Rude
Arlei Lima | Rude, nos Anjos
Arlei Lima

Acha que conhece os Anjos? Vinte sítios para descobrir no bairro

Tem garrafeiras, petiscarias, café de especialidade, tatuagens e galerias. A pergunta é: o que é que os Anjos não têm?

Mauro Gonçalves
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Não é de hoje que andamos de olho neste bairro, atravessado pela Avenida Almirante Reis. Se em 2021 foi considerado pela Time Out o mais cool da cidade, quatro anos depois os Anjos continuam em ebulição. Novos negócios abriram e tendências urbanas ganharam aqui forma, atraindo vizinhos e visitantes. A atmosfera é vibrante, sobretudo no que toca à comida e aos vinhos. Mas há também livrarias, galerias e cafés de especialidade. Vá por nós e tire um dia para descobrir (ou redescobrir) este bairro Lisboa. Dizemos-lhe quais os 20 sítios que tem mesmo de conhecer nos Anjos, mas se tiver tempo arranjamos-lhe mais.

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As melhores coisas fazer nos Anjos

  • Lisboa

Este bar dos Anjos junta boa música e plantas – e por vezes até música para plantas. Além de café, bar de cockails, espaço para concertos, para DJ sets, para dançar e para exposições, A Mata também serve pequenos petiscos, como tibornas, salada de bufala, tzatziki e doces do Zukar, outro negócio do bairro. Por arrasto veio também a agenda cultural.

  • Arte
  • Galerias
  • Lisboa

Um atelier de arquitetura que se queria abrir à rua e ao bairro: assim nasceu a Antecâmara. O atelier é o Campos Costa Arquitetos, que reabilitou uma antiga padaria, tirando o que tinha sido acrescentado e repondo o que estava no projecto de obra. Para a arquitectura ficou o interior – o espaço dos fornos e salas de amassadeiras. A galeria e rádio Antecâmara, essa, está à frente, virada para a rua, onde antes se vendia o pão, num rés-do-chão de gaveto, com vitrines para duas ruas.

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  • Italiano
  • Lisboa
  • preço 1 de 4

No restaurante dos Anjos sentimos o aconchego de uma casa italiana. Cheira a massa fresca, a música é alegre e o ambiente descontraído. Nas prateleiras, há frascos com molhos, pacotes de massa e garrafas de vinho. A ardósia anuncia os pratos, que incluem relíquias gastronómicas de Bolonha, e os preços são amigos da carteira. Além da massa fresca, que pode ser acompanhada com uma das várias opções de molhos, há sobremesas e uma lista de bebidas diversificada. Também é possível comprar a massa fresca para levar e preparar em casa. O CaJa tem dez lugares no interior e funciona apenas a quatro mãos: as da chilena Catalina (Catita) no serviço e as do marido Bubacar, quase sempre na cozinha. O espaço abriu no final de Julho, mas já se formam filas de curiosos e clientes habituais, por isso o melhor é fazer reserva.

  • Lisboa

Primeiro, surgiu o espaço, uma excelente esquina a unir a Forno do Tijolo com a de Moçambique. Só depois a ideia de fazer dele uma garrafeira, mas onde o vinho também sai a copo e acompanha agradavelmente com petiscos – as lulas em tinta com salada de batata e funcho, as tábuas de queijos e enchidos, a salada de espargos, queijo azul e amêndoas ou as reconfortantes batatas fritas com salpicão. De portas abertas aos Anjos e à cidade desde Julho de 2024, a Casa Farta vive em torno de um balcão corrido, cercado de bancos. É ali que se joga conversa fora, sempre de copo na mão, e se resolvem os dilemas sobre que vinho levar para casa. São à volta de 160 referências, todas portuguesas e de todo o Portugal. Praticamente todo o vinho que se vê nas prateleiras é feito por pequenos produtores, não se admire, por isso, que, numa segunda visita, já tenha outras garrafas para se tentar.

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  • Compras
  • Tatuagens e piercings
  • Lisboa

É um dois em um: à entrada, a Casa Tigre assemelha-se a uma pequena loja, com peças de roupa oficiais e ainda exemplares personalizados por artistas. À medida que avançamos no espaço, entramos na segunda sala, onde se tatua segundo o estilo tradicional americano. A música faz parte do cenário, afinal, falamos numa casa fundada em 2021 por Paulo Furtado, também conhecido como The Legendary Tigerman, Afonso Rodrigues, vocalista dos Sean Riley & the Slowriders, e Luís Raimundo, vocalista dos The Poppers. Em suma, três animais de palco. É lá que encontramos a arte sobre a pele de Douglas Cardoso, mas também de Cunha Wiki Mouse e Alex Edwards.

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  • Lisboa

Bráulio Amado é um ponta-de-lança do design gráfico nacional: trabalha com o New York Times, a New Yorker e a Vanity Fair. E desde há alguns anos que tem um trabalho exposto nos Anjos: o logótipo da Couve. É uma loja de vestuário e calçado vegano. Sapatos sem pele; meias, gorros e cachecóis sem lã. Atrás do balcão está Vasco Monteiro, que quer provar que se pode vestir com consciência “mas com pinta”. Nas prateleiras, há marcas internacionais de renome, como a Birkenstock, a Teva, a Dr Martens ou a Veja, mas também há exemplares da portuguesa 8000Kicks.

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  • Lisboa

A Greta, assim se chama, nasceu primeiro online, em 2022, e desde então tem reunido, inclusive em debates literários, uma comunidade de mulheres trans e cis, feministas e activistas, interessadas em ler e promover a literatura no feminino. Já na livraria física, aberta em 2023, há duas modestas estantes de madeira, à esquerda e à direita, e uma mesa ao centro, com cerca de dois mil títulos (nem todos expostos), tudo escolhido a dedo. A decorar o espaço, há fotografias, ilustrações e posters feitos por mulheres. A curadoria é toda feita por Lorena, que só vende livros escritos por mulheres, trans ou cis, de diferentes géneros literários, de não-ficção a ficção, poesia e até literatura infanto-juvenil. Além disso, o acervo também conta com artes gráficas, zines e revistas produzidas por mulheres.

  • Compras
  • Livrarias
  • Lisboa

Chamar-lhe livraria é pouco. O lado oficinal não fica de fora desta It's a Book, projecto nascido em 2016 no bairro dos Anjos. O mundo infantil é explorado ao nível da literatura, das edições de autor e das artes plásticas, através de uma programação repleta de actividades para os mais novos. Quanto ao títulos, as editoras nacionais convivem com as forasteiras e o lado didáctico e artístico prevalece.

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  • Lisboa

Jezzus, a muito colorida pizzaria dos Anjos, serve pizzas de fermentação natural, com cereais, farinhas e ingredientes locais. O resultado é uma pizza ligeira, fácil de digerir e com um toque português. A sugestão vai para a pizza à Bulhão Pato, inspirada no tradicional prato português de amêijoas; ou para a Judas dos Açores, para os que são a favor do ananás na pizza.

  • Cafés
  • Santa Maria Maior

Jadwiga e Ricardo abriram o Malabarista ainda em 2020, com a vontade de servir café de especialidade no bairro dos Anjos, feito com grão da casa, torrado pela Olisipo Lisboa, ou com os grãos da torrefacção espanhola Right Side. Entretanto, também os bagels entraram para o menu, confeccionados pela Fábrica dos Sabores com farinhas moídas em mós de pedra com certificação biológica, livres de aditivos. Para rechear pode escolher queijo creme, manteiga de amendoim e doce, queijo de cabra e mel ou tomate e pesto vegan caseiro.

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  • Lisboa

O número 38 da Rua Maria Andrade foi outrora uma concorrida padaria. De portas fechadas há vários anos, renasceu em 2021 como Maria Food Hub, um espaço com mais do que uma vocação, que quer reunir e expor o que de melhor se faz no bairro dos Anjos, da gastronomia às artes. A comida – local, sazonal e saborosa – é ponto de encontro para residentes e visitantes. A inspiração é internacional, os ingredientes são predominantemente portugueses. De segunda a domingo, de manhã à noite (a cozinha está aberta quase 12 horas), há sempre saladas, bowls, hambúrgueres e diversos outros petiscos. Ao pôr-do-sol, a combinação-chave é ostras e vinho.

  • Lisboa

Abbie Gill idealizou este espaço para ser mais do que uma garrafeira. Embora os vinhos estejam na base do projecto, a agenda mensalmente partilhada no Instagram dá-lhe outra vida. Vinhos são 120, todos naturais ou orgânicos. Os rótulos portugueses podem estar em maioria, mas não são os únicos a ter lugar nestas prateleiras. Há vinhos espanhóis, italianos, húngaros e muitas outras fronteiras para atravessar. Acima de tudo, Abbie quer contar a história de cada pequeno produtor e surpreender os clientes com sabores, tons ou proveniências diferentes do habitual. Entram nesta categoria os vinhos produzidos por mulheres, uma secção em crescimento, mas também os rosés, os espumantes e os vinhos laranja, que suscitam cada vez mais a curiosidade de quem entra no wine bar.

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  • Lisboa

Uma advogada francesa, uma viagem reveladora e uma paixão inesperada. Assim se resume a história d'O Pif, bar de vinho a copo nos Anjos, que também distribui garrafas pela cidade. Entre rosé, tinto, branco e espumante, encontramos n’O Pif dezenas de referências. Todas portuguesas, de pequenos produtores e de pouca intervenção, escolhidos a dedo por Adélaïde Biret. A copo, os vinhos disponíveis vão rodando e vêm para a mesa, no interior ou no exterior, acompanhados de uma garrafa de água e de azeitonas temperadas. Para complementar, há queijo e outros petiscos como burrata artesanal, rillettes com picles e chouriço de porco preto cru com kimchi, que incluem sempre um cesto de pão, da Terra Pão.

  • Lisboa

Será o pão? Será o vinho? Dois sócios, um ribatejano e um nortenho, juntaram-se em 2021 para abrir O Primo do Queijo. Viviam no bairro e sabiam perfeitamente o que lhe estava a faltar – um sítio despretencioso, onde as pessoas se pudessem juntar ao final do dia para beber um copo e petiscar. Dito e feito. Hoje, esta petiscaria com esplanada é uma casa dedicada aos clássicos portugueses, daí que os pedidos mais frequentes envolvam tábuas de queijos e enchidos, empadas de cozido e a grande especialidade – a sandes de presunto e queijo da serra. O sucesso foi tal que, em 2024, abriram um segundo espaço na porta ao lado. Chama-se Madrinha, partilha a mesma esplanada, mas vai um pouco mais além na missão de servir os petiscos tradicionais portugueses. Afinal, é um restaurante e tem cozinha.

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  • Arte
  • Galerias
  • São Vicente 

A Passevite foi criada em 2015, como galeria independente, mas também atelier, dos pintores Paulo Robalo e Mathieu Sodore e dos designers Daniel Nascimento e Rui Lourenço. O espaço tem uma programação própria, com exposições individuais e colectivas de autores nacionais e internacionais, de vários géneros artísticos. Há dias em que a Passevite se transforma em Cine-Passevite – vira sala de cinema e projecta curtas-metragens de alunos de escolas de cinema e de realizadores portugueses.

  • Compras
  • Lisboa

É uma referência na produção e venda de fios para tricot em Portugal, mas não só. Na Retrosaria de Rosa Pomar, encontra também meadas importadas, livros da especialidade, vários utensílios e ainda uma selecção de tecidos portugueses criteriosamente escolhidos pela grande mestra da malha. Rosa Pomar não guarda todo este conhecimento só para si. Há uma agenda de workshops onde partilha (ou convida quem mais sabe a partilhar) saberes e técnicas em labores como o tricot, o crochet, o macramé ou mesmo a cestaria. Ao fim de mais de uma década, a Retrosaria mudou de poiso – mora até hoje na Rua Maria Andrade.

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  • Lisboa

Abriu no final de 2022, nos Anjos, com cerca de 40 referências de vinho nacionais de pouca intervenção – rudes, vá. Tudo para acompanhar queijos, enchidos, conservas, molhangas várias e até ostras. O vermelho nas paredes e as pinturas de figuras despidas e de copo na mão são só uma amostra do arrojo do espaço. A grande esplanada, a escolha certa para os dias de sol. Em 2024, os donos do Rude abriram um outro espaço mesmo ao lado. Chama-se Finória e é uma pizzaria.

  • Cafés
  • Lisboa

Entrar no Thank You Mama, nos Anjos, é como entrar na cozinha de casa. Cheira a chocolate e a café. No centro, há uma ilha de madeira com bancos altos, atrás estão o lavatório e a loiça e à frente, junto à janela, umas mesas que convidam a ficar para mais uma chávena. Neste espaço informal, mas bonito, que contempla ainda uma sala para artistas exporem os seus trabalhos e para workshops relacionados com a transformação dos grãos de café e cacau, todos são bem-vindos, incluindo amigos de quatro patas. Aqui, a estrela é o café, mas há bagels e babka para acompanhar.

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  • Lisboa

A Tosta abriu em Maio de 2025, nos Anjos, e apresenta-se como uma cozinha de sanduíches. O britânico Jake Goosen é o chef de serviço. Mais do que uma forma rápida de forrar o estômago, aqui a sandes é promovida a especialidade gastronómica. No fundo, é como pegar nos vários ingredientes de um prato e colocá-los entre duas fatias de pão. Há cinco sanduíches no menu. Cubano (10€), a rainha das sandes, é uma mistura compacta e com camadas bem definidas de fiambre fumado, carne de porco desfiada, queijo provolone, maionese picante, salsa verde e mostarda. Tosta Mista (7€), outro êxito da ementa, junta fiambre fumado, brie e provolone, maionese, pimenta e alho negro. Jerk Chicken (10€) completa o trio de sanduíches quentes, também conhecidas como tostas, com coxas de frango assadas, salsa de abacaxi, sour cream fumado e cheddar. A Smokey Veg (9€) e a Lemon Zuke (9€), ambas servidas em focaccia, completam o cardápio. A primeira é vegana. A segunda, a mais fresca das receitas, junta curgete, queijo de cabra e parmesão, limão, manjericão e noz pecan.

  • Lisboa

O nome é bem português. Já o menu pode calhar de estar virado para si em inglês. Mas não tem a mais remota de ser mal servido neste restaurante de boa comida e ainda melhor ambiente. A cozinha é viajada e pode ir de Portugal a Itália, de Espanha ao México, do Médio Oriente ao Japão – que é como quem diz do choco grelhado com batatinhas ao murro à focaccia e aos arancini de pato, do ajo blanco aos tacos de camarão à la diabla ou de chile poblano, dos falafel à katso sando. Mas é possível que encontre na carta esquites, ceviche, pica-pau, moamba ou labneh. A oferta vai mudando. Portanto, o melhor é ir com companhia, pedir tudo e partilhar (há uma mesa grande onde cabem grupos maiores). Nos vinhos, também não falta diversidade para treinar um palato verdadeiramente internacional.

Lisboa ao ar livre

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  • Filmes

Os dias estão mais quentes e as noites tendem a ficar agradáveis demais para serem passadas em frente à televisão. Aproveite e vá arejar para um cinema ao ar livre em Lisboa, com vista para as estrelas no ecrã e no céu – é um programa perfeito quer esteja sozinho ou acompanhado, mesmo que às vezes seja aconselhável uma manta.

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