Belcanto
©Duarte Drago
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Os 10 restaurantes que marcaram a cidade na última década

Venceu o petisco e a tasca moderna, a alta cozinha portuguesa e as comidas do mundo. Estes dez restaurantes marcaram a cidade na última década.

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Os anos 2010-2020 foram a década de ouro da restauração lisboeta, a década em que descobrimos que havia mais do que sushi e chop suey e em que o fine dining se democratizou.  Nestes dez anos, venceu o petisco e a tasca moderna, a alta cozinha portuguesa e as comidas do mundo. Há hambúrgueres que merecem sempre um regresso, dumplings, comida de tacho e pratinhos para partilhar sem ficar com um ratinho no estômago. Nunca foi tão entusiasmante comer na cidade – e as 10 casas que aqui lhe apresentamos tiveram muito a ver com isso. 

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Os 10 restaurantes que marcaram a cidade na última década

  • Santa Maria Maior

Porque a ideia de servir gins premium e partilhar petiscos começou aqui.

De todas as tabernas modernas que apareceram na última década nenhuma terá sido tão marcante como a que era mesmo Moderna. As tábuas, os petiscos, o serviço informal mas competente e a colecção de gins, ainda hoje uma das mais notáveis da cidade, tudo ajudou a fazer a festa de partilha em que a restauração de Lisboa se transformou. Muitos dos seus pratos mais icónicos, como os ovos rotos ou o atum braseado, tornaram-se verdadeiras pragas mal copiadas – mas a culpa não foi do pai.

Rua dos Bacalhoeiros, 18A (Baixa). 21 886 5039.

  • Chiado

Porque era o começo do fine dining de conforto com um chef desempoeirado.

Para muita gente, este Cantinho do Chiado foi durante algum tempo o mais digno representante da prole Avillez. Aberto em 2011, inaugurou a tendência dos chefs terem um restaurante de suporte, mais acessível e rentável, que lhes permitisse pagar os seus projectos mais arrojados (e caros). A carta sempre foi um caos bom, misturando risotos, hambúrgueres, molhos thai, farinheira ou queijo assado no forno – mas isso era também garantia de que havia sempre alguma coisa para toda a gente.

Rua Duques de Bragança, 7 (Chiado). 21 199 2369.

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  • Chiado

Porque representou o espírito arty e sofisticado do Bairro Alto, mesmo depois de ele fraquejar.

O chef Ljubomir Stanisic foi quem melhor soube misturar boémia com alta gastronomia. Mal abriu no espaço do mítico Bacchus, no início da década, captou logo uma fauna ecléctica que misturava jet set junkie com artistas, jornalistas e empresários viajados. O restaurante teve várias fases, altos e baixos, mas nada disso fez esquecer as noites épicas de reinação, movidas a cascas de batata, bureks ou carabineiros.

Largo da Trindade, 9 (Bairro Alto). 91 030 7575.

  • Português
  • Chiado

Porque nunca uma cozinha juntou de forma tão perfeita técnica e sabores portugueses.

Já havia Belcanto, mas foi em 2012, quando José Avillez pegou nele, que se deu a grande transformação. Nunca, até então, Lisboa tinha tido um restaurante de alta cozinha tão perfeito e competente. A primeira estrela Michelin apareceu sem espanto, logo no ano de 2013, a segunda aconteceu em 2014 e a terceira pode ser uma questão de tempo, agora que o restaurante se mudou para instalações mais espaçosas.

Rua Serpa Pinto, 10A (Chiado). 21 342 0607.

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  • Português
  • Chiado/Cais do Sodré

Porque André Magalhães foi dos primeiros a aliar cozinha sazonal e terroir.

Quando a sazonalidade era ainda um conceito fora de moda e os filhos de Ferran Adrià andavam eufóricos com a cozinha molecular, já André Magalhães trazia para a Rua das Flores aquilo que encontrava nas suas viagens, fossem elas feitas dentro ou fora de portas. Ao almoço sempre bom azeite, boas azeitonas, copos de tasco, pão a sério, meia desfeita, iscas e outros pratos tugas; ao jantar uma carta marcada pelo campo e pelo mar, de Sesimbra a Taiwan, do Alentejo a São Tomé.

Rua das Flores, 103. 21 347 9418.

  • Japonês
  • Oeiras

Porque Tomoaki Kanazawa foi o mais genial herdeiro do mestre japonês Takashi Yoshitake

Era só um snack-bar travestido de restaurante em Algés, mas foi aqui que se comeu o melhor sashimi e os primeiros menus kaiseki dignos do nome da Grande Lisboa. A personalidade de Tomoaki Kanazawa marcou toda uma geração de chefs portugueses e sushimen, que nele viram um patamar de excelência sóvislumbrado no saudoso Aya. Tomo saiu do Tomo em 2015 para abrir o Kanazawa, um balcão ali ao lado, em Pedrouços, e regressou ao Japão em 2017, deixando órfãos centenas de fiéis comensais.

Largo Comandante Augusto Madureira, 2 (Algés). 21 301 0705.

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  • Chinês
  • Oeiras

Porque nunca houve outro restaurante chinês que fizesse tão bem dumplings para o povo.

Começou por se chamar Yum Cha Garden, mas mudou de nome recentemente. O primeiro restaurante apareceu numa praceta residencial de Oeiras onde só se chega com GPS – e este continua a ser o melhor, mesmo depois de a segunda casa ter aberto perto das Amoreiras. Aos comandos estava um antigo cozinheiro do Grande Palácio Hong Kong, essa escola de comida de Cantão, mas a comida sempre foi mais cuidada, o serviço mais atencioso e o ambiente menos selvagem do que o congénere junto à Avenida Almirante Reis.

Praceta Maputo, 6 (Oeiras). 21 441 5481.

  • Hambúrgueres
  • São Sebastião

Porque muitos ainda achavam que um hambúrguer era só uma rodela de má carne.

Com a febre das hamburguerias iniciada na década de 2010, o aparecimento do Ground Burger em 2015 começou por ser recebido com um suspiro de enfado: mais uma. Nada mais errado. Rapidamente, a hamburgueria junto à Gulbenkian conseguiu demonstrar que o conceito de artesanal podia ir mais longe. Estudaram o melhor que se fazia no mundo e superaram muito do melhor que se fazia no mundo, juntando-lhe ainda uma colecção de cervejas artesanais impressionante.

Avenida António Augusto de Aguiar, 148 A R/C. 21 371 7171.

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  • Mexicano
  • Cais do Sodré

Porque a cozinha mexicana era até então uma coisa colorida para ensopar más margaritas.

A década ficará também marcada pela diversificação de origens culinárias. Das Américas chegou a cozinha peruana, mas sobretudo a mexicana, até então aprisionada em dois ou três lugares com folclore mas sem cozinha. O Pistola y Corazón trouxe não só o tex mex verdadeiro, como juntou a isso cocktails de mezcal e a melhor playlist da cidade. O tempo deu-lhe muitas filas à porta, mas não estragou nada do que era essencial na inauguração. A festa continua.

Rua da Boavista, 16 (Cais do Sodré). 21 342 0482.

  • Português
  • Castelo de São Jorge
  • preço 3 de 4

Porque o restaurante de António Galapito despiu o bistrô dos lugares comuns e trouxe a sustentabilidade para a mesa.

Depois das tabernas, o final da década foi marcado pelos bistrôs. A alumiar uma tendência que começara em Paris, feita de cozinha de chef sem flores nem desperdício, esteve este restaurante de António Galapito, jovem cozinheiro que liderara a Taberna do Mercado, em Londres (de Nuno Mendes). O Prado é um hoje um navio em velocidade de cruzeiro, com paixão pelo produto e pelos vinhos naturais, um dos melhores restaurantes da cidade.

Travessa das Pedras Negras, 2 (Sé). 21 053 4649.

Restaurantes em Lisboa por zona

Corremos o Bairro Alto e cruzámo-nos com mais de 100 restaurantes pelo caminho, nem todos merecedores de nota, é certo. Mas nas ruas mais boémias da cidade há mais do que bares com promoções em mojitos gigantes. O bairro está revitalizado e há restaurantes a dar-lhe novo fôlego. Da cozinha de autor de chefs como Ljubomir Stanisic ou André Lança Cordeiro ao restaurante israelita, passando por bons italianos, comida do Médio Oriente, mexicana ou a mais tradicional portuguesa, estes são os melhores restaurantes no Bairro Alto para almoçar sem confusão, fazer um jantar pré-noite de copos ou ter uma experiência gastronómica. 

A legião de fãs que Campo de Ourique colecciona no capítulo "melhor sítio para fazer vida de bairro" ganha fortes argumentos na categoria restaurantes. Não precisa de sair das fronteiras daquelas ruas ortogonais para encontrar tanto um pronto-a-comer para aqueles momentos em que não há marmita, como o restaurante de um chef onde se come produto português tratado com todas as honras que merece. É também a zona da mais badalada Padaria da Esquina, projecto de Vítor Sobral e o profeta Mário Rolando, ou dos croissants gulosos do Moço dos Croissants. 

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A nova dinastia da restauração lisboeta instalou-se aqui e as novidades sucedem-se – grande parte delas com grandes janelas e balcões virados para a rua para que possa aproveitar o melhor da zona. O Príncipe Real é o bairro com as lojas mais alternativas, as noites mais coloridas e os restaurantes do momento. A oferta é variada e não desilude. Asiáticos, italianos, cozinhas de autor: abram alas para a família real de restaurantes do Príncipe Real. Há muito por descobrir e provar, do Irão ao Vietname. Vá por nós e coma como um abade. Perdão, como a nobreza que merece ser.  

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