Das Flores
Francisco Romão Pereira Das Flores

As melhores tascas de Lisboa

Este roteiro tem atendimento simpático, doses generosas e boa comida portuguesa. Longa vida às tascas em Lisboa!

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São uma instituição da cidade, por vezes ameaçada pela especulação imobiliária ou simplesmente pelo cansaço de famílias que depois de tantos anos dedicadas a fazer-nos felizes optam pela reforma, sem que tenham que lhes siga as pisadas. Felizmente, ainda temos boas tascas em Lisboa que resistem – daquelas onde nos decoram o nome e os hábitos, onde as doses são sempre fartas e a comida sabe a casa. Nestas tascas, nunca faltam os pratos do dia (cabidela, cozido à portuguesa, mão de vaca, massada de peixe...), nem os doces da casa para acabar. No final, poucas serão as contas tão em conta.

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Rally das tascas

  • Português
  • Estrela/Lapa/Santos
  • preço 1 de 4

Quando em 2019 se soube que o Maravilhas ia mudar de casa, para umas portas ao lado, para poder crescer, temeu-se o pior. Estaria o futuro deste templo da comida tradicional portuguesa ameaçado? José Margarido, crítico da Time Out, voltou lá nesta nova vida e percebeu que não. O restaurante tem agora dois pisos. Cresceu no espaço, no pessoal e nos preços, mas não perdeu a alma de casa de pasto. O menu continua de conforto, sempre seguro, e um serviço eficiente, de simpatia tranquila.

  • Português
  • Sete Rios/Praça de Espanha

Da rua, parece um snack bar, uma dezena de lugares apertados à entrada, nas traseiras outra sala, igualmente pequena, mas com mesas partilhadas e sempre
 a rodar e com vários cartazes antigos alusivos a comidas e bebidas. É aqui que se senta
 uma clientela fiel e feliz, a quem a empregada Laura – simpática e competente – e
 o patrão Manel– cáustico e competente – tratam pelo nome e servem boa comida. Há sempre peixes frescos 
para grelhar. Há bifanas, entremeada de novilho com óptimas batatas fritas, cozido ao sábado e, ex-líbris da casa, bacalhau à lagareiro à sexta-feira.

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  • Estrela/Lapa/Santos

É uma casa minhota, modesta como há muitas a fazer história e tradição em Lisboa. Com poucas mesas, não há momento nas refeições em que a azáfama acalme, tal é a procura, tanto de clientes habituais como de turistas que acabam ali a comer (alguns levados pela mão de guias que conhecem bem os nossos segredos). As iscas de porco são uma das especialidades, mas os pratos do dia vão variando – e não costumam falhar. Por encomenda, também se preparam uns petiscos como umas amêijoas à Bulhão Pato.

  • Português
  • São Vicente 

Para grandes refeições ou para picar enquanto bebe um ou outro copo, a Penalva da Graça pode ser a resposta. Em poucos sítios de Lisboa, encontra marisco com esta relação preço/qualidade. Falamos de percebes, ameijoas, camarão, sapateiras, navalheiras, santolas, lagostas. O arroz de marisco é um ex libris da casa e a dose para dois, serve três à vontade (e daí também o sucesso). Diz o crítico José Margarido: “Some-se um óptimo pica-pau de vaca mais uma mão-cheia de jolas, e temos uma gloriosa aventura marisqueira, que o comum mortal pode cobiçar sem ter de hipotecar um rim”. E ainda há os pratos do dia: cabidela, mão de vaca, cozido à portuguesa... 

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  • Português
  • Santa Maria Maior

Numa zona pejada de restaurantes que mais não são do que armadilhas para turistas, esconde-se esta tasquinha de bons pratos tradicionais a preços de antigamente. Em tempos um segredo, hoje é preciso chegar cedo para conseguir um lugar ou arrisca-se a ficar à porta na fila  – e por mais boa vontade e simpatia que tenha Carla, a filha do dono, o Sr. Américo, sempre atrás do balcão, é coisa para ainda demorar um bocado. Os pratos do dia anunciam-se à porta num papel branco com meia dúzia de sugestões, de bacalhau à minhota ao cozido à portuguesa, de jaquinzinhos com arroz de tomate a cabidela ou pernil. Depois há sempre os bons clássicos (alheira com ovo, choquinhos grelhados, bitoque), – tudo a menos de oito euros.

  • Português
  • Areeiro/Alameda
  • preço 2 de 4

A Sesimbrense é de Paulo desde que nasceu. Os avós fundaram-na há 70 anos, vindos
de Sesimbra, e desse tempo ficou a casa
 na família e o nome – pratos, nem um. A caldeirada à fragateiro e o ensopado de eiroses (aka enguias) deixaram de ser feitos no tempo da crise, já que a matéria-prima não é barata e o desperdício era algum. “Estou a pensar voltar a fazer, a Sr. D. Elisa é boa cozinheira.” É ela que orienta o polvo na canoa, no forno com uma cebolada, e as cachupas que em algumas quintas-feiras substituem o cozido.

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  • Português
  • Castelo de São Jorge

É, provavelmente, o balcão mais pequeno da cidade – quatro pessoas já é demais –, mas nem por isso o menos concorrido. À hora do almoço, a fila fala por si. Nada que assuste José Rodrigues, o homem que comanda a frigideira à janela, onde as finas fatias de carne de porco se envolvem num molho sem segredos: vinho branco, banha e alho. A arte está na facilidade com que tudo é feito, sempre a olho, sempre certeiro. Eis As Bifanas do Afonso, casa com quase 50 anos de história, na Rua da Madalena. As bifanas (2,70€) começam a sair logo cedo e não há hora que sossegue.

  • Português
  • Alvalade

O bitoque (com um molho guloso carregado de alho) é, provavelmente, o mais afamado dos pratos desta casa minhota, de onde saem também boas doses generosas de comida de conforto, dos rojões e da cabidela ao bacalhau à minhota e à lampreia, por encomenda quando é tempo dela (e já houve anos mais profícuos). É tudo anunciado à porta numa lita de pratos ainda escrita à mão. Entre as duas salas e a esplanada cabem umas 45 pessoas, mas não há nada como chegar cedo – não aceitam reservas.

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  • Português
  • Campolide

“O senhor é que é o Alfredo?”. A resposta vai ser negativa. “Alfredo é só o nome comercial”, responde Albino José Miguel, que comprou esta casa há 28 anos, depois de andar uns quantos pela Suíça a ganhar prática no mundo da hotelaria. Nisto é provável que entre alguém a perguntar “Sr. Alfredo, tem fósforos?” e ele responde prontamente pelo tal “nome comercial”. Na cozinha, a D. Helena começa a preparar o cozido da quinta-feira às oito da manhã e há mais de dois anos que confecciona um dos bons bitoques da capital.

  • Chiado

Primeiro, um aviso: para conseguir lugar neste Das Flores convém que marque com tempo, nem vale a pena tentar aparecer sem mesa garantida. A explicação é simples: já são poucos os restaurantes como este em Lisboa, bons e baratos. Depois de várias ameaças de fim devido às obras no edifício, a verdade é que o Das Flores se mantém firme com uma cozinha imaculada. Os croquetes fritos na hora são obrigatórios, seja como entrada, ou como prato, acompanhados por arroz de tomate. Também têm fama o bacalhau ou as iscas. No fundo, é tudo caseiro e bem servido. Guarde espaço para as sobremesas.

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  • Lisboa

É possível que pense ter entrado numa capsula dos anos 1960/70 ao passar a porta da Floresta da Estefânia: as duas salas estão forradas a azulejos com padrões beges e há por todas as paredes pinturas naifes de cavalos a correr ou paisagens com cascatas. Tudo o que isto indicia, confirma-se: comida honesta e saborosa nos pratos do dia e uma grelha de onde saem secretos, lagartinhos e picanha acompanhados de batatas fritas, arroz e feijão preto. No campo do pescado, tudo condizente: bacalhau à minhota, pataniscas a que não se diz que não e jaquinzinhos estaladiços de vez em quando.

  • Português
  • Campo de Ourique

Se há casa mais minhota do que esta em Lisboa, nós não conhecemos. E muito se deve ao senhor João, a alma do restaurante, bem como a dona Adelaide, que toma conta da cozinha como ninguém. Sem qualquer pretensiosismo e com toda a simpatia, o casal natural de Ponte da Barca recebe-nos como se da família fizéssemos parte – e a magia é que isto vale tanto para clientes de sempre como para alguém que ali chega pela primeira vez. Dependendo dos dias, há bacalhau à minhota, chanfana, cozido à portuguesa ou cabrito. Na altura certa, também a lampreia se consegue.

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  • Português
  • Ajuda
  • preço 1 de 4

Assim que se entra dá para perceber que
nesta casa são todos do Belenenses, tal é o arraial de camisolas e fotografias da equipa penduradas na parede. Amália, mãe de Jorge, já tinha mão nesta cozinha há várias décadas quando Maria José, a mulher de Jorge, chegou à cozinha. Não há propriamente um menu nem grandes invenções, apenas alguns pratos muito elogiados no bairro e arredores, caso do bitoque, servido numa travessa de inox com molho bem temperado e ovo, do pica-pau, da alheira ou das moelas guisadas com batatas fritas, sempre caseiras.

  • Português
  • São Vicente 
  • preço 1 de 4

É a escolha de muitos chefs para almoçar ou jantar numa folga, aposta segura para boa comida tradicional a preços que já pouco se encontram na cidade. Os pratos da grelha não falham, seja peixe ou carne. Há bons secretos e lagartos, bem como uma boa lagarada de bacalhau e as sardinhas na devida altura nunca desiludem. Já a chanfana é um daqueles que fideliza clientes. É feito com tempo, como manda a tradição, para que a carne de cabra velha ceda aos sabores. Não está sempre na carta, sendo habitualmente servida entre segunda e quarta-feira, de quinze em quinze dias.

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  • Português
  • Baixa Pombalina

Foi um galego que abriu o restaurante – como aconteceu com grande parte da restauração da época –, em frente ao célebre animatógrafo do Rossio, numa altura em que ainda havia carroças
a passar, corria o ano de 1944. Mas, hoje, a Merendinha do Arco está nas mãos do minhoto David Castro. Os bons pratos e petiscos desta casa são obra da mulher, Fátima. O ambiente de tasca está lá todo, desde o balcão de alumínio aos garrafões pendurados na parede. Serve refeições completas a toda a hora e 15€ costumam chegar para sair satisfeito.

  • São Vicente 

Na sala estreita, de um lado há os desenhos que Norberto Lobo faz nesta casa há mais de uma década. Do outro, para além dos azulejos antiquados, há um armário onde se guarda a biblioteca de referências ao Cardoso da Estrela de Ouro. A última foi no Lisboeta, do chef Nuno Mendes. Aparece lá o retrato da casa e do dono e “diz em inglês que os meus rissóis e croquetes são os melhores do mundo”, diz o Sr. Cardoso. Não se esqueça de verificar a lista de pontos turísticos da Graça na porta do estabelecimento. Imperdíveis, se ainda não trocaram os dias: Cabrito ao sábado, bacalhau à minhota à quarta-feira e sábado, pastéis de bacalhau com arroz de feijão à terça-feira.

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  • Avenida da Liberdade/Príncipe Real
O Cartaxinho
O Cartaxinho

Se passar por este restaurante, na Rua de Santa Marta, e vir bastante movimento, isso significa que é dia de cozido à portuguesa (quartas-feiras e domingos). Ponha-se na fila. A dose custa 11€ e é óptima para partilhar, já que vem tudo a dobrar. Também se servem meias doses e, com jeito, até se ajusta o conteúdo da travessa para que não tenha de levar com orelha. Fora isso, também há dias de cabidela, bacalhau à Brás e afins. Ao balcão ou na mesa, esta casa de minhotos é uma boa cantina diária.

  • Bairro Alto

É um dos mais tradicionais cafés do Largo Camões e as bifanas, estrelas da casa, são feitas numa frigideira enorme à vista de todos, com uma gordura controlada e saborosa. Ditam as regras da bifana que, uma vez no pão (carcaça, claro), deve ser besuntada com mostarda e piripíri, que aqui pica mesmo e é caseiro, confirmam-nos. Mas além desta sanduíche icónica, a ementa tem bons pratos do dia, sopas caseiras e salgados clássicos e honestos, das pataniscas de bacalhau aos croquetes e rissóis.

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  • Português
  • Alvalade
  • preço 2 de 4

Com um cálice de conhaque gigante, cachecóis do Benfica e fotografias do Estádio da Luz, fica claro que, apesar do nome do bairro, o clube do Sr. Carlos não é o Sporting. Comprou a casa há anos aos pais de Paulo Bento e conserva as fotografias do jogador nas paredes. Introduziu o arroz de moelas com gambas que tinha comido uma vez num restaurante e replicou em casa e deu fama aos caracóis, no tempo deles – é ver nas toalhas de papel na montra se há destes bichos. Remate-se com o bolo folhado com doce de ovos legítimo do Prontinho, também em Alvalade.

  • Português
  • Oeiras

Para começar, tem provavelmente o melhor peixe frito da Grande Lisboa – pelo menos assim escreveu o crítico Alfredo Lacerda há uns anos quando deu quatro estrelas à Sé da Guarda. O Sr. José Esteves, nesta casa há 30 anos, garante que os jaquinzinhos, cachuchos e pescadinhas
de rabo na boca chegam frescos todos os dias para acompanharem o arroz de tomate, de feijão ou a açorda. Ele e a D. Rosa, que gere a cozinha, abrem às seis da manhã para os pequenos-almoços e mantêm-se por ali, sem fechar as portas, até às dez da noite.

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  • Português
  • Belém
  • preço 2 de 4

Assim que se entra – cuidado com o degrau!
– vê-se logo o topo das paredes forradas a cachecóis vermelhos com toques aqui e ali de um branco e verde do Rio Ave ou de um azul do Belenenses. Essa primeira sala é só a entrada para um tasco cheio de potencialidades, com o expoente máximo no terraço das traseiras, com direito a umas quantas árvores e espaço para as corridas dos miúdos. Isto enquanto os pais resolvem uma dose de dobrada com feijão branco, a especialidade por que é conhecida esta casa em Pedrouços.

  • Português
  • Campolide

De raízes minhotas, a Tasquinha do Lagarto prima pela boa comida portuguesa, é um facto. Há símbolos sportinguistas nas paredes, mas que não seja isso que o mantenha longe desta morada em Campolide, até porque, se for o caso, é um bom sítio para ver a bola, seja ela de que preferência clubística for. O que interessa é o que vai para o prato, seja à lista ou conforme o prato do dia, e aí não falha o polvo à lagareiro e o arroz de garoupa. Leve em mente que tem de guardar espaço para o conhecido bolo de bolacha com mousse de chocolate.

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  • Português
  • Baixa Pombalina
  • preço 1 de 4

“Isto aqui é como se fôssemos uma família”, diz Alfredo Gramaça, que trabalha na tasca do Rossio há 20 anos. A fisionomia do espaço é a mesma “há uns 100 anos”, mas a localização turística fez com que as opções crescessem – além das sandes de panado e das bifanas grelhadas no pão, há agora também sandes de bacalhau – assim como os episódios caricatos, como um turista a pedir para aquecer um queijo fresco. Há rissóis
de leitão, de camarão, pastéis de bacalhau e croquetes para comer com um copinho de vinho ou de ginja.

  • Português
  • Lisboa

O nome já deixa adivinhar a origem. É de Vila Verde que Horácio e a família são originalmente e é nesta casa, escondida numa curva da Calçada de Santana, que cada dose é uma grande travessa de boa comida – ou talvez possamos dizer que são doses verdadeiramente minhotas –, independentemente do prato do dia (e há sempre duas ou três opções de peixe e carne). A grelha a carvão, plantada à janela direita de quem entra, é a oficina da melhor parte de uma ementa que vai rodando em dias mais ou menos fixos. Os preços já são difíceis de encontrar e isso ajuda também a explicar o sucesso da casa.

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  • Português
  • Castelo de São Jorge

O Zé dos Cornos é um restaurante para ir sem preconceitos e sem medo de sujar as mãos. Mesas corridas, bancos de pau, queijos e presuntos de entrada, um balcão com um mostrador de petiscos completo e uma ardósia que apresenta os pratos do dia. A família à frente do Zé dos Cornos veio de Ponte de Lima e instalou-se na Mouraria com o vinho da sua terra para instituir uma das grelhas mais clássicas da cidade, tanto na carne – é obrigatório provar o piano – como nos peixes. A acompanhar, o arroz de feijão e a salada sempre fresca e bem temperada.

  • Português
  • Benfica/Monsanto
  • preço 2 de 4

Antes de mais um aviso: há poucos restaurantes tão benfiquistas como este. Nas paredes, há fotografias de velhas glórias, recortes de jornais, cachecóis, camisolas e umas quantas águias, obviamente. O aviso serve, na verdade, para aqueles a quem esta informação poderá servir de entrave. Não se deixe levar por isso ou poderá perder um belo repasto. No Zé Pinto, o menu ainda é escrito à mão, a grelha é certeira, tanto para peixe como para carne, mas há um prato que se destaca: o entrecosto grelhado com batata frita.

Lisboa a bom preço

Já foi mais fácil encontrar restaurantes em Lisboa até dez euros e a culpa não é só do turismo ou dos tempos difíceis que o sector atravessa depois de dois anos intermitentes, uma guerra na Europa e uma inflação. Na maior parte das vezes, a qualidade paga-se, mas ainda há excepções. Comer fora não tem de ser uma extravagância e na cidade existem verdadeiros achados. Pense num prato rico, em comida saborosa e atendimento simpático às vezes até familiar. Para encher a barriga sem esvaziar a carteira, este barato não lhe vai sair caro.

Não há como evitar o elefante na sala: está caro sair em Lisboa e comer fora já foi mais barato. São vários os motivos que explicam a subida de preços, mas a verdade é que fica cada vez mais difícil acompanhar. Felizmente, restam uns quantos achados que cumprem os requisitos quando o prato chega à mesa mas também quando chega a hora de pedir a conta. Entre tascas, petiscos e cozinha do mundo, a garantia é que nestes restaurantes baratos em Lisboa, a conta nunca vai sair pesada. São os melhores restaurantes para comer muito e pagar pouco.

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