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Pavilhão de Portugal
Fotografia: Ana Luzia

Prémio Valmor: siga o roteiro dos edifícios distinguidos em Lisboa

Do começo do século XX ao novo milénio, entre igrejas, consulados, restaurantes, faculdades e centros comerciais, não deixe de apreciar estes edifícios distinguidos com o Prémio Valmor que regressou em Dezembro de 2017.

Renata Lima Lobo
Escrito por
Maria Ramos Silva
e
Renata Lima Lobo
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São prédios com prémio, passando o trava-línguas. Criações com assinatura de prestigiados arquitectos que mantêm o seu espaço na cidade. O famoso Prémio Valmor remonta a 1898, quando foi instituída a atribuição de um valor pecuniário para repartir por arquitecto e proprietário da construção. A ideia foi do 2º visconde de Valmor, Fausto de Queirós Guedes, e a distinção começou a ser atribuída em 1902. Em pouco tempo, tornou-se num dos galardões mais prestigiados na cidade nesta área. Dos primórdios do século XX aos projectos mais recentes, viaje pelo passado e presente ao sabor de edifícios emblemáticos em Lisboa.

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Prémio Valmor

1902 - Palácio Lima Mayer
©CorreiaPM /wikipedia

1902 - Palácio Lima Mayer

Se falarmos de Palácio Lima Mayer talvez fique meio às escuras, mas se lhe dissermos que alberga o Consulado de Espanha, acreditamos que se fará alguma luz. O edifício na Avenida da Liberdade foi mandado construir por Adolfo de Lima Mayer, seguindo o projecto de Nicola Bigaglia, o arquitecto italiano que trabalhou em Portugal nos princípios do século XX. Acumula duas curiosidades: foi a primeira obra a receber o Prémio Valmor, em 1902, e no seu jardim estabeleceu-se, em 1921, o célebre Parque Mayer. 

  • Museus
  • São Sebastião

A primeira casa de artista da capital, Prémio Valmor em 1905, integrava-se no plano de crescimento da cidade de Lisboa. Foi um projecto de arquitecto Norte Júnior, mandado construir pelo pintor José Malhoa, destinada a servir de casa e ateliê. Em 1932, a Casa-Malhoa foi adquirida pelo Dr. Anastácio Gonçalves (1889-1965), que ali viveu e organizou a sua colecção até ao ano da sua morte. O espaço abriu ao público em 1980 e merece visita pelas exposições regulares e pequenos concertos que acolhe.

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1906 - Casa Viscondes de Valmor
Fotografia: Arlindo Camacho

1906 - Casa Viscondes de Valmor

Ergue-se numa esquina da Avenida da República (38-38A) com a Avenida Visconde de Valmor (22). A casa foi foi projectada pelo arquitecto Ventura Terra  e construída entre 1905 e 1906 para a viúva do visconde de Valmor. Combina elementos neo-românicos, neoclássicos e de Arte Nova. Apesar de se assemelhar a uma moradia, destinava-se a alojar famílias em regime de arrendamento. Classificado como Imóvel de Interesse Público, foi Prémio Valmor e hoje acolhe o Clube dos Empresários, que a partir de 1983 o transformou no seu restaurante de luxo. 

1908 - Hotel 1908
  • Hotéis
  • Intendente

Hoje é um misto de Arte Nova e obras de  arte contemporânea de criadores nacionais. O Hotel 1908 deve o seu nome ao ano da graça do Valmor, quando foi distinguido o trabalho do arquitecto Adães Bermudes. Vale a pena apreciar o edifício que tanto pisca o olho à Avenida Almirante Reis como ao Largo do Intendente.

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  • Atracções
  • Edifícios e locais históricos
  • Avenidas Novas

É um marco das Avenidas Novas, projectado por Porfírio Pardal Monteiro. Trata-se de uma obra marcante do modernismo nacional e apresenta outro aspecto digno de nota: foi o primeiro templo católico a ser construído em Lisboa após a implantação da República (isso, em 1910, caso ande despistado). Uma série de ilustres colaboraram nesta empreitada: Almada Negreiros (vitrais), Leopoldo de Almeida (escultura da Virgem e dos pastorinhos de Fátima, Ressurreição de São Lázaro, São João Baptista) e Francisco Franco (Friso dos Apóstolos, pórtico de entrada).

1940 - Edifício do Diário de Notícias
Fotografia: Ana Luzia

1940 - Edifício do Diário de Notícias

O Valmor trouxe consigo um aplauso extra ao arquitecto Porfírio Pardal Monteiro e aos emblemáticos painéis de Almada Negreiros no interior. Depois de décadas, o jornalismo já não mora no número 266 da Avenida da Liberdade, mas ainda pode lavar a vista na icónica fachada. Entretanto, o edifício foi vendido ao fundo americano Perella Weinberg Partners e dará origem a 32 apartamentos de luxo, uma loja no piso térreo e um apartamento no último piso.

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1958 - Edifício do Instituto Pasteur
©CML

1958 - Edifício do Instituto Pasteur

Pela primeira vez um imóvel com características industriais foi distinguido com o Prémio Valmor, corria o ano de 1958. Razão para rumar a Marvila, cenário do projecto construído por iniciativa de Virgílio Vieira dos Santos e Filhos, com assinatura de Carlos Manuel Oliveira Ramos, um dos pioneiros da arquitectura moderna em Portugal. Geometria simples e vertente funcionalista em evidência na Avenida Marechal Gomes da Costa, Lote 9.

  • Coisas para fazer
  • Avenida da Liberdade/Príncipe Real

Não há meio termo quando um leigo na matéria se dedica a avaliar esteticamente o prédio projectado por Nuno Teotónio Pereira e por João Braula Reis, que ficou pronto na recta final dos anos 60 e arrecadou o Prémio Valmor em 1971. A dose de betão e o aspecto das franjas justifica esta relação amor/ódio assolapada.

 

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  • Atracções
  • São Sebastião

Muito temos que agradecer ao senhor Calouste Gulbenkian, que enquanto mecenas criou uma das maiores estruturas lisboetas no que à promoção da arte diz respeito, mas atenção, reservemos um espaço para destacar as contribuições de Ruy Jervis Athouguia, Alberto Pessoa, Pedro Cid, Gonçalo Ribeiro Teles e António Viana Barreto, os nomes envolvidos na sede, jardins e museu. A Fundação foi inaugurada em 1969 e o prémio Valmor para o edifício e envolvente chegou em 1975.

1975 - Igreja Sagrado Coração de Jesus
  • Coisas para fazer
  • Avenida da Liberdade/Príncipe Real

Certamente já terá passado por esta igreja sem dar conta dela. É verdade que pode passar meio despercebida mas merece toda a nossa atenção. Não é uma igreja comum, vai beber ao modelo de igreja romana primitiva, tendo o betão como elemento central.  Em 1975, esta obra dos arquitectos Nuno Portas e Nuno Teotónio Pereira, ganhou o Prémio Valmor.

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1991 - Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa

1991 - Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa

Não tenha medo de voltar à escola, até porque basta ficar à porta para cumprir mais uma paragem. Manuel Mendes Taínha assina o projecto vizinho de uma série de obras monumentais saídas do Estado Novo, na Alameda da Universidade. É este o caminho a seguir, direitinho à Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, que levou o Valmor em 1991. 

 

  • Coisas para fazer
  • Campolide

Os anos 90 não seriam os mesmos sem as Torres das Amoreiras e toda a polémica que envolveu o projecto do arquitecto Tomás Taveira. Chegados ao século XXI, ninguém, ou muito poucos, imaginariam a paisagem da cidade sem este complexo. Compreende-se que passe mais tempo no interior a fazer compras, mas não deixe de passar os olhos pela estrutura. É que em 1993 o Prémio Valmor não lhe escapava. 

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  • Coisas para fazer
  • Parque das Nações

Longe vão os tempos da Expo, do Gil, da Estátua do Sol e de outras aventuras à beira-rio, mas há edifícios que justificam uma visita mais atenta e demorada ao Parque das Nações. Afinal, quantas vezes na sua visa se pôde dar ao luxo de trocar a pala de um reles boné pela pala do Pavilhão de Portugal projectada por Álvaro Siza Vieira? 

  • Compras
  • Centros comerciais
  • Lisboa

Tem 25 restaurantes, 78 lojas, muitos escritórios, e está no coração do Saldanha. Assim de repente, parece que os motivos de interesse se esgotam nesta enumeração, mas olhe que não. Vendo bem, o Atrium Saldanha está ligado a um certo projecto de rejuvenescimento da cidade na década de 90, e talvez nem saiba mas venceu o Valmor em 2001. Tem assinatura dos arquitectos João Paciência e Ricardo Bofill para IMOSAL, SA.

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2005 - Edifício da Vodafone
©DR

2005 - Edifício da Vodafone

Não passe já para a próxima paragem só porque utiliza outra rede (ou porque esteve horas lá dentro para ser atendido). O Edifício sede da Vodafone, da autoria dos arquitetos Alexandre Burmester e José Carlos Cruz Gonçalves, vale por si só, qual Casa dos Bicos modernaça ou Franjinhas da Braamcamp com um twist telefónico. Em 2005, ano em que levou a melhor no prémio, o júri aludiu precisamente a essas duas referências como ponto de comparação em termos de atrevimento.

2007 - Estação de metro do Terreiro do Paço
© Ingolf/Wikipedia

2007 - Estação de metro do Terreiro do Paço

Neste ano, também o Hospital da Luz foi premiado, mas esperamos que não tenha grandes motivos para passar por lá (a não ser para apreciar o exterior). Há uma sugestão mais simples e dispensa seguro de saúde: enfiar-se debaixo de terra e espreitar a estação de metro do Terreiro do Paço, premiada em 2007, ano em que abriu ao público, corria o mês de Dezembro. O responsável pelo projecto arquitectónico foi o arquitecto Artur Rosa e os painéis em azulejo foram assinados por João Rodrigues Vieira.

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  • Atracções
  • Campolide

Já não cheira tão mal e mal se nota. A Estação de Tratamento de Águas Residuais de Alcântara modernizou-se e ganhou uma corbertura ajardinada: o maior telhado verde da Europa, onde vivem dezenas de espécies de plantas, como alecrim, esteva ou cebolinho. Não só diminuiu o impacto visual como é regado com água residual tratada na própria Fábrica da Água, como também se chama. Debaixo do telhado encontra-se toda a estrutura da ETAR, serviços administrativos incluídos. Mas não se preocupe que há luz natural para todos neste projecto assinado por Frederico Valsassina (Valmor em 2004 com o Art/s Business & Hotel Centre, no Parque das Nações), Manuel Aires Mateus (Valmor em 2002 com o Edifício da Reitoria da Universidade Nova de Lisboa juntamente com o arquitecto Manuel Mateus) e João Ferreira Nunes.

  • 4/5 estrelas
  • Museus
  • Baixa Pombalina
  • Recomendado

O edifício que começou por ser uma igreja não teve uma existência serena. Após o terramoto, a antiga Igreja de São Julião foi reconstruída neste local, mas seis anos após a conclusão, em 1816, um incêndio devorou-a. Já no século XX, o Banco de Portugal comprou a antiga igreja, mas o projecto elaborado em 1938 pelo arquiteto Porfírio Pardal Monteiro não foi aprovado pela Câmara Municipal de Lisboa. Mais tarde o banco aproveita o espaço para áreas técnicas, casas fortes, arquivos e até estacionamento temporário. Só em 2007 é que decide novamente reabilitar o edifício e aqui instalar o Museu do Dinheiro. Desta vez valeu mesmo a pena. Neste projecto de Gonçalo Byrne (Valmor em 2000 como o Edifício C8: Departamento de Física e Química da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa) e João Pedro Falcão de Campos foram integrados elementos sobreviventes da igreja, das caixas-fortes aos vestígios arqueológicos, dos quais se destaca a muralha de D. Dinis.

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  • Atracções
  • Torres e miradouros
  • Chiado

Álvaro Siza Vieira não é novo nestas andanças do Valmor. Em 1998 o Pavilhão de Portugal valeu-lhe o primeiro e em 2004 levou o galardão com o complexo de habitação Terraços de Bragança, na Rua do Alecrim. Desta vez foi a conclusão, há muito esperada, do plano de recuperação do Chiado após o grande incêndio de 1988, um projecto de Siza Vieira concluído em 2015 e que permite a ligação da Rua do Carmo e Rua Garrett ao Largo do Carmo através de rampas, escadas e também de elevador.

  • Coisas para fazer
  • Avenida da Liberdade

A pouco e pouco, o Parque Mayer vai regressando. Um dos equipamentos é este Capitólio, inicialmente projectado pelo arquitecto Cristino da Silva, curiosamente também Prémio Valmor, mas pelo projecto da moradia no 67 da Avenida Pedro Álvares Cabral, a sua casa e atelier. Esta intervenção vencedora, um projecto do arquitecto Alberto Souza Oliveira, recupera parcialmente o projecto original que com o passar dos anos foi sofrendo alterações. É reposta a grande sala, cujas laterais se abrem para o espaço exterior, foi ampliada a capacidade de utilização e apetrechamento técnico, agora compatível com as exigências e versatilidade das produções contemporâneas.

Lisboa obrigatória

  • Museus

Conhece as propriedas do pó de múmia? E o nome da imagem do arcanjo que seguiu nas naus portuguesas em jeito de protecção? Acha que os cravos são (apenas) flores? Está preparado para atender um lavagante? Ok, chega de perguntas que só adiam ainda mais a satisfação da sua curiosidade. Se não faz ideia do que tem andado a perder nos museus em Lisboa, já por si repletos de experiências imperdíveis, nós recenseamos a matéria e oferecemos um bússula segura. Os acervos enchem-se de autênticas pérolas com peças para todos os gostos, e nada como um breve roteiro para não se perder nos melhores corredores da cidade. É obrigatório conhecer estas obras de arte.

Recomendado: Os melhores museus em Lisboa

  • Coisas para fazer

Os feitos arquitectónicos lisboetas estão longe de ter acabado na empreitada pombalina. Milhares de toneladas de betão, ferro e vidro depois, não faltam grandes obras de arquitectura e de design, ao estilo de cada época, para ver sem pagar bilhete. Visitar estes ex-líbris da cidade está ao alcance de todos os que quiserem ver as melhores obras de design e arquitectura de Lisboa. Só tem de se orientar pela nossa lista cheia de curvas e contracurvas arquitectónicas. Dê corda aos sapatos e explore este roteiro obrigatório pelas melhores obras de arquitectura e design em Lisboa.

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  • Arte
  • Arte urbana

Vhils, Bordalo II, Aka Corleone, Smile, ±MaisMenos±, Tamara Alves ou Mário Belém são alguns dos nomes mais sonantes neste roteiro de arte urbana em Lisboa. A eles juntam-se artistas de todo o mundo, que escolhem Lisboa para servir de tela aos mais variados estilos e mensagens. Se por um lado Lisboa está em guerra com taggers com pouco talento para a coisa – e que fazem questão de espalhar assinaturas por tudo quanto é sítio –, por outro a cidade é cada vez mais um museu a céu aberto de belíssimas obras de arte urbana. Embarque connosco num passeio alternativo pela cidade.

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