Os melhores pequenos-almoços em Lisboa

É a mais afamada pastelaria do Estoril e não é para menos. A funcionar desde 1934, é paragem de famílias na Linha há gerações. Difícil é recomendar-lhe
 um só bolo. Das bolas de Berlim aos jesuítas, dos queques aos folhados com doce de ovos chamados de maravilhas, das parras e dos quindins até aos scones são muitas as possibilidades para arrancar o dia.

É uma das pastelarias mais bonitas de Lisboa, inaugurada em 1922, com os tectos trabalhados, espelhos em art nouveau e candeeiros de cristal. Desde então, mantém-se como referência também em tudo o que serve, com destaque para a variedade de bolos que torna as vitrinas desta pastelaria numa das mais gulosas da cidade. 

Foi a confeitaria que trouxe o bolo-rei para Portugal, uma receita que se mantém inalterada desde 1875, mas a Confeitaria Nacional não merece visitas apenas no Natal. Afinal, da cozinha saem muito mais do que bolo-rei ou rainha. Logo pela manhã, pode bebericar um galão ou um chá e decidir-se entre algumas das especialidades, como pastéis de nata, duchesses ou enfarinhados (massa de amêndoa envolvida numa boa camada de açúcar em pó).

Pode não ser regra, mas sabe sempre bem abrir uma excepção para um bom croissant ao pequeno-almoço. Vinda da Malveira da Serra, em Sintra, estes croissants têm alma nortenha e são feitos com massa brioche e uma calda brilhante, à semelhança dos conhecidos croissants do Porto. A compor os croissants, há recheios para todos os gostos. Os mais requisitados são o tradicional doce de ovos, o doce de leite com amêndoas – ambos de produção caseira – e o creme de cacau e avelãs. Também é possível pedir a versão mini, sem recheio.

É uma padaria e é um bistrô e é uma boa paragem tanto ao pequeno-almoço como ao almoço ou ao jantar – e não há muitos sítios em que isto aconteça. Natalie Castro, mão forte da casa, prepara o menu com os produtos que ali lhe chegam e consegue sempre surpreender. Entre as novidades da pastelaria, há agora uns apetitosos muffins de framboesa com frosting de queijo-creme e um crookie, que mais não é do que um croissant cozido duas vezes, com massa de cookie. 

Em Telheiras, a Gleba não é só uma padaria, mas um café com esplanada onde também é possível estar do pequeno-almoço, ao brunch, ao almoço e ao lanche, fruto da parceria com a cafetaria Milkees, já com provas dadas na Gleba de Cascais. Não existe um menu fixo, é o cliente que escolhe à carta entre opções tradicionais de pequeno-almoço, como croissants, torradas e iogurte com granola da casa e fruta; ou iguarias mais pesadas, entre elas sandes e tostas bem compostas. 

Em Santos, como na Bica, em Alfama ou no Chiado, o Dear Breakfast é pouso habitual dos amantes de pequeno-almoço e brunch. O menu é o habitual, dos ovos benedict à tosta de abacate, mas também há bagels e tartines. E há um pequeno-almoço (14,50€), que inclui croissant ou um pain au chocolat, granola, ovos, chá ou café e um sumo ou um smoothie. No menu brunch (22€), no lugar dos ovos é possível escolher um prato, e nas bebidas dá direito a um cocktail ou sumo de laranja com refill incluído.

O nome deve-se aos bolos caseiros que compõem o balcão e que todos os dias podem ser diferentes, mas da cozinha deste número 160 da Rua de São Paulo também saem torradas, tostas, panquecas, e até sopas e saladas. A The Cakery, que nasceu no lugar da Tease, é uma pastelaria mimosa e um café para todas as horas. A aposta pode bem estar nos bolos e há sempre uma mão cheia para provar à fatia, mas no menu são várias as opções que sabem bem logo de manhã como a tosta de abacate com ovo escalfado ou até mesmo umas panquenas de nutella e morango para os mais gulosos.

Depois da casa movimentada na Baixa de Lisboa e da casa boémia no Porto, o Nicolau abriu uma casa de férias em Cascais, com esplanada, bar e uma casa-de-banho toda cor-de-rosa. No menu brilham alguns dos clássicos deste all day café, como os ovos Amélia, a Flower Power Bowl e, claro, as panquecas e waffles, mas também têm espaço as panquecas das mais variadas formas. 

Assim que passar a porta vai sentir o cheirinho a waffles acabados de sair da prensa. Essa é uma das opções de pequeno-almoço deste café de linhas nórdicas (que serve pequenos-almoços a qualquer hora do dia), e pode escolher tantos toppings quanto quiser. Há ainda a famosa french toast, a tosta de abacate da moda, e pratos de ovos mexidos acompanhados com abacate, salada e bacon. 

Um clássico é um clássico e nem a cara lavada depois de tanto tempo fechado e a funcionar apenas com esplanada apagou a aura do Pão de Canela, o café e restaurante da Praça das Flores. Se a esplanada continua igual a sempre, lá dentro mudou tudo, estando o espaço agora mais funcional (finalmente há ligação entre café e restaurante) e moderno. A carta do restaurante mudou, mas do lado do café nem um clássico desapareceu, dos croissants aos scones, está lá tudo – até mesmo as torradas maiores que o prato.

A história é curta, mas já se começa a destacar. O Castro – Atelier de Pastéis nasceu em 2019 no Porto e hoje conta também com duas lojas em Lisboa. A primeira abriu no Chiado e a segunda não muito longe dali, perto do Elevador de Santa Justa. É verdade que não convém que pastel de nata se torne num pequeno-almoço recorrente, mas que sabe bem de vez em quando, isso sabe.

O The Mill tem umas tacinhas de pequeno-almoço que são uma maravilha: há salada de fruta fresca e iogurte; iogurte com granola caseira; ou umas papas de aveia, com banana, manteiga de amendoim, e sementes. Nos pratos, tanto há ovos estrelados com bacon, feijão cozido e abacate em pão sourdough, como uns ovos mexidos com salmão fumado, caldo verde salteado e pão sourdough. Nas bebidas quentes, duas mãos cheias de opções para arrancar o dia.

Nesta padaria o fabrico está todo à vista e não há tendência que não seja acompanhada. Recentemente é com os supreme croissants, uma espécie de croissants enrolados, que têm dado nas vistas, mas a pastelaria tradicional também têm espaço na montra do Bread & Friends, junto ao Marquês, mesmo que lhe seja dado um twist, sempre respeitando a qualidade dos ingredientes. O pão é de fermentação lenta, feito em casa.

Na esquina da Rua da Escola Politécnica com a Rua do Arco a S. Mamede, destaca-se este café luminoso. Percebe-se a inspiração nórdica, minimalista e bonita. O café de especialidade é uma aposta, mas também a comida simples e saudável, cheia de cor e sem grandes invenções. O menu é por isso, aparentemente, simples. A ideia foi fugir aos processados, com opções que não obrigassem a cozinhar, até por limitações do espaço. Há tostas e bagels, bowls simples e mais compostas e tartes e bolos sem toque de açúcar a mais. Para acompanhar, os smothies são pensados da mesma forma que a comida.

Podem ser os croquetes os mais afamados da carta, mas em plena Estrada de Benfica a Califa tem muito por onde escolher – e também por isso a pastelaria continua a passar no teste do tempo. Aberta em 1968, foi o primeiro café do bairro com projecção no resto da cidade. Tem três pisos: no primeiro andar fica o restaurante (um upgrade com 45 anos), café no R/C e a magia acontece toda na cave. É daí saem as estrelas da companhia: além dos croquetes, foi aqui que nasceu o Pastel de São Domingos de Benfica, após um desafio lançado pela junta de freguesia às suas pastelarias de fabrico próprio. Se o que procura é um pequeno-almoço tradicional, à moda antiga, eis a resposta.