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Fotografia: Manuel Manso

As dez melhores ruas de Lisboa

Restaurantes, lojas e curiosidades das dez melhores ruas de Lisboa, aquelas que fazem bater o coração da cidade

Escrito por
Clara Silva
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É caso para dizer que andamos com a cabeça na rua. A razão? A lista das 10 melhores ruas da cidade que acabámos de preparar. Da mais promissora à mais cultural, da mais gulosa à que tem mais pedalada, damos-lhe um roteiro pelas artérias que não se vai fartar de percorrer este ano.

As dez melhores ruas em Lisboa

Rua da Graça - a mais resistente

Rua da Graça - a mais resistente

Depois de mais de um ano de caos a enfurecer comerciantes, uma nova Graça surgiu do pó das obras. O Largo da Graça ganhou outro aspecto, os passeios ficaram mais largos e até um coreto nasceu mesmo a tempo dos Santos Populares. Na Rua da Graça turistas e moradores convivem pacificamente e aos negócios históricos juntaram-se cafés com crepes e brunches vegetarianos. Comidas à parte, este continua a ser o bairro com as melhores vistas.

Há coisas com graça, ou não estivéssemos na Graça. Veja-se o caso de Luís Dias, proprietário da Saga, a pastelaria mais concorrida da rua, que abriu portas em 2016 no espaço de uma antiga loja de roupa da família, mas que parece estar ali desde sempre. Luís queixava-se de não haver sítio na rua para comprar bolos e agora vende pastéis de nata (95 cêntimos cada) dignos das listas dos melhores da cidade. É esperar pelos próximos concursos.

Os gulosos ganharam vários poisos na rua nos últimos tempos, mas há que treinar o sotaque com os muitos turistas que ali passam em direcção ao Miradouro da Graça, que em breve ganhará um funicular. Principalmente se quiser pedir um crepe doce ou salgado no Le Bar à Crêpes, gerido por um casal francês, onde um Louboutin, uma Coco Chanel ou uma Marion Cotillard fazem parte da ementa. Claro que se for almoçar uma das doses generosas do Pitéu da Graça (experimente o bacalhau à Pitéu, a 13€) não terá fome para comer em mais lado nenhum. Nem no vegetariano Graça 77, a funcionar há um ano com um brunch ao domingo com panquecas vegan (8,5€ ou 16€, dependendo da quantidade), nem no clássico Satélite, nem na Tasca do Jaime, onde a bem dizer o fado vadio aos domingos e feriados é o verdadeiro pretexto para lá entrarmos.

Por estas bandas todos querem dar um ar da sua graça e nem Shepard Fairey, o autor dos cartazes da campanha Hope, de Obama, escapou (na foto). Em Setembro de 2017, deu uma nova paisagem à rua com um mural de uma mulher com um cravo na espingarda num prédio na Rua Natália Correia, agora a servir de cartão de visita para a zona. E por falar em Natália Correia, antiga moradora da Graça, altura para beber um café com cheirinho no Botequim, inaugurado pela poetisa em 1968.

Outro dos lugares históricos da rua é a alfaiataria San Giorgio, um dos melhores sítios da cidade para fazer fatos por medida (para homem) e com fichas de clientes de várias partes do mundo.

Rua de Arroios - a mais improvável

Rua de Arroios - a mais improvável

Há poucos anos seria impensável ver esta zona numa lista de melhores ruas da cidade. Mas cada vez faz mais sentido louvá-la. Numa altura em que as rendas do centro explodiram para valores impraticáveis, a Rua de Arroios foi a solução para muitos bons negócios e muito boa gente. Novas lojas, velhas garagens, tascas antigas e novos restaurantes. Tudo se recomenda, à excepção da Linha Verde do metro.

Enquanto a estação de metro de Arroios continua fechada “por tempo indeterminado”, explica a página Pertubações.pt, com as perturbações do Metropolitano de Lisboa, à superfície tudo corre sobre rodas. Pelo menos na Rua de Arroios, onde no fim do ano passado abriu o Mitó Creative Site, um espaço para residências artísticas, workshops, performances e exposições.

A vizinhança já está habituada a festas e inaugurações. Principalmente em época de Santos Populares, quando a rua se transforma num gigantesco arraial organizado pelo Clube Atlético de Arroios. Enquanto Junho não chega, há o quiz d’Arroios, uma tradição das quintas, a partir das 22.00.

É também a partir de Fevereiro que a barbearia/tattoo shop Lazarus começa a aceitar marcações de tatuagens (o tatuador Sérgio Ferreira regressa do Japão e deve vir inspirado).

A Rua dos Anjos já tinha conquistado carnívoros com os bitoques da Sol-Rio (6€), a funcionar até às duas da manhã e muito popular entre taxistas. A de Arroios conquista agora a facção vegan, com o buffet do Lisbon Vegan, aberto em 2017, e que também tem hipótese de take-away.

Há que aproveitar esta zona plana da cidade e com sorte ainda encontra uma bicicleta na Alfacicla (na foto), a funcionar desde 2012 e dedicada aos “ciclistas urbanos”. Há uma livraria, a Tigre de Papel, especializada em manuais escolares e com livros desde 1 euro, e uma loja de peças vintage, “com personalidade” (como o pinguim com um laço na montra) e muitos candeeiros, a Retrovisor.

E até o hostel da zona, o Love Lisbon Hostel & Bar, se tornou um sítio onde os moradores vão beber um copo ao fim do dia (funciona até às duas da manhã). Também há sessões de cinema todos os domingos, às 21.00 (às vezes mais cedo, às 19.00) no RA 100. A iniciativa chama-se Cine Club de Arroios e arrancou em Novembro. No mesmo espaço, no número 100 da rua, também há exposições, concertos, residências de artistas e até um hostel no andar de cima.

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Rua do Açúcar - a que tem mais maravilhas
©Francisco Santos

Rua do Açúcar - a que tem mais maravilhas

A leste pode estar o paraíso e Marvila é prova disso. O bairro mais cool da cidade tem o seu epicentro na Rua do Açúcar (assim chamada graças à antiga fábrica de açúcar) e na Praça David Leandro da Silva, com o nome de um comerciante que morreu no fim do século XIX. Depois de décadas ao abandono, a zona industrial está mais viva do que nunca e em cada armazém esconde-se uma surpresa. Dos restaurantes à cerveja artesanal, há muitas razões para se orientar por estas bandas.

Já se sabe que o problema de Marvila é lá chegar e autocarros há poucos. Se não tem carro nem carta de condução, pode sempre tirar a carta de CÃOdução (78€) no Instituto do Animal, a escola e creche para cães e gatos que desde 2015 também tem cursos para quem se quer tornar um melhor dono.

A rua mais doce de Lisboa começou a ganhar fama uns anos antes, principalmente entre quem procurava móveis para a casa no Cantinho do Vintage. Ao lado do armazém, outros negócios começaram a surgir, como a escola de parkour Spot Real, ideal para quem quer queimar calorias.

Por falar nisso, a rua começou também a conquistar outro público da melhor maneira, pelo estômago. O brunch do Café Com Calma (14,90€, com opção vegetariana), ao sábado, entrou no roteiro dos brunches alfacinhas, e até Chakall, que já ali tinha um restaurante argentino, decidiu no fim de 2017 apostar numa pizzaria, o Refeitório do Senhor Abel, que quer servir as melhores pizzas de Lisboa.

Aliás, pizzas por ali não faltam. Uns metros à frente, e apesar de não ter placa, Aquele Lugar Que Não Existe (na foto) tornou-se um sucesso, mas nada de tirar fotografias às pizzas do buffet de almoço. O anti-marketing continua a ser o prato principal – e, pelos vistos, resulta. Reserve mesa. Ou faça tempo noutra porta, por exemplo na Damage Inkorporation, onde pode mudar de look permanentemente com uma tatuagem, ou optar por uma solução menos radical com um corte de cabelo na Barbearia Oliveira, que partilha o mesmo espaço. Uma coisa é certa: enquanto tiver o copo cheio, não se vai aborrecer, até porque está no Lisbon Beer District. Além da fábrica da cerveja artesanal Lince, a Musa abriu em 2017 um tap room na mesma rua, com uma programação musical a acompanhar as muitas cervejas.

Com tantas maravilhas porta sim, porta sim, o melhor é ir à descoberta. Dos mais antigos inquilinos, como o Teatro Meridional, na rua desde 1992, à nova vizinhança, como Kwenda Lima e o seu estúdio de dança e yoga, o Art Kaizen, tem muito por onde escolher.

Rua Dom Pedro V + Rua da Escola Politécnica - a mais principesca
Fotografia: Manuel Manso

Rua Dom Pedro V + Rua da Escola Politécnica - a mais principesca

É no Príncipe Real que os valores das casas chegam a valores astronómicos: 5254 euros o metro quadrado, segundo os dados publicados em 2017, a zona mais cara de todo o país. E também a melhor. A Rua da Escola Politécnica e a Rua Dom Pedro V, separadas pelo Jardim do Príncipe Real, transformam-se numa só, onde todas as semanas há uma nova razão para voltar.

O primeiro restaurante de Jamie Oliver em Portugal, Jamie’s Italian, abriu no arranque de 2018 na Praça do Príncipe Real para histerismo de muitos foodies. É provável que as fotos de massas e da sanduíche conhecida como Jamie’s Italian Burger (12,95€) comecem a invadir o seu instagram. Marque mesa (à 92 530 14 11), porque nos próximos tempos este deverá ser o restaurante mais concorrido da zona.

Além da Cevicheria do chef Kiko, já se sabe, onde só os pisco-sours nos fazem esquecer o tempo de espera. Não é por acaso que todos os chefs se querem mudar para aqui. Depois de Henrique Sá Pessoa e do seu Tapisco, onde a Península Ibérica cabe toda numa carta, com petiscos portugueses e tapas espanholas, Diogo Noronha (Pedro e o Lobo e Casa de Pasto) abriu no ano passado o Pesca, um restaurante com carta sazonal, onde o peixe é o centro das atenções e onde se destaca um bar com ostras e cocktails da autoria de Fernão Gonçalves.

Para descansar depois de um dia de compras, tem sempre a esplanada da pizzaria ZeroZero, uma das mais populares da cidade. E que compras. Lidija Kolovrat, com a sua loja/ateliê, foi uma das primeiras inquilinas da zona, numa altura em que o bairro se começava a transformar num fashion district. Agora novas lojas surgem a um ritmo frenético, difícil de acompanhar, como a New Black, com marcas que não encontra em mais lado nenhum, como a Liberty United, de jóias feitas de armas ilegais. Ou a AmazingStore, com produtos criativos e amigos do ambiente, como os relógios, as capas de iPhone ou as colunas de som, tudo feito de madeira. E nada como passar pelo urso polar da montra da Vintage Department, a loja de móveis vintage e de peças desenhadas pelos proprietários, Alma Mollemans e Emily Tomé.

Uma das mais recentes aquisições da Rua da Escola Politécnica é a livraria Almedina, no espaço de uma antiga oficina de vitrais e mosaicos, para que nunca nos falte leitura. Para acabar a história, este é o bairro onde todos querem estar e até o Memmo (na foto), o hotel com um rooftop com piscina e um Café Príncipe Real, foi considerado pela Monocle o melhor hotel urbano do mundo (uma noite pode custar 423€).

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Rua Coelho da Rocha - a mais gulosa
Fotografia: Ana Luzia

Rua Coelho da Rocha - a mais gulosa

Que bem que se está no Campo, principalmente se tiver paciência para procurar lugar para estacionar. Será recompensado. A Rua Coelho da Rocha reúne alguns dos melhores restaurantes de Campo de Ourique, que por si só já é um dos bairros onde se come melhor em Lisboa. Claro que tudo isto é discutível, mas não vamos discutir de estômago vazio. Da cozinha japonesa ao café saudável da moda, há para todos os gostos – e todos os heterónimos – ou não fosse esta a rua de Fernando Pessoa.

 

Comecemos pelo nome da rua, Coelho da Rocha, nome de um antigo sacerdote e professor da Faculdade de Leis. Claro que isso foi há 225 anos (a idade exacta da rua) e agora quando se fala em Coelho da Rocha toda a gente pensa no restaurante com o mesmo nome com petiscos que vão das pataniscas de polvo ao pica-pau, ideais para partilhar. Mesmo os mais exigentes hão-de encontrar alguma coisa que os satisfaça. No japonês Hikidashi (na foto), a provar que a cozinha japonesa é muito mais do que sushi, ou no italiano La Focacceria Pugliese, com pizzas e comida da zona de Puglia, o salto da bota de Itália.

No fim de 2017, O Moço dos Croissants deu outro cheirinho à rua, com fornadas de croissants (costumam tocar um sino para chamar clientes) e mini-palmiers que compensam o atendimento lento. Na mesma altura, e como se não bastasse de guloseimas, a rua ganhou também uma mercearia Glood, com produtos de várias partes do mundo e um especial destaque para os Made In USA, dos chocolates com manteiga de amendoim aos cereais coloridos. Mas a grande expectativa está na Padaria da Esquina, um projecto que junta o chef Vítor Sobral ao mestre-padeiro Mário Rolando, e que deverá abrir em breve. O que esperar? Pães biológicos, sanduíches e uma espécie de snack-bar inspirado nos outros restaurantes do chef.

Enquanto não abre e a barriga dá horas, teremos sempre o Mercado de Campo de Ourique, com tudo e mais alguma coisa, do bar de gin à carpacceria. O brunch saudável do recente Ela Canela (das 11.00 às 18.00) também já conquistou a sua legião de fãs, com menus como o Acabado de Acordar (15€) ou o Dia já vai longo (18€), mais substancial e com sobremesa.

E atenção que isto aqui não é só enfardar. No fim de 2016, Campo de Ourique ganhou um novo escape room, o Safarka, que dizem ser dos mais realistas da cidade.

Quem se queixa de falta de oferta cultural terá de bater à porta da Casa Fernando Pessoa. Além de um novo clube de leitores adolescentes de Pessoa (dos 15 aos 18 anos), há concertos como os do ciclo O Piano No Meio da Sala.

Rua dos Bacalhoeiros - a mais promissora

Agora que já se respira outro ar no Campo das Cebolas, a Rua dos Bacalhoeiros promete dar que falar em 2018. Os próximos inquilinos serão os éclaires da L’Éclair e até se diz que José Avillez poderá abrir um restaurante ali. Rumores à parte, há um novo espaço verde na cidade e a rua, em plena Baixa, começa a ganhar uma vida perdida há muitos anos e em breve será pedonal.

É um admirável mundo novo que surge no Campo das Cebolas. Depois de vários anos com a zona transformada num estaleiro e trânsito entupido, surge um novo espaço verde na cidade e podia também surgir um museu só com as peças quinhentistas recolhidas nas escavações durante as intermináveis obras.

A fachada da Casa dos Bicos, onde funciona a Fundação José Saramago (pode ser visitada por 3€), já era bastante fotografada. Agora esperam-se muitas mais razões para um passeio pela rua onde se vendia bacalhau – e que em tempos também se chamou Rua dos Confeiteiros. Por falar nisso, a pastelaria francesa L’Éclair vai ali abrir uma loja de éclaires com uma janela take-away (a abertura está prevista para Abril), que promete destronar as queijadas Dona Amélia da confeitaria Rainha Dona Amélia, inspiradas na doçaria açoriana.

Agora que os tapumes das obras desimpediram a passagem pela rua, respira-se outro ar e vale a pena (re)descobrir restaurantes como o Qosqo, o primeiro peruano da cidade, a funcionar desde 2012. Além dos ceviches (a partir de 15€), há pratos como os tiraditos (a partir de 14€) ou as causas (8,5€) que vai querer repetir – apesar da aparência mais sombria do espaço.

A Taberna Moderna é outro dos marcos gastronómicos da rua. Serve almoços (de terça a sábado, a partir das 12.00) desde o ano passado e está aberta até às 02.00 com pratos para partilhar, como polvo à galega (9€). O restaurante também ganhou fama pelo bar, o Lisbonita Gin Bar, o primeiro especializado em gin na cidade, com perto de 120 referências da bebida.

A rua é também um dos melhores sítios para entreter turistas recém-chegados dos cruzeiros. Em Novembro, ganhou uma loja Benamôr (na foto), a primeira em Lisboa da histórica marca de produtos de beleza. É ali que fica também a Conserveira de Lisboa, fundada em 1930, e que mantém o seu lado tradicional. Tal como a Silva & Feijóo, na rua desde 1924, com produtos típicos para despachar na bagagem de porão, do vinho às compotas.

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Rua de São Paulo + Rua da Boavista - a mais versátil
Fotografia: Manuel Manso

Rua de São Paulo + Rua da Boavista - a mais versátil

O Cais do Sodré não é só a Rua Cor-de-Rosa, e a movida da Rua de São Paulo, que se prolonga pela Rua da Boavista, está acordada até altas horas para o comprovar. Além da vida nocturna, a zona tem vindo a ganhar lojas onde vale a pena passar durante o dia – e até tomar o pequeno-almoço.

Há uns anos, quando esteve em Lisboa, Mick Jagger era visto numa mesa da Casa de Pasto, na altura do chef Diogo Noronha, o restaurante mais in da Rua de São Paulo. Entretanto a equipa da cozinha mudou (Hugo Castro foi o sucessor) e muita coisa na rua também se alterou. Se além deste espaço num primeiro andar pouco mais havia – sem contar com o Pistola Y Corazon, o melhor mexicano da cidade, como aliás se pode ver pelas longas filas –, opções gastronómicas não faltam nos dias de hoje.

Um dos últimos espaços a abrir, no ano passado, foi o Atari Baby, que apesar de servir comida japonesa, pertence a um chef grego, Akis Konstantinidis. Um espaço cool, com hambúrgueres de tempura de vegetais (13€) e bizarras dragon balls (5€) para sobremesa. O melhor talvez seja mesmo acabar a refeição numa das duas salas de karaoke no piso de baixo, para grupos de 10 ou 15 pessoas. Reserve com antecedência (91 036 10409).

E se a zona é muito procurada para jantares, cada vez mais surgem cafés onde apetece tomar o pequeno-almoço. É o caso do Tease, que abriu aqui uma segunda casa, com brownies, cupcakes, batidos, um menu de pequeno-almoço e várias opções mais substanciais para almoço ou jantar. Outra das hipóteses é o Crave, que depois do espaço nas Amoreiras decidiu virarse para a rua e trazer comida saudável em bowls (entendase, tigelas) ao Cais do Sodré.

Há muitas razões para visitar a rua durante o dia e o atelier de candeeiros com materiais reutilizados O Salão é uma delas. Quem anda a decorar a casa não deve descurar a Sal Concept Store (na foto) e já agora dê um salto à Wetani, que mistura roupa, cerâmicas e joalharia.

Se o que o faz sair de casa são os discos, a Groovie Records trata do assunto desde 2009. Por fim, e o mais importante, brindemos. Pode ser no Castro Beer, por exemplo, à volta de uma mesa de matraquilhos, ou no Tabernáculo.

Rua de São Bento -  a mais cultural
©DR

Rua de São Bento - a mais cultural

A Rua de São Bento, antigamente conhecida pelas lojas de velharias, tem tanto espaço que foi albergando novos negócios e uma nova alma mais cultural. Galerias de arte, restaurantes de comida francesa e asiática, livrarias especializadas, bares de cocktails e até uma nova discoteca gay. Vai precisar de pernas para subir a rua, porque a descê-la todos os santos (São Bento, inclusive) o ajudam.

O fim-de-semana na comprida Rua de São Bento, onde morou Amália Rodrigues e onde nasceu Alexandre Herculano, começa logo com uma novidade. A mítica discoteca A Lontra, a funcionar desde 1976, transformou-se na discoteca gay Posh, um projecto que veio do Líbano e que prova que o Príncipe Real já está a ficar pequeno para tantos bares, restaurantes e galerias.

Há que alargar os horizontes, e a rua que vai do Largo do Rato até ao Poço dos Negros (“corre ao longo de quatro freguesias, Campo de Ourique, Estrela, Misericórdia e Santo António”, diz a Toponímia de Lisboa) tem espaço para tudo e mais alguma coisa. Espaço para antiquários e para lojas de decoração e de relíquias como a Cavalo de Pau, com peças vintage e outras mais modernas, e espaço para acolher associações culturais como a Zaratan (na foto), a funcionar desde 2014, e que há pouco tempo escavou um anfiteatro numa das suas salas para juntar concertos e exibições de filmes às suas habituais exposições de arte contemporânea.

A rua é tão cultural que não faltam livrarias especializadas: a Palavra de Viajante, por exemplo, onde encontra desde guias do Uganda a exposições de fotografia de viagem, ideais para se inspirar para o próximo destino de férias. Ou a Distopia, onde música e livros se complementam e se descobrem desde sons experimentais alemães à obra escrita de João César Monteiro.

Passemos agora à sobremesa, até porque aqui não falta nada, nem uma loja e oficina de chocolates artesanais, a Denegro, com uma tablete com o nome Saudade.

Há um micro-restaurante com noodle soups, o Sun Tan, onde só cabem seis pessoas, um restaurante francês com especialidades do sul de França, o L’Anisette, gerido por um casal de Nice, e até um Bowls & Bar, com bowls para o dia e cocktails de vodka para a noite – ou para o pequeno-almoço, isso é consigo.

Por falar em bebidas, a zona começa a entrar no roteiro nocturno da cidade (o Incógnito está ali bem perto) e até ganhou um bar de cocktails, o Transept, onde também se pode petiscar.

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Rua das Janelas Verdes - a mais apetecível
© Le Chat

Rua das Janelas Verdes - a mais apetecível

Anda nas bocas do mundo e a culpada é só uma. A Rua das Janelas Verdes já estava nos roteiros turísticos graças à esplanada do Le Chat e ao Museu Nacional de Arte Antiga. Agora ganhou uma inquilina famosa e, enquanto não somos convidados para o seu palacete, encontrámos muitas outras razões para por lá passear.

“Calle de Las Ventanas Verdes.” Foi assim que o El País chamou à Rua das Janelas Verdes num artigo de Janeiro a propósito da sua mais recente inquilina, Madonna, a própria, que pelos vistos se mudou para o Palácio Ramalhete. “As suas janelas mais altas têm vista para o Tejo”, lia-se no jornal espanhol. Quando começarem as visitas guiadas pela Lisboa de Madonna – aqui fica uma ideia para um dos muitos negócios de guias turísticos pela cidade –, as Janelas Verdes estarão obviamente no centro do mapa. O palácio onde a rainha da pop se instalou é o Ramalhete do mais famoso livro de Eça de Queirós, a “vivenda campestre”, como lhe chama, “que os Maias vieram a habitar em Lisboa, no outono de 1875”. O excerto do livro está no site do agora hotel de cinco estrelas, fechado por tempo indeterminado para acolher a nova família.

O bairro, que na verdade ganha o nome da rua, está mais apetecível que nunca. Primeiro porque há sempre a possibilidade de nos cruzarmos com Madonna no brunch da Boulangerie (15€ completo, 18€ servido na esplanada). Depois porque tem uma das melhores vistas da cidade para o rio, que sabe ainda melhor com um mojito à frente (ou uma limonada com hortelã) na esplanada do Le Chat (na foto), que durante os meses de Inverno é aquecida.

Nos dias mais quentes, a esplanada da Cafetaria do Museu Nacional de Arte Antiga é um dos melhores sítios para estar e o Museu onde estão os painéis de São Vicente vale várias visitas.

Quem precisa de inspiração pode ir buscá-la ao número 72, onda fica a Mona, “uma loja de ideias”. Aqui não há objectos à venda por “serem elegantes ou bem desenhados”. O que conta é a ideia e se é um criativo este pode ser um espaço para pôr algumas coisas à venda. Por falar em liberdade criativa, esse é o principal mote da Wozen, que é muito mais que uma galeria convencional.

Se está à procura do calor de Cabo Verde, o bar Djair Sound, com música ao vivo e onde Dani Silva é habitué, ainda é um segredo bem guardado. Tal como os mais recentes inquilinos da zona, o simpático Heim Café e a biológica Mercearia da Mila.

Av. Duque de Ávila - a que tem mais pedalada
Fotografia: Manuel Manso

Av. Duque de Ávila - a que tem mais pedalada

O pó das obras assentou definitivamente nas Avenidas Novas e cada vez mais gente deixa o carro em casa para chegar ao trabalho de outra maneira. De bicicleta, de skate ou de trotinete, há muitas maneiras de escapar ao trânsito. Por estas bandas, a Duque de Ávila continua a ser a rua com mais pedalada. Ganhou um só sentido e o passeio foi alargado com uma zona de esplanadas ideal para recuperar o fôlego.

Apesar do Vélocité Café, um dos mais conhecidos cafés da avenida, ter encerrado, a rua não perdeu a pedalada. Pelo contrário, a ciclovia é uma das mais movimentadas da cidade e a rua tem quatro estações Gira, os pontos de recolha das novas bicicletas partilhadas (o passe anual custa 25€ + os custos acrescidos de cada utilização, aplicados a partir de Março). Se ainda não experimentou, tem aqui uma boa oportunidade.

É pedalar até à padaria Pão Doce, onde há todas as variedades de pão, até um com as calorias ideais para desportistas, dizem eles. No Gomo, a funcionar desde 2014, quando a comida saudável ainda não era uma tendência, continua a encontrar sumos naturais, sopas e saladas, ideais para um almoço despachado. Mas deixe espaço no estômago para uma sobremesa na L’Éclair (na foto), a pastelaria francesa com os melhores éclaires da cidade, de comer e chorar por mais – houve tantos choradinhos que até vão abrir mais uma loja este ano.

Ao lado, a comida luso-nipónica do Rabo d’Pêxe, com uma equipa formada pelo antigo sushiman Paulo Morais e uma esplanada aquecida, continua a chamar muita gente. Ou o italiano Italy Caffé, com menus de grupo (desde 25€), take-away, esplanada, uma sala para fumadores e opções sem glúten. Depois, há os negócios já antigos, como a loja de café Pérola do Chaimite, a funcionar desde o início dos anos 40, com cafés de várias proveniências, de São Tomé a Nicarágua, e a charcutaria Dava, com queijos, carnes frias, pão e broa. Também há os recém-chegados, como o restaurante Skora, a querer provar que a comida nórdica não tem nada a ver com almôndegas do IKEA. Noutro capítulo, a livraria independente Pó dos Livros continua a ser um bom sítio para encontrar desde novidades a pérolas antigas.

Lisboa, bairro a bairro

  • Coisas para fazer

Foi no Príncipe Real que se instalou a nova dinastia da restauração lisboeta, para comer como um príncipe, os terraços para beber copos se multiplicaram e as concept stores apareceram porta sim, porta não. Sem esquecermos os nomes sonantes que, num cirandar constante, também têm poiso no bairro, do chef Kiko aos designers Lidija Kolovrat ou Nuno Gama. 

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  • Coisas para fazer

"O cais do Sodré não é só bares de prostitutas, também é gente a alombar caixa de peixe e de fruta". A letra da música Cais do Sodré do fadista Rodrigo defendia que “também é cais onde embarca quem busca no mar o pão”, mas se fosse escrita hoje talvez acrescentasse que é cais de alguns dos melhores restaurantes e bares de Lisboa. Mas há mais no velho/novo bairro da cidade.

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