A Time Out na sua caixa de entrada

Procurar
white afrodisiac telephone dali
©Jose Manuel Costa Alves/Berardo

Museus em Lisboa: as obras de arte que tem mesmo de ver

Da Custódia de Belém à Taça Iogurte ganha pelo Benfica, eis uma série de obras de arte de visita obrigatória.

Mauro Gonçalves
Escrito por
Maria Ramos Silva
e
Mauro Gonçalves
Publicidade

Conhece as propriedades do pó de múmia? E o nome da imagem do arcanjo que seguiu nas naus portuguesas em jeito de protecção? Acha que os cravos são (apenas) flores? Está preparado para atender um lavagante? Ok, chega de perguntas que só adiam ainda mais a satisfação da sua curiosidade. Se não faz ideia do que tem andado a perder nos museus em Lisboa, já por si repletos de experiências imperdíveis, nós recenseamos a matéria e oferecemos uma bússola segura. Os acervos enchem-se de autênticas pérolas com peças para todos os gostos, e nada como um breve roteiro para não se perder nos melhores corredores da cidade. É obrigatório conhecer estas obras de arte.

Recomendado: Exposições em Lisboa para visitar este fim-de-semana

Museus em Lisboa: as obras de arte que tem mesmo de ver

  • Museus
  • Baixa Pombalina

A cara é a de Vasco da Gama, mas quem ficou conhecido foi o burlão que, em 1925, conseguiu que o fabricante das notas legalmente emitidas pelo Banco de Portugal falsificasse, com o mesmo tipo de papel e até os mesmos elementos de segurança, centenas de milhares de notas de 500 escudos. O capital foi usado para fundar o Banco Angola e Metrópole e até para comprar acções do Banco de Portugal. As notas ficaram também conhecidas como camarões, porque para disfarçar o cheiro a tinta, foram banhadas com ácido cítrico. O escândalo rebentou em Dezembro desse ano e entrou para a lista das maiores burlas que Portugal já viu.

  • Coisas para fazer
  • Sintra

Desde os finais da década de 1950 que os e as pivôs da televisão portuguesa têm chegado às nossas casas com peças de roupa que marcam diferentes gerações. Lembra-se das calças à boca de sino dos anos 70 ou dos padrões garridos dos anos 80? Num museu que transborda tecnologia, voltamos aos básicos. Se bem que, de básico, este conjuntinho usado por Dina Aguiar para apresentar o Telejornal, algures nos anos 80, não tem nada. A verdade é que se o usasse hoje na rua, ninguém ia estranhar. Confira o figurino no News Museum.

Publicidade
  • Museus
  • Chiado/Cais do Sodré

A obra é de 1946 e coincide com o período em que Pomar esteve preso durante quatro meses, tendo as suas criações um cunho marcadamente político. Por doação do artista, este retrato de uma rapariga prisioneira, entre dois soldados nazis, “onde no plano pictural, apertada entre dois opressores, uma cabeça de mulher resiste ao horror vacui de um conjunto constringente de curvas, de onde parece surgir em relevo”, pertence à Colecção do Museu de Lisboa e encontra-se em depósito no Atelier-Museu Júlio Pomar.

  • Museus
  • Estrela/Lapa/Santos

É mais o que não sabemos do que aquilo que sabemos sobre os famosos painéis. O restauro de 1910 dá origem à publicação da primeira grande obra de análise desta peça icónica, feita pelo primeiro director do Museu Nacional de Arte Antiga, onde encontra este célebre exemplar. José de Figueiredo relaciona-a com o pintor régio de Afonso V, Nuno Gonçalves, e com o retábulo de São Vicente, da Sé de Lisboa.

Publicidade
  • Museus
  • Sete Rios/Praça de Espanha

Uma pausa no Museu Cosme Damião. Sabia que em 1960 o Benfica foi campeão nacional de actividades submarinas? E que em 1918 o Benfica recebeu a visita do tenor lírico Tito Schipa? Bom, e esta taça Simpatia Iogurte – Lisboa, conquistada depois de votação popular, que elegeu “o clube mais querido”? A peça de ourivesaria foi entregue a Mário Coluna num jogo ganho ao Futebol Clube do Porto em 1966. Tinha o valor de 100 mil escudos e autoria de Filipe José Bandeira.

  • Museus
  • Belém

Próxima paragem: Museu Berardo. Foi naquele jantar básico dado pelo afilhado do rei de Inglaterra que, de repente, todos os convidados decidiram que era boa ideia desatarem a arremessar comida em todas as direcções. Só lhes podemos agradecer. Dalí estava entre eles e fez-se-lhe luz quando um lavagante caiu em cheio em cima de um telefone. O sucesso não foi imediato. A peça foi apresentada em 1936, em Nova Iorque, mas acabou por não ser seleccionada para a primeira grande exposição de surrealismo, em Paris. Mais tarde e com o patrocínio do anfitrião do jantar onde tudo começou, foram produzidos dez telefones – quatro pretos, com o bicho na sua cor original, e seis brancos. Um deles pertence à Colecção Berardo desde 1999.

Publicidade
Publicidade
  • Museus
  • São Sebastião

O retrato da segunda mulher de Rubens passou por muitas mãos ilustres, antes de chegar às do senhor Gulbenkian, em 1930. Hoje repousa no museu da Avenida de Berna. Pertenceu a Sir Robert Walpole, primeiro-ministro britânico e ainda à imperatriz Catarina II, da Rússia. Para impressionar os amigos conte-lhes, em tom de coscuvilhice, que Rubens casou com Helena quando tinha 53 anos. Ela tinha 16.

  • Museus
  • Chiado

É uma das quatro cabeças de Amadeo de Souza-Cardoso na colecção do Museu do Chiado e uma das seis pinturas do acervo de arte contemporânea. Além destas, só há mais seis estudos do artista. Sabe porque motivo o museu tem tão poucas obras de Amadeo na colecção? A culpa é do pintor Eduardo Malta, que foi director do museu e, por razões ideológicas, se recusou a comprar mais peças do autor.

Publicidade
  • Museus
  • Alfama

O primeiro álbum de Camané foi gravado em 1981, quando o fadista tinha apenas 14 anos. A meninice está boa de comprovar pela capa, o cabelo giro também. António Chainho produziu e ainda acompanhou à guitarra. Se tiver dois minutos, dê um salto ao YouTube e ouça a música “A Minha Miúda”. Confira esta pérola no Museu do Fado.

  • Museus
  • Estrela/Lapa/Santos

Marionetas e água na mesma frase? Avance sem receios. Estas são exclusivas do Vietname, chamam-se Roi Nuoc, e movem-se na água, sim. Para sermos mais rigorosos, são manipuladas atrás de uma cortina de bambu. Tradicionalmente, as exibições destas peças aconteciam nos arrozais e estavam ligadas aos ciclos agrários. Procure-as no Museu da Marioneta.

Publicidade
  • Museus
  • Estrela/Lapa/Santos

Aderente à revolução de 1820, Sequeira, “primeiro pintor moderno, ou último dos antigos”, pinta um conjunto de quatro pinturas no fim de vida, em Roma, onde estava exilado. Graças a uma inédita campanha de angariação de fundos, o Sequeira veio para o seu lugar: a parede do MNAA.

Publicidade
  • Museus
  • História natural
  • Princípe Real

Decore o longo nome de um só trago. O vinocolorímetro foi desenvolvido na década de 1880 para determinar o tom e a intensidade da cor dos vinhos tintos, brancos, brandy e licores. Inclui um cartão com uma escala cromática definida pelo químico Michel Eugène Chevreul, e um colorímetro num suporte com duas lunetas. Falta-lhe apenas o tubo cónico para a protecção da luz exterior.

  • Museus
  • Campo Grande/Entrecampos/Alvalade

Parece um pratinho, mas é um pratão. Produzido na Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, mesmo no final do século XIX, tem um metro e meio de diâmetro e os relevos representam uma espécie de pirâmide alimentar, mas redonda. É digno de nota o virtuosismo cerâmico na representação da cestaria tradicional, reforçando-lhe a veracidade. A peça foi encomendada por Adriano Júlio Coelho, comerciante e amigo do artista. Veio a ser oferecida ao Museu pelo filho daquele, em 1932. Apenas se conhecem outros dois pratos semelhantes.

Publicidade
  • Museus
  • Belém

Numu Jon Diarra de Nienou assina esta cabeça de grande antílope, que pertence a um conjunto de 50 máscaras e marionetas provenientes do Mali. Os objectos foram adquiridos por Francisco Capelo a Sónia e Albert Loeb, tendo em vista a sua doação ao Museu Nacional de Etnologia, concretizada em 2004.

  • Museus
  • Chiado

Dois anjos de vulto ladeiam um painel central composto por relevo em prata cinzelada, com a cena do Apocalipse – O Cordeiro Adorado pelos Anciãos (Ap. 5:6,8), sobre fundo em lápis-lazúli, para um resultado que nos devolve ao intervalo 1744-1750. No âmbito do núcleo do tesouro da Capela de São João Baptista, do Museu de São Roque, destaca-se esta peça, da autoria do ourives Antonio Arrighi, um dos artistas que, na área da ourivesaria, mais trabalhou para Portugal durante o reinado de D. João V.

Publicidade
  • Museus
  • Estrela/Lapa/Santos

Se há obra responsável por romarias é esta. É também, pasme-se, ou não, aquela que mais permanece na memória das crianças. Neste tríptico, o holandês Hieronymus Bosch representa Santo Antão, o primeiro eremita, estabelecendo um impressionante paralelo entre as tentações que o assombram e as provações de Cristo.

Publicidade
  • Museus
  • Estrela/Lapa/Santos

De regresso da Índia, Vasco da Gama traz consigo 1500 moedas de ouro oferecidas pelo Régulo de Quilôa, em sinal de vassalagem à coroa de Portugal. Em 1506, Gil Vicente, “senhor da escrita e da balança” (sim, esse mesmo) converte-as nesta peça magistral de tributo a D. Manuel I, evocado nas seis esferas armilares. Mensagem? Deus no céu, o rei na terra.

  • Atracções
  • Campo de Ourique

Segundo conta o poeta ao amigo Adolfo Casais Monteiro, terá sido sobre esta cómoda, hoje instalada na Casa Fernando Pessoa, que escreveu certa noite os primeiros poemas de cada um dos principais heterónimos: Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos. “Escrevi trinta e tantos poemas a fio, numa espécie de êxtase cuja natureza não conseguirei definir”, confessou Pessoa em 1914.

Publicidade
  • Atracções
  • Ajuda

Venha daí até ao Palácio da Ajuda. Numa época em que os gastos de D. Maria Pia eram fortemente criticados, a rainha fez-se retratar despojada das jóias e indumentária normais para um retrato real, mantendo apenas na farda, composta pelo vestido branco e o manto azul, os botões de brilhantes e, na mão esquerda, um singelo anel. A obra foi executada por Carolus Duran, em 1880, quando veio a Lisboa, chamado pela 3.ª duquesa de Palmela.

  • Atracções
  • Avenida da Liberdade/Príncipe Real

Um emblemático óleo feito entre Lisboa e Paris (onde Maria Helena Vieira da Silva vivia). Em solo da capital, a base de trabalho foi o atelier do Alto de São Francisco, onde a pintora e Arpad Szenes passaram um longo período, entre 1935 e 1936. O problema do espaço é objecto de estudo ao longo de toda a sua trajectória. A história passa pelo Museu Arpad Azenes-Vieira da Silva.

Publicidade
  • Museus
  • Belém

Não foram um nem dois, mas três, os coches que fizeram parte do cortejo da Embaixada enviada por D. João V ao Papa Clemente XI, no dia 8 de Julho de 1716. Testemunho do barroco italiano, são decorados com grupos escultóricos monumentais que representam as façanhas portuguesas durante a época dos Descobrimentos. Claro que estão no Museu dos Coches, não os procure mais. 

  • Museus
  • São Sebastião

Espécimes como este são verdadeiras flores de estufa. A fragilidade obriga a que sejam expostos apenas durante três ou quatro meses para, depois disso, regressarem ao sossego das reservas. Este foi feito pelo papa Pio V e era usado na Capela Sistina. Ainda por cima, foi o próprio Gulbenkian a comprar o fragmento, em 1925, num leilão da Sotheby’s, em Londres. Abençoado seja.

Publicidade
  • Museus
  • Estrela/Lapa/Santos

Estes são só para peças de teatro, mas eram os favoritos das mulheres Manchu. São desconfortáveis e dificultam a locomoção, mas o objectivo era mesmo esse: recordar o tempo em que os pés das mulheres não podiam exceder os dez centímetros. Era sexy e um sinal de riqueza. Andam pelo Museu do Oriente.

  • Museus
  • Chiado/Cais do Sodré

Por que motivo está esta figura de um sarcófago egípcio no Museu da Farmácia? Desde o século XVI que o “pó de múmia”, com o seu poder curativo místico, marcou presença nas boticas europeias. Diz-se que devia ser aplicado na pele ou misturado na comida ou na bebida. 

Publicidade
As múmias
  • Museus
  • História
  • Chiado

Uma jovem e um jovem protegidos pelo vidro. Falamos de múmias, que deram entrada na colecção do Museu Arqueológico do Carmo em finais do século XIX, pela mão daquele que viria a ser o segundo presidente do museu, o Conde de São Januário. “São múmias naturais, não houve qualquer intervenção para as mumificar, provenientes de uma tribo de índios da América do Sul, durante o século XVI. O ritual de enterramento era colocar os corpos na posição fetal, embrulhá-los nos tecidos da tribo, abrir um buraco e enterrar”, descreve Rita Pires dos Santos, do serviço educativo do Museu do Carmo.

  • Museus
  • Ciência e tecnologia
  • Chiado/Cais do Sodré

Pintora, ilustradora, decoradora de interiores, ceramista, designer de mobiliário, cenógrafa, figurinista, autora de tapeçarias e de composições em azulejo. Em 1942, Maria Keil do Amaral retrata o transporte aéreo de correspondência, nesta peça criada para decorar a sala de público da Estação de Correios do Funchal e que, desde 1960, integra a exposição permanente “Vencer a Distância – Cinco Séculos de Comunicações em Portugal”. Vale a visita ao Museu das Comunicações.

Publicidade
Os cravos do Museu da Música
  • Museus
  • Sete Rios/Praça de Espanha

São cravos, senhores, e ainda por cima dão som. Estes dois, em particular, foram restaurados e intervencionados para florir de novo no Museu da Música. O cravo Antunes de 1789, praticamente desconhecido do público, e o cravo Taskin, de 1782, são dois mobilizadores de atenções na zona do Alto dos Moinhos. Taskin está já classificado como Tesouro Nacional, e Antunes seguirá pelo mesmo caminho.

  • Museus
  • Sete Rios/Praça de Espanha

Este belo instrumento preservado no Museu da Música é um Tesouro Nacional e os motivos são três: foi construído em 1725 por Antonio Stradivari (o único em Portugal), pertenceu ao famoso violoncelista belga Pierre Chevillard e, já depois disso, passou para as mãos do rei D. Luís, que os coleccionava e tocava. Em 2014, por ocasião do Dia Mundial da Música, foi tocado pelo violoncelista russo Pavel Gomziakov, que entretanto também o utilizou na gravação dos concertos de Joseph Haydn, com a Orquestra Gulbenkian, para a Onyx Classics. Em 2017, foi a vez da violoncelista Maria José Falcão.

Publicidade
  • Museus
  • Avenida da Liberdade/Príncipe Real

Parece um daqueles esquemas de montagem fácil da Ikea, mas esta mesa foi feita por marceneiros portugueses no século XVIII. É uma obra de engenharia notável, um verdadeiro quatro em um, presente na Casa Medeiros e Almeida. Cada tampo destina-se a uma função específica: o de topo, em meia lua, quando dobrado e a perna recolhida, serve de mesa de encostar; o segundo funciona como mesa de jogos de cartas, estando coberto por pano verde; o terceiro é uma mesa de gamão, xadrez e damas; e, por último, o tampo liso funciona como mesa de centro.

  • Museus
  • Alcântara

Saiba que os Eléctricos da Companhia de Carris de Ferro de Lisboa chegaram à capital em 1901, importados dos EUA. Este entrou ao serviço um ano depois, passou a carro de instrução na década de 50 e saiu de funções 10 anos mais tarde. É este o cartão de visita do 283, o único exemplar existente dos carros abertos que no início do século equiparam a frota da Companhia Carris. Entrou na série “Equador”.

Publicidade
  • Museus
  • Estrela/Lapa/Santos

Portugueses, espanhóis e italianos – para os japoneses era tudo corrido com o mesmo nome, namban. O nome dado aos primeiros povos europeus a pisar solo nipónico virou arte, com toda uma geração de biombos decorados com cenas destes encontros entre povos. Procure-os no Museu do Oriente. Em alternativa, também encontra belíssimos exemplares no Museu Nacional de Arte Antiga.

  • Museus
  • Belém

Acredita-se que a escultura em madeira viajou para a Índia, a bordo da nau São Rafael, na armada de Vasco da Gama. Quando a nau se afundou, no regresso, foi salva por Paulo da Gama, que a levou para o navio comandado pelo irmão. Ficou na Índia quando o navegador ali faleceu, em 1524. Cem anos depois voltou para Portugal. Em 1950 foi doada ao Museu de Marinha, por onde deve passar.

Mais museus em Lisboa

  • Arte

Galerias de arte contemporânea escondidas, instalações em montras, programas para miúdos e graúdos e uma nova mediateca onde pode treinar o seu francês. Aqui na zona ninguém se aborrece. Tem o aclamado Museu de Arte Antiga, onde pode encontrar o famoso tríptico de Bosch, mas também pode passar para o outro lado da rua e entrar na Wozen, uma residência artística com direito a exposições e actividades para todos. Pelo meio, há mais uma mão cheia de galerias que tem mesmo de visitar no bairro de Santos.

Publicidade
  • Coisas para fazer

Não fique a admirar estas actividades como se fossem quadros na parede. O conjunto de experiências que se segue é apenas uma amostra da quantidade inesgotável de iniciativas fomentadas pelos museus em Lisboa. É através deles que garante acesso a um barco, que pode consultar um acervo áudio único, fazer uma generosa doação ou até alugar um enorme salão de festas para celebrar o aniversário. À falta de ideias, nós dizemos-lhe quais são as experiências imperdíveis nos museus em Lisboa. Siga o nosso roteiro. Está à espera do quê?

Recomendado
    Também poderá gostar
    Também poderá gostar
    Publicidade