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Páteo do Bairro do Avillez
©Paulo BarataA abertura do Bairro do Avillez marcou o ano de 2016 em Lisboa

10 anos Time Out, 30 grandes restaurantes

10 anos Time Out, 30 grandes restaurantes

Escrito por
Mariana Correia de Barros
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Andar para trás no tempo de vida da Time Out é descobrir um retrato interessante do que foi a restauração em Lisboa nos últimos 10 anos. É ver, por exemplo, que a febre de aberturas de restaurantes só se verificou a partir de meados de 2010; que pela mesma altura a praga dos pratos para partilhar começou a alastrar-se; que ideias tão em voga em 2017 já existiram em Lisboa muitos anos antes (como um restaurante só de comida crua em 2009); é ver nascer e morrer hamburguerias; e é ver, sobretudo, que 10 anos é muito ano para um restaurante. Por isso mesmo, encontrar sítios que abriram no início da história desta revista e ainda se mantêm sólidos não é pêra doce. Encontrar outros que foram abrindo na última década, contribuíram para o desenvolvimento de Lisboa e ainda continuam de pé na cidade, mesmo com algumas mudanças de orientação e chefia, já é um trabalho mais justo. Ei-lo.

10 anos Time Out, 30 grandes restaurantes

2008
©Pedro Sampayo Ribeiro /Olivier

2008

Nos primeiros anos, a secção de Comer & Beber da Time Out tinha menos páginas – muito menos páginas. E a cidade tinha menos aberturas de restaurantes – muito menos. Ainda assim, dois sítios ficam na história, por terem dado que falar na altura e ainda o fazerem. Um deles é o Arola, restaurante do chef-motard-rockstar Sergi Arola, o catalão que depois de abrir restaurantes pelo mundo e somar estrelas Michelin, decidiu mostrar o seu talento na Penha Longa. O sítio foi evoluindo, mas felizmente ainda podemos pedir as míticas batatas bravas. Outro é o Olivier Avenida (na imagem já depois da renovação em 2017), do chef Olivier da Costa, na altura com mais dois restaurantes abertos. Agora soma outros à sua história na cidade (Yakuza, Guilty, KOB…), mas este continua a ser a sua jóia da coroa e a ter aquela que sempre foi a sua cozinha: portuguesa com muitas influências estrangeiras e matéria-prima de topo. Este foi também o ano em que Lisboa conheceu a sua primeira taberna cool, a Taberna Ideal, pelas mãos de Susana Felicidade e Tânia Martins, e que revolucionou a forma como os lisboetas passaram a olhar para os pratos de partilha e as decorações vintage. Mudou de mãos e de nome há uns anos (agora é Taberna da Esperança), manteve o décor e a boa comida, só não manteve a chefia.

2009
Fotografia: Arlindo Camacho

2009

Na altura falou-se de um movimento chamado gourmet low-cost que incluía restaurantes com comida de autor onde os preços não eram proibitivos. Uma altura em que alguns chefs deixaram a alta cozinha e se dedicaram a pratos mais simples, mas ainda assim de assinatura. Hoje a designação não faz sentido, mas os restaurantes continuam a ter peso em Lisboa. É caso disso o 100 Maneiras, de Ljubomir Stanisic (na imagem), que se instalou no Bairro Alto com uma cozinha de degustação mas a preços bem acessíveis. Na mesma linha, inaugurou o Alma, de Henrique Sá Pessoa (o primeiro, claro está), em Santos, que saiu das cozinhas de hotel para os menus mais acessíveis – na altura pagava-se uma média de 35€ –, com uma carta que era uma espécie de best of dos seus pratos, e onde entrava, claro, o leitão confitado a baixa temperatura. Também Vítor Sobral abriu a sua Tasca da Esquina em Campo de Ourique e provou que um chef também pode brilhar na cozinha dos petiscos. No mesmo ano, também digno de nota, o Altis Belém abriu as portas, contratou José Cordeiro para o Feitoria (entretanto herdado por João Rodrigues), que com os seus menus de degustação, começou a traçar o caminho para a estrela Michelin.

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2010
Fotografia: Ana Luzia

2010

Este, disse a Time Out na altura, foi o ano das petiscarias (terá sido do princípio das “arias”?), foi o ano em que as páginas de Comer & Beber ganharam mais conteúdo e que nasceram ainda mais restaurantes que começaram a marcar a diferença. Miguel Castro e Silva, que tinha chegado uns meses antes ao De Castro Elias (entretanto fechado), instalou-se aos comandos do Largo, restaurante cheio de pinta, num projecto de Miguel Câncio Martins –sítio que entretanto deixou. O restaurante, porém, mantém-se em bom funcionamento. Também no Chiado nasceu um restaurante com conceito: petiscos, mariscos, peixes e cozinha japonesa, tudo numa ode ao peixe. Falamos, claro, do Sea Me (na fotografia), caso de sucesso imediato, que em 2013 deu à luz outro restaurante vencedor, o Prego da Peixaria. Ainda no Chiado, Ljubomir Stanisic abriu o incontornável Bistro 100 Maneiras, um dos sítios com melhor onda na cidade, com pratos para todo o tipo de fomes, sempre dando primazia à qualidade dos produtos e com um excelente bar de cocktails.

2011
©DR

2011

Dois mil e onze é a continuação de dois mil e dez (olha que novidade!) em termos de aberturas desenfreadas de restaurantes. Muita coisa abriu e fechou portas passado pouco tempo, mas outras foram-se aguentando e permanecem fiéis ao conceito (já cá faltava…) de criação do negócio. Exemplos? O Cantinho do Avillez, que marcou a entrada de José Avillez numa linha de cozinha mais acessível – na altura disse à Time Out que seria o restaurante onde iria com amigos – e que conquistou os lisboetas a partir do primeiro dia. O Pharmacia, que levou Susana Felicidade até ao Miradouro de Santa Catarina, é um restaurante de petiscos e de bons cocktails, que curam qualquer maleita que até lá se leve. E é o sítio ideal para a prática da partilha – pedem aliás que avise se não vai nessa onda. E o The Decadente, restaurante disruptivo do The Independente Hostel & Suites, que conseguiu juntar o bom ambiente com os preços baratos e uma comida portuguesa simples, mas com algum cuidado de apresentação. Outro caso de popularidade imediata, note-se.

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2012
©Paulo Barata

2012

O ano arrancou logo com a reabertura do Belcanto (na imagem). Um espaço bem diferente do antigo, uma cozinha totalmente nova, com a mira apontada à estrela Michelin – que chegou no final do ano. José Avillez voltava assim à alta cozinha, e voltava em grande. Uns meses depois, nascia outro projecto de outro dos grandes chefs da cidade, André Magalhães e a sua A Taberna da Rua das Flores. Um restaurante original, a homenagear as antigas tascas portuguesas, com produtos da Grande Lisboa, isto durante o dia, e um lado de laboratório experimental durante a noite. Além de ser uma das mesas mais difíceis da cidade, é também o ponto de paragem obrigatória da maioria dos chefs estrangeiros que passam por Lisboa. Pela mesma altura, os lisboetas começaram a perceber o complicado que é beber gin em copos de balão (talvez não tenham os bíceps tão desenvolvidos quanto os espanhóis) mas ainda assim aderiram à moda num instante. Um dos responsáveis pelo feito foi Luis Carballo, dono da Taberna Moderna, restaurante de petiscos ibéricos que trouxe à cidade o primeiro gin bar, com dezenas de marcas.

2013
©DR

2013

Mais um ano, mais um trio de restaurantes a merecer destaque. Logo para abrir as hostilidades, Kiko Martins com o seu O Talho. Foi a volta à cidade após a sua grande viagem a comer o mundo, num sítio com uma localização arriscada, São Sebastião da Pedreira, num conceito que juntava o talho ao restaurante de carnes, onde já se notavam muitas influências do mundo. O Bairro Alto Hotel viu renascer o seu restaurante com um novo nome, Flores do Bairro (na fotografia), novo conceito que pretendia incluir mais lisboetas e não apenas os clientes. Para a cozinha foi Vasco Lello (agora no Memmo Príncipe Real), que se atirou a um menu de petiscos com algumas influências de Lisboa. E o Chiado viu nascer mais um restaurante de José Avillez, o Café Lisboa (em boa verdade viu também nascer a Pizzaria Lisboa, mas a destacar um só, escolhe-se o do Teatro São Carlos). Um sítio onde os croquetes, os pastéis de massa tenra, os arrozes de tomate e de coentros e até os pastéis de nata têm assinatura do chef. Muito boa assinatura.

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2014
©Arlindo Camacho

2014

E bom, parece impossível fugir a José Avillez. Mais um ano, mais uma abertura de portas no Chiado. Desta feita foi o seu Mini-Bar, restaurante onde apostou nas minidoses, nos menus de degustação, mas numa linha de preços bem mais em conta do que a do Belcanto. Um sítio giro, com bom ambiente e ideal para uma pré-noite de farra. Na Baixa, Yuko Yamamoto, que de quando em vez fazia uns jantares japoneses em estilo supperclub, abriu a Tasca Kome, um restaurante onde tornou acessível a cozinha japonesa, em pratos que vão muuuuuito além do sushi e sashimi. O menu de almoço era (e ainda é) um dos grandes negócios de Lisboa. Lá para o final do ano abriu um dos restaurantes que mais falatório deu na cidade: o incontornável Pistola y Corazon, na imagem, um sítio só de tacos, nachos, tequillas e cervejas mexicanas. A fila à porta ainda é a mesma das primeiras semanas, a onda do sítio idem, a qualidade da comida mantém-se.

2015
© Ana Luzia

2015

Foi o ano do chef Kiko, da sua A Cevicheria e da inauguração em Lisboa de um restaurante onde as mesas rodam tanto quanto as do Casanova (aka pizzas do lux). Caso de sucesso desde o primeiro dia (ajuda o espaço ser pequeno), é um sítio onde o chef mostra os pratos que aprendeu de passagem pelo Peru, com algumas inovações portuguesas. Foi também o ano de Tomoaki Kanazawa, que abriu o seu restaurante kaiseki em Algés, um sítio onde cozinhava ao balcão, em frente aos clientes, poucos por noite, em menus exclusivos, mas sempre de excelência. Falamos do Kanazawa no passado porque o chef voltou para o Japão e deixou o restaurante nas mãos de Paulo Morais. Foi ainda o ano de Diogo Noronha, com o seu arrojado Rio Maravilha, aberto no final do ano, e com a consagração da Casa de Pasto. Dois restaurantes que entretanto deixou, mas que se mantêm no topo das preferências dos lisboetas.

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2016
Fotografia: Arlindo Camacho

2016

E agora vamos a uma pequena batota. Trazemos o Alma para 2016. Abriu no final de 2015, mas os tempos áureos vieram a seguir, altura em que Henrique Sá Pessoa mostrou à cidade que ter estado afastado da alta cozinha tanto tempo não lhe fez mal nenhum – antes pelo contrário. Foi este também o ano em que recebeu a primeira estrela Michelin da carreira. Outro restaurante a marcar o ano foi o Loco (na imagem), do chef Alexandre Silva, um sítio ultracriativo, onde só cabem 22 pessoas e em que cada jantar é, mais do que uma refeição, uma verdadeira experiência. Uma experiência imperdível, sublinhe-se. E foi também o ano em que José Avillez abriu o seu maior restaurante, o Bairro do Avillez. Maior em termos de capacidade e diversidade, já que junta quatro conceitos num só: Pátio, Taberna, Beco Cabaret Gourmet e Cantina Peruana.

2017
Fotografia: Arlindo Camacho

2017

O ano ainda não acabou e há passarinhos que anunciam grandes aberturas para breve. Mas… já é possível assinalar três grandes aberturas. Primeiro o Tapisco, um sítio descontraído, bonito, onde a comida é ibérica, sem grandes truques ou invenções, mas muita qualidade. Segundo o JNcQUOI, que veio dar à Avenida da Liberdade ainda mais glamour, num projecto que de linhas bonitas, comida de qualidade e serviço a condizer. Terceiro o Pesca, acabadinho de estrear (mas acompanhado por uma promoção pré-abertura raramente vista em restaurantes), onde Diogo Noronha se atira, como diz o nome, ao peixe e à cozinha sustentável. É ver o que nos trazem os próximos três meses.

Especial aniversário: 10 anos da Time Out

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