rua augusta
Fotografia: Arlindo Camacho
Fotografia: Arlindo Camacho

As melhores coisas para fazer na Baixa

Finte as armadilhas para turistas e descubra pérolas históricas e um fresquíssimo hype traçado a régua e esquadro que quer devolver a Baixa aos lisboetas

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Seja bem-vindo ao paraíso do estilo pombalino, que como sabe é a alta costura das classificações históricas e arquitectónicas; legítimo Chanel nas mãos de agentes imobiliários e proprietários de estabelecimentos com ar “muito antigo”. Vai perceber isso quando perguntar a um lojista de quando é a sua loja e lhe responderem “é do tempo do marquês de Pombal”.

As melhores coisas para fazer na Baixa

  • Coisas para fazer
  • Santa Maria Maior

Nada como um pouco de história e trivia para começar esta visita e impressionar os amigos. Primeiro ponto: sabia que no tempo dos romanos funcionou um hipódromo em pleno Rossio? Agora espreite a estátua de D. Pedro IV no centro (na foto). Sobre esta coluna no centro das atenções, decore que na base do pedestal as quatro figuras femininas são alegorias à Justiça, Prudência, Fortaleza e Moderação, qualidades atribuídas ao Rei-Soldado, entrelaçadas por festões e escudos das 16 principais cidades do país. Foi inaugurada em 1870. 

Na Praça do Comércio, atente na estátua equestre de D. José. Em 1770, no âmbito da requalificação pós-Terramoto, o escultor Joaquim Machado de Castro foi escolhido para executá-la, seguindo projecto de Eugénio dos Santos. Originalmente, o cavalo pisava um leão.

No bulício dos tuk tuks e manobras com skates, em plena Praça da Figueira, faça uma pausa com vista para D. João I, Mestre de Aviz. Concebida por Leopoldo de Almeida, a estátua foi inaugurada a 30 de Dezembro de 1971 e consta que se previa temporal para este dia, daí a simplicidade da cerimónia. Sobre a zona, aqui funcionou um mercado entre 1775 e 1949, quando passou a parque de estacionamento (extinto em 71).

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... e recue ainda mais no tempo

O circuito de Lojas com História é um manancial de propostas, a descobrir com urgência antes que as portas se encerrem. Boa parte delas, moram na Baixa. Basta escolher.

Antiguidade e modernidade podem e devem cruzar-se, e a prova disso está aqui. Desvende a história da Igreja de São Julião e recupere a longa caminhada das notas e moedas no Museu do Dinheiro (na imagem), com uma série de iniciativas a pensar nas famílias. (Rua de São Julião, 150. Qua-Sáb 10.00-18.00).

Falando de dinheiro, esqueça a bitcoin e compre um Carlos Lopes. Quem diz Carlos Lopes diz Eusébio, ou outro qualquer vulto do desporto nacional, eternizado numa moeda redondinha que ronda os 50 euros. Na Numismática Diamantino é certo e sabido que tudo tem um preço, e pode não corresponder com o que está escrito na face. Nesta loja, como na vida. (Rua da Madalena, 89. Seg-Sáb 09.30-19.00).

Aproveitamos o tópico para esclarecer aquelas pessoas que pensam que a quintessência da antiguidade da zona começa e termina em Sebastião José de Carvalho e Melo. Em bom rigor, a história começou lá atrás e há pelo menos uma prova disso, ou duas até: as Galerias Romanas da Rua da Prata e o Núcleo Arqueológico da Rua dos Correeiros (Correeiros: Qui 15.00 e 16.00, Sáb 10.00, 13.00, 15.00 e 17.00 (horas das visitas em português). Siga a página do Museu de Lisboa para saber quando há nova visita na Rua da Prata.

Galeria de São Domingos é o pouso certo se procura candeeiros ou outros artigos decorativos. Fica desde já a saber que o espaço com três níveis diferentes estabeleceu-se sobre a sala do capítulo do Convento de São Domingos de Lisboa, fundado em 1242 pelo rei D. Sancho II. Em baixo mostra-se “o nível da rua antes do terramoto”, esclarece o empregado Francisco Santos. (Travessa Nova de São Domingos 30. Seg só funcionam de manhã, Sáb até às 14.00. Ter-Sex até às 19.00).

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Invista num estilo de vida saudável

Espaços novos e sítios da moda. A verdade é que o abacate e o estilo de vida saudável em geral reinjectaram confiança no orgulho pombalino. O Eight - The Health Lounge abriu portas na Praça da Figueira, com comida 100% vegan e uma loja com peças nacionais e internacionais (não vegan). Tudo com inspiração nórdica e wi fi que lhe permite partilhar esta experiência com o mundo inteiro. Prepare o Instagram para este Health Lounge com smoothies, sopas, paninis, lattes e uma série de goodies para enganar a fome. Com uma nota de 10€ garante uma refeição. Talvez gaste um pouco mais se as mantas, os cestos ou os produtos de beleza naturais da 58 Lifestyle lhe acenarem com demasiado vigor (Praça da Figueira, 12A).

Quanto ao Nicolau Lisboa (na imagem), pouco interessa que a nossa crítica não tenha passado das três estrelas na sua apreciação depois de algumas visitas ao local. O espaço acampou nas redes sociais e promete não desmontar a tenda tão cedo. Ele é o brunch, e as tostas de abacate, – o maior boost energético no brio da cidade depois da debandada da troika. “A carta tem todas as modas – panquecas, tapiocas, ovos Benedict, smoothies, iogurte com granola”, confirmava então Marta Brown. E que bem que fica o coração luminoso na fotografia. (Rua de São Nicolau, 15. Seg-Sáb 09.00-20.00, Dom 10.00-19.00)

É muita fruta saber antecipar explosões, ou pelo menos estar atento às tendências. A Frutaria já cá anda desde o final de Agosto de 2017, instalada na loja onde antes funcionou um pronto-a-vestir, e agora não podia estar mais como peixe na água, ou como legumes na horta, vá. Os sumos naturais e as smoothie bowls são apenas dois dos destaques nesta casa, com direito a horta vertical e chão em mármore axadrezado. Por cima fica o hostel We Love F** Tourists, dos mesmos donos. (Rua de São Cristovão, 7. 91 536 8190. Seg-Sáb 11.00-21.00, Dom 15.00-20.00.)

Pesquise no Google por Juicy Lisboa, caso contrário vai ter à faixa “Juicy” de Notorious B.I.G ( também não fica mal servido). Este Juicy é outra das estreias na zona e mais um destino com selo verde, ou de fast food sustentável, para usar o termo corrente. Começou por apontar aos sumos orgânicos de dia e aos cocktails à noite, mas decidiu estacionar nas ementas saudáveis. O projecto é do francês Amaury Meunier, que recorreu aos préstimos de Christian Mongendre, um “green chef” sediado em Hong Kong, que trouxe pratos como o da foto de baixo para a Baixa. (Rua de São Julião, 70. Seg-Sáb 09.00-22.00).

Depois do Amoreiras, a tapioca saudável de Rita Pereira chegou à Baixa, quando na realidade já nos estamos a encaminhar para o Martim Moniz, ou a entrar no epicentro da zona, consoante a perspectiva. As propostas doces e salgadas da Beiju Tapiocaria (dos recheios de Nutella ao salmão e guacamole) a que habitou os fãs, feitas à base daquele que é conhecido como o pão brasileiro, instalaram-se no edifício do Hotel Mundial. O registo, agora na rua, mantém-se: sem glúten, sem lactose, sem açúcar, a Santíssima Trindade alimentar do final da segunda década do século XXI. (Rua Dom Duarte, 4 A. Seg-Dom 09.00-21.00.)

...ou encha a barriga sem pensar na balança

Com a sua massa de farinha integral, a Madpizza fomenta a ilusão de que comer regularmente pizza está muito longe de ser o oitavo pecado capital. Há uma larga maioria que acredita nisto, porque estas não são pizzas, mas sim “pizzas saudáveis”, e um adjectivo é tudo na vida. O conceito começou a ganhar terreno dentro de centros comerciais e entretanto desaguou na Baixa lisboeta, onde mantém o elenco de iguarias redondas e ainda opções para pequeno-almoço e lanche a todas as horas do dia. Ah, e tem uma esplanada que chama pelos dias quentinhos. (Rua de Santa Justa, 14. Seg-Dom 09.00-23.00).

Sem papas na língua, conte também com a Pizzaria Romana Al Taglio Lisboa ainda tem uma relação mais ou menos tímida com a comida de rua, assim como quem fica meia hora a fixar um perfil no Tinder a decidir se faz swipe para a esquerda ou para a direita. Mas tudo vai melhorando, e o segredo, neste caso, está literalmente na massa. A desta Pizzaria Romana é feita com uma farinha biológica Molino Agostini, e tem uma fermentação que pode chegar às 72 horas. Há várias combinações (só tem que decidir o tamanho), e o apelo a passar e levar é enorme, já que o espaço é limitado. (Rua da Conceição, 44. Seg-Sáb 11.00-22.30).

Para uma alternativa robusta às pizzas, eis as massas do Bella Ciao. O histórico hino antifascista “Bella Ciao” dedica-se aqui plenamente aos pratos e a militância da cantiga fica-se pelas massas das boas. Mudou de morada há pouco tempo (deixou a Rua do Crucifixo) mas tudo o resto continua intocável, com a carbonara e o tiramisù (ou a mousse de Nutella, se torcer antes por este clube) a levarem a melhor sobre todo e qualquer raspanete da balança nesta pequena cantina italiana onde até pode acompanhar as novidades na Rai Uno. (Rua de São Julião, 76. Seg a Qui. 12.00-16:00/ 19.00-00.00. Sex e Sáb 12.00-16.00/19.00-01.00).

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Adira ainda ao grab & go castiço

Um estômago arcaico mantém a fé no mundo quando lê “Há sandes de iscas” à porta de um estabelecimento alfacinha – pontos extra se for escrito à mão. A Nova Pombalina tem ainda sandes do lombo (3,60€) ou leitão (4,20€) para matar aquele ratito e saciar os menos afoitos.

Na Leitaria a Campesina, as raízes devolvem- -nos a 1935 – e às pataniscas com arroz de feijão ou ao bacalhau à Brás.

A Merendinha do Arco até foi capa da Time Out (e está aqui mesmo na imagem) e só não apareciam patas de presunto suspensas na imagem porque os parâmetros higiénicos deste milénio assim o desincentivam (vulgo, a ASAE não é fã). Remonta aos anos 40 e à circulação de carroças e hoje serve petiscos confeccionados pela dona Fátima, como as moelas da foto abaixo. (Rua dos Sapateiros, 230)

“Panado breaded pork” é o nome que a Tendinha (Rossio) usaria no Instagram se fosse uma sandes de panado (2,50€) – na verdade o que usa nos very tipycal escaparates à porta com imagens plastificadas. Mas, enfim, um clássico é um clássico e deixamos consigo o teste dos pastéis de bacalhau, rissóis, croquetes e chamuças (tudo a 1,30€).

Na mesma praça, encontra a Tasca Pombalina. Para um atendimento supersónico ao balcão, por mais que a sala esteja repleta, passe pela Beira Gare (há bifanas a sair – olhe para a foto de cima – e rissóis quentinhos que são uma delícia. Pç Dom João da Câmara, 4). E para encher as Bifanas do Afonso, basta chamar três amigos (Rua da Madalena, 146, 2€).

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Encha a despensa

Além de uma cortadora de presunto, datada de 1923, na histórica Manteigaria Silva (Rua D. Antão de Almada, 1D) – na imagem – encontra um pouco de tudo do melhor que há, do bacalhau aos queijos e presunto. Este espaço tornou-se Manteigaria Silva em 1956, mas começou por ser o matadouro que abastecia a Praça da Figueira. E histórias há muitas, como a restrição à compra do bacalhau após o 25 de Abril. Numa notícia do jornal O Dia, de 1977, aparece um dos funcionários a vender bacalhau com um polícia ao lado.

A um pulo de distância também se pode abastecer na Praça da Figueira. Já terá visto imagens do antigo mercado que ocupou a Praça da Figueira, primeiro ao ar livre, fértil em couves e hortaliças, no rescaldo do Terramoto, mais tarde em fase coberta, a partir de 1885, e demolido nos anos 40 do século XX. A zona acolhia o principal mercado da cidade, na senda do projecto do Marquês. O mercado actual, aberto já neste milénio, recria mais uma mercearia, que à sua porta anuncia o preço do carapau ou da tainha. Entre pelo túnel, sem medos. (Praça da Figueira, 10. Seg-Sáb 08.30-20.00).

Para matar saudades de casa, ou para uma insularização recheada de coisas boas em plena Baixa, livre-se de ignorar a Mercearia dos Açores. Estão aqui os queijos e manteigas, as conservas, os chás e as compotas, os doces e licores, e até artesanato e cabazes de oferta. (Rua da Madalena, 155. 10.00-19.00 (encerra às terças e domingos).

Já na lendária Casa Pereira da Conceição, encontra chás, cafés, chocolates, porcelanas e leques. O ritual do chá é vasto e pode envolver os anteriores elementos, daqui que estejam todos reunidos sob o mesmo tecto. Numa rua enxameada por muita oferta duvidosa, este endereço fundado em 1933, e com o seu mobiliário estilo Luís XVI, é um bálsamo para os transeuntes mais atentos. (Rua Augusta, 102-104. Seg-Sex 09.40- 13.00 e 15.00-19.00, Sáb 09.40-13.00.)

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Brilhe sem concorrência

Se procura um visual com pinta, não procure mais. Já nasceram muitos sóis desde que que A Outra Face da Lua (na imagem) se pôs na Baixa – ainda nem se falava de redes sociais e as selfies chamavam-se auto-retratos. Entretanto, o número de espaços com peças em segunda mão multiplicou-se a olhos vistos, mas a passagem pela Outra Face é sempre tão empolgante como a agitação de um lobisomem na lua cheia. Recheie a carteira e lembre-se que o fast fashion tem a sua graça mas não vende Fendi nem Paul Smith a preço simpático e em sintonia com o comércio sustentável. (Rua da Assunção, 22. 10.00-19.30 (encerra terças e domingos).

A ilustre arte da chapelaria não tem vida tão facilitada nos tempos modernos como em eras douradas para estes acessórios masculinos e femininos. Mas a D’Aquino (Rua do Comércio, 16. Seg-Sáb 10.00-19.00) é um elegante convite às cabeças mais envergonhadas. A chapelaria conseguiu recuperar o bom gosto de outros tempos e trazê-lo para a actualidade. Dos cocos às abas mais largas, defina o seu estilo. Para algo mais descontraído, enfie os bonés da Son of a Gun (Rua da Assunção, 107. Seg-Sáb 10.30- 19.30) 

Para acertar no tamanho, consulte a Dama de Copas, que dá cartas no bra fitting. Simplificando, pôs as lisboetas a pensar duas vezes sobre o tamanho dos respectivos soutiens. A consultoria de lingerie começou em Portugal, em 2009, e em 2014 chegou a Espanha. Não há desculpas para errar. (Rua de Santa Justa, 87. Seg-Sáb 11.00-20.00, Dom 11.00-19.00).

Presentear-se a si próprio? Claro. Mapas raspadinha, meias para não esconder debaixo das calças, guarda-chuvas tão originais que vai desejar que chova, ou insufláveis para piscinas que o põem a contar os dias que faltam para o Verão. A Capitão Lisboa é uma gift shop (desde 2010) onde é fácil esquecer que veio comprar algo para alguém e acabar a gastar dinheiro consigo próprio. Está tudo bem com isso. (Rua dos Fanqueiros 77. Todos os dias 10.00-19.30).

Estilo único é sinónimo de Óptica Jomil. Nesta morada histórica encontra réplicas dos óculos usados pelo último imperador da China, por Picasso, ou por Le Corbusier. Modelos da Lesca ou Lindberg, todos com um ar bem retro, únicos e incríveis, e que podem ascender aos 750 euros (caso dos primeiros, uns Meyrowitz), mas há soluções mais acessíveis, incluindo estilosas lunetas (88,56€). “Vivemos dos clientes fidelizados, sobretudo portugueses. A palavra passa entre amigos e de avós para netos”, explica a funcionária, Fernanda. Esta é aliás uma história de família, na sexta geração consecutiva ligada à óptica, com o neto do fundador, o senhor Ribeiro, actualmente ao leme da Jomil, fundada neste endereço nos anos 50. (Rua do Ouro, 249. Seg-Sex 10.00-19.00 e Sáb 10.00-14.00)

Já a Ourivesaria Sarmento ergue-se na rua por excelência das ourivesarias e a montra é um legítimo testemunho de que passado e presente podem e devem conviver pacificamente. De um lado, peças tradicionais portuguesas, do outro, em generoso e merecido destaque, as novíssimas criações de Inês Telles (também se pode cruzar com o talento de Filipe Caracol, ou Leonor Soares Carneiro, por exemplo). Vale a pena entrar, nem que seja para apreciar a formosura dos interiores. (Rua do Ouro, 251, Seg-Sex 10.00-19.00 e Sáb 10.00- 13.00).

Para os cavalheiros, há uma boa oportunidade para escreverem #OnlyClassicNoShit. É que o mundo das toalhas quentes e navalhas está vivo e recomenda-se. Depois da Rua do Alecrim, a barbearia Figaro’s chegou à Baixa com os seus cortes clássicos inspirados nos anos 20 a 50, que conquistaram tipos como David Beckham. (Rua da Madalena, 63. Ter-Sex 11.00-20.00, Sáb 10.00-18.00).

Não se despeça da zona sem andar num veículo retro A loja de street wear Vagabunds&Co tem a sua linha própria de óculos mas é provável que os olhos atentem em especial nos modelos com rodas da Johnny Loco para viver la vida loca em Lisboa quando lhe apetecer pedalar num destes veículos bem bonitos. (Rua dos Fanqueiros,186. Seg-Sáb 10.30-19.30).

A pensar na casa, há uma paragem obrigatória: os armazéns da Pollux. Nasceram em 1930 e continuam bem vivos. Quando um lisboeta pensa em enxoval, listas de casamento ou quinquilharia para a casa pensa neles. Ou então deve repensar a sua condição de lisboeta. Aproveite uma das melhores vistas sobre a Baixa, petisque no Less de Miguel Castro e Silva no último andar e explore os seis pisos de ménage. (Rua dos Fanqueiros, 276)

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Arme-se em turista

Facto: a Baixa é o quartel-general dos turistas. Outro facto: não é vergonha se seguir alguns rituais que habitualmente estão associados aos forasteiros. Que tal juntar-se a uma visita? Na Live History Tours, deixe-se guiar por Mendo Domingues e Wasim Fahad (ou Pedro Sousa e Jofre Correia) o cruzado e o mouro de serviço na Live History Tours, que o devolve aos tempos do Cerco de Lisboa, em 1147.

Não faltam percursos guiados alternativos para vasculhar esta zona, com mais ou menos exigência física e complexidade religiosa. Siga as amigas Gracinda Gomes e Teresa Mouro, que organizam périplos pelas sete colinas, e que acabam de lançar o site Get Lisbon.

Se procura uma experiência gastronómica, recorra a Carmen, do conceito global Secret Food Tours. E se adorava perder peso enquanto devora conhecimento histórico e cultural, chegou ao sítio certo. Aposte no calçado confortável e junte-se ao grupo da Lisbon City Runners – um dos trajectos inclui Baixa, Chiado, Bairro Alto e Mouraria).

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Suba a um primeiro andar (ou mais)

Carolices para coleccionistas ou ofícios de outros tempos actualizados por mãos jovens. Baixa fora, multiplicam-se as portas abertas que convidam à escalada. Entre sem medos no 76 da da Rua do Crucifixo. No segundo andar, a filatelia Joaquim Maçãs, no quarto a venda de postais antigos ilustrados da cidade, de Carlos Baptista (demos com o nariz na porta e no letreiro “volto já”, uma eventualidade da Baixa); no terceiro há um escritório de uma empresa de canalização.

Descubra a Barbearia O Corvo num primeiro andar da Rua da Assunção, nº42, (Seg 11.00-19.00, Ter-Sex 10.00-19.00 e Sáb 10.00- 16.00), com cortes clássicos para cavalheiros.

Outro primeiro andar a revisitar é o do ateliê do criador Dino Alves (Rua da Madalena, 91). Permanecendo nesta rua, agora para subir mais uns quantos degraus, encontra o recente The Third Floor (na foto) de Emmanuel Babled (Nº 85) – na foto. Cá em baixo mora o seu estúdio, o Blabed Design, e mais acima um espaço de cowork para designers, arquitectos, artistas e artesãos.

Se precisar de uma gravação, Joaquim Martins resolve o problema na Rua de Santa Justa (Nº 6 – 3º).

Na joalharia, há muito por onde escolher. Inês Henrique, da Bandido Jewellery, trabalha a partir do 2º direito do 71 na Rua da Prata. E se percorrer a Rua dos Douradores, há razões para bater a pelo menos três portas. Conheça as criações de Ana Sales (à Nº135 - 4ºfrente, Seg-Sex 11.00-18.00) e de Sónia Adónis. No lado esquerdo, no mesmo andar, não deixe de confirmar as horas com Mário Ferreira, perito na compra e venda de relógios, para não falar do seu restauro e reparação. Parta à aventura, porta a porta, número a número, ou comece por fazer o trabalho de casa consultando o site da Rede de Artes e Ofícios e mergulhe numa história com futuro.

Aproveite um hotel sem fazer check-in

Com mais ou menos mudanças na chefia e nas cartas, uma coisa é certa: há que perfilhar o Bastardo (na imagem) caso ande pela zona (a verdade é que se no começo do milénio alguém o tivesse aconselhado a almoçar num hotel na Baixa, o leitor teria feito ouvidos moucos). No restaurante do International Design Hotel há “Porco à colher versão 2.0” (bochechas de porco, aipo, agriões, vinho do Porto, 17€), “Malandrinho” (risoto de abóbora, espinafres, goji, azeite de trufa, 11€) e uma série de arranques e remates. Conte ainda com os cocktails e mocktails servidos no bar. Tudo a deitar o olho ao Rossio.

Se se aproximar do Pestana Pousada de Lisboa, entre em modo de alerta mal se aproxime do RIB - Beef and Wine. Veganos e vegetarianos deste mundo, esqueçam esta entrada e saltem para o plano seguinte. Chegámos ao éden dos carnívoros, entre diferentes cortes e maturações, para não falar de vestígios de hemoglobina de origem animal. Falemos de um RIB Eye ou de um Chateaubriand, com carne do lombo, e com uma noz de manteiga Café Paris a dar sabor. O menu justifica o entrosamento com a fauna quase exclusivamente forasteira e de idade algo avançada, boa parte dela quiçá instalada na belíssima unidade Pestana com vista para o salão de gala da Baixa.

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Comece a entrar em modo de festa

Talvez tenha memórias, ainda que vagas, de alguma festa mítica na Academia Recreio Artístico – ARA para os amigos (Rua dos Fanqueiros, 286, 1º. 21 887 4354). Trata-se nada mais nada menos do que a associação recreativa mais antiga de Lisboa (fundada em 1885), ainda de portas abertas num primeiro andar e a receber jantares. Sejamos honestos: as refeições estão longe de passar com distinção no teste mas se entretanto começar um karaoke nunca mais se lembrará deste detalhe. Alugue o espaço para jantares e se quiser continuar neste espírito, espreite a agenda da Casa de Lafões, no 199 da Rua da Madalena. 

Se a festa for temática, a Baixa não quer que lhe falte nada. Se há lojas que exibem ursos e vacas à porta, a histórica Casa do Carnaval gaba-se de ter um drácula ou outro manequim bem disfarçado. Pelo menos na época alta das máscaras. Volvido o Carnaval, a casa que vive para os foliões desde 1889, sabe que nunca é má hora para usar uma peruca ou encher a casa de confetis e serpentinas. Como a idade e o frio, é tudo uma questão
psicológica. (Travessa Nova de São Domingos 10. Seg-Sáb 10.00-19.00).

+ As melhores festas em Lisboa esta semana

... e agarre a noite com unhas e dentes

A primeira ideia fora de horas está à sua disposição praticamente o dia inteiro. Falamos do Teatro Nacional D. Maria II (Rossio) principal cartão de visita desta área, no que à arte e cultura diz respeito. Convém estar em cima das novidades no site e, óbvio, acompanhar a secção Palco da Time Out – é que ‘lotação esgotada’ são palavras frequentes.

Também pode seguir a programação na Associação Ilga Portugal (Rua dos Fanqueiros, 38) – são regulares as sessões de karaoke, por exemplo.

Para beber poções como se estivesse em eras remotas, ou apenas para provar a queimada galega, esteja afinado com os Trobadores (Rua de São Julião, 27).

Se procura um ecrã para ver desporto, entre no The George (Rua do Crucifixo, 58). Por falar em desporto, se inveja o talento de Cristiano Ronaldo mas prefere o atletismo de sofá ou colchão, faça check in no hotel que leva o nome do craque, ou então fique-se pelo CR7 Corner Bar & Bistro Baixa (Rua da Prata, 26) e peça um cocktail, como o Lucky Loser (11€).

Para dançar, dois estilos bem distintos. No Noir (Rua da Madalena, 201), que em 2011 ocupou o espaço do antigo Gasoil e dois anos depois subiu uns números na mesma rua para substituir o polinésio Bora-Bora, o post punk, new wave, industrial ou heavy metal compõem o figurino musical. Já no Ministerium (Praça do Comércio, 72), governam o house e o techno. Quando o calor regressar, suba ao Rooftop Bar do Hotel Mundial (Martim Moniz).

+ Os melhores bares na Baixa

Mais coisas para fazer em Lisboa

  • Coisas para fazer

Foi no Príncipe Real que se instalou a nova dinastia da restauração lisboeta, para comer como um príncipe, os terraços para beber copos se multiplicaram e as concept stores apareceram porta sim, porta não. Sem esquecermos os nomes sonantes que, num cirandar constante, também têm poiso no bairro, do chef Kiko aos designers Lidija Kolovrat ou Nuno Gama. 

  • Coisas para fazer

Clássicos de sempre e espaços que ainda cheiram a novo. Percorra as ruas do movimentado bairro em busca do melhor de Campo de Ourique.

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Até há pouco tempo, era o ponto cardeal mais desprezado de Lisboa, mas, lentamente, começa a ganhar vida e pontos de interesse. Eis uma longa série de desculpas para rumar ao bairro da moda e descobrir Marvila.  Recomendados: O novo Atelier de Henrique Sá Pessoa em Marvila Roteiro de arte urbana por Lisboa

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