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ModaLisboa: tudo se usa, tudo se troca

O Global Fashion Exchange e a ModaLisboa organizam um mercado de trocas. Uma aula de sustentabilidade, perfeita para deixar a carteira em casa

Mauro Gonçalves
Escrito por
Mauro Gonçalves
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Chegar ao fim de um dia de desfiles com uma wishlist que dá duas voltas ao CCB não é difícil. Mas e aquela roupa que continua a esbanjar bom aspecto, mas que, por variadíssimas razões, está parada no armário? Como ideia iluminada que é, a solução chega no domingo. Numa estreia em solo português, o Global Fashion Exchange (GFX) associa-se à ModaLisboa e aproveita a parceria para organizar uma troca de vestuário. O evento já andou pelos quatro cantos do mundo e, de passagem por Lisboa, acaba por orientar toda a programação paralela em torno da moda sustentável.

A missão é simples e é agora abraçada pela semana da moda lisboeta: dar ao público uma alternativa a uma ida às compras mais convencional. Trocando por miúdos, o objectivo é incutir alguma moderação ao ritmo com que compramos peças novas. “Enquanto há uns meses, eu podia parecer uma freak quando dizia que havia outra maneira de consumir, agora vai ser real, as pessoas vão poder experimentar”, afirma Graziela Sousa, designer, professora e investigadora na área do empreendedorismo na moda.

E disto percebe ela. Além de estar a coordenar a estreia do GFX em Portugal, tem-se dedicado a estudar formas como novos modelos de negócio podem contribuir para uma moda mais ética e sustentável. À ecologia da coisa, Graziela adiciona a questão social. “As pessoas estão habituadas a comprar uma t-shirt por dois euros sem sequer pensarem no que está por trás e por quantas mãos é que a peça passou para chegar ali”, acrescenta. Criar uma marca sobre estes princípios e que consiga ter preços atractivos parece ser o grande desafio e a especialista só vê uma solução: conseguir um estatuto especial para uma nova geração de pequenas marcas e designers conscientes.

Até lá, já sabe, pode sempre trocar. Mas como funciona na prática? Em primeiro lugar, com peças em bom estado. Os preparativos para o swap (o nome fixe e estrangeiro para o momento das trocas) começam no sábado. Pode passar pelo Centro Cultural de Belém e deixar as peças que bem entender. Mas há mais. A Outra Face da Lua chegou-se à frente com algumas peças e o GFX escolheu os seus próprios embaixadores. Raquel Prates, Joana Barrios, Pedro Crispim, Nazaré Pinela, Mariama Barbosa e Miguel Somsen são algumas das figuras públicas que também vão trazer modelitos para a grande troca. Ah, e A Avó Veio Trabalhar, porque as avós não perdem uma.

Assim, no domingo, as portas abrem com os expositores já compostos. No swap, por cada peça que levar, recebe uma senha para trocar por outra. Quem leva moda de luxo tem direito a luxo. Quem leva abaixo disso, terá oportunidade de trocar as suas senhas por roupa de marcas equivalentes. E os acessórios? Valem o mesmo que a roupa. Parece-lhe justo? A nós também.

As sobras são o que mais se aproveita no meio disto tudo. O que não tiver saída junta-se às 19 toneladas de roupa que o GFX já recolheu até hoje (o projecto existe desde 2013) e ruma à fábrica da I:CO, na Alemanha, a mesma que recebe as peças recolhidas por marcas como a H&M e a Intimissimi. Por isso, das duas, uma: ou aproveita para renovar o guarda-roupa ou vê a roupa que já não quer transformada em novos têxteis e até em materiais de construção, imagine-se.

Mas nem tudo no GFX se resume ao famoso swap. A tenda começa a mexer no sábado, com DJs da Rádio Quântica, conversas sobre moda sustentável (Patrick Duffy, o fundador do GFX vai estar lá), instalações e workshops, os dois últimos em torno do conceito de upcycling. Atenção, que ninguém vai embora sem ser fotografado com as novas aquisições. A organização monta um estúdio improvisado para quem quiser registar o momento. Strike a pose.

Centro Cultural de Belém. Sáb 16.00-21.30 e Dom 16.30-19.30 (GFX SWAP Market, 17.00-19.00). Entrada livre.

Tudo sobre a 48ª edição da ModaLisboa

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Chegar ao fim de um dia de desfiles com uma wishlist que dá duas voltas ao CCB não é difícil. Mas e aquela roupa que continua a esbanjar bom aspecto, mas que, por variadíssimas razões, está parada no armário? Como ideia iluminada que é, a solução chega no domingo. Numa estreia em solo português, o Global Fashion Exchange (GFX) associa-se à ModaLisboa e aproveita a parceria para organizar uma troca de vestuário. O evento já andou pelos quatro cantos do mundo e, de passagem por Lisboa, acaba por orientar toda a programação paralela em torno da moda sustentável. A missão é simples e é agora abraçada pela semana da moda lisboeta: dar ao público uma alternativa a uma ida às compras mais convencional. Trocando por miúdos, o objectivo é incutir alguma moderação ao ritmo com que compramos peças novas. “Enquanto há uns meses, eu podia parecer uma freak quando dizia que havia outra maneira de consumir, agora vai ser real, as pessoas vão poder experimentar”, afirma Graziela Sousa, designer, professora e investigadora na área do empreendedorismo na moda. E disto percebe ela. Além de estar a coordenar a estreia do GFX em Portugal, tem-se dedicado a estudar formas como novos modelos de negócio podem contribuir para uma moda mais ética e sustentável. À ecologia da coisa, Graziela adiciona a questão social. “As pessoas estão habituadas a comprar uma t-shirt por dois euros sem sequer pensarem no que está por trás e por quantas mãos é que a peça passou para chegar ali”, acrescenta. Criar uma

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Não conhece outra casa para trabalhar que não esta, a ModaLisboa. Ainda não tinha terminado o curso de Ciências de Comunicação, já estava a estagiar nesta área na ModaLisboa. Foi há 12 anos. “Às vezes penso que se calhar devia ter mudado, ter outro tipo de experiências, mas o facto é que aqui sempre me senti bem e sempre achei o trabalho desafiante”, diz Manuela Oliveira, coordenadora de comunicação nacional e internacional. Quem vê Manuela, simpática, de baton vermelho e a usar os designers que passam pela ModaLisboa não diz que não gosta de câmaras de filmar ou de fotografias, gosta dos bastidores e de criar a ponte entre o jornalista e o designer, sugerir formas de cobrir a mesma história de maneiras diferentes. Desde a faculdade que manteve a ideia da comunicação cultural e um gosto especial pela moda e pode exercê-lo nesta função que é muito mais, diz, do que fazer a comunicação deste evento duas vezes por ano, em Março e em Outubro. “Como somos uma equipa pequenina tudo ao nível da organização é discuto com todos, mesmo o planeamento, a cenografia... é um trabalho super criativo, a cada edição é diferente.” Quando começou, a equipa de comunicação era maior. No escritório, todos os dias, são oito pessoas; nos três dias de ModaLisboa são precisas 600. Os recursos têm vindo a diminuir e, se entre as apresentações das estações quase não dá por ela, de repente chega a hora h e tem 500 pessoas acreditadas para cobrir a ModaLisboa. É preciso encaminhá-las a designers, guiá-

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À 48.ª edição, a ModaLisboa muda-se para o Centro Cultural de Belém para se reinventar. A partir de quinta-feira e até domingo, há conversas e debates, exposições e um mercado de troca de roupa abertos ao público. Em paralelo, os criadores de moda nacionais apresentam as suas colecções para o próximo Outono/Inverno. O tema desta edição é Boundless porque a moda ultrapassa todas as barreiras físicas. 

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Já várias vezes experienciaram aquela sensação de “desta é que não vai dar mesmo”, mas dá sempre. Até porque já lá vão alguns anos nos bastidores da ModaLisboa: para Helena Vaz Pereira são 20, para Antónia Rosa, são 26, tantos quantos os anos do próprio evento. A última vez que sentiram que o mundo ia colapsar foi no desfile de Dino Alves no Teatro Municipal São Luiz, em 2015. Os cabelos e a maquilhagem era difíceis: cada manequim levava apanhados complexos e uma espécie de coroas em metal, a maquilhagem era forte nos olhos e no carmim das maçãs do rosto. Até aqui, tudo normal, mais um desfile. Mas equipa teve de mudar-se em uma hora para o teatro e, quando chegaram, os camarins que iam servir de backstage estavam fechados. Quando se abriram, “estávamos todos separados em camarins pequeninos”, relembra Helena, “dois cabeleireiros em cada sala, quase não nos conseguimos mexer”. “Já estava a dar a música de entrada e ainda estávamos a maquilhar. O que eu faço nestas alturas é meter três a maquilhar a mesma pessoa e um faz um olho, outro faz o outro, outro faz a boca”, conta Antónia, “Depois é mesmo à entrada da passerelle que vamos confirmar se está tudo bem e aperfeiçoar. Trabalhamos muito aí”.    Antónia RosaManuel Manso         Na primeira edição de ModaLisboa, Antónia Rosa maquilhou 120 pessoas sozinha. As manequins ajudavam, faziam a sua própria boca, e aplicavam o rímel, mas não havia um patrocínio de maquilhagem e tinha de ser tudo preparado em casa pela maq

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Continuamos de ouvidos bem abertos para dar conta de todo o repertório musical desta 48.ª ModaLisboa. Desta vez contámos com a ajuda do público, que mal ouve um grande êxito dos anos 1990 ou, no sentido inverso, uma música mais comercial, não se cala.  Não nos fizemos rogados e também trauteámos uns versos. Eis a sua oportunidade de dançar ao ritmo da moda, com as melhores músicas dos desfiles do segundo dia. Amanhã há mais.      Ricardo Andrez foi ao baú dos anos 1990 e escolheu a música “World In My Eyes” dos Depeche Mode para o desfile no Museu Berardo.     Está fresquinha, fresquinha, esta “Renaissance”, da banda portuguesa Best Youth. Foi apresentada na discoteca Lux nem há um mês e este sábado já fez parte da estreia da marca de calçado Eureka na ModaLisboa.   A colecção de Inverno Lidija Kolovrat pedia intimismo. Com a passerelle mais apertada, a música “God Is In The House” de Nick Cave foi a escolhida para um desfile a ritmo e passada lenta. E como não há regra que diga que só se pode escolher uma música, ainda houve tempo para “Love Is The Only Thing” de Aretha Franklin.     Há lá coisa mais bonita do que David Bowie a cantar a “My Way” de Frank Sinatra. Filipe Faísca concorda e vai daí escolheu-a para as suas mulheres multifacetadas que fazem e vestem o que lhes dá na gana. Para o final trocou-lhes as voltas e escolheu a música pop “Love On The Brain” de Rihanna.    O fim da noite chegou com uma versão electrónica de “Underwater Love”, escolh

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Pouco importa se tem convite para ver os desfiles (se tiver, tanto melhor). Em fim-de-semana de ModaLisboa, os radares de estilo vão além das paredes do Centro Cultural de Belém, por isso, basta entrar no perímetro para começar ver quem mais se esmerou antes de sair de casa. Dicas? Só duas: vista o que lhe der na gana e não tenha medo de arriscar em peças mais excêntricas. O resto são sugestões de looks para todos os bolsos.

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