortográficos. Anterior à chegada da electricidade a Lisboa, vai na sexta geração da família Sá Pereira. O alvará para a sua abertura exigia que a loja tivesse duas tochas acesas à noite para iluminar a rua, numa altura em que a cidade era bem mais escura quando o sol se punha. Nesses tempos, as velas eram de sebo, o que emanava um cheiro pouco simpático. De França, o fundador Domingos de Saa Pereira de Mello trouxe a técnica de fabricar velas com cera de abelha, ainda hoje o ex-líbris da casa, perdão, caza. Há velas para todos os gostos e orçamentos, mas nem só de cera vive o negócio. Aqui ainda se fazem pavios para lamparinas de azeite.

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  • Bairro Alto

Sabe o que se faz numa latoaria? Entre nesta e saia com a lição toda estudada. História não lhe falta. Em 2015 fechavam-se as portas da famosa Casa Maciel na Rua da Misericórdia. Margarida Gamito, da sétima geração de proprietários, tinha dois caminhos: conformar-se com o fim de mais de dois séculos de história ou dar novo fôlego à casa que o pai lhe tinha confiado. Prevaleceu a segunda opção, claro. Até porque não havia como resistir a ser a primeira mulher à frente do negócio. A Latoaria Maciel está instalada no renovado Mercado do Bairro Alto, hoje Mercado dos Ofícios.

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  • Cafés
  • Baixa Pombalina

Foi a confeitaria que trouxe o bolo-rei para Portugal, uma receita que se mantém inalterada desde 1875 e que continua a ser motivo de romaria por altura do Natal. Nesse ano, já a casa fundada por Balthazar Roiz Castanheiro funcionava há 46 anos e, seis gerações passadas, continua a cargo da mesma família. Nesta casa, localizada na Praça da Figueira, pode bebericar um chá e decidir-se entre algumas das especialidades, como pastéis de nata, duchesses ou enfarinhados (massa de amêndoa envolvida numa boa camada de açúcar em pó).

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  • Museus
  • Infância
  • Santa Maria Maior

Admite bonecas para internamento, faz diagnósticos, operações, endireita pernas e braços e até transplanta olhos. Quando é declarado o óbito, vão directas para a morgue e tornam-se dadoras de órgãos. Aqui também se confeccionam e reparam as roupas das bonecas e, noutra oficina, fazem-se lavagens profundas de peluches.

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  • Grande Lisboa

Foi neste estabelecimento que se vendeu pela primeira vez ginjinha em Lisboa (e no mundo) graças à visão do galego Espinheira, que em 1840 experimentou fermentar ginjas dentro de aguardente, juntando açúcar, água e canela. Obrigado, Sr. Espinheira.

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  • Restaurantes
  • Santa Maria Maior

Começou por ser uma casa de pasto fundada por Agapito Serra Fernandes (que também criou o Bairro Estrela d’Ouro, na Graça), tio-avô da co-proprietária Dolores Fernandes. Supostamente, Agapito teria um remoinho no cabelo em forma de estrela. É uma teoria, mas a realidade é que neste restaurante com seis divisões em madeira há outras boas estrelas: O ambiente de tasca e os pratos tradicionais como o bacalhau à Brás ou a carne de porco à alentejana. Um dos clientes frequentes é o maestro António Victorino d’Almeida.

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  • Joalharia
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Seis gerações, duas remodelações, uma delas projectada por Cassiano Branco, e muitos diamantes pelo caminho. Esta ourivesaria tem história que não acaba, a par de peças e serviços que já são raros nos dias que correm. Há sempre um avaliador na loja e uma notável colecção de móveis-faqueiro.

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  • Santa Maria Maior

Foi baptizada em honra do príncipe que a visitou e é um raro exemplar de tabacaria de finais do século XIX. Fundada em 1875, vende tabaco, jornais e revistas nacionais e internacionais e apresenta uma decoração naturalista única, que inclui pinturas e azulejos de Rafael Bordalo Pinheiro. Mesmo que não fume, vale a pena ver com os próprios olhos. Já agora, aproveite e compre a revista Time Out.

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  • Chiado

Da mesma maneira que, quando queremos loiça a sério, vamos à Vista Alegre, quando queremos ir à Vista Alegre, escolhemos, de preferência, a loja do Chiado, onde a marca se encontra desde o século XIX. Tudo o que faz desta uma das mais históricas e carismáticas marcas portuguesas está aqui: as peças assinadas por artistas portugueses, as colaborações com a Lacroix, as edições comemorativas, os cristais da Atlantis e o serviço de personalização de peças. Deseja mais alguma coisa?

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  • Baixa Pombalina

Se é para encomendar uma bandeira como deve ser – por exemplo, uma bandeira nacional com castelos em vez de pagodes – este é o sítio. Foi da Primeira Casa das Bandeiras que saíram as primeiras duas bandeiras da República Portuguesa, para gáudio do republicano fundador da casa, António de Almeida Cardoso.

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  • Acessórios
  • Santa Maria Maior

Durante décadas, foi esta a chapelaria que ditou a moda em Lisboa. Do rei D. Carlos a Fernando Pessoa, todos saíam de lá bem embarretados. No final do século XX, a Azevedo Rua aumentou a oferta para as mulheres. Pena que hoje em dia os chapéus já não sejam assim tão usados como no tempo da Canção de Lisboa. Mas se quiser compor o cenário aqui também há luvas e bengalas.

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  • Chiado

Podemos dizer que esta loja está para o Chiado como as pirâmides estão para o Egipto. A Paris em Lisboa é o reduto de um Chiado que já não existe, viveu ainda na era de sua majestade, assistiu às duas grandes guerras e à revolução, viu o fogo ao fundo da rua e foi-se moldando à passagem do tempo. No início, era loja e confecção, recheada das mais luxuosas importações parisienses, tinha 60 costureiras, uma modista francesa e uma freguesia que abarcava toda a nobreza da época, incluindo a própria rainha D. Amélia. A cidade e o país levaram uma reviravolta e a Paris em Lisboa especializou-se no tecido a metro até ao final dos anos 70, altura em que a chamada secção dos brancos passou para a linha da frente. Os lençóis e as toalhas mantêm-se até hoje. Os turistas são quem mais vibra da porta para dentro (afinal, todo o mobiliário da loja continua a ser o original), se bem que os lisboetas fiéis à casa continuam a aparecer.

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  • Santa Maria Maior

Além de uma cortadora de presunto, datada de 1923, aqui encontra um pouco de tudo do melhor que há, do bacalhau da Islândia e da Noruega aos queijos. Este espaço tornou-se Manteigaria Silva em 1956, mas começou por ser o matadouro que abastecia a Praça da Figueira. E histórias há muitas, como a restrição à compra do bacalhau após o 25 de Abril. Numa notícia do jornal O Dia, de 1977, aparece um dos funcionários a vender bacalhau com um polícia ao lado.

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  • Santa Maria Maior

Foi fundada pelo avô dos actuais proprietários, mas a venda daquela ginjinha para aquecer o coração nos dias mais frios, com ou sem elas, quase que acabou nesta pequena loja instalada num edifício que virou hotel. No entanto, o povo manifestou-se em força contra o fecho e não há rival que acabe com ela.

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  • Perfumarias
  • Baixa Pombalina

Quem diria que a loja que vende as famosas toucas às flores já tem mais de 120 anos? Nada mal. Ao contrário dos velhos negócios familiares que passam de pais para filhos, entre os três proprietários que a Drogaria Oriental já teve, não há qualquer parentesco. Nas prateleiras mantêm-se as especialidades da casa e não há grande superfície que lhes faça sombra. São escovas de fios de seda, sabonetes Ach. Brito, cremes Benamôr, perfumaria avulsa (ainda com os frascos antigos) e, claro, as toucas que um dia Cristina Ferreira descobriu e que, depois disso, começaram a sair que nem pão quente para todos os pontos do país. E o balcão é mesmo o original.  

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Espingardaria Central A. Montez (1902)
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  • Santa Maria Maior

A original montra em pedra com gravações a preto, criada em meados do século XX, chama a atenção dos menos belicistas, até porque aqui também há ténis, mochilas ou casacos da ASICS. Se for mais adepto do MacGyver há canivetes suíços de vários tamanhos: um pequeno fica-lhe por 30€ e não o deixa ficar mal. Foi nesta loja que em 1908 Manuel Buíça comprou a Winchester que matou o rei D. Carlos.

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  • Sapatos
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A loja é do início do século passado, mas toda a decoração parou no final dos anos 40. Recentemente, uma pequena sociedade comprou a sapataria ao neto do fundador, mas este continua a ser um negócio familiar: João e a mulher Alexandra Lourinho, mais Sofia Lourinho (irmã de João) e o marido, Denis Dâmaso, abraçaram o negócio dos sapatos e mais tarde juntaram-se outros sócios fora do núcleo familiar. É que a casa está em expansão, tem mais uma loja na Rua do Carmo, outra em Campo de Ourique e outra no Funchal. Todos os sapatos são feitos à mão em Portugal e os fornecedores são os mesmos. A decoração é de origem. Modernizaram o logotipo, aspiraram as caixas de sapatos dos anos 50 que decoram as paredes, forraram os sofás, poliram o chão e abriram, no antigo armazém da porta ao lado, a Shoes You by Sapataria do Carmo, porque a loja original era pequena.

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  • Restaurantes
  • Cafés
  • Chiado

A Brasileira tornou-se um sítio de passagem, ponto de encontro, mas também monumento, com a estátua de Lagoa Henriques a provocar selfies de turistas ao colo de Fernando Pessoa. Mas ainda paira aqui alguma da mística do lugar, palco de tertúlias intelectuais da geração de Orpheu, a justificar uma reconciliação. Isto para não falar de ser obrigatório carimbar no passaporte de todos os lisboetas com um café ao balcão, vindo do lote da casa.

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  • Baixa Pombalina

Em português significa no Pequeno Pintor, nome que está ligado à história desta papelaria que é também galeria de arte. O próprio dono, José Dominguez, expõe aqui os seus trabalhos e guia quem entra numa viagem pelo tempo. Fala de antigos clientes (de Cesariny a Real Bordalo) e revela o espólio acumulado com o sonho de aqui erguer um museu recheado de incontáveis artigos antigos, dos afias aos papéis de carta. Se quiser fazer uma encadernação a sério, em pele, é aqui que tem de vir.

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  • Chocolates e doces
  • Baixa Pombalina

Nos parapeitos das janelas desta casa centenária da Rua Augusta ainda se podem ler as palavras “chá” e “café”, gravadas em placas de bronze. Lá dentro, em cima dos armários, estão sinais luminosos que anunciam “biscoitos” e “chocolates”. Faltam apenas as palavras “vinhos” e “guloseimas”
 para completar o leque de produtos que aqui se vendem. Conhecidos pelos chás e cafés, tiveram durante vários anos uma torrefacção própria, altura em que recebiam o café ainda em grãos verdes, vindo do mundo inteiro, mas continuam a comercializar os lotes da casa, a par de uma aposta em vinhos do Porto, dos séculos XIX e XX, de rebuçados, chocolates e outros doces.

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  • Baixa Pombalina

Quando se pensa na rua das retrosarias em Lisboa, vem de imediato à cabeça dos lisboetas esta loja, a lindíssima fachada em tons de azul, a decoração Arte Nova e o letreiro ainda escrito à moda antiga onde se lê Retrozaria Bijou. Lá dentro, apesar de as lãs dominarem boa parte da oferta – estão as revistas espanholas Katia para consulta de modelos –, ainda se encontram botões, fitas, bordados, sedas, missangas e outras contas, que somam milhares de referências. E pode fotografar à vontade a máquina registadora centenária que ela está bem habituada aos flashes.

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  • Papelarias
  • Chiado/Cais do Sodré

Na fachada, inscrições na pedra ou uma placa de metal onde se lê “vendem-se estampilhas e mais fórmulas de franquia de correios e telegraphos”. Hoje encontra aqui tabaco, artigos de papelaria, imprensa, postais para os turistas e bilhetes para espectáculos da ZdB. A loja está quase igual ao dia da sua inauguração, mantendo o interior em madeira. Lá dentro, escondidas numa parede, estão pequenas gavetas onde se guardavam as lotarias dos clientes que jogavam números certos.

  • Bares
  • Pubs
  • Cais do Sodré
  • preço 1 de 4

Inspirado nos concorridos pubs britânicos, foi fundado em 1919, tornando-se mais tarde ponto de encontro de artistas, entre eles José Cardoso Pires, que o lembra em 1997 no seu livro Lisboa. Livro de Bordo. O bar, que também serviu de cenário para o premiado filme A Cidade Branca (1983), de Alan Tanner, sobre um marinheiro que desembarca em Lisboa, distingue-se pelo relógio do século XIX cujos ponteiros giram ao contrário.

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  • Restaurantes
  • Cafés
  • Avenidas Novas

Entrar na pastelaria mais clássica desta zona é como regressar aos anos 20 (ou assim o imaginamos). Há pinturas dos jardins de Versailles de Benvindo Ceia e vitrais de Ricardo Leone, num projecto da autoria do arquitecto Norte Júnior. Os tectos são trabalhados, os espelhos convocam a Art Nouveau e há candeeiros de cristal, motivos mais que suficientes para se sentir à vontade para comer um saboroso croquete de faca e garfo. Se quiser faça o mesmo com um palmier.

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  • Floristas
  • Chiado
  • preço 2 de 4

“Ó Virgílio, você tem um pequeno jardim, mas as suas flores nunca acabam.” A frase é de Vasco Santana e Virgílio foi o penúltimo proprietário, antes de Elisabete Monteiro, a actual, comprar o negócio. É um dos mais raros exemplos de lojas de vão de escada em Lisboa e chegou a ser famosa entre os artistas dos teatros vizinhos, como Beatriz Costa ou mesmo Josephine Baker.

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  • Santa Maria Maior

No ziguezaguear obrigatório que é atravessar a Rua das Portas de Santo Antão – “No, thanks”, “Non, merci”, Não, obrigada, já almocei!” – há uma porta que muitas vezes fica esquecida, mas que merece ser transposta: a das Ferragens Guedes. Ícone da rua, fundada pelo avô de José Guedes, é especializada em ferragens para móveis de estilo e batentes de portas. Mas tem de tudo um pouco, desde dobradiças a terminais de varão, de fechaduras a números de porta. “Temos nove mil e tal referências, temos os nossos moldes, alguns do tempo do meu avô e outros que fazemos." Feito o molde, é sair para a fundição.

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Sempre foi e continua a ser a única loja em Lisboa especializada em luvas de pele. E não convém julgá-la pelo tamanho. Apesar de não caberem mais de três pessoas do lado de cá do balcão, é paragem obrigatória para quem procura um par de luvas com a qualidade de antigamente, para não falar nas mordomias do atendimento. Quem experimenta luvas, tem direito a uma almofadinha para apoiar o pulso. A casa abriu em 1925 e desde essa altura que mantém a produção própria. Aqui, cor não é problema: cor-de-laranja, amarelas, turquesa ou cor-de-rosa, há mesmo luvas de todas as cores.

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  • Português
  • Avenida da Liberdade

Velhas, nem vê-las. O nome remete para as origens do restaurante, uma casa de pasto com mesas corridas e com uma equipa de mulheres a servir. Mais velhas, pois claro. A casa que chegou a passar pelas mãos de um antigo campeão de luta livre chamado Manuel Gonçalves tem hoje ao leme o casal Guadalupe e José Gonçalves, filho do anterior proprietário que pegou n’As Velhas na década de 80. E a comida e o que lhe chega à mesa faz valer cada euro que lhe cair na conta. Sejam os rojões com castanhas, o tamboril à Bulhão Pato, os peixinhos da horta ou o bacalhau no forno à moda da casa. Tudo se desfaz na boca e transpira a paixão que Teresa Domingues e Sabrina Bento têm pela cozinha, enquanto a arte de servir fica nas mãos de Paulo Pinto e Joaquim Santos. “Para nós são família”, defende Guadalupe, enquanto se alonga na descrição das horas de muito trabalho e correria no turno do jantar, mas sempre acompanhada pela boa disposição destes funcionários. Já a ementa, garantem-nos, é quase directamente proporcional ao gosto dos clientes: a equipa estuda as reacções de quem se senta à mesa e só fica na carta o que é provado e aprovado por quem visita esta velha casa.

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  • Joalharia
  • Santa Maria Maior

Tudo brilha nesta joalharia com marcas de luxo, mas nada tema: por 20€ consegue comprar um par de brincos. Os turistas são quem mais visita a loja, mas também aqui chegam casais nativos em busca da aliança perfeita, ao estilo 007. É verdade, uma cena do filme 007 - Ao Serviço de Sua Majestade (1969) foi gravada aqui, num momento raro em que Bond compra uma aliança de casamento à futura Tracy Bond. Hoje, as jóias já não são feitas na casa, encomendam-se a oficinas parceiras. Mas se quiser ter uma ideia da arte que aqui se produzia, da próxima vez que for a Braga olhe bem para o sacrário da Igreja do Bom Jesus.

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  • Lojas de bebidas alcoólicas
  • Baixa Pombalina

Nas mãos da mesma família desde a dia de abertura, a Garrafeira Nacional, que nos últimos anos estendeu os seus tentáculos a mais duas lojas em Lisboa (a GN Cellar, na Baixa e ao Mercado da Ribeira), continua a ser o sítio certo para descobrir vinhos caros, comprar os mais correntes, as bebidas espirituosas, os licores, tudo. Tem tanta oferta, muita dela rara, que existe mesmo um museu com garrafas especiais, tanto portuguesas como estrangeiras, visitável na loja original da Rua de Santa Justa. Não pense porém que tudo aqui está coberto de pó. Antes pelo contrário: até avaliam (e podem comprar) garrafas que tenha em stock.

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  • Santa Maria Maior

Atire-se à variedade conserveira desta loja que vive na Rua dos Bacalhoeiros há anos e está, ela própria, muito bem conservada (a piada impunha-se). As prateleiras de madeira forradas a coloridas latas de conservas convidam à compra das marcas exclusivas da casa, a Tricana, a Prata do Mar e a Minor, e há um banco de madeira que promove o convívio entre clientes e moradores. Na Conserveira de Lisboa vendem-se as latas a clientes, a grossistas escolhidos a dedo e a negócios mais pequenos, como mercearias e outras lojas, que permitem manter a qualidade dos produtos.

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  • Castelo de São Jorge

Aqui está uma loja com muito cabedal. E com muitas solas, fivelas, ferramentas, cordões e botões. A Casa Forra tanto pode dar uma nova vida aos seus cabedais, deixando malas, carteiras ou sapatos nas mãos de profissionais, como fornecer-lhe tudo o que precisa, desde matéria-prima a acessórios e produtos, para abraçar um projecto curtido.

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  • Santa Maria Maior

“Tudo o que é produto da nossa área fazemos questão de ter.” A frase, dita pelo Sr. António, gerente de uma das drogarias mais populares da cidade, não tem um pingo de exagero. Quem se abastece de champôs, vernizes, cremes na São Domingos sabe que as prateleiras estão forradas literalmente até ao tecto de frascos e boiões e que dificilmente a resposta será “não tenho” a qualquer pedido que se faça. Vendem todo o tipo de cosméticos capilares e corporais, os químicos que ainda são permitidos por lei, como os branqueadores para roupa ou a soda cáustica e, explica António, “também nos especializámos em produtos vocacionados para pessoas africanas.” Daí que não passe uma única hora sem que a loja esteja a rebentar de clientes de todos os credos e etnias.

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  • Alimentos especializados
  • Bairro Alto

Experimente passar dez minutos encostado ao balcão desta pequenina
loja de cafés e chás do Chiado
 e veja quantos turistas
 entram encantados com as preciosidades da montra, abrem a boca de espanto com as máquinas de moagem de café e saem com sacos cheios de,
 lá está, cafés, chás, bolachas, rebuçados e até cafeteiras manuais. Os cafés são torrados numa torrefacção própria nos Anjos (Negrita Cafés), os chás vêm da Índia, Japão, China e Açores (Gorreana), mas aqui também já piscam o olho à modernidade: há lotes da casa vendidos em cápsulas para as máquinas Nespresso – e são bem bons. Desde 2020, também andam por cá pastéis de nata veganos.

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  • Santa Maria Maior

O selo está longe de ser um bem de primeira necessidade, mas esta loja, além de histórica, está na primeira fila das que tem de conhecer. Fundada por Augusto Molder, pai do conhecido fotógrafo Jorge Molder, o ritmo a que a clientela entra já não é o de antigamente. Num dia bom, podem chegar a uma dúzia. Em dias menos convidativos, não passam dos três. Mas a casa também se ajustou ao ritmo dos novos tempos. Deixou de ter moedas e obras de arte, como no início, foi dispensando os mais de 20 empregados e desistiu de acompanhar as grandes edições internacionais. Vão chegando as novidades dos CTT, fora o espólio de milhões de selos distribuído por várias salas. Para Cármina, que conhece cada classificador (álbum de selos) de cor, só há uma certeza para o futuro: a loja ainda vai virar museu.

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  • Avenidas Novas

A idade avançada não impediu a Pérola do Chaimite de continuar a apostar na divulgação e venda de produtos à moda dos tempos de hoje. Tem um delicioso site – e por delicioso entenda-se uma montra das dezenas de produtos gulosos que vende – e continua a trazer ao centro da cidade uma série de marcas, como os famosos bolos da Casa Gregório, em Sintra, o vinho de Carcavelos, os caramelos El Casario ou os rebuçados Diamante. Isto sem entrar na extensa lista de cafés de São Tomé e Príncipe, Colômbia ou Nicarágua e dos chás e tisanas que lhe deram fama ao longo dos anos e, pela popularidade do sítio, continuam a dar.

  • Restaurantes
  • Cafés
  • Lisboa

A história do comércio lisboeta não se conta apenas na Baixa da cidade. Em Campo de Ourique está instalada uma pérola da pastelaria alfacinha, onde encontramos muita gente do bairro, a par de franceses, ingleses e espanhóis. A visita começa a valer a pena mesmo antes de entrar, num edifício brindado com uma montra em ferro e decorado a azulejos. Apesar do nome, o que começou por ser apenas uma padaria hoje confecciona também pastelaria e refeições, de filetes de pescada a febras de porco panadas. São mais de 40 funcionários a trabalhar na Panificação Mecânica, nem todos ao balcão. Rute faz-nos o favor de posar para a fotografia e vende-nos quatro deliciosos mini-croissants de doce de ovo e canela, um delicioso exemplo do que pode levar para casa.

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  • Princípe Real

Lençóis mais brancos não há e esta loja que o diga. Em tempos já satisfez os caprichos de clientela bem mais selecta, dos Kennedy a casas reais por toda a Europa. Também vende toalhas, camisas de noite e aqueles vestidos para baptizar crianças indefesas. Tudo imaculado e bordado ao gosto do freguês.

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  • Livrarias
  • Chiado

Este mundo é uma livraria dedicada à venda de gravuras. No Mundo do Livro, encontra uma sala com cerca de 400 gravuras originais e que são o principal negócio da casa e ao longo dos três andares há tesouros sem conta. Mas um é especial. O Livro do Menino Deus, de Aquilino Ribeiro, corrigido à mão pelo autor para resultar numa edição do Mundo do Livro chamada Sonho de Uma Noite de Natal (1956).

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  • Mercearias finas
  • Benfica/Monsanto

Localizada na Estrada de Benfica, longe do rebuliço do centro, fica a apenas 8 km do coração de Lisboa e vale muito a pena a visita, não só pela qualidade do que aqui se vende, mas também pelo atendimento de Sérgio e Rita Solposto. É este o incrível nome da família que pegou no negócio há uma geração. A mãe de Sérgio, Pureza Lopes Calçada Solposto (assim completo, um dos melhores nomes da nossa praça), é uma antiga funcionária que comprou a loja ao antigo proprietário, o Sr. Laço (mais um apelido vencedor), e é ainda a dona do negócio fundado em 1949. Na loja encontramos caixas que guardam tradicionais biscoitos portugueses, dos ésses tipo Azeitão a umas invencíveis bolachas de limão. Essencialmente, vende-se a granel, café incluído. É torrado a lenha todas as semanas na Flor da Selva, pequena torrefação na Madragoa, e a ele juntam-se na loja frutos secos, figos do Algarve, licores, broas, deliciosos bombons, tudo do mais gourmet que há, arrumado ao milímetro. São 1300 produtos diferentes, o que faz da Solposto uma espécie de dispensa dos nossos sonhos.

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  • Chiado/Cais do Sodré

Lembra-se quando era pequenino e ia todos os anos ao fotógrafo registar o crescimento com cenários incríveis em fundo? Adriano Filipe, o dono da Fotografia Triunfo, que começou a aprender o ofício com apenas 12 anos com Américo Tomás da Silva, o fundador da casa, ainda faz lembrar esses tempos. E na loja conserva muitas memórias e geringonças que tem para expor e vender, estando mesmo a preparar a loja que irá acumular funções como museu, graças à colecção de máquinas de todos os formatos, feitios e épocas que decoram o espaço, sem contar com o acervo fotográfico com imagens de Natália Correia, Henrique Viana ou de um jovem António Costa. Lá dentro, um camarim para os preparativos e um lamento: “Antigamente, estava aqui rodeado de fotógrafos e havia trabalho para todos”, desabafa Adriano. Por estes dias, clientela procura-se.

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  • Restaurantes
  • Bairro Alto

Foram Júlio e Maria José de Barros Evangelista que abriram o negócio e, décadas depois, ele continua em família. Localizado no Bairro Alto, o restaurante e casa de fados A Severa aposta em jantares à luz das velas, na gastronomia tradicional portuguesa e no talento de fadistas como Lina Santos, Natalino de Jesus ou Nadine.

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  • Avenida da Liberdade/Príncipe Real

É a maior e mais antiga loja do mundo especializada em azulejos originais. Verónica Leitão é a terceira geração da família a abraçar o negócio que inclui um número infindável de azulejos portugueses dos séculos XV a XIX, painéis originais, como o Painel dos Saltimbancos que nasceu no século XVIII na Quinta dos Anjos de Carnide (por 8200€ é seu), muita porcelana das Caldas da Rainha, colunas em talha, portas, peças de exterior, um cantinho Bordalo – tudo, enfim, o que Manuel Leitão, filho do fundador, acredita ser a alma de um povo. “Não estamos a vender, estamos a transmitir conhecimento e peças a gerações futuras”, defende. E é seguro comprar aqui azulejos: “Não compramos em pequenas quantidades, porque podem ser azulejos roubados. Tudo o que compramos é reportado à polícia”, explica Verónica. Se quiser um bonito azulejo, por 10€ vai bem servido.

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  • Chiado/Cais do Sodré

Impossível falar de boas padarias sem falar da Panificação São Roque. Foi fundada em 1961 e fez a fusão de várias padarias mais pequenas espalhadas pelo Bairro Alto. Tem hoje uma fábrica de pão e de bolos, sete pastelarias e um depósito de pão. A mais bonita é a Padaria de São Roque, uma das mais antigas da cidade ainda de portas abertas. Ocupa parte do antigo Palácio dos Salemas, demolido em 1883 e o edifício onde funciona é posterior a 1899. Clássicas são também as fatias do pão de centeio que aqui se vendem, utilizadas para fazer as famosas torradas do Gambrinus.

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É um dos sítios a ir se está farto de borbotos na roupa à segunda lavagem. Contam dois ou três turistas por semana, mas alguns clientes antigos ainda tocam à porta do escritório do fundador Durbalino Figueiredo, do outro lado da rua. Quando estava à frente do negócio, ora estava no armazém, ora no escritório, e assim se criou o hábito. Hoje são os netos Tomás e Tiago Marques que mantêm o espírito de bairro, a qualidade dos artigos e dão um cheirinho de inovação ao negócio de família, apostando em designers emergentes. A decorar a loja estão as malas onde Durbalino carregava as amostras de tecidos que mostrava a clientes por todo o país.

Mais lojas em Lisboa

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Com cada vez mais marcas de jóias portuguesas em Lisboa, não há desculpas para não brilhar, quer em ocasiões especiais, quer para animar os dias cinzentos. Nesta lista, apresentamos as melhores lojas e ateliês para comprar jóias em Lisboa. Mas o melhor é mesmo não ser preciso endividar-se para levar uma peça para casa: há espaço para jóias acessíveis, sem descurar o design, mais orgânico ou mais geométrico, e para investimentos de uma vida. Brincos, pulseiras, colares, de todas as formas e feitios, em materiais nobres, mas não só. Tome nota da nossa selecção.

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Encontrar aquela peça que a mãe deitou fora nos anos 80 ou 90 pode ser difícil e só quem o conseguiu sabe exactamente a sensação. O cheiro, o toque, a torrente nostálgica que nos invade quando, no meio de prateleiras, cabides, arcas e baús, voltamos atrás no tempo. O truque é saber onde e o que procurar – e as opções são vastas. Roupa, mobiliário, raridades, discos, a lista do revivalismo adensa-se. Fique a conhecer as melhores lojas vintage em Lisboa. Vai ver que não cheiram a naftalina, cheiram a boas e velhas histórias.

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Pouco terá de se preocupar com colinas, é a vantagem de andar às compras na Baixa lisboetatudo plano para não se cansar (para isso já basta o peso dos sacos). Por entre armadilhas para turistas recheadinhas de souvenirs e restaurantes com relações públicas gastronómicos à porta, a Baixa está cheia de lojas tradicionais que ainda sobrevivem (algumas delas com estatuto de Loja com História) e que se misturam com outras representativas de grandes cadeias ou até mesmo marcas portuguesas. Do vinho aos produtos para o lar, passando pelo calçado ou roupa, veja este roteiro como um guia das melhores lojas da Baixa.

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