Onze paragens obrigatórias em Alfama

É um mimo esta pequena pastelaria em Alfama com decoração art nouveau e déco, onde pode usar porcelanas da época, que pertencem à colecção privada da proprietária e admirar a colecção de bules exposta dentro do balcão. Além de alguma pastelaria clássica e de pastéis de nata de receita própria, encontra doçaria tradicional portuguesa, com destaque para os pastéis de alfarroba, pastéis de amêndoa e o pastel Bordallo das Caldas da Rainha. Acrescenta-se uma selecção de cafés, chás, compotas, chocolates, licores, vinhos e queijos, sempre com embalagens primorosas. Abriram portas em Abril de 2020 e, em 2023, começaram um novo projecto, que consiste em representar todos os distritos de Portugal com produtos de receitas tradicionais: brisas do Tâmega, tosquiados do Baixo Alentejo, queijadas da Graciosa, queijadas de maracujá, da Madeira, folar de Olhão... Pode ir acompanhando as novidades no Instagram, para saber o que lá vai encontrar.

Do chão aos rodapés até ao tecto: tudo é uma obra de arte no Palácio Azurara. Aqui fica o Museu de Artes Decorativas Portuguesas (da Fundação Ricardo Espírito Santo), que além dos incríveis azulejos, tem mobiliário, tapetes, ourivesaria, loiças ou desenhos que contam a história de uma beleza ao pormenor, do século XV ao XIX.

Não há duas semanas iguais, não há especialidades da casa ou pratos-estrela. A ida ao Boi-Cavalo, o restaurante do chef Hugo Brito em pleno bairro histórico de Alfama, é para ser feita com mente aberta, sem restrições ou esquisitices. A cozinha é de base nacional mas volta e meia há experiências arrojadas, tanto nos snacks como nos pratos principais. Aberto só para jantares, com serviço à la carte de pratos que mudam frequentemente – de acordo com a "disponibilidade de produtos, e os nossos próprios entusiasmos", dizem.

Alberto, algarvio, e Manuel, alentejano, abriram um espaço só dedicado ao Algarve: o  Vamos ao Algarve – Bar & Shop Gourmet, entretanto rebaptizado como Vamos ao Algarve – Restaurante & Fado. Aqui vai encontrar medronhos e licores, petiscos como a muxama (atum seco) com tomate e queijo de cabra (12€) e amêijoas ao natural (16€), pratos como o polvo estufado com batata doce e crispy de chouriço (20€) e ainda a torta de alfarroba e laranja (5€), receita secreta criada por Manuel. De quarta a domingo, conte com noites de fado.

A espuma, o pincel, a lâmina: o ritual tradicional cumpre-se à risca na Barbearia Oliveira. O negócio centenário recuperado por dois irmãos está pensado e decorado ao pormenor, num ambiente nostálgico. Mas, atenção, aqui tanto se fazem cortes clássicos como radicais: é só pedir. 

De carrinha de rua com várias bebidas de café a império do café artesanal: o Copenhagen Coffee Lab abriu em 2018 na rua das Escolas Gerais um espaço de 400 metros quadrados com a padaria como novidade. 

Os espaços da Davvero multiplicam-se pela cidade como a nossa vontade de provar bolas gelados em copos ou cones. Esta é só mais uma desculpa para se abeirar do rio e vasculhar a zona de Alfama.

Há uns anos, a oferta turística do bairro mais típico da cidade limitava-se a meia dúzia de alojamentos locais e hostels para todos os que viajavam com os tostões contados – quem quisesse uma experiência mais completa e descomprometida a nível orçamental teria de procurar outro poiso. Até ao dia em que o grupo Memmo decidiu subir a parada e trazer para Alfama o primeiro boutique hotel digno do seu nome, com um espírito jovem mas muitíssimo mais apurado do que os vizinhos. 

Foi nas ruas, cafés e restaurantes que surgiu o fado com a guitarra portuguesa, tocada de fundo. O Museu do Fado conta uma história com centenas de anos com a ajuda da música, de fotografias, instrumentos musicais, cartazes e trajes típicos para uma viagem pelo coração de Lisboa.

A poesia, o desenhos, as colagens e as fotografias permitem entrar no mundo de um artista, mas também conhecer um movimento ousado e disruptivo. A Casa da Liberdade homenageia o poeta e pintor Mário de Cesariny, ao mesmo tempo que se debruça sobre o surrealismo português, que se fez com esta e muitas outras vozes.

Como este é um bairro de população envelhecida e a maior parte das casas, antigas, têm acessos difíceis, com escadas íngremes, é normal ver cestos e sacos que sobem e descem das janelas para fazer chegar objectos ou compras da mercearia aos andares mais altos. É só tirar os olhos do chão.