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As melhores séries de 2023
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As 23 melhores séries de 2023

O ano está a terminar. Por isso, cumpra-se o ritual. Estas são as melhores séries de televisão que vimos em 2023. Uma lista com cheirinho português: ‘Rabo de Peixe’.

Escrito por
Eurico de Barros
,
Renata Lima Lobo
e
Hugo Torres
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Matthew Macfadyen. Se tivéssemos de resumir o ano televisivo num único nome, seria esse o escolhido. Como ninguém nos encomendou esse exercício, fizemos outro: sentámo-nos a olhar para o vazio, a recordar horas e mais horas de televisão, no streaming e no cabo, para cumprirmos o ritual de escolher as melhores séries de 2023. Aliás, as melhores séries que vimos em 2023. É um detalhe importante. Netflix, Disney+, Prime Video, HBO Max, Apple TV+, SkyShowtime, Filmin e ainda os canais de televisão linear, com destaque para os FOX ou os TVCine, entram na lista com muitas histórias novas, embora tenham sido as mais antigas a deixarem-nos pelo beicinho. Vamos ver.

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As melhores séries de 2023

23. Daisy Jones & The Six

Amazon Prime Video

Inspirada pelos Fleetwood Mac, esta é uma história para fãs da música de outros tempos. Scott Neustadter e Michael H. Weber, dupla de argumentistas que conhecemos com (500) Dias com Summer, recria os 1970s e as idiossincrasias de uma época em que o zeitgeist pertencia às bandas de rock que aspiravam aos grandes estádios e arenas. Filmada como falso documentário, com entrevistas aos elementos de um grupo que se separou quando atingiu o sucesso, sem ninguém saber porquê, é nos flashbacks que se demora – e ainda bem. É como se estivéssemos um programa de ascensão e queda, mas nos bastidores.

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Hugo Torres
Director-adjunto, Time Out Portugal

22. The Consultant

Amazon Prime Video

Numa empresa tecnológica, o sinistro e misterioso consultor Regus Patoff (Christoph Waltz) chega com a missão de salvar o negócio, mas os seus métodos são, no mínimo, duvidosos. Adaptada de um livro de Bentley Little (conhecido pelas suas histórias de terror), The Consultant é uma sátira ao mundo dos negócios, levando ao extremo o conceito de que os meios justificam os fins. Funcionários em teletrabalho que têm uma hora para chegar ao escritório para não serem despedidos ou os que têm de se levantar a meio da noite para trabalhar, são apenas duas das medidas de Regus, numa viagem alucinante em oito episódios.

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Renata Lima Lobo
Jornalista
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21. Poker Face

SkyShowtime

Rian Johnson gosta de histórias de detectives. Entre episódios de Star Wars, o cineasta abriu espaço no género com os filmes Knives Out. Agora entra no domínio das séries. Aqui sabemos quem é o assassino e o que há para descobrir é o caminho que Charlie (Natasha Lyonne), um detector de mentiras humano, percorre para o encontrar. Cada episódio é um homicídio e traz, à vez, convidados de peso – Chloë Sevigny, Joseph Gordon-Levitt, Nick Nolte. O primeiro, com Adrien Brody, deixa-nos logo agarrados. Apesar da inverosimilhança que paira como uma sombra sobre a série, são sempre horas bem passadas.

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Hugo Torres
Director-adjunto, Time Out Portugal

20. 1923

SkyShowtime

Harrison Ford e Helen Mirren são imperiais nos principais papéis da nova e épica manifestação da saga western da família Dutton, como sempre assinada pelo hiper-produtivo Taylor Sheridan, e que encaixa entre a minissérie 1883 e Yellowstone. Está lá tudo o que conta: o elogio e a defesa do ethos familiar e da propriedade contra as  ameaças exteriores, a sucessão geracional, os conflitos de poder, os EUA em mudança entre as duas guerras e antes da Grande Depressão, e as paisagens majestosas. 

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19. Serpent Queen

TVCine Emotion

 

Criada por Justin Haythe, co-argumentista de Revolutionary Road (2008), recupera a história de vida da italiana Catarina de Médici (Samantha Morton), que se tornou rainha de França em 1547. Nascida numa das famílias mais poderosas de Itália, ficou órfã ainda pequena, mas ser sobrinha do Papa valeu-lhe um casamento real. E muitas dores de cabeça. Em The Serpent Queen os personagens adoptam uma linguagem contemporânea, que acompanha uma banda-sonora que inclui temas de Patti Smith ou PJ Harvey, numa produção que não aborrece e junta humor negro à receita.

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Renata Lima Lobo
Jornalista

18. From

HBO Max

Um grupo de pessoas está preso numa cidadezinha de onde não consegue sair e algumas das leis da física não funcionam, e onde à noite vagueiam monstros com aspecto humano, saídos dos bosques em redor, que matam e mutilam quem ficou na rua. E só não entram nas casas porque são impedidos por um talismã que os moradores penduram nas portas, descoberto pelo xerife local. Esta muito intrigante série de terror é reminiscente de Stephen King, David Lynch e de Lost, mas tem pernas para andar sozinha.

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17. A Orquestra

Filmin

Foi Fellini que fez o grande filme sobre a orquestra como microcosmo da sociedade, em Ensaio de Orquestra. Esta série dinamarquesa pega na mesma ideia e põe de pé uma tragicomédia ambientada na Orquestra Sinfónica de Estocolmo, e que, além de expor os intemporais defeitos, mesquinhices, falhas de carácter e insuficiências morais do ser humano, satiriza o mundo da música clássica, as suas vaidades, ridículos e intrigas, e dando algumas valentes alfinetadas no wokismo que também já ali chegou.

16. Rabo de Peixe

Netflix

Campo, contracampo, pára, acelera. Repete. Augusto Fraga veio da publicidade para embeiçar meio-mundo (há números) com a capacidade do audiovisual português para contar uma história a uma audiência globalizada. Com dinheiro, sim – é um “original” Netflix – mas sobretudo com ritmo. O ritmo é o bê-a-bá numa narrativa com essa ambição. É como diz o Arruda, o vilão carroceiro de Albano Jerónimo: “E tu, ò quarta-feira? Estás aí a meio... Ou entras, ou vais para a puta que te pariu! Entra lá, caralho”. Malgrado o desenlace, Rabo de Peixe está longe, muito longe, de ser uma série quarta-feira. É quase uma ilha.

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Hugo Torres
Director-adjunto, Time Out Portugal
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15. Marinheiro de Guerra

Netflix

A II Guerra Mundial numa perspectiva raramente vista: a dos marinheiros dos barcos mercantes que faziam parte dos comboios aliados de reabastecimento, que iam de Inglaterra e Malta até à antiga URSS, e cujo índice de afundamentos e baixas foi altíssimo. Esta série norueguesa é de um realismo sombrio e foge ao maniqueísmo e aos lugares-comuns das produções ambientadas na II Guerra Mundial. É sobre as provações e a capacidade de sobrevivência dos protagonistas, durante o conflito e para lá dele.

14. Toda a Luz Que Não Podemos Ver

Netflix

A II Guerra Mundial voltou a estar debaixo de foco, aqui numa adaptação a minissérie do premiado romance homónimo de Anthony Doerr. Toda a Luz Que Não Podemos Ver acompanha uma década na vida de dois jovens: um órfão alemão recrutado para as forças nazis e uma rapariga francesa cega que foge com o pai para Saint Malo. Sem se conhecerem, ambos encontram refúgio nas emissões nocturnas de rádio de uma figura que dá pelo nome de Professor, até que os destinos de todos acabam por se cruzar. Um épico dividido em quatro episódios, que cruza ficção e realidade, actores credenciados (como Mark Ruffalo ou Hugh Laurie) e novos talentos promissores.

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Renata Lima Lobo
Jornalista
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13. Van der Valk

FOX Crime

O autor de policiais inglês Nicolas Freeling criou a personagem de Simon “Piet” Van der Valk, inspector da Polícia de Amesterdão, em 1962, após ter vivido e trabalhado (e estado preso durante algumas semanas, por um equívoco) na capital holandesa. Esta segunda adaptação à televisão, com Mark Warren no papel principal, tem, da manufactura e do verismo dos enredos à homogeneidade das interpretações, todas as qualidades narrativas, dramáticas e de representação das boas séries policiais britânicas.

12. A Noite Em Que Logan Despertou

Filmin

O cineasta e actor Xavier Nolan é um prodígio do cinema. E fez uma série. Nesta adaptação da peça La nuit où Laurier Gaudreault s'est réveillé (2019), de Michel Marc Bouchard, Nolan é o criador e protagonista, no papel de Elliot, um rapaz que enfrenta o vício das drogas e tem de regressar a casa quando a mãe morre, reencontrando os seus três irmãos e um segredo que todos guardam do passado. A Noite Em Que Logan Despertou é uma série de autor, com uma impressão digital muito particular, onde os ambientes são acompanhados por uma banda-sonora original composta por Hans Zimmer.

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Renata Lima Lobo
Jornalista
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11. Spy/Master

HBO Max

Produzida na Roménia, Spy/Master inspira-se no caso de Ion Pacepa, general da Securitate, os antigos serviços secretos romenos, e íntimo e conselheiro do Presidente Nicolae Ceausescu, que fugiu para os EUA em 1978. Rico de peripécias do tempo dos gravadores de fita, dos telefones fixos e das pastas-bombas, e aderindo com rigor à tradição narrativa do thriller de espionagem, Spy/Master é muito mais tensão e suspense do que acção, mais John Le Carré do que 007. Já há poucas séries assim.

10. This is England

TVCine Edition

Michael Winterbottom assina esta recriação, em seis atarefados episódios, da forma como o governo inglês liderado por Boris Johnson reagiu à primeira vaga da pandemia, e faz uma gestão cuidadosa da reconstrução documental e das liberdades dramáticas. This is England beneficia ainda da certeira interpretação de Kenneth Branagh no papel de Johnson, em que a maquilhagem é apenas um acessório complementar de uma personificação pouco menos que perfeita, desde a voz  ao modo de estar e se mover.

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9. Lições de Química

Apple TV+

Depressa e bem, há pouco quem. A língua inglesa também tem uma versão do provérbio: haste makes waste. Mas a sabedoria nada pode contra a valorosa Capitão Marvel. Brie Larson, actriz que o grande público conhece do multiverso embora tenha um Óscar pelo claustrofóbico Quarto, estava tão empenhada neste projecto que a série se estreou apenas um ano e meio após o lançamento do bestseller em que é baseado, uma tragicomédia sobre uma química que cria um programa de culinária feminista na América dos anos 1960. O resultado dificilmente poderia ter sido melhor – nem que fosse produzido em laboratório.

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Hugo Torres
Director-adjunto, Time Out Portugal

8. Fleishman em Apuros

Disney+

Esta série com laivos de subversão, faz-nos pensar. Ao mesmo tempo que acompanha algumas ansiedades dos tempos modernos, em particular de uma geração que tenta aceitar os quarentas, a história de Fleishman em Apuros vira a nossa percepção ao contrário. Se por um lado sentimos pena do pobre Toby Fleishman (Jesse Eisenberg) que foi abandonado pela mulher Rachel (Claire Danes) e passa a ter de cuidar dos filhos, por outro não nos lembramos de ponderar sobre as razões que levaram ao desaparecimento de Rachel Fleishman. Uma minissérie com argumento adaptado pela própria autora do livro homónimo, Taffy Brodesser-Akner.

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Renata Lima Lobo
Jornalista
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7. Stonehouse

Filmin

Há quem revire os olhos quando se lê na sinopse: inspirado em factos reais. Bom, no caso da minissérie Stonehouse vale a pena olhar para uma das histórias mais surreais da política britânica. (onde há sempre muito por onde escolher). John Stonehouse foi um deputado britânico que chegou a exercer funções de ministro até um dia ser dado como desaparecido em Miami. Chegou a ser publicado um obituário, mas a verdade é que o político simulou a própria morte para tentar fugir a uns imbróglios gigantes nos quais se tinha metido. Destaque para a participação brilhante de Matthew Macfadyen (Succession).

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Renata Lima Lobo
Jornalista

6. The Last Of Us

HBO Max

O género distopia continua a alimentar legiões de fãs e The Last of Us parece ter chegado para preencher o vazio de The Walking Dead (a série principal, porque há spin-offs a brotar de cada canto). Só que em vez de vírus vimos fungos, e em vez de uma adaptação de comics vimos uma adaptação de um dos videojogos mais populares da actualidade. O investimento de milhões em cenários reais, assim como a prestação do elenco tornou este apocalipse um dos mais convincentes e assustadores dos últimos tempos.

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Renata Lima Lobo
Jornalista
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5. Bodies

Netflix

Entretecendo o policial, o thriller da modalidade grande conspiração secreta e a ficção científica sobre viagens no tempo e paradoxos temporais, Bodies passa-se em Londres, em quatro épocas distintas. Foi preciso recorrer à adaptação de uma BD, da autoria do falecido Si Spencer e ilustrada por quatro desenhadores diferentes, para que aparecesse uma série de FC imaginativa, original e complexa, que arranca o espectador à rotina e consegue ombrear com a literatura do género.

4. Bookie

HBO Max

Chuck Lorre e Nick Bakay (Dois Homens e Meio, A Teoria do Big Bang ou O Método Kominsky) criaram esta série cómica sobre Danny, um corretor de apostas desportivas de Los Angeles, e Ray, o seu guarda-costas, ou “dissuasor visual”. Bookie é, da escrita e dos diálogos ao desenho das personagens, passando pela qualidade e pelo ritmo dos gags, e pelo encadear das situações, solidíssima, inspiradíssimo e divertidíssima, e não tem um momento morto que seja. Nem melindres politicamente correctos.

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3. Homicídios ao Domicílio

Disney+

Dois grandes comediantes, uma famosa estrela da pop, um assassinato no prédio a cada temporada. A fórmula de Homicídios ao Domicílio, entre o humor e o mistério, tem convencido os fãs a manterem-se agarrados à série que, por sua vez, se agarra à moda dos podcasts do género true crime. E fá-lo com originalidade, embora esteja sempre à espreita a improbabilidade de continuarem a morrer pessoas no luxuoso condomínio Arconia. O ingrediente secreto desta terceira temporada foi Meryl Streep que se juntou a um elenco que é também um luxo, mesmo nos papéis secundários.

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Renata Lima Lobo
Jornalista

2. The Bear

Disney+

À segunda temporada, deixou de ser sobre o “urso” do título, isto é, sobre Carmy, o chef que deixou o circuito de fine-dining para regressar a Chicago e recuperar o tasco de sandes que o irmão, que se suicidou, deixou em cacos. Passou a ser sobre as personagens que enxameiam ou orbitam aquela cozinha caótica, dedicando um episódio a cada uma. E que diversidade de televisão essa opção abriu. Do deliciosamente sufocante jantar de Natal à inesperada calmaria e meticulosidade com que o nervoso primo Richie vê a luz. Imperdível.

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Hugo Torres
Director-adjunto, Time Out Portugal
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1. Succession

HBO Max

“Eu sou o filho mais velho!” Apesar do foguetório, de todas as alianças e estratégias, a frase desesperada resume com desarmante simplicidade o raciocínio primário e o móbil de Kendall Roy. O lugar do pai era seu por direito. Era-lhe devido. Assim pensam as camadas de privilegiados que começam nos portadores de nomes de família sonantes e acabam nos maiores acumuladores de riqueza que este planeta já viu. Succession era sobre isso. Uma sátira tão bem urdida – escrita, produzida, realizada e interpretada – e que ressoou de tal forma junto do público que, agora que acabou, não escapa a essa lógica. O topo desta lista é seu por direito. Provando que o mundo também é dos bananas sem imaginação (nós, no caso).

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Hugo Torres
Director-adjunto, Time Out Portugal

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