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Manteigaria Silva
Fotografia: Arlindo CamachoManteigaria Silva

As melhores lojas tradicionais em Lisboa

As melhores lojas tradicionais da cidade estão de boa saúde e recomendam-se. Conheça as melhores

Escrito por
Mariana Correia de Barros
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Estas lojas têm pó, ferrugem e madeiras a descascar. Mas isso é bom. Entrámos nas charcutarias em vias de extinção, conversámos com merceeiros e enchemos os bolsos com rebuçados embrulhados em papel pardo. Porta a porta, bairro a bairro, tirámos a temperatura ao comércio tradicional em Lisboa. Agora, podemos afirmar que há uma tradição que merece ser celebrada e que precisa de ser vivida. Há hoje em Lisboa muito comércio tradicional de excelência que resiste à normalização da oferta, sem deixar de ter tudo o que se procura. Nas lojas de café, por exemplo, encontrámos lotes especiais da casa nos formatos de sempre, mas também em cápsulas compatíveis com o George Clooney. Tudo isto de porta aberta para uma rua como a sua, feito por gente que se trata pelo nome. Estas são as melhores lojas tradicionais em Lisboa.

Recomendado: Chiado: as lojas mais antigas para fazer compras 

A tradição ainda é o que era: as melhores lojas tradicionais em Lisboa

  • Compras
  • Mercearias
  • Santa Maria Maior

Há caça na Rua das Portas de Santo Antão. Leu bem. Não falamos de pratos de caça, de coutos de caça, nem de caçadores de arma em punho. Falamos de uma curiosa frutaria com décadas e décadas de vida, que além de todo o tipo de maçãs, pêssegos, bananas, clementinas, figos, morangos – a lista muda consoante a época, pois claro –, vende caça. A perdiz está a 14,50€/unidade, o coelho tem o mesmo preço, mas a lebre vale 27,50€/unidade. “E também vendemos lampreia na época dela”, conta Alípio Gonçalves Ramos, na casa há 46 anos. Os produtos vêm maioritariamente do Alentejo, ainda com penas e pele. “Só não trazem a tripa. É um truque para se manterem mais fresquinhos.” A tradição de casar fruta e caça existe à mesa, é certo, numa mercearia já é mais raro, mas existe aqui há largos anos. “A casa é bem antiga, não sei a idade certa. Mas O Grande Elias [filme português de 1950] teve uma parte filmada aqui.”

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  • Centros de jardinagem e estufas
  • Santa Maria Maior

Uma das lojas mais fotogénicas da cidade é também um daqueles negócios em vias de extinção, pelo qual fazemos figas para permanecer activo por muito mais décadas. Nós e os actuais donos, que continuam a exportar sementes para o mundo e que também fazem importação de Portugal e da Europa, dos mesmos fornecedores há mais de 80 anos. Têm duas marcas próprias, a Hortelão, dedicada a produtos hortícolas e a Jardineira, para as sementes de jardim, empacotadas pela própria equipa da Soares & Rebelo. Há sementes de todos os legumes e mais alguns, de ervas aromáticas, de flores – têm também bolbos da Holanda – numa comercialização que vai “desde o pacote de 2 gramas até à tonelada”, lê-se no site, e têm ainda algumas leguminosas em sacos, para venda a granel, como o feijão anão rajado, a fava saloia ou o feijão manteiga, que são exclusivamente para plantar – não diga que não avisámos.

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  • Compras
  • Mercearias
  • Santa Maria Maior

Perdoem-nos o trocadilho,
 mas a Pérola do Arsenal é uma autêntica jóia desta cidade. Uma arca do tesouro de onde saem peças de bacalhau da Islândia embrulhadas em papel pardo 
e atadas com cordel, depois de serem cortadas com uma faca xpto numa mesa com tampo
 de mármore pelo Sr. Rui, o empregado mais antigo da casa; onde há um expositor só para piripíris, frascos de picantes, sais e outros temperos; onde ainda se vendem carapaus, corvinas e sardinhas salgadas; onde pode comprar todos os frascos de molhos e temperos africanos; onde é possível encontrar farinhas e grãos que vão do corriqueiro feijão branco a ingredientes com nomes impronunciáveis; onde há 
tanto vinhos portugueses como cervejas holandesas e garrafas de grogue; onde os preços são escritos com auxílio daquelas réguas para saírem na perfeição. E isso é impagável.

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  • Santa Maria Maior

Se há coisa que os turistas fazem, e bem, é parar na Manteigaria Silva para ouvir explicações da montra incrível, conhecer a história da casa, beber um Porto e acabar cá fora a degustar uma tábua de queijos e finas fatias de presunto cortadas na magnífica Berkel, depois de a ver em movimento. Escusado será dizer que devia seguir-lhes as pisadas, caso ainda
 não conheça esta charcutaria única em Lisboa. Além da tal cortadora de presunto, datada de 1923, aqui encontra um pouco de tudo do melhor que há, do bacalhau da Islândia e da Noruega aos queijos e presunto. Este espaço tornou-se Manteigaria Silva em 1956, mas começou por ser o matadouro que abastecia a Praça da Figueira. E histórias há muitas, como a restrição à compra do bacalhau após o 25 de Abril. Numa notícia do jornal O Dia, de 1977, aparece um dos funcionários a vender bacalhau com um polícia ao lado.

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  • Compras
  • Alimentos especializados
  • Santa Maria Maior

Os andaimes encostados ao prédio escondem aquela que foi em tempos uma das fachadas que mais atraía estrangeiros de visita a Lisboa. Logo agora que os estrangeiros são mais que nunca e todos com contas de Instagram. Felizmente, e por mais obras que lhe caiam em cima, em baixo e dos lados, ou términos de contrato que se avistem (alerta: acaba no dia 30 de Outubro de 2018, temos apenas um ano), a mercearia ainda está ali para o que importa: vender todas
as partes comestíveis do bacalhau, do lombo aos sames, das bochechas às línguas. Só trabalham com produto da Noruega, e vendem também outros peixes secos, conservas e patés, várias especiarias a peso, caso do piripíri, e ainda farinhas e óleos africanos, bastante procurados.

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  • Chocolates e doces
  • Baixa Pombalina

Nos parapeitos das janelas desta casa centenária da Rua Augusta ainda se podem ler as palavras “chá” e “café”, gravadas em placas de bronze. Lá dentro, em cima dos armários, estão sinais luminosos que anunciam “biscoitos” e “chocolates”. Faltam apenas as palavras “vinhos” e “guloseimas”
para completar o leque de produtos que aqui se vendem. Conhecidos pelos chás e cafés, tiveram durante vários anos uma torrefacção própria, altura em que recebiam o café em verde, vindo do mundo inteiro, mas continuam a comercializar os lotes da casa, a par de uma aposta em vinhos do Porto, dos séculos XIX e XX, de rebuçados, chocolates e outros doces.

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  • Restaurantes
  • São Sebastião

Experimente sentar-se durante cinco minutos na esplanada do Frutalmeidas. Há quem lá vá pelos pastéis de massa tenra (legítimo), quem sonhe fazer 
anos para encomendar o bolo de morango e natas (compreende-se) e quem passe só para beber um sumo de fruta (acertadíssimo, são feitos com a polpa das frutas da casa, sem adição de açúcar). Mas se de cada vez que lá for levar também um cesto de fruta fresca – “nacional sempre, estrangeira quando é preciso”, diz Freitas, gerente desde os anos 80 –, está a contribuir para a manutenção do comércio nacional. Pense nisso.

  • Compras
  • Alimentos especializados
  • Bairro Alto

Experimente passar dez minutos encostado ao balcão desta pequenina e histórica 
loja de cafés e chás do Chiado
 e veja quantos turistas
 entram encantados com as preciosidades da montra, abrem a boca de espanto com as máquinas de moagem de café e saem com sacos cheios de,
lá está, cafés, chás, bolachas, rebuçados e até cafeteiras manuais. Os cafés são torrados numa torrefacção própria nos Anjos (Negrita Cafés), os chás vêm da Índia, Japão, China e Açores (Gorreana), mas aqui também já piscam o olho à modernidade: há lotes da casa vendidos em cápsulas para as máquinas Nespresso – e são bem bons.

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  • Compras
  • Lojas de bebidas alcoólicas
  • Areeiro/Alameda

Vamos à matemática. A primeira garrafeira Napoleão abriu na
 Rua da Misericórdia em 1969, a segunda, esta que destacamos, na esquina da Avenida de Roma com a João XXI, há 40 anos, e ainda há uma terceira na Rua dos Fanqueiros. Agora vamos à história. Está nas mãos dos Napoleão desde sempre e mantém-se a vender 90% de produto nacional, muitos Portos e Madeiras, algumas aguardentes velhas e vinhos licorosos. A cereja no topo do bolo é o atendimento cordial, as provas de vinho do Porto e ginjinha e a conversa sobre vinhos, para perder mais umas boas horas.

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  • Mercearias finas
  • Baixa Pombalina

É um híbrido entre garrafeira, mercearia fina, charcutaria e loja gourmet. Curiosamente, joga cartas altas em todas estas frentes e é fácil sair-se dali ora com um vinho do Porto do nosso ano de nascimento, ora com uma moira regional de Lamego, ora com um saco de frutas cristalizadas. “O nosso produto número 1 é mesmo o vinho do Porto”, explica Marta Ladeira, na loja há mais 20 anos, sentada no nanoescritório da cave, onde estão a maior parte dos vinhos – o mais caro, neste momento, custa 3230€ e é um Real Companhia Velha de 1867 – muitos deles exemplares bem raros. “É uma casa tradicional que tentamos modernizar q.b.” Foi por isso que lançaram uma garrafeira online, mas que ainda mantêm um grande trabalho de investigação para continuar a trazer bons produtos do país inteiro, sejam eles velhos ou novidades de mercado.

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  • Compras
  • Lojas de bebidas alcoólicas
  • Baixa Pombalina

Nas mãos da mesma família desde a dia de abertura, a Garrafeira Nacional, que nos últimos anos estendeu os seus tentáculos a mais duas lojas em Lisboa (a GN Cellar, na Baixa e ao Time Out Market, no Mercado da Ribeira), continua a ser o sítio certo para descobrir vinhos caros, comprar os mais correntes, as bebidas espirituosas e os licores. Tem tanta oferta, muita dela rara, que existe mesmo um museu com garrafas especiais, tanto portuguesas como estrangeiras, visitável na loja original da Rua de Santa Justa. Não pense porém que tudo está coberto de pó. Antes pelo contrário: até avaliam (e podem comprar) garrafas que tenha em stock.

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  • Santa Maria Maior

“Tudo o que é produto da nossa área fazemos questão de ter.”
 A frase, dita pelo Sr. António, gerente de uma das drogarias mais populares da cidade e negócio que se prepara para entrar na terceira geração dentro da mesma família, não tem um pingo de exagero. Quem se abastece de champôs, vernizes, cremes na São Domingos
 sabe que as prateleiras estão forradas literalmente até ao tecto de frascos e boiões e que dificilmente a resposta será “não tenho” a qualquer pedido que
 se faça. Vendem todo o tipo de cosméticos capilares e corporais, os químicos que ainda são permitidos por lei, como os branqueadores para roupa ou a soda cáustica e, explica António, “também nos especializámos em produtos vocacionados para pessoas africanas.” Daí que não passe uma única hora sem que a loja esteja a rebentar de clientes de todos os credos e etnias.

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  • Campo de Ourique

Ao contrário de muitos negócios de idade avançada, nesta drogaria às portas do Mercado de Campo de Ourique não querem entrar em grandes modernizações. “Sempre tivemos este estilo de drogaria, com estes produtos, e tentamos não inovar muito e manter sempre a traça antiga”, confessa Chetna Maugi, que trabalha no negócio dos pais há já alguns anos. Trocado por miúdos, isto significa encontrar ratoeiras manuais, limpa-pratas, espelho líquido (não, não é uma poção mágica do Harry Potter, é só um produto para limpar móveis), sabonetes Confiança, vassouras de palha, passe-vites e por aí fora. “Temos também gente nova a comprar coisas antigas, o que é sempre bom.”

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  • Santa Maria Maior

No ziguezaguear obrigatório que é atravessar a Rua das Portas
 de Santo Antão – “No, thanks”, “Non, merci”, Não, obrigada, já almocei!” – há uma porta que muitas vezes fica esquecida, mas que merece ser transposta: a das Ferragens Guedes. Ícone da rua, fundada pelo avô de José Guedes, é especializada em ferragens para móveis de estilo e batentes de portas. Apesar de ter de tudo um pouco, desde dobradiças a terminais de varão, de fechaduras a números de porta. “Temos nove mil e tal referências, temos os nossos moldes, alguns do tempo do meu avô e outros que fazemos”, conta. Feito o molde, é sair para a fundição.

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  • Compras
  • Bairro Alto

No interior desta loja de materiais e ferragens do Bairro Alto tanto se vêem clientes mais velhos, que sabem ao que vão, como miúdos de barba rala, com ar de quem está a montar
 o primeiro negócio. “Isto agora que há remodelações na cidade está a correr bem”, diz o Sr. Capucho, que herdou o negócio de família há cerca de 38 anos. Misto de drogaria com loja de ferragens, aqui tanto há materiais de construção como tintas, tanto interruptores, tomadas e fios como rolos e pincéis, tudo
num interior forrado a madeira escura, que tem a idade da casa.

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