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Teenage dream, ou a primeira noite de NOS Alive

Olivia Rodrigo e Benson Boone foram os reis desta quinta-feira, num Passeio Marítimo de Algés completamente cheio – e que nunca antes tinha visto tantas adolescentes juntas. Sorte a delas e a dos adultos na sala: os norte-americanos têm a fama e deram-nos o proveito.

Vera Moura
Escrito por
Vera Moura
Directora Editorial, Time Out Portugal
Olivia Rodrigo NOS Alive 2025
Hugo Macedo/NOS Alive | Olivia Rodrigo no Passeio Marítimo de Algés
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“teenage dream”, do álbum Guts (2023), não fazia parte do alinhamento de Olivia Rodrigo na sua segunda visita a Lisboa em menos de um ano. Mas o título da canção descreve bem a primeira noite de NOS Alive 2025 – uma festa adolescente com muitas lantejoulas, lágrimas hormonais, gritos desafinados, glitter, selfies, aparelhos fixos, cartazes escritos com canetas POSCA, filas para os brindes e pais de plantão em modo babysitter. Uma coisa é certa: em “drivers licence”, todos, independemente da idade, voltámos a ser teenagers, embalados pela belíssima Olivia com a sua mini-saia de lantejoulas prateadas (parem de tentar, miúdas, só ela consegue).

Foram longas horas à espera do último concerto do dia no palco principal, marcado para as 23.15. O horário não era children-friendly, mas porque é que havia de ser se não estamos no Festival Panda? Seja como for, os mais novos já estão quase todos de férias, deixem lá, eles aguentam porque o excitamento é muito. 

Não se pode dizer que Noah Kahan tenha ajudado no aquecimento, com a sua pop-folk vulnerável e introspectiva, mas nada podia abalar a multidão enérgica que já vinha embalada da performance de Benson Boone (já lá vamos). A idade só não perdoa a alguns e não são os que aqui estão a fazer mais barulho. 

Olivia Rodrigo NOS Alive 2025
Hugo Macedo/NOS Alive

Olivia começou, sem grandes atrasos nem surpresas, com “obsessed” e seguiu em altas por aí fora, sem se desviar da set list anunciada, entre as canções dos dois últimos discos, Guts e Sour. O primeiro grande momento do concerto foi “vampire”, com o público a cantar sem vergonhas. Seguiram-se “drivers licence” e “traitor”, duas das melhores baladas pop-rock que os anos 2020 nos deram. Nesta leva de três canções não havia gerações: o público característico do NOS Alive está vivo, também lá andava e também delirou com o que a menina que começou na Disney trouxe a Lisboa. Ah, por falar em Lisboa – ela adora a cidade, claro, quer voltar, sim, e pastéis de nata, uff “comi tantos quando cá estive da última vez!” Fofa. 

Não se deixe enganar quem não esteve no Alive e quem não conhece Olivia Rodrigo. (Oi? Andam a dormir debaixo de uma pedra?) Houve rock de verdade, a banda maioritariamente feminina encheu o Passeio Marítimo de sonoras guitarradas – só os pais podem dizer “guitarradas”, para os adolescentes é um gatilho para revirar os olhos – e o encore, com labaredas em palco e as prometidas “brutal”, “all-american bitch”, “good 4 u” e “get him back!”, merecia mais cabedal preto, como o dos micro-calções que Olivia vestiu para a despedida.  

Olivia Rodrigo NOS Alive 2025
Hugo Macedo/NOS Alive

Só uma coisa falhou – e não foi nem a mais promissora cantora da actualidade nem o mais animado festival de Verão da capital. O pedido que se espalhou pelas redes sociais nos últimos dias para o público demonstrar o seu amor por Olivia Rodrigo com corações vermelhos durante “so american” caiu em saco roto. Corações eram muitos, de todas as idades, e batiam a ritmo acelerado. Mas não eram aqueles que a trend esperava. Talvez, afinal, estivesse muita gente grande a aproveitar o espectáculo.

Dois mortais, só para começar

Marcha atrás para uma nota (mais do que positiva) para o concerto de Benson Boone. Cerca de quatro horas antes de Olivia Rodrigo, ainda o sol brilhava entre as nuvens, um rapaz de 23 anos – quase 24! – subiu ao palco NOS do Alive com o seu bigode, as suas rosáceas e as suas calças de ganga bem justas no rabo. Ainda nem tinha começado a cantar “Sorry I'm Here for Someone Else” e já tinha aviado dois mortais. O público cedeu de imediato: as acrobacias de Boone são famosas e tiram toda a gente do sério. Viriam mais cambalhotas e malabarismos e viriam mais canções, claro, não só do último disco, American Heart, mas também do primeiro, Fireworks & Rollerblades. Houve pop dançável, pop rock e pop a puxar à lágrima. Muito choraram, aliás, as raparigas das primeiras filas que, de quando em vez, apareciam nos ecrãs gigantes. O Elvis não está vivo, mas está Benson Boone para compensar. 

Benson Boone Alive
Hugo Macedo/NOS Alive

O alinhamento não fugiu muito ao anunciado e incluiu “Slow it Down”, “Mystical, Magical” e, obviamente, a viralíssima “Beautiful Things”. Já o outfit não foi o previsto. “Tinha um conjunto para usar que deixava a barriga à mostra…”, confessou. “Mas hoje apanhei meia-hora de sol e estou um tomate. Pareço uma lagosta”, continuou Benson Boone perante uma plateia embevecida, que não viu mal algum nas calças de ganga – já dissemos que eram bem justas no rabo? – e na t-shirt, também apertadinha, às riscas. 

Benson Boone no NOS Alive 2025
Hugo Macedo/NOS Alive

Destaque para o momento “In the Stars”, em que o cantor norte-americano pediu para toda a gente guardar os telefones. Foi bonito e fica para a história do NOS Alive, a fazer lembrar os concertos de antigamente, com milhares de braços no ar, balançando ao ritmo da música de um lado para o outro. Via-se um rebelde aqui e ali, a filmar, a fotografar ou a mandar mensagens. Curiosamente, não eram os jovens de que tanto temos falado neste texto.

O NOS Alive continua até sábado. Vá por nós: há pelo menos dez concertos que não quer perder e seis propostas que valem o desvio até ao Palco Comédia. E não deixe de se preparar para Muse e Nine Inch Nails.

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